4/06/05

E...Era uma vez...!!!


Organização defensiva em Moçambique

O Portal da História - História de Portugal

A GUERRA EM MOÇAMBIQUE

1. Antes da declaração de guerra da Alemanha (1914-1916)

A 1.ª EXPEDIÇÃO A MOÇAMBIQUE (1914)

Moçambique, tendo uma superfície oito vezes e meia maior do que Portugal, conta uma população aproximada de quatro milhões de indígenas e uns escassos vinte mil brancos portugueses. Para se fazer uma ideia geral da distribuição de recursos e população, com o fim de se compreender a capacidade militar da Colónia, deverá notar-se que os brancos estão concentrados ao sul, principalmente na cidade de Lourenço Marques, de clima benigno, já fora dos trópicos, enquanto os pretos concentram a sua mais densa população nos distritos centrais da Colónia; e ao norte, nos territórios da extinta Companhia do Niassa, com uma superfície correspondente ao dobro da de Portugal, a população indígena rareia e os brancos, militares e funcionários, antes da declaração de guerra, não chegavam a uma centena; no Niassa, cuja administração por uma Companhia soberana cessou em 1929, só se cobrava o imposto indígena e da alfândega, não havendo recursos económicos apreciáveis nem agricultura, comércio ou indústria. O corpo de polícia de tão vasta região somente contava trezentos cipais indígenas, dispersos pelas administrações. A população indígena, entre o Lago Niassa e o Oceano Índico, cerca de 550.000 almas, era pacífica.
Antes da declaração de guerra era pouco conhecida a fronteira norte desta nossa Colónia. Nas viagens de estudo distinguiram-se o capitão-tenente António Maria Cardoso, o major Serpa Pinto e o tenente de marinha Augusto Cardoso, o qual considerava a região miserável e não acreditava que tivesse um futuro brilhante. Das operações militares nessa região fronteiriça, fora notável a expedição de 1898, ao Mataca, sob o comando do major Sousa Machado, expedição punitiva para vingar o massacre do tenente Eduardo Valadim.
Mnemónico será observar, pela disposição em simetria que a colónia alemã também tinha a sua área mais pobre na fronteira do Rovuma, e por isso a campanha dos aliados desenvolveu-se naturalmente da parte mais populosa e rica, ao norte, para a mais atrasada ao sul, sendo os alemães acossados pelos ingleses nesta direcção sul, vindo a cair sobre a fronteira portuguesa do Rovuma, aguerridos e dispostos a todos os sacrifícios por uma resistência heróica e inquebrantável, a que só pôs termo o Armistício, marcando na história colonial mais uma página de valor militar. Os recursos e populações indígenas da colónia alemã eram mais do dobro dos nossos e as suas tropas eram de primeira ordem. A antiga colónia, hoje denominada Tanganica e sob a administração inglesa em regime de mandato, tinha uma população europeia diminuta, mas contando numerosos oficiais alemães licenciados e ocupados em grandes explorações agrícolas ao norte da colónia. Ao desencadear-se a Grande Guerra em Agosto de 1914, as condições económicas da Colónia de Moçambique eram de progressivo desenvolvimento, desde a gloriosa campanha do Gungunhana em 1895, definitivamente terminada em 1897 com a morte de Maguiguana, comandante em chefe das hostes do destronado régulo, campanha à qual se seguira a ocupação do distrito de Moçambique, ultimada em 1913. A colónia estava, portanto, pacificada e assim se compreenderá o grande recrutamento de soldados e carregadores indígenas, que se conseguiria efectuar posteriormente. Também os alemães, após duras campanhas de ocupação, tinham a sua colónia pacificada e efectuaram um avultado recrutamento indígena, no decurso da guerra, reforçando a sua guarnição militar.
Do nosso lado as nossas tropas eram proporcionais aos nossos recursos. A organização militar de Moçambique era a do decreto de 14 de Novembro de 1901, que marcou um visível progresso das tropas coloniais; porém as unidades europeias estavam quase extintas por economia, e assim, a guarnição da colónia limitava-se a um fraco esquadrão europeu e uma dúzia de companhias indígenas, cuja instrução não ia além da ordem unida, e os quadros, em geral, fatigados pelas febres, tinham fraca robustez e, quanto a instrução militar, estavam mal preparados porque nunca tinham passado por nenhuma escola militar. Acerca de mobilização de tropas coloniais nada estava estudado, ainda que treze expedições da Metrópole tivessem marchado até Moçambique, de 1891 a 1901.
Era, pois, urgente improvisar, como é costume entre nós.
A opinião pública portuguesa pouco conhece as colónias e estuda a Colónia de Moçambique menos ainda que a de Angola. Entretanto, a situação geográfica de Moçambique não lhe permite conservar-se alheia a uma grande guerra que envolva a África do Sul; de facto, desde logo, nos primeiros dias de Agosto de 1914, se acastelaram prenúncios de tempestades por todas as fronteiras de Moçambique. No sul, anunciava-se a revolta bóer, para dominar a qual, a Inglaterra nos pediria espingardas; ela pedia também a passagem de tropas inglesas pela Beira, enquanto na Niassalandia se desenhavam movimentos nativistas e na fronteira do Rovuma se dava, de 24 para 25 de Agosto, um ataque dos alemães ao nosso posto de Maziúa.
É característica esta acumulação de dificuldades evidenciando que nunca poderemos descansar em cómoda neutralidade quando tantos conflitos se levantaram na fronteira de Moçambique, por causa da sua disposição geográfica, independentemente da nossa acção.
Compreende-se, portanto, que era necessário logo ao começar a guerra, que desde 4 de Agosto já envolvia a nossa poderosa Aliada, guarnecer com forças... ... (*Leia o restante do texto em O PORTAL DA HISTÓRIA)

Transferindo "post" do ForEver Pemba 3
Posted by Hello

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