11/10/07

Pemba - O futebol e o novo governador...

Na entrada do novo governador de Cabo Delgado, há em nossa opinião sincera, algo que mudou a agenda da província ou que recebeu tamanha importância que negligenciar pode sair caro e valorizar pode ajudar a pacificar os corações, não conforme os diferentes grupos e tendências que qualquer região tem. Chama-se futebol.
Desde os tempos em que o “Pembinha” foi nome a não menosprezar em Moçambique, passando pela revelação do Sporting de Mocímboa da Praia, à chatice (no melhor sentido) que significa o Atlético de Montepuez, assim como a efémera presença do “Rebook”, contando com a presença sempre inadiável do Beira-Mar e à persistência do Desportivo de Pemba, sem falar daqueles clubes que pensavam que futebol era só brincar, como Haljadide de Ingonane... sempre o futebol tomou os corações pembenses.
De propósito não estávamos a falar do Ferroviário, porque estamos a repetir demais, não tanto porque nunca nos representou àquele nível, aliás, até foi revelação num torneio de todos os “locomotivas” do país, realizado há três (?) anos, em Nampula.
Agora, o que aconteceu depois do desaire em que se meteu o “Pembinha”, razão da sua punição por duas épocas, é que as gentes de Pemba deitaram os olhos no Ferroviário, onde encontraram uma direcção, mais vistosa por causa do nome da Dr.ª Ivone Buque, que chefiou no terreno um conjunto sempre sedento de vitórias e que recebia a força, apenas moral (?) vinda do mais-mais, em Nampula, mais a escolha acertada de Antoninho, um ex-Mamba e conhecido como antigo jogador do Maxaquene.
E as expectativas foram satisfeitas. Os jovens atletas e os técnicos cumpriram a sua missão, numa disputa que não foi fácil, porque houve, como infelizmente parece até ser também desporto, muito jogo extra-quatro linhas. O Ferroviário passou com um mérito de se-lhe tirar o chapéu.
Hoje, a par da malária, recenseamento eleitoral, unidade nacional, combate à pobreza, em Cabo Delgado não se resiste ao facto de o Ferroviário ter desfeito a culpa de que em todo o país na época futebolística anterior, fosse esta província, com Manica, Inhambane e Gaza, a não se fazer representar no Moçambola.
Hoje, em cada minuto as pessoas querem saber quando é que vem a relva para o “Municipal” de Pemba. Não querem lá saber quanto isso custa, donde vem...até pensam que podemos ir tirar de tractor em Murrébuè ou na cintura verde de Metuge, numa jornada de trabalho voluntário e colocarmos à semelhança daqueles campos do planalto de Mueda, todos relvados, dado o clima favorável.
Por isso, opinar não é mau. Futebol, novo governador e relva, acabaram queiramos ou não, desviando a agenda e poderão desviar ainda mais se tentarmos negligenciar ou pensar facilmente do tipo que o “Ferroviário que se arranje”. Arranjando-se ele vai se transferir de Pemba para ou Nampula ou Nacala, pois não vai suportar viagens à província vizinha todas as semanas.
Os adeptos e simpatizantes vão ficar zangados. Quem são adeptos e simpatizantes, somos nós! Quem somos nós, aqueles que se recensearam! Para quê? Independentemente de nada, aqui todos têm um só partido, muito grande, VONTADE POPULAR!
É por aqui que o futebol, modalidade das multidões, virou mais política hoje do que sempre, em Cabo Delgado. É por aqui que, de repente, vale a pena que o governo leve a peito esta contingência que o Ferroviário impôs. Deve haver recursos! É como se, sem termos planificado, fôssemos atacados por uma epidemia. Façamos aquilo que se faz em situações afins, desta feita alegres, não tristes como quando fosse um surto.
Se calhar estamos a falar da primeira prova da capacidade de mobilização de recursos, negociação com os agentes económicos e namoro aos parceiros, do novo governador. Se calhar estamos a falar da primeira divisa, das tantas, que o novo chefe pode vir a deixar para a posteridade, para que digamos, esta relva foi no tempo de... é que o futebol é que está a dar!
P.S.: Há quem propõe que contemos os campos que vieram para o PROCADIS, Programa de Descentralização ou Desenvolvimento (será assim?) de Cabo Delgado. Se calhar não tem nexo, mas vamo-la contar... tendo em conta que de viaturas estamos habituados. Tivemos “quentes” que foram forçadas a ficar frias em mãos de fiéis depositários, outras com matrículas falsas, mas todas andam.
Pedro Nacuo - Maputo, Sábado, 10 de Novembro de 2007:: Notícias

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