8/04/09

Ainda a inauguração da ponte sobre o Zambeze na imprensa de Moçambique

Canalmoz, Ano 1 * N.º 8 * Maputo, segunda-feira, 03 de Agosto de 2009:

  • Inauguração da Ponte sobre o Zambeze - Houve tentativa de partidarização
    do evento
    (*):

Quelimane (Canalmoz) - Foi emocionante fazer a última travessia, de batelão, de Chimuara para Caia! Um momento emocionante e histórico, que não se repetirá! Fi-lo convicto de que milhares de moçambicanos gostariam de fazê-lo e não puderam, por varias razões! Senti que o fiz em nome deles! Recordo-me vivamente que o meu motorista, 24 horas antes desta última travessia, tivera que pagar 300,00 meticais a um funcionário do batelão, para poder atravessar com o camião, que vinha do Maputo!! Terá sido um dos últimos actos de corrupção de um funcionário zeloso para o seu bolso!

Foi emocionante ver cidadãos pacatos de Chimuara, Caia, e de outros cantos desta pérola do Índico a celebrarem a inauguração da ponte sobre o Zambeze! Valeu a pena ter feito mais de 20 horas, do trajecto Londres-Chimuara, para presentear o momento histórico em que o meu país ‘se unia’ de facto!

Foi emocionante fazer a última travessia de batelão e a primeira travessia Caia-Chimuara na ponte, minutos depois da inauguração! Uma sensação que não cabe nestas linhas e que ficará eternamente registada no meu coração!

Quando o meu neto, daqui a 50 anos, me perguntar onde estive no dia 1 de Agosto de 2009, quero dizer-lhe com orgulho que estive em Caia, na inauguração da ponte!

Foi emocionante ver dignitários de vários cantos do mundo testemunharem este momento histórico da epopeia da libertação do nosso povo! Emocionante foi ouvir a emoção do povo! Apertar a mão ao «zé ninguém», ao sem voz e sentir o alto sentido patriótico de milhares de moçambicanos!

Histórico e emocionantefoi ouvir os discursos de várias sensibilidades do nosso mosaico cultural! O representante da população de Chimuara, na sua mensagem, soube descrever o que ia, naquele momento, na alma do povo! Ouvir, do pódio, o vice-ministro dos negócios estrangeiros da Itália chamar a ponte, não de AEG, mas, sim, de Ponte Chimuara-Caia foi extraordinario!

Ouvir este dignitário partilhar connosco o momento em que ele e Chissano discutiram o sonho da ponte, em Roma, foi fenomenal! E ter a oportunidade de dizer, de viva voz, a este amigo de Moçambique e ao Embaixador deste país, que soube criar condições para que a paz voltasse a esta pátria, que o ‘seu discurso’ tinha sido o mais inclusivo de todos, foi um prazer redobrado! Foi uma sensação inigualável! Uma sensação que só se pode comparar com aquela que me invadiu a alma, no ‘Times Square’, em Nova Iorque, quando Obama venceu as eleições americanas de Novembro de 2009!

Foi gratificante viver estas emoções ao lado de amigos de longa data e, principalmente, ao lado do meu pai, pessoa a quem respeito e agradeço, pelos ensinamentos que me providenciou!

O único senão, a única mancha foi a tentativa de partidarização do evento, num país que se pretende democrático! E, diga-se de passagem, que a ausência do líder da oposição, independentemente das razões que a tenham motivado, foi uma nota negativa! Não se faz oposição ausentando-se, ou auto-excluindo-se!

Como nacionalista e patriota, senti vergonha quando um grupo, chamado AGUEBAS, vindo de Nampula, por sinal fundado e gerido por um grande amigo meu, ‘infiltrou-se’ no programa oficial, para cantar e dançar ‘Guebuzadas’! Aquele gesto neopatrimonialista tirou a estatura ‘Estatal’ da ocasião! Não esperava! Caiu mal! E, vindo de um amigo, não só caiu mal, como cheirou mal!

Felizmente pude expressar a minha opinião ao visado, pessoalmente! Para subir não é preciso baixar tanto!

Alguém, do Protocolo de Estado, deve fazer um curso sobre práticas diplomáticas! Se não tiverem quadros para tal, que peçam ao meu ex-docente de práticas diplomáticas, Julião Cuambe, para lhes dar uma reciclagem!

Tirando essa pequena mancha, deixo aqui registadas, para a posteridade e para a História, estas linhas.


Um abraço patriótico, de Chimuara, ao Prof. Dr. Carlos Castelo Branco, pela coragem e frontalidade!

Ao pseudo ‘jornalista da corte’ fica o meu singelo e patriótico desprezo! Que se reduza à propria insignificância! Senti a falta do Abdul Carimo Issa, um dos últimos anónimos e incansáveis lutadores para a construção da ponte! -Manuel de Araujo.
(*) Carta enviada pelo autor a nossa redacção. Título da responsabilidade do CanalMoz.

  • Entre Caia e Chimuara no Zambeze já se passa - Engrossa a lista de assinaturas contra nome de Guebuza na Ponte:

Maputo (Canalmoz) – Já está inaugurada a ponte sobre o rio Zambeze, e oficializada a polémica atribuição do nome do chefe do Estado ao empreendimento, mas cidadãos que não se conformam com a medida, continuam a subscrever a carta que se manifesta contra “o endeusamento e culto à personalidade” ao actual presidente da República.

Até ao fecho da edição de hoje do Canalmoz, aproximadamente duas centenas de moçambicanos haviam assinado a carta. A carta é da iniciativa do deputado da bancada da oposição Manuel de Araújo, que apresenta fortes argumentos para que à ponte sobre o Zambeze não fosse atribuído o nome do actual chefe do Estado.

O número de signatários da referida petição pode parecer insignificante, mas dado os meios usados para a sua difusão, argumenta-se que não se pode considerar poucas as pessoas que expressamente se opõem à atribuição do nome de Guebuza à ponte da “Unidade Nacional” ou simplesmente “Ponte do Zambeze”.

A carta está, até ao presente momento, apenas a circular através da Internet. Sabe-se que poucos moçambicanos têm acesso a este meio de comunicação. Entretanto, apurámos que os promotores da carta aventam a possibilidade da petição vir a circular em papel, onde os cidadãos que se opõem à atribuição do nome de Guebuza à ponte sobre o Zambeze, possam continuar a assinar a carta e deixar o número do seu documento de identificação. A seguir, segundo apurámos, já com assinaturas em número significativo, pretende-se que a carta seja submetida a órgãos de soberania, como é o caso da Assembleia da República, a manifestar a indignação pela “entronização de Guebuza” na ponte sobre o Zambeze. -Borges Nhamirre.

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