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12/22/08

Ecos do Brasil - Daniel de Moçambique e sua história de Natal...

Esta época do ano acarreta, para nós mais velhos, lembranças de Natais de infância feliz e emoções constantes que afloram a nosso mente e coração, reforçadas pelo espírito solidario de Natal quando sabemos que a pobreza, dor, violência, incompreensão, ambição, intolerância e egoísmo abundam pelo mundo afora. E a emoção chega por todo o lado, até pela TV...

Assistindo ao Fantástico da rede Globo de hoje, comovi-me com a História de Natal do garoto Daniel, nascido no nosso Moçambique, que encontrou no Brasil e no coração de seus Pais com P maíusculo, médicos brasileiros e seres humanos incríveis, de respeitar de nome Ana e David de Souza, vida, esperança e futuro. Belo exemplo, magnífica experiência especial e solidária, impressionante história de Natal que aqui transcrevo com emoção:

Menino escolheu o próprio nome na noite de Natal - Daniel, de Moçambique, foi adotado por brasileiros!
Há seis anos, para uma criança de Moçambique, o Papai Noel trouxe outro presente. Conheça a história do menino que ganhou a coisa que quase ninguém no mundo tem: o direito de escolher o próprio nome.

Escola, aulas de sapateado, de bateria e dança de rua - essa é a rotina agitada de Daniel, que completou 14 anos no último dia 25. Mas ele não nasceu no Natal. Também não se chamava Daniel. "Zeca era meu nome antigo, antes de ser Daniel. Fui batizado na noite de Natal", conta o menino.

Daniel e o médico brasileiro David de Souza se conheceram em Moçambique, onde David participava de uma ação humanitária. Daniel era órfão, os pais tinham morrido na guerra de Moçambique e o menino, que na época tinha 5 anos e estava com malária, vivia em um abrigo. "A freira veio ao meu encontro, falou, 'precisamos batizar Zequinha porque ele está muito doente', tínhamos medo que ele morresse no final do ano, e você pode ser padrinho e escolher o nome dele?

Eu falei: ‘Olha, o nome é uma coisa muito séria, vamos deixar ele escolher o nome’", lembra David.

"Ele falou da história do Daniel na cova dos leões, aí gostei e disse que queria me chamar Daniel. Daquele dia em diante comecei a me chamar Daniel", confirma o menino.

David acabou fazendo muito mais que ajudar o menino a escolher o nome. "Vimos que Daniel estava muito doente e nós pensamos que naquele momento não tínhamos condição em Moçambique. No Brasil poderíamos cuidar. Tomamos a decisão da adoção e do Daniel vir para o Brasil". "Mesclava meus sentimentos. Às vezes eu dizia assim, ‘isso aí, essa empreitada não é fácil, ele não deve estar sabendo a dificuldade que ele vai encontrar pelo caminho’. Mas ao mesmo tempo, eu disse vai poder contar comigo", lembra a museóloga Lídia Cordeiro de Oliveira, avó de Daniel.

David também pôde contar com o apoio de outra mulher. Na época, Ana e David ainda eram namorados. "A gente abraçou essa chance de ter essa experiência especial. Acho que a mensagem é que as pessoas aproveitem a chance que a vida dá de fazer uma coisa especial, de viver uma experiência especial, e enriquecer com ela. Eu me sinto nessa responsabilidade, de cuidar do Daniel como a mãe dele gostaria de cuidar", comenta a médica e mãe adotiva de Daniel, Ana Débora Santana.

No dia do casamento, Ana ganhou uma surpresa. "Eu estava levando as alianças, cheguei, entreguei, abracei meu pai e minha mãe e chamei ela de mãe pela primeira vez", conta Daniel.

A família vive hoje em Aracaju e acaba de ganhar um novo integrante: o Vicente. O sono do bebê é embalado pelos sons africanos. Outras lembranças da vida em Moçambique também permanecem na família e ganharam moldura. "Esse é um quadro da minha mãe, que eu fiz, das minhas lembranças da minha mãe no céu", mostra o menino.

Daniel adora dançar, mas também pensa em seguir a carreira do pai. "A Etiópia foi a última região que eu estive, que eu viajei. É uma situação terrível porque o preço dos alimentos subiu, as pessoas não têm dinheiro para comprar comida. É o que acontece nessa região do mundo, por isso é importante a gente ir para lá, mas também mostrar o que está acontecendo", conta David. Um vídeo feito pela Organização Não-Governamental Médicos sem Fronteiras mostra a última missão de David: "Outro dia, 30 mil pessoas ao meu redor, sem exagero, mil pessoas, debaixo da chuva, tremendo, crianças com pé na lama, buscando ajuda e a gente sem saber muito bem o que fazer, tamanha a necessidade da população", disse o médico, na época.

"Eu acho que meu pai é um herói mesmo, eu amo muito ele", elogia Daniel.

"Também te amo muito", diz David.
- Globo.com, 21/12/08.

  • O texto integral e o vídeo do Fantástico da TV Globo aqui!