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2/27/08

Meluco - Onde foram parar os sete milhões ? ...

Maputo, Quarta-Feira, 27 de Fevereiro de 2008:: Notícias - “Bronca” à volta dos sete milhões: População de Meluco pede prisão do seu administrador.
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Cidadãos intervenientes num comício orientado pelo governador da província de Cabo Delgado, Eliseu Machava, sábado último, em Meluco, pediram àquele dirigente para prender o administrador distrital, Victorino Benjamim Chaúque, mais dois quadros distritais, designadamente José Muchanga e Cabral Anli, alegadamente por serem responsáveis pela má aplicação do fundo destinado às iniciativas locais em benefício dos seus comparsas ligados à função pública naquele distrito.
Disseram que compreendiam os objectivos que nortearam a decisão do Presidente da República, Armando Guebuza, de alocar dinheiro aos distritos, nomeadamente para o combate à fome, criar postos de emprego e gerar rendimentos, mas que em Meluco todos os objectivos estavam a ser inviabilizados por uma minoria de funcionários, que inclui o administrador distrital e os seus dois subordinados.
“No ano passado não sentimos e não vimos nada dos sete milhões de meticais. Neste ano já estamos quase no terceiro mês, ainda não há nada que possa ser apresentado como resultado da aplicação do fundo de iniciativas locais, mais uma vez estão a mentir à população”, disse Ibraimo Cassimo, um residente.
Ibraimo Cassimo acrescentou que o tractor que se diz ter sido comprado com esse dinheiro nunca lavrou e o atrelado teria chegado à vila dois dias antes, em razão da visita do governador. A antena parabólica serve ao administrador, o carro aviário que a população não sabe a quem serve e um furo de água que teria sido aberto no primeiro lote, só agora dele se fala sem se saber se será com dinheiro do ano passado ou deste.
“E para piorar a situação, o administrador é inacessível, mesmo por parte dos funcionários com quem trabalha. É por isso que está sozinho, ele sabe muito, não quer ouvir ideias dos outros e os que lhe deviam apoiar deixaram que ele vá cometendo os sucessivos erros, porque ele é que, no fim de contas, responde por tudo”, ajuntou com uma certa dose de ironia.
Nacir Amisse, outro interveniente, denunciou a falsificação de documentos relativos ao fundo de iniciativas locais, pois, de acordo com ele, os funcionários ligados à gestão do fundo declaram determinado montado alocado aos beneficiários, quando na verdade dão menos, suspeitando que o resto se destina a eles e os seus apaniguados.
Amisse revelou que um membro da Polícia da República de Moçambique (PRM), que fazia sete meses vindo transferido de Maputo, de nome Hermenegildo Macamo, se tornou, curiosamente, elegível, tendo sido aprovada a alocação a ele de um montante no valor de 150.000,00 MT do fundo dos sete milhões ao que se seguiu a sua saída de regresso à sua terra, sem ter aplicado o dinheiro em Meluco. O mesmo se passou com Assane Gomes, que beneficiou de 50 mil Meticais e levou-os para investir em Montepuez, sua terra natal, onde se diz ter comprado uma “mini-bus” para o transporte semi-colectivo de passageiros.
“Há outros, por exemplo, Abdul Salimo, um funcionário da administração local, que foi eleito beneficiário, mas o dinheiro foi investir na sua terra, em Awasse, distrito de Mocímboa da Praia”, acrescentou.
Por outro lado, e conforme dados colhidos pelo nosso Jornal, o anterior secretário permanente daquele distrito, Jaime Raimundo, também havia beneficiado do dinheiro proveniente do fundo destinado às iniciativas locais. Acontece que foi transferido para o distrito de Ancuabe, onde provavelmente vai aplicar o dinheiro conseguido em Meluco.
“Agora, destes todos quem é que vai desenvolver Meluco? Afinal é para isso que o dinheiro veio para enriquecer os funcionários do Estado, aqueles que têm salário em cada fim de mês, ou não é verdade que o dinheiro era para gerar emprego, produzir comida e gerar rendimento”, questionou Nacir Amisse, para a seguir declarar:
“Estes senhores devem ficar presos para depois responderem em juízo. Estou a falar do senhor administrador, de José Muchanga e de Cabral Anli. Estão a brincar com a vida das populações de Meluco”.
José Muchanga, segundo soubemos mais tarde, é um auxiliar da administração, que com Cabral Anli, técnico agro-pecuário, ligado à Acção Agrária Alemã, são as figuras incontornáveis em Meluco, no âmbito dos 7 milhões de meticais, pois são os “experts” da gestão do fundo.
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A POPULAÇÃO ESTÁ SATURADA E HÁ PROCESSOS EM CURSO – reacção do administrador Vitorino Chaúque... ... Leia a reportagem na íntegra aqui !

7/07/07

Cabo Delgado - Uma assessoria gratuita...

No ano passado, lá para os fins de Outubro, num comício realizado na aldeia Nivigo, região pertencente ao distrito de Quissanga, o administrador deste distrito, Alafo Abdala, “tremeu” para justificar publicamente o que havia feito com os sete milhões de meticais depois de as populações apresentarem publicamente as suas dúvidas ao governador provincial, Lázaro Mathe.
O grande problema foi que ao explicar aquilo que disse ter sido decisão do respectivo Conselho Consultivo Distrital, foi colidir com realidades às avessas, pois os populares disseram directamente a Lázaro Mathe que o administrador decidia sozinho sobre o destino a dar aos sete milhões de meticais, e mais à frente questionaram mesmo sobre quem haveria de beneficiar com aquele bolo orçamental.
Mais embaraçoso ainda foi a maneira desencontrada como os líderes, ditos como pertencendo ao Conselho Consultivo Distrital, davam as respostas. Que não sabiam justificar o que se disse ter vindo da sua decisão. Que não sabiam, como em Macomia antes havíamos assistido dizer que projectos estavam destinados às suas comunidades ou aldeias.
Alafo Abdala justificou, na oportunidade, que o Conselho Consultivo Distrital se havia reunido e decidido algumas prioridades, como seja a construção do Centro de Saúde de Macoba, uma fonte de água na aldeia Linde, reabilitação da residência do secretário permanente do distrito, etc.
Em algum momento, o distrito foi desaconselhado em implementar esta última iniciativa, mas cheirou muito mal saber que o Conselho Consultivo Distrital havia decidido entregar 350.000 meticais a um comerciante, já afirmado, com o objectivo de o dotar de, segundo se justificou, capacidade de comprar e vender produtos em grandes quantidades. Aqui a intransparência tomou corpo e o povo disse que gostaria de perceber.
Mas como naquele ano tudo era a começar e porque na realidade os desvios foram feitos entre camaradas, pois não há nenhum constituinte dos famosos Conselhos Consultivos, que seja partidariamente desalinhado, tudo deu no que deu. Noutros distritos a prioridade foi comprar, como no caso de Chiúre, 166 bicicletas para líderes comunitários.
Há uma semana o administrador Alafo Abdala dizia que ainda o seu Conselho Consultivo não decidiu o que fazer com o bolo deste ano, já na outra metade do ano. Disse que prefere marcar passo do que se precipitar para não cair nos mesmos erros do ano passado. Oxalá que consiga chegar até ao tempo em que será ele mesmo, o administrador do distrito!
Se o desencaminhamento é condenável, também a não utilização dos fundos disponíveis é má gestão. Ficamos com um administrador que no ano passado foi mau gestor e neste está a sê-lo mais uma vez. Quanto tempo resta para o fim do ano, e nesse período restante o que for a ser feito não corre o risco de o ser às correrias e mais um vez imperfeito?
Mas ali mesmo em Quissanga, há algumas iniciativas interessantes, sobretudo no sector de pescas. Para evitar falar daquilo que as pessoas fazem, mesmo os sete milhões, porque sobejamente cultural, temos jovens que fazem um esforço gritante para manter o interior do distrito abastecido diariamente de peixe fresco.Vivem a 20 quilómetros, em Bilibiza. Nas primeiras horas da manhã, pegam nas suas bicicletas para a costa, em Quissanga-Praia, comprar peixe fresco, depois voltam muito rapidamente para o interior de modo a fazê-lo chegar ainda em condições de se consumir ainda fresco, no mesmo dia. Sem apodrecer!
Fazem isso todos os dias. Dá para perceber que gostam do seu trabalho e gostariam de evoluir. Não há dúvidas que isso faz bem às populações do interior. Foi-nos dito que, às vezes, eles conseguem levar o peixe até ao cruzamento da aldeia 19 de Outubro, na estrada nacional, fazendo deste jeito cerca de 50 quilómetros.
Que tal, organizá-los por forma a que façam o seu trabalho, muito benéfico, como está claro, muito eficiente e de modo abrangente, permitindo, assim, que conseguisse penetrar a mais regiões recônditas, quem sabe, até a aldeias do distrito de Meluco?
É que os rapazes são naturais dali, são conhecidos não só pelo facto de serem filhos de quem as autoridades locais conhecem, como pela persistência na actividade que abraçaram, segundo consta, mesmo antes de adquirirem as bicicletas.
Vinte mil meticais para cada um dos cinco jovens dava para comprar igual número de “Xintian’s (motorizadas) e assim o peixe chegaria a Bilibiza e outras regiões interiores, até oito horas de cada dia, por isso o mais fresco possível do que chega hoje.
E assim, o impacto dos sete milhões não seria procurado à lupa, como no ano passado. Não seria necessário reunir com o Conselho Consultivo cada vez que uma delegação chega para “fabricar” justificações da sua utilização.
Trata-se, entretanto, de um simples exemplo que pode ser estendido a outras iniciativas que não precisariam da vinda da Fundação Aga Khan para as apoiar. Está claro que o espírito associativo é bem-vindo em Quissanga. O que é que (ou quem) falta, então, para que os recursos financeiros existentes, propositadamente atribuídos, sejam utilizados pelo distrito, para quem ainda é Janeiro?
Alafo Abdala!... acorda! E esta assessoria não vai ser paga, é gratuita!
P.S. Já tomaram posse os seis membros da sociedade civil na Comissão Provincial de Eleições, alguns de forma precária, porque há documentos cuja confirmação da sua autenticidade ficou para mais logo. É tempo de ver se o Registo Criminal é algo sério no nosso país. Se for, em Cabo Delgado alguém tem que dar uma marcha-a-ré.
Pedro Nacuo -
Maputo, Sábado, 7 de Julho de 2007:: Notícias