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8/16/07

Montepuez - Inspecção multa 18 empresas.

Dezoito empresas acabam de ser multadas na cidade e distrito de Montepuez, em Cabo Delgado, depois de se terem constatado atropelos às regras estabelecidas pela lei laboral.
Namuno aparece na posição seguinte, com nove empresas multadas, seguindo-se-lhe Balama, com cinco, Mocímboa da Praia, com quatro, e Mueda, com duas. Regra geral as infracções relacionam-se com com os capítulos de higiene e segurança no trabalho (falta de equipamento de protecção dos trabalhadores e prevenção de doenças profissionais), pagamento de salários abaixo do estabelecido por lei, falta de seguros e contratos de trabalho colectivos, entre outras irregularidades. No total, as empresas dos distritos supracitados foram multadas em cerca de 300 mil meticais.
Maputo, Quinta-Feira, 16 de Agosto de 2007:: Notícias

7/25/07

Montepuez treina militares.

Instrução militar decorre em Montepuez.
Acontece desde o passado fim-de-semana em Montepuez o XVII curso de treinamento básico no quadro da prestação do serviço militar. Participam nesta preparação mil e quarenta sete jovens de ambos os sexos oriundos de todo o país. A abertura do curso contou com a presença do Ministro da Defesa Nacional, Tobias Dai que exortou os jovens a se empenharem- em prol da defesa da pátria.
O curso básico terá a duração de 90 dias úteis, período durante o qual os instruendos serão capacitados em pronto-socorro, legislação militar, Direito Internacional Humanitário, táctica, topografia militar, entre outras disciplinas.
O ministro da Defesa Nacional indicou na ocasião que cumprir o serviço militar é um acto cívico-patriótico que decorre do plasmado na Lei do Serviço Militar.
Referiu que o serviço militar é um desafio, na medida em que constitui uma condição basilar para que a pátria amada disponha de homens legalmente aptos, que inspiram confiança e detentores de capacidades para cumprir com zelo a missão de defesa da pátria.
Tobias Dai apelou aos instruendos para que se inspirem nos jovens do 25 de Setembro, aqueles que depois de fracassadas todas as tentativas de diálogo com o colonialismo português decidiram em 1964, declarar a insurreição geral armada do povo moçambicano que culminou com a proclamação da independência a 25 de Junho de 1964.
Encorajou para que esforços sejam continuados e multiplicados por estes jovens alegando que só assim o país estará seguro de qualquer agressão.Na mesma ocasião, Dai saudou o excelente trabalho desenvolvido pela direcção do Centro de Instrução Básica Militar de Montepuez, visando o sucesso desta incorporação e consequente início do treinamento.
Afirmou que com esta acção cumpre-se o plasmado no programa quinquenal do Governo para o período 2005-2009.Refira-se que a missão destes jovens, em tempo de paz, estará também virada para acções humanitárias.
Os militares participam, por exemplo, na edificação de infra-estruturas, especialmente estradas e pontes, na ajuda às vítimas de calamidades e noutras acções igualmente plasmadas no programa quinquenal do Governo.
Maputo, Quarta-Feira, 25 de Julho de 2007:: Notícias

7/04/07

Sabe bem voltar a ler...

(Imagem daqui)
Porque vivo imaginando, voltei a ler e transcrevo as palavras do Miguel lá de Angola, postadas em 14 de Maio de 2006 no SDBlog :
O homem adapta-se facilmente a rituais muito próprios, fora da anarquia que acaba por constituir a grande cidade. Filho de uma, descobri apenas em Pemba como, afinal, um dia é mesmo enorme. Pela primeira vez experimentara a sensação de poder ir a pé de casa para o trabalho, gastando apenas 2 minutos. 2 minutos! Mesmo com passo lento, o máximo que fiz nunca terá ultrapassado os 5 minutos.
Foi com entusiasmo que me disseram que iria conhecer as pedreiras, em Montepuez. Finalmente sairia da cidade e entraria mato dentro, o verdadeiro mato. Iria com o C. ver como estavam as operações, a 200km da cidade. O C. era doido. Literalmente. A Toyota Hilux azul era, na realidade e como vim a saber mais tarde, a pick-up mais perigosa que poderia existir para aquelas estradas. Abalámos ao início da madrugada. O C. adorava impressionar. Ia fazer-me o baptismo. Imagino o que o sacana terá gozado à minha conta. Alguma vez na minha vida tinha eu visto uma picada?! Ou uma estrada em que eram mais os buracos do que o alcatrão? Sem vivalma? Só o verde imenso, entrecortado por uma ou outra aldeia? Agarrei-me onde pude dentro do carro enquanto pensava que a viagem ainda acabaria mal. 120-140km/h naquela merda de estradas? O gajo era chanfrado de todo. E como não podia ir pelo meio da estrada, passou a maior parte da viagem a alta velocidade com metade do carro fora da estrada e a outra no que restava. Sempre a acelerar. A comer capim. A levantar poeira. A fazer fugir cabritos, galinhas, porcos e pessoas. E eu nem sabia que o cabrão do C. era cego de um olho resultante de um grande acidente que tinha tido em Portugal. Aguentei-me. Que remédio.
Delirei com a paisagem. A imensidão. A baía de Pemba. As aldeias que se iam vendo e a forma como os produtos eram colocados junto à estrada para venda mesmo sem ninguém por perto. Sobretudo carvão, era o que mais se via. Parámos na tasca do português, penso que logo a seguir a Metoro - cruzamento que dava acesso a Montepuez, Mueda e Chiúre/Namialo - não me lembro do nome da aldeia, onde o tipo mandava. A tasca com o emblema do Sporting (claro!). Já nos seus 50 e muitos, 60 e poucos, tinha ido na guerra colonial para aquela zona e por lá tinha ficado. Arranjou mulher, moçambicana, com quem tinha muitos filhos. Era o único sítio onde podíamos comer, áquela hora, uma sandocha com omelete e um café batido a meio do caminho. Isso e dois dedos de conversa já que o carro não tinha nenhuma das actuais mordomias. Nem ar condicionado tinha, quanto mais leitor de CD…
Depois da curva da missão católica, Montepuez. Que susto. Aquilo é que era Montepuez? Aquilo?! Lá curvámos à esquerda e entrámos na “estrada” principal. Estrada. Uma picada toda rebentada pelas chuvas, com buracões descomunais e uma cidade sem energia eléctrica durante o dia. Apenas se ligava o gerador à noite e por umas 2 ou 3 horas. Parámos numa tasca também do Sporting do lado direito onde, pelas 6:30, encomendámos logo o almoço. As opções eram poucas: galinha ou cabrito. Só depois é que percebi porque é que eram essas as opções e a razão de encomendarmos aquela hora o almoço. É que ambos são animais de pequeno porte que, pela inexistência de condições de conservação a frio, permitiam que os restaurantes mantivem um stock vivo, permanentemente disponível para os potenciais clientes. O único senão era a necessidade de encomendar com muitas horas de antecedência para matarem os animais e prepará-los para a refeição. Feito.
Demos uma rápida volta pela “cidade”. Era muito pequena. Ao fundo da rua principal, do lado esquerdo, um C-47 da FAP abandonado e o que restava dele sendo possível ver-se ainda a cruz de cristo. Do lado direito a casa do administrador ou a Administração Municipal, uma ou outra ONG e, umas voltas mais adiante, as instalações da empresa. Foi aí que conheci o Firmino. 250Kg em cima de uma pessoa. Vivia em Montepuez com a sua família. A mulher e a filha pequena, de uns 5 anos, pareciam perfeitamente adaptados. Nem queria acreditar. Adaptados? Ali? O Firmino, volta e meia, apanhava malária. Montepuez era um ermo terrível metendo medo à noite. Uma cidade tomada pela escuridão da noite apenas iluminada pelas chamas das velas dos vendedores informais estrategicamente colocados nas zonas mais importantes e onde se comprava de tudo um pouco. Aí e nas tascas que vendiam cerveja e refrigerantes quentes.
Em Montepuez, como em Pemba, o C. dominava. Gostava de demonstrá-lo. Ele era “o” moçambicano da equipa. Irrequieto, pouco tempo passou sem que abalássemos novamente a alta velocidade pela picada que nos faria chegar à pedreira em pouco tempo. Voámos e graças a ser novo e sem problemas de coluna, a viagem fez-se não sem que tivesse mandado duas ou três cabeçadas no interior. O gajo era passado. E eu ali já arrependido por ter aceite o convite para a viagem.
No regresso, a noite tinha já caído sobre a estrada. Nem vivalma. Só mato e o que da picada se podia ver com os máximos sempre ligados. Nenhuma luz artificial. O céu, preto, cheio de estrelas. Tantas. Nem mesmo o céu da serra da Freita tinha tantas. Demorávamos a chegar atá que, após mais uma curva com o carro indeciso se permanecia metade dentro ou se capotava mesmo, as luzes de Pemba apareceram no meio da escuridão para grande alívio. Ah como sabia bem regressar à civilização, à data também conhecida por Alto Gingone!
Miguel
Parte 1