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3/15/14

TALACO – A FORMIGA CARNÍVORA

Lá pelos idos de 1960/61, morávamos na Fazenda Sômboa (onde o meu pai era o gerente), próxima da Missão Têngua (padres franciscanos capuchinhos da Terceira Ordem Franciscana Secular) a 15 quilômetros de Milange sentido Quelimane, Zambézia, Moçambique.

Tínhamos no quintal de casa, uma pequena criação de coelhos, e os mesmos estavam instalados em cinco ou seis pequenas repartições com três ou quatro coelhos em cada uma.

Esse criadouro fora construído em estilo “palafita” a mais ou menos um metro e vinte de altura.

Certa manhã acordamos e nos deparamos com um espetáculo dantesco. Uma parte da “palafita” havia sido atacada em algum momento da noite ou madrugada, e o ataque ainda estava em pleno processo.

Pudemos constatar a fantástica voracidade dessas pequenas formigas de cor preta.

As mesmas subiram por uma das colunas de canto da “palafita”, e logo se instalaram na primeira repartição, depois passaram à segunda e por fim à terceira. As demais repartições não foram tomadas, pois as formigas foram surpreendidas pela presença humana logo de manhã bem cedo.

Na primeira repartição, dos três coelhos que lá havia víamos três montes de milhares de formigas...ao serem afastadas com paus, pudemos ver esqueletos de coelhos com praticamente 90% de seus corpos desprovidos de carne.

No segundo compartimento um dos coelhos estava só ossos, e os demais ainda com boa parte de seus corpos sendo consumidos.

No terceiro e último compartimento atingido por elas, um ou dois coelhos vivos e apavorados e um outro morto, mas ainda com uma menor incidência de formigas.

O ninho delas foi descoberto a uns 30 metros de distancia e uma vez aberto, tornou-se uma pequena cratera de pouco mais de um metro e meio de profundidade por um diâmetro de aproximadamente três a quatro metros. O chão estava literalmente preto de formigas, e lembro-me do meu pai despejar uma lata de gasolina e atear fogo terminado assim com aquele formigueiro.

Lembro-me também, mais ou menos por volta dessa data, um dos funcionários da fazenda, chamou o meu pai de madrugada, informando que o touro reprodutor da fazenda que dormia em um galpão coberto e fechado, construído especialmente para ele, estava muito nervoso e ameaçava arrebentar a porta.

Quando o meu pai lá chegou, verificou que o chão estava cheio de talaco, e as tais formigas não davam descanso ao touro... as mesmas o picavam todo, principalmente entrando nas narinas e orelhas, deixando-o extremamente irritado. Como era de madrugada, a solução foi remover o touro do local, levando-o para um curral aberto, e pela manhã o ninho das formigas foi localizado por funcionários nativos e destruído.

A última lembrança minha do Talaco, foi lá pelo meio do ano de 1965, eu na altura com nove ou dez anos. Morávamos em Milange, poucas semanas antes de retornarmos a Portugal.

Os meus pais acordaram comigo gemendo e lembro-me que entre o limiar do sono e do acordado, sentia-me picado aqui e ali. Eu ainda na cama, os meus pais constataram que estava sendo atacado pelo Talaco e rapidamente me tiraram dali e me despiram, sacudindo as formigas que começaram a tomar conta do meu corpo. Naquela noite, ninguém mais dormiu. Todos os móveis foram tirados do quarto, e o chão lavado com querosene, o melhor produto que se tinha no momento para afastar essas formiguinhas impertinentes. Depois arrumar todo o quarto e descobrir logo ao amanhecer o foco das formigas para exterminá-las.

Pude com estas três experiências constatar a voracidade deste tipo de formiga. Pequeninas mas que fazem um estrago!!!!
Carlos Santos (02 de maio de 2005) - Do Bar da Tininha - Yahoo!