Mostrar mensagens com a etiqueta sociedade moçambicana.. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta sociedade moçambicana.. Mostrar todas as mensagens

12/05/07

A sociedade civil moçambicana pouco se faz sentir.

Sociedade civil moçambicana é frágil
.
Eleutério Fenita-Maputo-04 Dezembro, 2007 - Publicado em 20:43 GMT BBCÁfrica.com - Em Moçambique existem cerca de 5 mil organizações não governamentais.
Apesar disso uma pesquisa revela uma estrutura da sociedade civil frágil e ainda sem o impacto desejado, particularmente no respeitante a mecanismos de monitoria das acções de combate à pobreza.
"A Sociedade Civil Moçambicana por Dentro: Avaliação, Desafios, Oportunidades e Acção" é assim que se intitula o estudo, o primeiro do género neste país e o qual teve como base inquéritos, consultas, estudos de caso e várias outras fontes.
De uma maneira geral, disse à BBC, António Francisco, a sociedade cívil tem uma estrutura fraca, tem um ambiente político, económico e social que não é fácil, os valores (democracia, transparência, funcionamento da própria organização) são fracos e o impacto é consequentemente fraco.
Portanto, conclui, a sociedade civil não tem peso quando se trata de influenciar políticas públicas, monitorar as despesas do orçamento do Estado ou as despesas e funcionamento das empresas, e não tem impacto quandos e trata de canalizar e representar as necessidades da sociedade.
.
Sociedade civil recente
O estudo indica, por exemplo, que cerca de 50 por cento dos inquiridos não se lembrava de qualquer exemplo de campanhas públicas, acções ou programas dedicados à promoção da transparência no governo organizadas pela sociedade civil durante o ano passado.
O que poderá então explicar este cenário, em que a sociedade civil moçambicana aparentemente pouco se faz sentir apesar de estar representada por cerca cinco mil organizações com um total de cento e quarenta mil pessoas?
João Pereira Director do Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil, diz que uma das razões pode ser o facto de ser uma sociedade civil muito recente e a outra a necessidade de melhor coordenação das estratégias de apoio.
A avaliação do actual estágio da sociedade civil moçambicana é uma iniciativa encabeçada pela Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade.
Graça Machel, conhecida activista dos direitos da criança e da mulher é a Presidente daquela organização não governamental, que neste exercício contou com a parceria do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Fundação Aga Kan e a CIVICUS, que a nível internacional lida, entre outros, com a questão dos direitos humanos.

12/01/07

Pemba - Políticos & poluição visual...

Crónica de Pedro Nacuo publicada no Notícias deste sábado, 01 de Dezembro de 2007:
.
EXTRAS - As bandeiras...
Nas vésperas das últimas eleições legislativas e presidenciais, em 2004, o Partido Independente de Moçambique (PIMO), veio a Cabo Delgado, sob direcção da sua principal testa, Yá-cub Sibinde, em viaturas e algumas dezenas de litros de tinta branca e uns tantos pincéis, para colocar o seu nome em quase tudo o que fosse fixo.
Paredes, estradas nacionais, árvores de reconhecida exuberância e pedras à beira da estrada em todo o corredor para o norte da província, distritos de Macomia, Mocímboa da Praia, Mueda, Muidumbe e Nangade, e para o sul, Chiúre até atravessar o rio Lúrio, nos distritos de Eráti e Nacarôa.
Tudo pela estrada era PIMO e, na véspera da visita do então, Presidente da República, Joaquim Chissano, a ECMEP recebeu ordens de se munir com a mesma capacidade que o PIMO tinha, desta feita para ir apagando todo o PIMO pela estrada. Parecia brincadeira, uma viatura com tinta preta e pincéis para ir apagando o que a branco estava escrito. E a ECMEP esqueceu-se (não conseguiu ver) em pelo menos duas pedras depois de Chiúre e igual número entre Ancuabe e cruzamento de Meluco...
Na cidade de Pemba, o delegado político do PIMO acabou sendo intimado para responder em tribunal por haver colocado a sua propaganda em locais “não próprios” e sujado a cidade com a sua tinta.
Isto nos vem à memória por causa das bandeiras (políticas) da Beira, sobretudo porque as análises que estão a ser feitas são-no no sentido de que estão na Beira, uma forma distorcida que, infelizmente, os cientistas e comentaristas da actualidade encontraram para serem úteis. É como me dizia, em 1985, Kurt Madorim, um holandês que “numa sociedade de muita preguiça todos correm para a política, a única forma de ser importante, muitas vezes sem fazer nada...”
Nos tempos que correm ainda se pretende confundir a política com algumas leis, interpretadas, como é lógico, ao sabor dos respectivos protagonistas, daí que “lugar impróprio” tanto pode ser perceptível como não significar quase nada.
Ora, não sendo só das leis actualmente em vigor que nós vivemos, vamo-la perceber como, e muitas vezes, vivemos também das normas éticas e morais, não previstas em algum instrumento legal e assim fazemos a convivência democrática, consolidamos a paz e fazemos a unidade nacional.
Comecemos pelos símbolos do PIMO pelos locais e estradas de Cabo Delgado, que tiveram que ser apagados. Deviam sê-lo? Não deviam? A imprensa escreveu inclusive quando foi para o município de Pemba processar judicialmente o representante daquele partido...
Não havia analistas, comentaristas e o Ministério da Administração Estatal (MAE) estava? Estava claro que ninguém, à luz da lei, poderia proibir aquele partido de fazer o que fez, mas que ficava feio, também é verdade! Todo o lado PIMO, PIMO, PIMO... estava em demasia em locais “impróprios”, impróprios não por lei, mas do ponto de dista ético e moral saía muito mal.
Ninguém já ficou preso, na Beira, Pemba, Ilha de Moçambique e outras cidades, principalmente costeiras, por prática de fecalismo a céu aberto, simplesmente porque nada está legislado contra esse procedimento. Mas há que reconhecer, pelo menos em relação à Beira e Pemba, que o fenómeno tende a diminuir e no caso de Pemba está quase no fim.
É porque as normas éticas, o dia-a-dia e a mensagem da municipalidade foram mais fortes que a lei que não existe, “que não se deve defecar em lugares impróprios”. Se se apanhar a fazê-lo ninguém te leva à prisão, mas fica feio!
Também por lei todos podemos colocar as bandeiras onde quisermos. Mas não me dirão que fica bonito o que vejo pelas matas da minha província, Renamo e Frelimo em cima de árvores de florestas liana, estepe ou de savana, onde ninguém vive... pelas bermas das estradas, bandeiras em quase todas as casas, outras a confundirem-se com aquelas que identificam casas de curandeiros ou aquelas de onde saíram crianças para ritos de iniciação...
Em Pemba, jovens organizados por quem (não sei), sempre que há uma visita alguém abastece de combustível as suas motorizadas, das tantas “Xintians” que há por aí e vão ao aeroporto, como se de batedores se tratassem, receber a ilustre visita.
Se calhar, conforme a origem do patrocínio, os jovens amarram bandeirinhas nas motorizadas para a recepção. E quiseram fazer isso com Jaime Gama, presidente da Assembleia da República portuguesa e viriam a piorar com a Sua Alteza, príncipe Aga Khan. Receber visitas com bandeiras partidárias! Bonito? Era local próprio?
A nossa desatenção levou-nos a que, como não somos proibidos de fazer e as normas éticas e morais estão a ser subalternizadas, as nossas cidades virassem verdadeiras “mó-mó-mós” em termos de cores. Aceitamos que cada inquilino aceitasse o amarelo e o azul das nossas duas empresas de telefonia móvel e hoje as cidades moçambicanas, principalmente a Beira, Tete e agora Pemba viraram cidades de cores que em criança tinha aprendido serem de mulheres ciumentas e más.
Em Pemba, até os transportes públicos urbanos, que traziam aquelas suas cores, que temos ainda nas outras cidades, viraram de cor amarelada e com desenhos que só quando os autocarros estão próximos te sentes próximo de um “mó-mó-mó”. São muito feios!
Agora, bandeiras! Se só forem bandeiras, não outra coisa, na verdade, durante muito tempo têm lugares próprios, de respeito, que quando alguém passa diz “aqui é a sede deste partido” e se calhar até passa com um respeito à medida da consideração que tem por ele.
Esse respeito não está em alguma lei, mas existe da mesma forma que não se pode levar alguém à prisão por não ter estado em sentido quando a Bandeira Nacional está a ser içada ou arreada. Mas fica feio ser-se indiferente. São outras normas, muitas vezes com mais valor do que as leis propriamente ditas.
No dia em que, com as bandeiras do Costa do Sol, Chingale, Ferroviários, também levarmos as dos nossos partidos, diremos todos que as levamos para local impróprio. Ou não é?
É dizer a beleza das cidades ou o seu contrário nunca serão legislados e é por aí que elas são diferentes, como pode ser verdade o que uma professora de Economia Doméstica dizia em Chibututuíne, na Manhiça, “a casa tem a cara de quem a habita”.
Pedro Nacuo-Maputo, Sábado, 1 de Dezembro de 2007:: Notícias

11/27/07

Moçambique - Mais mulheres que homens...

(Imagens originais daqui e daqui)
.
Moçambique: População é de 20,5 milhões de pessoas.
.
Maputo, Moçambique, 26 Nov/07 - A população moçambicana é de 20,5 milhões de pessoas, de acordo com resultados preliminares sexta-feira divulgado em Maputo pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
À semelhança de censos anteriores, o número de mulheres é superior ao dos homens, sendo que de acordo com os resultados preliminares há 10,7 milhões de mulheres contra 9,8 milhões de homens.
De acordo com o calendário deste censo, a partir de Maio de 2008 serão tornados públicos, sucessivamente, os totais da população da cidade e províncias de Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala, Manica e Tete, para no ano seguinte completarem-se as restantes, sendo os resultados globais tornados públicos em Novembro de 2009.
A informação preliminar indica um crescimento da população de cerca de 28 por cento relativamente a 10 anos antes, quando em Moçambique havia 16,1 milhões de pessoas, situando-se o crescimento anual em 2,4 por cento.
Do conjunto das províncias, a de Maputo é que teve um crescimento acima de metade da população nos últimos anos (52 por cento), nela vivendo 1,259 milhões de pessoas, a maior parte das quais concentrada em áreas de expansão como Boane, Marracuene e cidade da Matola, idas da cidade de Maputo.
Há maior concentração da população nas províncias de Nampula e Zambézia, que no conjunto perfazem cerca de 40 por cento do total.
As cinco províncias mais populosas são as de Nampula, com 4 milhões de pessoas, seguida da Zambézia, com 3,9 milhões, Tete, Sofala e Cabo Delgado.
Macauhub-2007-11-26

11/24/07

Pemba - Curandeiros e o Estado...

Crónica de Pedro Nacuo publicada no Notícias deste sábado, 24 de Novembro de 2007:
.
EXTRAS - Estado e os curandeiros
Vamos combinar que para o âmbito desta crónica, curandeiro possa significar ou não feiticeiro, ou que feiticeiro possa significar curandeiro, apenas para sermos flexíveis na abordagem do assunto. Está?
Um curandeiro chega a Montepuez, sul de Cabo Delgado, convidado por quem o acredita, que no caso é a maioria de pelo menos da região onde esteve aquartelado e fazia o seu trabalho, quando agentes do Estado moçambicano foram escorraçá-lo, alegando que estava a criar instabilidade social. Na acção violenta da polícia, que veio representar o tal Estado invisível, as populações sentem-se, só agora, perante uma instabilidade social criada por estranhos à sua vida normal.
Quem criou a instabilidade em Montepuez? Resposta, o Estado. O Estado que não se deu ao tempo de perceber como é que uma sociedade se organiza, atravessa o maior rio nascido em Moçambique e vai a outra província, Nampula, para convidar um curandeiro que acredita que viria limpar males que grassam a região. Um Estado que não se questiona, ainda que se tivesse que rotular de muitos nomes, como ignorância, superstição ou obscurantismo, mas que havia mobilizado mais gente do que para receber qualquer chefe mortal!...
Ao cortar o desejo do povo, que era ver a sua terra limpa, a pretexto de uma pretensa instabilidade social, o Estado não só criou condições para que tal recrudescesse, como deixou nos seus cidadãos muitas dúvidas sobre quem são os seus servidores. Na realidade, filhos de mães de Montepuez, moçambicanas, em geral, que não acreditam, durante o dia, naquilo que seus pais ainda crêem...e não crêem usando força contra quem crê. Em Montepuez, como em qualquer lugar deste país, isso é muito! Do ponto de vista antropológico-cultural.
Enquanto ouvíamos que à calada da noite, altas patentes policiais e outras figuras directamente interessadas pelos pleitos que se aproximam iam tentando saber se, de facto, o curandeiro havia atravessado o rio Lúrio, de regresso, e alguns terem sido vistos na aldeia do velho, já em Nampula, em carros luxuosos vindos de Cabo Delgado, eis que chega de novo o bicho da instabilidade social, já no distrito de Pemba-Metuge.
Aqui o povo se havia organizado para defender o seu convidado, por isso pagou caro. O Estado, através dos servidores que tem, foi atirar para matar. De novo estamos perante aquele Estado que só age assim de dia, e à noite “estamos todos lá” a querer perceber como é que quando achamos que somos donos da terra, é na altura precisa em que os outros nos ordenam: “sai daqui, hoje mesmo!”
De novo, entre o Estado e os cidadãos que haviam convidado um seu semelhante para lhes fazer aquilo que crêem ser capaz, quem criou a instabilidade? Aliás, quem foi criminoso, já que houve pelo menos uma morte? E se acha que a morte ficou perdoada, se quem morreu deixou uma bicha de seus dependentes, outros ainda só se vão recensear agora no prolongamento do período...isso é muito, não só em Pemba-Metuge! É o Estado que está a consolidar sem nenhumas bases sócio-antropológicas nem culturais do povo que gostaria um dia bem servisse.
Para variar, um procurador na província que nunca acreditei, do ponto de vista geográfico, ser do centro, Zambézia, tem uma ideia brilhante de reunir com os curandeiros. É, como não é de duvidar, o polícia do Estado. Quando esperávamos que fosse mais moçambicano, tentando perceber um fenómeno que até pode fazer faculdades de qualquer universidade virada para a Antropologia e Sociologia, acabou sendo o melhor polícia dos tempos que correm em matéria de curandeirismos. Ameaçando os anciãos.
Fê-lo acusando-os de promotores de muitos crimes que acabavam no ajuste de contas. Até pode ser! E disse que se não os tinha naquele momento, todos na cadeia, era por falta de condições logísticas. Quer dizer, no dia em que Moçambique tiver muitas celas, na Zambézia, com aquele procurador, os primeiros a encherem-nas são os curandeiros ou feiticeiros, agitadores do crime!
Que tal? Os curandeiros fazerem com que nunca mais haja condições e transferir o senhor procurador para a província de Tete, onde o fenómeno é mais familiar...juro que há-de ir, não a esses que ameaçou, mas a outros, noutras paragens, para fazer com que o Dr. Augusto Paulino mude de ideias!
E aqui nascem as questões: como é que este Estado, fundado e está a ser desenvolvido conforme modelos completamente estranhos à realidade local e servido por quem de dia é uma coisa e à noite outra, pode lidar com este povo que tem as suas crenças? E o povo moçambicano é este!
Que teatro estamos a fazer contra nós próprios, filhos de mães que já nos vêem estranhos por simplesmente termos usado uma farda ou porque a proliferação de faculdades trouxe-nos algum título e ficamos obcecados para nunca mais estudarmos a vida real das pessoas do campo, que é a quase totalidade do território nacional?
Há muitas formas de criar instabilidade social (como age o inimigo no seio do povo?), mas a pior é alguém parecer lobo no meio duma sociedade de pessoas organizadas como estamos no nosso país. De cima para baixo, há poucos lobos em Moçambique, a maioria acredita que nasceu sob um sistema que está proibido de ignorar o curandeiro ou feiticeiro. Ainda que façamos muito esforço!
O que está a ser mesmo difícil de compreender é que tais rusgas contra curandeiros ou feiticeiros apareçam normalmente em momentos pré-eleitorais ou politicamente quentes e sempre um pouco por todo o lado. Resta saber quem manda a quem, precisamente para fazer o quê? PS – Na quarta-feira desta semana, o país real não se entendeu com o país imaginário (aquele que gostaríamos que fosse), como, infelizmente, acontece amiudadas vezes. A partir de Maputo o tema central era o Dia Mundial das Televisões, mas as crónicas que vinham das províncias falavam do Dia Internacional do Pescador.
Pedro Nacuo

11/12/07

Moçambique - Como enfrentar o crime...ou resignação com humor !

(foto cedida por A. C.)
Desnecessários mais comentários...