11/08/08

África do Sul/SIDA - Mbeki responsabilizado por 330 mil mortes!

Cheguei a ler que esse senhor considerava a Sida/Hiv folclore, manobra de oposicionistas a seu governo e intentona internacional.

Para felicidade e longevidade do povo sul-africano está "aposentado" do poder.

E, segundo consta, não deixou saudades.

Como não deixarão "alguns" dos que ainda por aí andam falando baboseira a todo o instante em discursos inflamados e populistas.

Coisas assim costumam acontecer quando o poder cai nas mãos de quem prima pela ausência de conhecimento, vulgo ignorância ou estupidez e, ainda para cúmulo, é mal assessorado!

Do RTPNotícias de hà momentos, transcrevo:

Joanesburgo, 08 Nov (Lusa) - Activistas sul-africanos de defesa dos direitos dos seropositivos querem que o ex-presidente Thabo Mbeki e a sua então ministra da Saúde respondam na justiça pelas mortes desnecessárias de 330 mil pacientes entre 2000 e 2005.

Os referidos activistas batem-se há longos anos pelo direito ao tratamento com anti-retrovirais dos doentes em instituições públicas.

Zachie Achmat, presidente da organização não-governamental Treatment Action Campaign (TAC), que recebeu vários prémios internacionais pela sua luta contra as políticas do ex-chefe do Estado e do governo sul-africano, disse ontem que "Mbeki tem as mãos manchadas de sangue" e deveria ser alvo de um processo perante uma comissão judicial independente.

Conhecido pelas suas posições pouco ortodoxas relativamente ao HIV/Sida, Mbeki passou os 9 anos dos seus dois mandatos como presidente a negar a ligação directa entre o HIV e a Sida, subscrevendo uma série de teses dos chamados "cientistas dissidentes" e resistindo à introdução no sistema público de saúde dos tratamentos com anti-retrovirais (ARV`s).

A sua ministra da Saúde, Manto Tshabalala-Msimang, subscreveu sempre as posições do ex-presidente, tendo classificado em várias ocasiões os ARV`s como "venenos" e defendido publicamente que os seropositivos deveriam ingerir doses diárias de batatas africana, alho, beterraba, azeite e outros produtos naturais, em vez de ARV`s para combater o vírus que os aflige.
Um estudo publicado em 20 de Outubro pela Escola de Saúde Pública de Harvard, e assinado pelo professor Pride Chigwedere, conclui que 330 mil seropositivos perderam a vida entre 2000 e 2005, em resultado da ausência de programas de tratamento com anti-retrovirais na África do Sul, decorrente da negação sistemática do presidente e da sua ministra da Saúde relativamente ao HIV/SIDA.

O estudo conclui também que naquele período 35 mil crianças nasceram infectadas pelo HIV porque o governo proibia o tratamento das mães com drogas destinadas especificamente a travar a infecção de mães para filhos, designadamente o Nevirapine, que é utilizado em praticamente todo o mundo.

Zachie Achmat e o TAC - que processaram judicialmente várias vezes os governos de Mbeki para que fossem forçados a disponibilizar ARV`s nos hospitais públicos - pediram ao actual governo do presidente Kgalema Motlanthe que convoque Mbeki e Tsbalala-Msimang para que sejam questionados sobre as suas políticas e os seus resultados.

Os activistas desejam que Mbeki se explique também perante a Comissão da Verdade e Reconciliação (TRC), defendendo que "é necessário fazer justiça àqueles que morreram em resultado das poíticas de Mbeki".

"Esta é a razão pela qual o TAC defendia desde há muito a demissão do presidente Mbeki pelo seu partido, o ANC, por ele ter as mãos manchadas de sangue", disse hoje Achmat.

"Este estudo da Harvard demonstra claramente aquilo que o TAC vem defendendo há muito: que há uma ligação directa entre muitos milhares de mortes e a negação do ex-presidente face à SIDA", concluiu o presidente do TAC.

François Venter, que lidera a Unidade de Saúde Reprodutiva e de Pesquisa do HIV na Universidade de Witwatersrand, Joanesburgo, afirma que o estudo aponta para "uma vergonhosa falta de liderança" do antigo presidente, ao mesmo tempo que se regozija com o facto do novo governo ter nomeado Barbara Hogan, uma respeitada especialista que considera ser "uma líder inspiradora", para a pasta da Saúde.

Quando Mbeki foi afastado da Presidência e da chefia do governo, em Setembro último, o ex-presidente americano Jimmy Carter declarou "não nutrir qualquer simpatia para com ele (Mbeki)".

Carter revelou então que o ex-chefe do Estado sul-africano recusou há uns anos, na sua presença e de Bill Gates, generosos fundos da Fundação Carter para adquirir ARV`s para pacientes sul-africanos com o argumento de que "a SIDA foi uma invenção do Ocidente para exterminar africanos" e que "os ARV`s são uma forma de gerar lucros à custa dos africanos e dos países em desenvolvimento em geral".
- Lusa - 08/11/08, 12:50:01.

11/04/08

Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas - Parte 3

(Continuação daqui.)

... Em 1857 ocorreu a primeira tentativa importante para ocupar a baía de Pemba com colonos portugueses com a finalidade de criar um núcleo populacional e fixar uma autoridade administrativa forte na região, que foram transportados desde Lisboa na escuna Angra.

No entanto, apesar da presença desta escuna, só a partir de 1861 foi reforçada a repressão do tráfico de escravatura na costa moçambicana com a presença das canhoneiras Barão de Lazarim e Maria Ana, que eram navios modernos e tinham propulsão a vapor.(62)

Embora a atividade operacional destas duas canhoneiras fosse mais acentuada nas áreas para sul da Ilha de Moçambique, navegaram também na baía de Pemba, no porto do Ibo, e na baía de Tungue, correndo a costa até Cabo Delgado, para além de terem visitado Zanzibar em 1861 para apoiar uma visita do governador de Moçambique nas negociações que regularmente mantinha com as autoridades zanzibaristas, para resolver a questão dos limites da fronteira norte de Moçambique. ...

Porém, o negócio da escravatura não acabou com a ação repressiva que foi conduzida pela Marinha e, em príncipios do século XX reacendeu-se, "porque a Marinha Britânica já não vigiava aquelas costas havia muito tempo e a dos portugueses, afligida pelos seus crónicos problemas, só raramente saía dos portos".(63)

Os registos da canhoneira Chaimite revelam que, entre 1901 e 1905, aquele navio ainda andou empenhado na repressão do tráfico da escravatura na região de Angoche, embora não haja referências a esse tipo de actividade na área do arquipélago das Quirimbas.

Em 1931, depois de se referir ao império de terror exercido pelos aprisionamentos dos árabes e pelos massacres dos Manguanguaras que iam reduzindo a população e cortando as comunicações do interior com o Ibo e com o Tungue, escrevia João Coutinho que o tema da escravatura ainda era abordado: "Hoje, porém, as influências alemã e inglesa na costa têm, por um lado, dificultado grandemente o tráfico humano, a ponto de podermos esperar que, apesar de ainda que não de todo extinto, dentro em pouco só existirá dele a memória; e por outro lado, os Maguanguaras têm, de há anos para cá, ido acabando com as suas incursões desde que algumas povoações ajauas nãso só se defenderam com vantagem, como também lhes inflingiram rudes castigos. Acresce que os os árabes vão desaparecendo dali desde que o seu género comercial não tem extracção por falta de mercado, e assim, mercê dos vigilantes occupadores da costa, têem abandonado o seu commercio illicito que, ha annos ainda, levava annualmente mais de 2:000 escravos da riqussima região do Cabo Delgado".(64)

*62 - A canhoneira Barão de Lazarim foi construída no Arsenal da Marinha e foi o primeiro navio a vapor construído em Portugal.
*63 - René Pélissier, História de Moçambique, Vol. I, p. 383.
*64 - João Coutinho, do Nyassa a Pemba, p.8.

O autor:
Adelino Rodrigues da Costa entrou para a Escola Naval em 1962 como cadete do "Curso Oliveira e Carmo", passou à reserva da Armada em 1983 no posto de capitão-tenente e posteriormente à situação de reforma. Entre outras missões navais que desempenhou destaca-se uma comissão de embarque realizada no norte de Moçambique entre 1966 e 1968, onde foi imediato da LGD Cimitarra e comandante das LFP Antares e LFG Dragão.Especializou-se em Artilharia, comandou a LFG Sagitário na Guiné, foi imediato da corveta Honório Barreto, técnico do Instituto Hidrográfico, instrutor de Navegação da Escola Naval, professor de Navegação da Escola Náutica e professor de Economia e Finanças do Instituto Superior naval de Guerra. Nos anos mais recentes foi docente universitário, delegado da Fundação Oriente na Índia e seu representante em Timor Leste. É licenciado em Sociologia (ISCSP), em Economia (ISEG), mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação (ISCTE) e membro da Academia de Marinha.

O livro:
Título - As Ilhas Quirimbas - Uma síntese histórico-naval sobre o arquipélago do norte de Moçambique;Edição - Comissão Cultural da Marinha;Transcrição da publicação "As ilhas Quirimbas de Adelino Rodrigues da Costa, edição da Comissão Cultural da Marinha Portuguesa, 2003 - Capítulo 11, que me foi gentilmente ofertado pelo Querido Amigo A. B. Carrilho em Pinhal Novo, 26/06/2006.

- Do mesmo autor neste blogue:

  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 1 - Aqui!
  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 2 - Aqui!
  • Retalhos da História de Pemba - A Companhia do Niassa e a fundação de Porto Amélia - Parte 3 - Aqui!
  • Retalhos da História de CABO DELGADO - O nascimento de Mocimboa da Praia - Aqui!
  • Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas - Parte 1 - Aqui!
  • Retalhos da História de CABO DELGADO - Zanzibar e a escravatura nas Quirimbas - Parte 2 - Aqui!

- Em breve neste blogue:

  • A Ilha do Ibo;
  • As Quirimbas em finais do século XIX e a decadência do Ibo.

No reino do Marrocos libertado jovem de 18 anos que comparou o "rei" com o time do Barcelona...

Em certos territórios do absurdo geográfico que ainda nos rodeia e envergonha, continua-se brincado aos reizinhos poderosos, quase divindades, senhores da vida e da morte de seus humildes, esfarrapados súbditos acorrentados a pesadas grilhetas de obediência servil e inquestionável, advindas por herança de dinastias tirânicas, repletas de história de insensibilidade, abuso, violência, enriquecimento ignóbil, complementadas por excessivas doses de ignorância fanático-religiosa que se mantêm até nossos dias, com o complacente alheamento de todos nós que nos dizemos sociedade livre.

E não é só no "reino das Arábias" ou do "Marrocos", como no caso que mostro abaixo. Existem outros reizinhos e outros reinados, com outros nomes e sistemas que enojam, depauperam e martirizam povos e mentes de formas diversas, atuantes por esse mundo afora... É só ficarmos atentos ao que acontece de lamentável no Congo da martirizada mãe África, no Zimbabwe do ditador desavergonhado Mugabe, na Venezuela do tirano e presunçoso Chavez, na China dos propagados jogos olimpicos que acobertaram e ainda por cima exportam como algo justificável ou desculpável, a vergonha da negaçao à liberdade e os excessos de crúeis déspotas, entre outros para ser breve...

Do brasileiro site "Espaço Vital", que leio diáriamente, transcrevo:

Libertado jovem de 18 anos que comparou o rei do Marrocos com o time do Barcelona.

Por Marina Birnfeld, de Sevilla, Espanha - 03/11/2008.
Foi colocado em liberdade provisória, no fim-de-semana, em Marrakech, o jovem Yassin Belassal, 18 de idade, que foi condenado, em setembro, a um ano de prisão por ofender à monarquia do Marrocos.

Em um desenho, pintado em um quadro-negro da escola, ele relacionou o rei Muhammad VI ao time do Barcelona.

Segundo a denúncia que o levou a julgamento, "o réu modificou o lema nacional marroquino e equiparou a figura do rei com a de um time de futebol".

Abalado pelas condições que enfrentou atrás das grades, onde dividiu cela com mais de 80 presos, a primeira coisa que ele fez foi agradecer ao rei Muhammad VI pela libertação.

O jovem reconheceu ter pintado "Deus, a pátria, o rei e o Barça" na sala de aulas, modificando com isso o lema nacional marroquino e equiparando a figura do monarca com a do Futbol Club Barcelona.

"Seu amor pelo Barcelona foi o que o levou à prisão", assegurou seu pai, ao ir buscá-lo na saída da prisão.

Em uma das muitas versões contraditórias que circularam em torno do caso, foi especulado que Belassal teria substituído no lema nacional a palavra "rei" pelo nome de seu clube favorito. No entanto, a denúncia apresentada acusa o jovem de ter escrito em um desenho a frase "Que Deus maldiga a teu pai", em referência ao monarca.

Pela ofensa à monarquia explicita nessa última frase, o jovem poderia ter sido sentenciado a cinco anos de prisão, segundo admitiu Mohammed el-Ghalussi, advogado da Associação Marroquina de Direitos Humanos, que esteve à frente da defesa. Durante a audiência foi solicitado ao promotor e ao juiz que levassem em conta a juventude de Belassal, de 18 anos, assim como o fato de que essa frase não foi lançada por uma verdadeira falta de respeito à coroa, mas como uma provocação sem transcendência dirigida aos seus companheiros. Além disso, os advogados de defesa mostraram a inexistência de maior dano à monarquia, à imagem exterior do país e à democracia, que poderia supor a permanência na prisão de um estudante.

A liberdade provisória não garante a absolvição que será examinada pelo chamado Juízo de Apelações.

- O Marrocos é uma monarquia. O atual rei Mohammed VI, filho do falecido Mohammed V, é casado com uma engenheira de sistemas e tem um filho, o próximo herdeiro do trono.

- Seus gigantescos palácios estão fincados em cada cidade marroquina.

- Em algumas cidades, como Casablanca, ele tem mais de um palácio.
- Tanta riqueza de um lado e tanta pobreza de outro.

- A população sofre com a falta de emprego e salários baixos. Situação não muito diferente de contrastes e exclusões do nosso Brasil. As mulheres - especialmente as brasileiras - que pensam em ir ao Marrocos precisam saber que a sociedade marroquina é muito machista; assim, mulher sozinha é sinônimo de garota de programa. Existem duas soluções para essa situação: viajar em grupo ou contratar um guia. Outra coisa importante, e obvia, nada de usar minissaia, blusa muito justa ou decotada, nem os braços à mostra.

11/03/08

Moçambique - doença ainda desconhecida deixa 37 mortos em 4 dias.

Segundo a Associated Press e o Jornal de Piracicaba (02/11/08) - Brasil, trinta e sete pessoas morreram em menos de quatro dias numa área rural de Moçambique por causa de uma doença ainda desconhecida que tem a diarréia como um de seus sintomas, informaram autoridades locais neste domingo.

O ministro da Saúde de Moçambique, Ivo Garrido, disse que as autoridades do país africano estudam a possibilidade de se tratar de um surto de cólera, mas as mortes ainda estão sendo investigadas.

De acordo com ele, aparentemente todas as vítimas consumiram água contaminada de um rio na província de Manica, região central de Moçambique.

Pelo menos outras 20 pessoas estão internadas com sintomas parecidos. Moçambique é um dos países mais pobres do mundo e ainda se esforça para reconstruir seus sistemas de saúde e saneamento depois de uma longa guerra civil.

Casos de cólera são bastante comuns no país.

Moçambique: Exploração de petróleo também no "offshore" de Sofala...

Diz o Macauhub - Joanesburgo, África do Sul, 3 Nov - A petrolífera sul-africana Sasol anunciou sexta-feira ter iniciado em Outubro a exploração de petróleo no "offshore" de Sofala, centro de Moçambique, em parceria com a congénere malaia Petronas.

Operadora do projecto, a Sasol é também responsável pela operação dos campos gasíferos de Pande e Temane, na zona "onshore" defronte aos blocos onde foi agora iniciada a exploração (16 e 19).

O acordo com a empresa malaia, salienta a Sasol em comunicado, respeita "os perfis operacionais internacionalmente aceites na indústria de petróleo e gás 'upstream' (desde a exploração ao transporte, passando pela produção)".

A Sasol detém 50 por cento da sociedade, cabendo 35 por cento à Petronas Carigali Mozambique E&P, e outros 15 por cento à Empresa Nacional de Hidrocarbonetos de Moçambique.

Os dois blocos abrangem uma área de 11 mil quilómetros quadrados.No norte de Moçambique, na chamada Bacia do Rovuma (Cabo Delgado), estão já em curso trabalhos de pesquisa a cargo de cinco petrolíferas.
  • Post's anteriores sobre prospecção de petróleo em Cabo Delgado (bacia do Rovuma) - Aqui e Aqui!