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12/11/13

Um homem único

Gostava de ser capaz de dizer a toda a gente quem foi aquele Mandela, aquele herói invulgar, que suportou 27 anos de cadeia, por ter lutado em favor da libertação do seus irmãos negros, tendo por arma única a palavra, que manteve esclarecida, sem sentir ódios aos seus compatriotas de cor branca, como seria comum a todos os outros humanos.

Teve companheiros leais nessa luta, mas ele, Mandela, foi o condutor de todos os outros, dos negros impacientes - que não eram senhores do seu chão – e dos de cor diferente - que se alcandoraram num poder que não podia ser exclusivamente seu.

O comportamento de Mandela – quando liberto da longa reclusão que suportou – fez-me lembrar o comportamento de um militante do PCP, quando tive a oportunidade de conversar com ele, pouco depois de liberto do Tarrafal, onde acabara de cumprir 23 anos de prisão, às mãos dos juízes dos plenários do pequeno Salazar. Este comunista notável chamava-se “Chico Miguel”. Fora sapateiro de profissão, mas, quando o conheci, era também senhor de muito boas palavras, que ponderava, e de onde sempre sobressaía o seu espírito harmonioso. Depois de uma vida passada na torreira de Cabo Verde, longe da família, surpreendeu-me a sua enorme capacidade para perdoar aos seus verdugos.

Pergunto-me a mim próprio se os sofrimentos longos e injustos não desenvolverão nos homens a tendência estranha para o desenvolvimento do sentimento de perdoar aos que deles abusaram, talvez porque considerem estes gente menor, gente irresponsável.

Que mais posso eu – homem que andei pela Guiné, que vi a fragilidade dos negros, gente lançada para os matos, atemorizada por feitiços, e explorada pelo homem branco à medida dos seus próprios interesses – que mais posso eu dizer, para relevar a excecional personagem de Mandela? Porque, para falar da imortal figura deste tão grandel africano, ser-me-ia necessário conhecer mais profundamente outras suas particularidades.

É ele uma personalidade que vou reter na minha memória, talvez à frente de todos os outros que me sensibilizaram: o 1º dos primeiros!...
- Coimbra, 27 de Junho de 2013, Abeilard Vilela.
No Twitter.

Clique na imagem para ampliar. Sugestão de texto de José Alfredo Almeida (JASA). Edição de imagem e texto de J. L. Gabão para os blogues "Escritos do Douro"  e "ForEver PEMBA" em Junho de 2013. Actualizado em Dezembro de 2013. Este artigo pertence aos blogues Escritos do Douro e ForEver PEMBA. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos. 

2/15/08

A África emergente onde o Brasil vai lucrar bilhões...

(Clique na imagem para ampliar)
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Interessante artigo de Lena Pinheiro publicado na revista "Isto É - Dinheiro - Caderno Economia" (Brasil) de 08/02/08:
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A ÁFRICA ESTÁ BOMBANDO. E O BRASIL VAI LUCRAR BILHÕES.
O continente cresce acima da média dos emergentes, atrai investimentos e muitas empresas brasileiras estão atentas ao despertar desse grande mercado.
A região não costuma estar no radar de grandes bancos de investimentos nem pertence ao BRIC, bloco criado pela Goldman Sachs para indicar os países emergentes mais promissores – entre eles, o Brasil. Muitas vezes, é lembrada apenas por epidemias, guerras civis ou massacres étnicos. Só que essa é a velha África, historicamente marginalizada pelo Ocidente. Há uma outra que se desenvolve num ritmo alucinante, sendo liderada por Angola, que cresceu 25% em 2007. Na média, o PIB da África vem avançando cerca de 5% ao ano, desde 2004. As exportações, puxadas por minérios e petróleo, têm crescido 28% ao ano e vários países, com fartos superávits comerciais, estão colocando em marcha grandes programas de investimento na área de infra-estrutura. As empresas brasileiras, naturalmente, estão atentas ao despertar da África. Na semana passada, executivos da Camargo Corrêa estavam em Moçambique finalizando o contrato para a construção de uma das maiores usinas hidrelétricas da região, a Mphanda Nkuwa, um projeto orçado em US$ 3,2 bilhões. “Há um forte ciclo de desenvolvimento ocorrendo na África e o Brasil está aproveitando essa maré via investimentos diretos e exportação”, analisa o empresário Roberto Giannetti da Fonseca, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp.
Os investimentos brasileiros na região têm contado com apoio oficial. Ao anunciar uma linha de crédito de US$ 1 bilhão para Angola, no fim do ano passado, o presidente Lula afirmou que o Brasil deve “ter uma participação mais forte” na região. Já na iniciativa privada, o trabalho é intenso. A Petrobras e as construtoras Camargo Corrêa e Norberto Odebrecht investem juntas bilhões de dólares no continente para garantir presença em suas mais importantes obras. A identificação cultural e lingüística facilita a aproximação. Na Norberto Odebrecht, onde a África já é a terceira maior fonte de receita, com peso de 13,77%, um dos projetos que mais chama a atenção é a construção do Terminal de Contêineres de Doraleh, no porto de Djibuti. A obra de US$ 300 milhões une trabalhadores de 16 nacionalidades, dentre brasileiros, africanos e indianos. “Por muito tempo, o Ocidente não soube como tratar a África”, diz Roberto Dias, diretor da construtora. “A China os colocou no colo e isso fez o Brasil finalmente acordar.”
A maior estatal nacional, a Petrobras, é uma das maiores investidoras na região, com planos de aplicar US$ 1,3 bilhão somente em Angola e na Nigéria até 2012. Angola, vale dizer, já produz mais petróleo do que o Brasil e é sócia da Opep, a organização dos países exportadores.
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PIB DE US$ 1,2 TRILHÃO JOGA LUZES SOBRE O CONTINENTE ESQUECIDO.
Se os investimentos diretos estão em alta, a balança comercial está igualmente favorável. Dados de 2006, indicam um recorde na corrente de comércio entre Brasil e África, de R$ 32,3 bilhões, uma evolução de 153% em relação ao ano anterior. A complementaridade das economias explica parte do avanço, mas o crescimento da classe média local é, de fato, o grande motor da expansão brasileira em países como a África do Sul. Conhecida como “Black Diamonds”, a classe média sul-africana cresceu 30% no ano passado e consome cerca de US$ 25 bilhões anualmente.
“Esse grupo está demandando como nunca celulares, automóveis e outros bens de consumo”, afirma o professor da Unicamp, Adalto Roberto Ribeiro. Só na região metropolitana de Campinas, o número de empresas que passaram a exportar para algum país africano saltou de 63, em 2001, para 131, em 2007. O melhor é a qualidade. “Nossa pauta de exportações para lá é basicamente de manufaturados”, diz Maria Paula Velloso, diretora da Apex, a agência de promoção às exportações, que encabeça projetos para que essa boa maré esteja também ao alcance de pequenos e médios empresários brasileiros.
Lena Pinheiro - Isto É - Dinheiro.