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3/04/09

General Tagmé Na Waie: "Eu morro de manhã e o Nino Vieira morre à noite"... E assim aconteceu!

A repugnante atualidade política de alguns países do continente africano, nada democrática, alagada num mar de corrupção, discriminação de castas, violência e sangue onde se salientam depravados lideres pouco interessados no bem estar social de seus irmãos de nacionalidade tratados com desumanidade e violentados física e diariamente em todos os sentidos está aí, perante a complacente apatia do mundo dito civilizado, democrático e suas organizações de porte em gastos mas ineficientes em resultados e que imensas vezes "sustentam" e abrigam no poder tais criminosos, com sua benévola apatia co-participativa.

O que aconteceu hà poucas horas na Guiné (antiga colónia portuguesa em África) é disso retrato. Mas outros casos há, como por exemplo o Zimbabwe onde o senil, incompetente, violento Robert Mugabe e seus sequazes continuam impondo-se no poder através do terror, do medo, de discursos repletos de embuste e ameaça. Para piorar, seus vizinhos políticos mais próximos até sorriem como amigos, acenando com simpatia para o anômalo mastim de pedigriee obscuro e acariciam seus pêlos impregnados de bestialidade e falsidade.

Para que entendam um pouco do que se diz acima e como é "formada" a mentalidade de tais "lideres"(?), transcrevo do "Diário de Notícias-Lisboa":

""NINO MORREU A GOLPES DE CATANA.
Guiné-Bissau. Está reforçada a explicação de ajuste de contas na Guiné. O general Tagmé Na Waie esperava um atentado e avisou os oficiais balantas: "Eu morro de manhã e o Nino morre à noite".

Vingança teve momentos de grande violência.
O Presidente Nino Vieira foi assassinado com grande brutalidade pelos militares leais ao chefe do Estado-Maior Tagmé Na Waié, que fora por sua vez morto horas antes num atentado à bomba.

Nino foi morto à catanada, sabe o DN. Sofreu golpes violentíssimos que o desfiguraram e já tinha profundas fracturas no crânio quando lhe deram o tiro de misericórdia.

Segundo fontes contactadas pelo DN em Bissau, a morte dos dois homens-fortes da Guiné teve na origem a velha rivalidade entre Tagmé e Nino, um ódio que remontava aos anos 80.

O chefe do Estado-Maior sabia da iminência de um atentado contra a sua vida e deu instruções aos militares balantas que lhe eram fiéis: "Eu morro de manhã e o Nino morre à noite", terá dito o general, segundo garantiu ao DN um antigo ministro guineense. "Tagmé teria conhecimento de que chegara uma bomba", garantiu esta fonte, que sublinhou a sofisticação do atentado contra o general.

O profissionalismo do ataque (que foi inédito na Guiné e transcende as capacidades das forças armadas locais) sugere a ajuda das redes de narcotráfico, que são controladas por sul-americanos.

As fontes guineenses atribuem a Nino Vieira o atentado contra Tagmé Na Waié. A explicação é a seguinte: Nino controlava a presidência e parte do poder civil, mas teve uma importante derrota nas eleições legislativas de Novembro, que o PAIGC liderado por Carlos Gomes Júnior ganhou com maioria absoluta, elegendo 67 dos 100 deputados. O partido apoiado por Nino Vieira, o PRID, que era liderado pelo antigo primeiro-ministro Aristides Pereira, conseguiu apenas 3 eleitos.

O poder militar é aquele que verdadeiramente conta na Guiné-Bissau e o Presidente tinha aí uma séria desvantagem, pois contava apenas com alguns apoios na marinha. Logo após o atentado contra Tagmé, Nino Vieira convocou o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior para uma reunião onde lhe seria imposto um novo chefe de Estado-maior da facção ninista. Mas o presidente terá cometido um erro de precipitação, ao convocar o primeiro-ministro escassos minutos depois do atentado, traindo o seu conhecimento do mesmo: Carlos Gomes recusou-se a comparecer.

Também se afirma que Nino esperava a protecção da marinha e que esta não se concretizou. Neste ponto dos relatos sobre os acontecimentos da madrugada de domingo surge um mistério: por que razão Nino Vieira não tentou fugir mais cedo? O presidente teve muitas horas para escapar, mas não o fez.

O actual poder da Guiné-Bissau está nas mãos dos militares fiéis a Tagmé Na Waié, uma nova geração de oficiais. O novo homem-forte será Zamora Induta, mas o poder militar não está clarificado. De qualquer forma, a situação parece estável.

O poder civil encontra-se nas mãos do PAIGC. O Presidente interino, Raimundo Pereira, exercia o cargo de presidente do Parlamento. De 52 anos, é um jurista formado em Portugal.

A sequência da situação política na Guiné-Bissau tem inúmeras incógnitas. Para alguns "é o fim de uma Era" dominada pelo impiedoso Nino Vieira. Mas no horizonte há problemas. O maior deles parece ser o narcotráfico e a corrupção.

Também não se pode esquecer a questão da balantização das forças armadas, facto que as outras etnias observam com extrema preocupação.

A presidência de Raimundo Pereira também poderá ser breve. A Constituição prevê eleições em dois meses, mas será impossível cumprir o prazo.

Os outros partidos temem a hegemonia do PAIGC e quererão negociar um presidente transitório consensual.
- Luís Naves, Lisboa, 04.03.09, DN OnLine.