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4/28/09

PEMBA: Madeira apreendida será vendida em hasta pública

(Clique na imagem para ampliar)

A madeira apreendida em finais do ano passado pertença de quatro operadoras do ramo florestal em Cabo Delgado, que pretendiam exportá-la sem o competente processamento imposto por lei, vai ser vendida em hasta pública, segundo confirmou ao nosso Jornal o chefe dos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia, Castro Rassul, que adiantou que o processo já foi entregue ao juízo das execuções fiscais.

Esta revelação contraria a posição que havia sido tomada pelas Alfândegas, em Pemba, que em despachos separados procedia à entrega dos contentores com a madeira apreendida às empresas prevaricadoras, alegando terem pago a totalidade das multas resultantes da infracção cometida.

“Por despacho de indiciação exarado a 17 de Fevereiro de 2009, pelo Tribunal Aduaneiro, referente ao processo (…) procede-se à entrega dos contentores de madeira à firma, em virtude desta ter pago a totalidade as multas resultantes da infracção cometida” lê-se no termo de entrega, com o mesmo teor, mas dirigido individualmente às empresas supostamente violadoras da lei.

No caso estão envolvidos a King Wey Lda, Moçambique Development, Lda, Pacific International, Lda, Tienhe e a Mofid, Lda, que já se julgadas libertas pela decisão das Alfândegas.

A fonte das Florestas e Fauna Bravia disse que o seu sector, depois que tomou conhecimento da decisão alfandegária optou por interpor recurso ao Tribunal Supremo que repôs a legalidade, para o que o produto seja vendido em hasta pública e o valor daí resultante reverter a favor do Estado.

A apreensão dos contentores de madeira que iam à exportação ilegal, ocorreu em Dezembro passado, quando por decisão da Agricultura, a Pacific International viu abortada a sua tentativa de exportar 18 contentores, dando lugar a que esta também denunciasse a Mofid, Lda, que no mesmo navio transportava 75, igualmente de madeira não serrada e as autoridades descobriram que o mesmo acontecia com as outras empresas.
- Maputo, Terça-Feira, 28 de Abril de 2009:: Notícias.

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1/12/09

Cabo Delgado - O saque às florestas continua... (2)

Do Notícias-Maputo de sábado último:

Todas as exportações de madeira, em Cabo Delgado, são ilegais. Quem diz que não? Esta afirmação é contundente demais, para não ser feita por pessoas ligadas a todo o processo que leva a que a madeira, saída dos diferentes pontos de corte, nesta província que ainda se pensa não esteja a ficar desertificada, chegue ao Porto de Pemba, para demandar destinos, quase únicamente asiáticos.

Mas a verdade é que levando esta pergunta (quem diz que não) a pelo menos dois fiscais da Agricultura, um aduaneiro, cinco operadores madeireiros, fica-se com a triste realidade de que, na verdade, as exportações de madeira, nesta província, são feitas não à margem da lei, mas sim, sem o seu cumprimento, sobretudo no que à exportação de toros diz respeito.

As únicas pessoas que respondem ao contrário são aquelas, por razões óbvias, que deveriam zelar pelo cumprimento escrupuloso das normas que o Estado moçambicano instituiu.

Mas quem sabe do negócio de madeira diz que só há denúncias quando as diferentes partes envolvidas na teia de exportação ilegal não se entendem.

Quer dizer, só sabemos da exportação ilegal quando uma das partes se zanga com a outra, por muitas razões, incluindo a divisão desigual ou “injusta” do bolo resultante da jogada ilegal.

É assim, desde o corte, arrasto, transporte, colocação em estância, empacotamento e exportação.

Estes passos todos são dados sob a vigia do sector responsável da Agricultura, através dos seus fiscais ajuramentados, agentes comunitários, autoridades administrativa, policial, aduaneira, marítima ou outros equiparados.

Estamos a dizer, que querendo, nada aconteceria contra a Lei. E é por isso que sempre que um destes se zanga sabemos do que normalmente acontece quando não há desentendimento.

Todas as vezes em que fomos dados a ouvir que uma determinada empresa de exploração florestal ou de exportação de madeira foi encontrada com a “ boca na botija”, é porque as madrastas se zangaram, logo há denúncia, inicialmente anónima, a seguir começa a tomar contornos oficiais, na impossibilidade de ignorar o acontecimento por parte de quem é pago pelo Estado, justamente para evitar que tais atropelos tenham lugar.

O escândalo do fim do ano resume-se no seguinte:

A Agricultura “vê” exportação ilegal de 18 contentores de madeira da empresa Pacífico Internacional.

Manda cancelar a operação, suspende o fiscal que deveria estar atento.

Não “vê” exportação ilegal doutra empresa, a Mofid, Lda. concorrente daquela que, por sinal, havia embarcado, no mesmo navio, 75 contentores, de madeira em toros, e não de madeira mal esquadriada, como no primeiro caso.

Portanto, não viu a carga mais atentadora à lei.

A Pacífico Internacional assume a violação da Lei e diz saber que no mesmo navio já tinham sido embarcados contentores da Mofid, Lda. em piores condições legais.

Há uma reverificação e descobre-se que era verdade.

Aqui quem deu ordens de embargo não foi a Agricultura, mas sim as Alfândegas.

Dois passos em frente, sabe-se que também havia duas empresas com contentores a bordo, nomeadamente, Kings Way e Tienhe, com 6 e 16, respectivamente, a transportar madeira em toros.

Quer dizer: cada empresa exportadora sabia que a outra estava igualmente a violar a Lei.

É assim que sempre fazem, só que a concorrência tinha feito com que a carga da Pacífico Internacional ficasse em terra, para que a Mofid fosse vender à vontade, e quem vem a reclamar é um cliente, na Ásia, que queria saber porquê não receberia madeira em toros se os outros iriam receber, toda vinda de Moçambique, província de Cabo Delgado, a partir do Porto de Pemba.

Deu no que deu!

A Agricultura, como sempre, corre a suspender o fiscal, que tinha a obrigação de assistir ao empacotamento da madeira da Pacífico Internacional, mas no caso da Mofid, Lda. não suspendeu nenhum que, por sinal, é um chefe sénior, que não se sabe como lá foi parar, não tendo nada a ver com a tarefa.

Como a Agricultura, as Alfândegas têm igualmente o seu homem em permanência. Aliás, a última palavra cabe a ela, porque é quem sela o contentor.

Logo, o fiscal da Agricultura, no caso da Pacífico Internacional, soube que ia madeira mal esquadriada.

O chefe sénior que ficou fiscal no caso da Mofid. Lda, também soube que ia madeira em toros.

Nos outros dois casos, “idem” aspas.

Em todos eles é crível que as Alfândegas soubessem que ia madeira em condições legalmente inadmissíveis, se é verdade que é sua obrigação autorizar a exportação só o que é permitido.

Mas já tinha autorizado a exportação! Não fosse a guerra das madrastas…

Ora, não se percebe o teatro que é montado a seguir. As Alfândegas não repreendem ninguém, mas vêm em força para o caso da Mofid. Lda. o que desagradou, de alguma forma, e não se sabe porquê, a Agricultura, esta que tinha vindo em força no caso da Pacífico Internacional...

P.S. Espero que seja mentira que há um documento vindo da “Nação” que obriga a que as autoridades deixem passar os toros. Também gostaria que fosse mentira que o navio, ora no cais do Porto, que chegou na noite de quarta-feira, pretende confundir(?) a carga levando aquela que o “Pacific Diamond” deixou, porque ilegal, usando a capa da empresa Handerson Internacional, subsidiária da Mofid. Espero mesmo!...
- Pedro Nacuo - Maputo, Sábado, 10 de Janeiro de 2009:: Notícias

Acrescento em duas linhas: E assim vai o "negócio" da madeira "saqueada" das florestas de Cabo Delgado... entre "acertos e desacertos" de "madrastas", "compadres" e "afilhados" que se locupletam com a maior "cara-de-pau"...
Até quando ???????

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1/09/09

Cabo Delgado - O saque às florestas continua...

O saque continua... Simplesmente lamentável. Até quando a impunidade, corrupção e alheamento das autoridades de Moçambique permitirão tais absurdos? Até quando ?... Claro que os destinos e benefícios auferidos com essa madeira ilegalmente saqueada das florestas de Cabo Delgado-Moçambique são por demais conhecidos. Como o são os "bolsos-recheados" que normalmente se beneficiam de tais saques. O povo (o verdadeiro e maioria) de Moçambique certamente não o é! Pelo contrário...

Quatro empresas multadas por exportação ilegal de madeira.
As autoridades florestais moçambicanas interceptaram mais de 900 mil metros cúbicos de madeiras ilegais para exportação, em Cabo Delgado, norte de Moçambique, tendo multado quatro empresas, revelou hoje(sexta-feira) o jornal Notícias em Maputo.
As empresas Mofid, Lda., Pacífico Internacional, Kings Way e Thienhe preparavam-se para exportar 958,779 metros cúbicos de madeira em toros com dimensões legalmente proibidas já depois de os contentores terem sido revistados e terem obtido licença de exportação quando foram detectadas.

Segundo Castro Rassul, chefe dos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia, que multou as empresas em 183 mil meticais (cerca de 26 mil euros), só a Mofid se preparava para enviar fraudulentamente para fora do país 519 metros cúbicos de madeira.

A infracção vai custar à empresa 439 mil meticais (14.600 euros), enquanto a Thienhe vai ter que pagar 159 mil meticais (5.300 euros) e à Pacífico Internacional foi aplicada uma multa de 131 mil meticais (4.300 euros). A Kings Way foi multada em 53.900 meticais (1.700 euros).

As empresas têm agora 15 dias para pagar as multas, consideradas insuficientes pelos restantes madeireiros da província que lembram tratar-se de empresas reincidentes neste tipo de práticas.

O jornal Notícias dá ainda conta da "estranheza" dos exploradores florestais da província de Cabo Delgado por a exploração ilegal de madeiras ser detectada apenas quando o produto já está no porto para ser expedido, considerando que contribui "para a má fama junto dos armadores e o consequente agravamento dos fretes".

Por isso, apelam às autoridades para que façam uma "investigação profunda" ao fenómeno, que dizem "manchar" não só os envolvidos, mas também toda a província, operadores e o próprio governo provincial.
- Angola Press/Notícias, 09/01/2009.
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10/02/08

Moçambique - Cabo Delgado: Empresas chinesas pilham madeira...

Empresas chinesas pilham madeira em Moçambique!
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Cinquenta e dois contentores com 900 metros cúbicos de madeira que ia ser ilegalmente exportada para a China foram apreendidos esta semana, na província moçambicana de Cabo Delgado.

Maputo - Cinquenta e dois contentores com 900 metros cúbicos de madeira que ia ser ilegalmente exportada para a China foram apreendidos esta semana, na província moçambicana de Cabo Delgado (norte), anunciou hoje a Autoridade Tributária. Em comunicado, a Autoridade Tributária de Moçambique, que inclui o serviço aduaneiro, indica que a madeira é do tipo pau-ferro, uma espécie rara no país, e seria exportada em toros e sem ser processada, quando foi confiscada no porto do município da Mocímboa da Praia.

"Por se tratar de tentativa de exportação ilegal de madeira, o processo está neste momento a seguir os trâmites legais na Delegação Aduaneira de Mocímboa da Praia", refere a nota de imprensa da Autoridade Tributária de Moçambique.

A lei moçambicana proíbe a exportação de madeira em toro não processada, recorda a Autoridade Tributária, que adianta que a mercadoria apreendia pertence a uma firma denominada TM Internacional.

O abate clandestino e indiscriminado de madeira em Moçambique levado a cabo por empresas chinesas tem sido recorrentemente noticiado pela imprensa local e apontado por organizações ambientais como uma das principais causas da desflorestação no país (calcula-se que sejam perdidos anualmente 219 mil hectares de floresta em Moçambique).

Nos principais portos do país têm também sido apreendidas com regularidade quantidades significativas de madeira em toros (que, por não ser processada localmente, não traz qualquer benefício para a indústria local ou para a população), abatida ilegalmente por empresas chinesas. Em Janeiro do ano passado, 47 contentores com madeira em toros de uma empresa chinesa designada MOFID foram também apreendidos pelas autoridades na província de Cabo Delgado. Mais tarde, em Outubro, as autoridades da província de Nampula (norte) anunciaram a apreensão de 531 contentores com 11 mil metros cúbicos de madeira avaliados em 3,5 milhões de euros, que iam ser ilegalmente exportados para a China. Em Janeiro deste ano, sete camiões com cerca de 70 toneladas de madeira pau-preto foram confiscados na província de Nampula quando se dirigiam ao Porto de Nacala, de onde a mercadoria seria exportada para China. Na província da Zambézia (centro), dois funcionários da Direcção da Agricultura local foram detidos em Julho deste ano, por alegado envolvimento num esquema de exportação ilegal de 30 contentores de madeira, em 2007.

O Governo moçambicano estima em 30 milhões de dólares anuais as receitas provenientes da exportação de madeira .
- África21 Digital - 02/10/08 - Download da matéria em PDF

6/30/08

Ronda pela imprensa moçambicana: Burocracia oficial apodrece madeira apreendida em situação ilegal...



Apreendida em situação ilegal, madeira apodrece - Reconhece Raimundo Cossa director Nacional de Terras e Florestas avançando que Isso deve-se a lentidão na tomada de decisão por parte das instituições encarregues a este trabalho.


(Maputo) O director nacional de Terras e Florestas, Raimundo Cossa, reconhece que grandes quantidades de madeira apreendida em situação ilegal no pais acaba apodrecendo devido a demora na tomade de decisão por pertedas instituições encarregues por este trabalho, facto aliado as deploráveis condições de armazenamento.

Estima-se que a madeira produzida ilegalmente no Pais representa entre 10 a 15 por cento daquela que é explorada em situação legal.

Este fenómeno origina a perca de grandes somas monetárias, segundo Cossa e explicando que a lei estabeleceo prazo de 15 dias, contados a partir da data da apreensão, para o acusado apresentar justificativos. Expirado este tempo, o produto reverte a favor do Estado e consequentemente accionado o mecanismo para sua venda em hasta pública. Depois da reversão, o processo é remetido as finanças, orgão encarregue pela gestão das vendas em hasta pública dos bens apreendidos em situação ilegal a favor do Estado, sendo nestas instituições que existem problemas de demora.

A nivel de todo o territorio nacional, “onde temos madeira apreendida, o processo de venda é lento” e com as condições deploráveis de armazenamento o produto acaba perdendo a qualidade e apodrece.

Entretato, a reclassificação das espécies de madeira, com destaque para as de primeira classe, para promover o processamento local e a exportação de produtos com maior valor acrescentado, aliada ao surgimento e/ou reactivação de algumas industrias de transformação, contribuiu para o crescimento do sector madeireiro em 2007.

As exportações de produtos florestais em 2007 situaram-se em pouco mais de 87 mil metros cúbicos, com a madeira em toros a liderar a lista ao exportar 56 mil metros cúbicos, seguida de madeira serrada (31 mil metros cubicos), parquet (234 metros quadrados), folheado (27.064 metros quadrados) e travessas (100 metros cúbicos). Esta evolução deveu-se a reclassificação das espécies Mondzo, Pau Ferro, Muaga e Chanato, que ascenderam a primeira classe, cujas espécies estão interditas a exportação em toros. As espécies em referência, segundo fonte da Direcção Nacional de Terras e Florestas, em 2006 forma bastante procuradas pelo mercado chinês.

Mercê desta medida, em 2007, as exportações de madeira em toros reduziram cerca de metade em relação a igual periodo anterior e, em contrapartida, a madeira serrada e travessas incrementaram suas exportações em dois e doze por cento, respectivamente. Dos cerca de 57 mil metros cúbicos de madeira em toros exportados, as espécies Pau Ferro, Mondzo e Muaga foram as que registaram maior contribuição, representando cerca de 27, 24 e 15 por cento do volume total, respectivamente.

Segundo a Direcção Nacional de Terras e Florestas, a produção total de madeira em toros registada em 2007 foi de128 mil metros cúbicos, de um total de 197 mil metros cúbicos licenciados.

As Provincias de Sofala (35 por cento), Cabo Delgado (19 por cento) e Zambézia (12 por cento) foram as que se destacaram.

O volume de madeira em toros explorado e transportado representou cerca de 65 por cento do licenciado e os restante 35 por cento corresponderam ao volume inscrito que não foi explorado ou não transportado pelos operadores devido a dificuldade diversas.

Contribuiram para isso as chuvas e/ou inundações, problemas de organização e a fraca capacidade de exploração por parte dos operadores.

Na área industrial, foram processados cerca de 50 mil metros cúbicos de madeira serrada, 2.300 de parquet, 1200 de travessas e 28 mil metros quadrados de folheado. Neste processo, as provincias de Manica e Cabo Delgado, ambas com cerca de 12 metros cubicos cada e Maputo com 10 ocuparam as posicões cimeiras.

Estes indices representam um crescimento de 38 por cento em relação à produção alcançada em igual periodo anterior (2006).

Maputo, Diário de Notícias, Sexta-feira 27 de Junho de 2008 – Edição nº1169

6/03/08

Ecos da imprensa moçambicana - APREENSÃO DE MADEIRA ILEGALMENTE EXPLORADA EM MELUCO.

Pelo que lemos no "Vertical" de hoje, é notório que em Moçambique e específicamente em Cabo Delgado também se trava uma luta quase inglória e de "resistência" para combater os "assassinos da floresta".
Transcrevo:
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No dia 28 de Maio de 2008, ao abrigo de um evento organizado pela delegação do MISA da província de Cabo Delgado, tivemos a oportunidade de acompanhar um grupo de jornalistas ao distrito de Meluco, sito nesta província, para cobrir um caso de exploração ilegal de recursos florestais, que culminou na apreensão de dois camiões carregados de toros de madeira pau-preto, no posto administrativo de Muaguide, na noite de 26 para 27 de Março de 2008, pelos fiscais do Parque Nacional do Arquipélago das Quirimbas, com apoio da Polícia da República de Moçambique afecta a este distrito.
Muito resumidamente, a reportagem decorreu na sede do Distrito de Meluco (onde foram entrevistados o Director Distrital de Actividades Económicas, bem como alguns fiscais do turismo e da agricultura envolvidos na operação de apreensão da madeira), na sede do posto administrativo de Muaguide (local da apreensão da madeira, tendo sido entrevistada a respectiva chefe do posto), em Montepuez (donde era proveniente o infractor, que foi igualmente entrevistado, sendo nesta cidade onde foram alugados os dois camiões) e, finalmente, na cidade de Pemba (onde se procurou, sem sucesso, ouvir o substituto do Director Provincial da Agricultura).
Em termos resumidos, o infractor, de nome Fernando Elias, proveniente de Montepuez, recorreu ao aluguer de dois camiões, a um cidadão de nome Juma Combola, para transportar madeira da espécie pau preto adquirida na aldeia de Namitie, junto a Meluco sede, em plena zona tampão do Parque Nacional do Arquipélago das Quirimbas. O infractor utilizou o período da noite, de modo a se aproveitar de uma eventual fragilidade no corpo de fiscalização, fazendo passar os dois camiões a alta velocidade na sede do Distrito, facto que alertou de imediato as autoridades locais, as quais ordenaram de imediato a perseguição das viaturas.
Os camiões vieram a ser interceptados em Muaguide, após uma tentativa inicial de não acatar a ordem de paragem, onde a jovem fiscal Zaina Bandi, afecta ao Parque Nacional do Arquipélago das Quirimbas, levantou o auto de notícia, traduzido na aplicação ao infractor de uma multa de 80 000,00 Meticais.
No entanto, a equipa de reportagem constatou que os camiões foram libertos às primeiras horas do dia 27 de Março, depois de descarregar a madeira pau-preto junto à sede do posto administrativo de Muaguide, onde ainda hoje pode ser vista.
Estranhamente, não foi respeitado o disposto no n.º 5 do artigo 37. º da Lei de Florestas e Fauna Bravia (Lei n.º 10/99, de 7 de Julho), segundo o qual "é obrigatória a apreensão, pelos fiscais de florestas e fauna bravia, dos produtos florestais e faunísticos e dos instrumentos utilizados na prática da infracção".
Sabe-se ainda que a multa não foi paga até ao presente momento.
Segundo informações obtidas juntos dos fiscais, a ordem foi emitida pelo Director Distrital de actividades Económicas de Meluco, Sr. Faustino Alberto.
Em entrevista ao próprio, este alegou que "o receio é termos os camiões à nossa responsabilidade e alguém tirar os pneus".
A equipa de reportagem constatou ainda, por trás da Direcção Distrital de Actividades Económicas, a existência de 40 toros de madeira pau-ferro, apreendidas ao mesmo cidadão Fernando Elias, num caso que remonta ano de 2006, o que torna o mesmo em reincidente, e, portanto, sujeito a eventuais sanções acessórias mais gravosas, nos termos do artigo 44.° da Lei de Florestas e Fauna Bravia.
Para além deste caso, constamos ainda a ocorrência de uma outra infracção, desta vez no passado dia 24 de Abril, quando um camião alugado, de marca Mercedes Benz, ostentando a chapa de matrícula MLX 20 - 16, carregado de barrotes e tábuas de três espécies florestais -metonha, chanfuta e umbila, foi interceptado, por volta das 22 horas, no posto administrativo de Muaguide, pelos fiscais do Parque Nacional do Arquipélago das Quirimbas.
O camião foi alugado por um empresário de Pemba, unicamente referido como Sr. Sábado, a a organização não governamental de nome UMOCAZ, para transportar produtos florestais adquiridos a comunidades locais no distrito de Meluco. Todo o processo foi feito sem obedecer ao disposto na legislação de florestas e fauna bravia. Desta vez, o camião foi apreendido como mecanismo para pressionar o pagamento da multa aplicada, ainda que, com enorme prejuízo para a referida organização, que invoca não ter nenhum tipo de envolvimento no cometimento da
infracção.
Da leitura destes factos podemos extrair as seguintes ilações:
O corpo de fiscalização actua unicamente após o dano ter sido cometido na floresta, com impactos irreversíveis no equilíbrio ecológico;
O sistema de sanções baseado fundamentalmente na aplicação de multas nem sempre tem-se revelado adequado e satisfatório, tendo presente, por um lado, o facto de muitas vezes estas não serem pagas, e, por outro lado, não visarem a reparação dos danos ambientais.
Aliás, verifica-se a falta de uma sanção direccionada efectivamente para a restauração ou compensação ecológica dos danos causados na floresta;
O Parque Nacional do Arquipélago das Quirimbas tem vindo a ser alvo de uma pressão intensa por parte de operadores florestais ilegais, indiciando quem fora dos seus limites, já possa estar a rarear as espécies florestais com valor comercial. Colhemos um dado referente ao aumento de operadores florestais de Cabo Delgado que passou a exercer a sua actividade na província do Niassa.
Os nossos parabéns ao fiscais a trabalhar no distrito de Meluco por, não obstante as inúmeras dificuldades quanto a condições de trabalho, tendo presentes ainda os constantes riscos e ameaças a que estão sujeitos, conforme nos foi reportado pelos próprios.
Entretanto, a título de informação, vai realizar-se, nos dias 2 a 3 de Junho, na vila da Namaacha, a III Reunião da Direcção Nacional de Terras e Florestas, que esperamos vir a produzir resultados para muitos dos problemas que enfermam o sector florestal.
Tendo tido acesso à respectiva agenda, ficámos a saber que serão abordados diversos temas importantes, com especial destaque para a apresentação do Relatório Anual de Terras e Florestas - 2007, para os constrangimentos e lições na Implementação do Diploma Ministerial sobre os mecanismos e utilização dos 20% destinados às comunidades locais e para os mecanismos de distribuição dos 50% das Multas aos Fiscais.
Logo a seguir, nos dias 4 a 6 de Junho, no mesmo local, terá lugar o Fórum Nacional de Florestas e Fauna Bravia, para o qual o movimento Amigos da Floresta foi convidado, e em que vão ser abordados temas bastante diversificados com enorme importância para a sustentabilidade florestal. Faremos cobertura deste evento oportunamente.
Protegendo as florestas, construindo o desenvolvimento sustentável...
*Carlos Serra (Amigos da Floresta) - Vertical de 03/06/2008