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11/26/09

Apesar das ajudas internacionais o número de pobres e dos muito pobres continua a aumentar em Moçambique

ONDE VÃO (OU EM QUE BOLSOS VÃO PARAR) OS MIL MILHÕES DE DÓLARES (667 MILHÕES DE EUROS) EM AJUDAS INTERNACIONAIS DOADAS ANUALMENTE A MOÇAMBIQUE ?

Moçambique - Crescimento económico sem correspondência na diminuição da pobreza. AngolaPress, 26-11-2009-20:57, Lisboa - O crescimento económico em Moçambique não tem correspondência na diminuição da pobreza e apesar das ajudas internacionais o número de pobres e dos muito pobres naquele país continua a aumentar, considerou hoje (quinta-feira) em Lisboa o investigador britânico Joseph Hanlon.

Jornalista e docente em Inglaterra, Joseph Hanlon falou à Lusa à margem da conferência "Pobreza e Paz nos PALOP", organizado pelo Centro de Estudos Africanos do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa, que termina hoje em Lisboa.

Retomando as ideias que expressou no livro intitulado "Há mais bicicletas - mas há Desenvolvimento?", lançado em Julho desde ano em Maputo, Hanlon leu hoje na conferência o texto "No peace without jobs" ("Sem empregos não há paz"), em que desenvolveu o conceito que chamou de "paradoxo moçambicano".

"Apesar da maciça ajuda dos doadores internacionais: mil milhões de dólares anualmente (667 milhões de euros), cada vez há mais pobres, cada vez aumentam mais os índices de pobreza", salientou, acentuando que a redução da pobreza "foi menor do que devia ter sido".

Defensor de mais investimentos na agricultura - "para garantir maior auto-suficiência alimentar e menos êxodo rural" -, Joseph Hanlon lamentou que os doadores internacionais - "que garantem cerca de metade do orçamento de Estado moçambicano" -, continuem a insistir nos investimentos nos sectores sociais.

O problema reside no facto de Moçambique receber mais ajuda externa do que outros países africanos, "correspondendo ao que os doadores lhe dizem para fazer".

Estas "pressões" conduzem àquilo que Hanlon classificou como "armadilhas que a pobreza coloca à paz".

A título de exemplo, recordou dois casos passados no distrito de Montepuez, na província de Cabo Delgado, norte do país.

Primeiro o ocorrido em 2000, em que mais de uma centena de pessoas foi morta em circunstâncias apresentadas como resultado da luta política e, mais recentemente, no passado dia 11, a morte de funcionários do Ministério da Saúde, às mãos de populares, que os acusaram de terem tentado infectá-los com o bacilo da cólera.

A falta de informação está na base deste último episódio que Hanlon caracterizou como "exemplo de mais um caso em que os pobres respondem ao receio de que os ricos os queiram matar".

Num plano mais geral, Joseph Hanlon questiona-se sobre o que "correu mal", em que o aumento da ajuda internacional não foi acompanhado da diminuição do número de pobres.

"Que foi que correu mal? Dos grandes projectos não resultam mais empregos e nem se pode falar em aumento do consumo interno, porque com mais pobres, e como estes não têm dinheiro, não compram nada", sintetizou.

7/17/09

De Norte a Sul - Moçambique que vi e ouvi!

Existe um outro Moçambique para além do mundo virtual da internet, das redes sociais emergentes minoritárias, elitizadas e por regra mais preocupadas com o "eu" do que com o "nós" ou o "ao redor". Existe o Moçambique das maiorias... das maiorias pobres, sem informação, sem carro de luxo ou griffe da moda, existe o Moçambique da majoritária miséria, da doença, da impossibilidade de frequentar e até sorrir feliz em locais badalados de saraus, restaurantes, praias, piscinas e festas que se vêm ou lêm nas colunas e redutos sociais da bela Maputo ou de qualquer outra cidade moçambicana! E é esse Moçambique majoritário, carente que precisa ser destacado, noticiado, mesmo que não gostem as tais minorias privilegiadas e dominantes:

- No final de uma longa viagem por terras moçambicanas, o coração transborda e escrevo algumas imagens e impressões em flashes breves e rápidos.

“Não há problema” e “está tudo bem” são expressões que ouvi muitas vezes durante quatro semanas. A realidade é bem diferente. Saúde, habitação, má alimentação, pobreza, vias de comunicação, são problemas reais de Moçambique.

O salário mínimo de um trabalhador não qualificado é de 2.200 meticais, equivalente a mais ou menos 57 euros, por mês. Há quem receba 900 e até 500. Ao passo que um litro de leite pode custar 55 meticais, um quilo de arroz do mais barato 14, um livro escolar 570.

Dez horas é o tempo gasto a percorrer os cerca de 400 quilómetros que separam Cuamba de Nampula, em carrinhas com tracção às quatro rodas. Em tempo de chuvas pode demorar muito mais. Para apanhar uma estrada alcatroada é preciso desviar do caminho e fazer mais 100 quilómetros.

Deslocações de avião, só para estrangeiros ou uma minoria de moçambicanos.

A cidade de Cuamba, com 56800 habitantes, não tem uma única estrada alcatroada. Nesta cidade está a funcionar a Faculdade de Agronomia da Universidade Católica de Moçambique. A cidade está situada no distrito com o mesmo nome, na província do Niassa, norte de Moçambique.

Doença do século, como é aqui designada, a Sida mata a eito e deixa muitas crianças órfãs e seropositivas. Mas também a malária e a cólera matam. O hospital ou o centro de saúde, muitas vezes ficam longe e não há dinheiro para os medicamentos.

A maior parte dos alunos para estudar e fazer os trabalhos de casa tem que ir à biblioteca, único sítio onde há livros escolares. Nas aulas só cadernos para tirar apontamentos.

Em Entre-os-Lagos, localidade próxima da fronteira com o Malawi, na escola secundária, os alunos assistem às aulas sentados no chão. Não há cadeiras nem mesas.

Outro grave problema é a má alimentação que dificulta a aprendizagem, para não falar das distâncias que algumas crianças e jovens percorrem a pé para irem à escola. O transporte é caro, mesmo os «chapas», carrinhas de nove lugares sempre superlotadas. Não admira que andem sempre à procura de boleia.

As mulheres, também elas muitas vezes mal alimentadas, carregam tudo às costas e à cabeça. Os filhos, o pote de água, o molho de lenha. Trabalham na machamba, a semear o que a terra dará para comer, se a chuva ajudar. Quantas nunca viram uma agulha ou uma linha para coser a roupa. Muito menos a máquina de costura. Usam a capulana que é um pano que serve para tudo, até para guardar o dinheiro.

Maputo, a capital, onde há muitas diferenças sociais, vive mais de um milhão de pessoas, em 347 quilómetros quadrados. Casas luxuosas, com guardas armados, arame farpado e electrificado, mas ao virar da esquina muito lixo amontoado, muita pobreza, pessoas que vendem artesanato na rua para ganhar a vida.

O missionário da Consolata, padre Artur Marques, que vive há muitos anos em Moçambique e conhece muito bem o país, afirma que já foi muito pior. Nota-se a reconstrução e reabilitação das estruturas da cidade.

Moçambique depende muito da ajuda internacional, mas só cinco a sete por cento do valor dessa ajuda, chega ao seu destino.

Apesar de todas as dificuldades, alegria e boa disposição é o que não falta ao povo moçambicano.

Ainda conseguem cantar depois de seis horas seguidas sentadas na parte de traz de uma carrinha de caixa aberta.
- Ana Paula FÁTIMA MISSIONÁRIA 16-07-2009 • 17:30.

10/17/08

Ecos da imprensa moçambicana: 35% da população moçambicana tem dificuldades em se alimentar.

Mais uma notícia que preocupa. O caminho para erradicar a pobreza de Moçambique é longo. E exige atenção e dedicação das autoridades locais que devem ponderar, buscar o meio-termo urgente entre a produção dos apregoados e recheados de interrogações, biocombustíveis, com que se entusiamam imenso, e a produção imperativa de mantimentos, que, sem qualquer dúvida, nutrirão o povo pobre e a economia carente de Moçambique:

""Metade de moçambicanos passam fome.
Celebrou-se ontem, Quinta-feira, o dia internacional da Alimentação. Estas comemorações calham numa altura em que cerca de 35 por cento da população, ou seja, quase metade dos moçambicanos, enfrentam a insegurança alimentar.

De acordo com a representante da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), em Moçambique e Suazilândia, Maria Zimmermann, cerca de 35 por cento da população moçambicana sofre de insegurança alimentar extrema, enquanto que a FAO indica que, no mundo, mais de 850 milhões de pessoas vivem em situação de fome endémica, nas áreas rurais e urbanas.

No País, o lema do lançamento da campanha agrícola é “façamos da Revolução Verde um Instrumento da Luta contra a Pobreza”; por outro lado, apela-se à necessidade de redobrar os esforços, de forma a aumentar a produtividade e a produção de alimentos. Assim, Zimmermam avançou que a estratégia da “Revolução Verde”, recentemente aprovada pelo Governo, é sinal de que o País está ciente da necessidade do aumento da produção e produtividade e o Governo tem feito esforços para despertar a consciência nacional nesse sentido. Assim, e ainda de acordo com a representante da FAO em Moçambique e Suazilândia, há uma necessidade de uma reflexão profunda sobre as mudanças climáticas e a subida dos preços dos alimentos, combustíveis e fertilizantes.

Dados referem que as celebrações desta data têm como objectivo conscientizar o conjunto da humanidade sobre a difícil situação que enfrentam as pessoas que passam fome e estão desnutridas, e promover, em todo o mundo, a participação da população na luta contra a fome.

Todos os anos, mais de 150 países celebram este evento. Nos Estados Unidos, 450 organizações voluntárias, nacionais e privadas, patrocinam o Dia Mundial da Alimentação e, em quase todas as comunidades, existem grupos locais que nele participam activamente. Durante o Dia Mundial da Alimentação, celebrado pela primeira vez em 1981, ressalta-se cada ano um tema em que se focalizam todas as actividades comemorativas.""
- Diário independente, Aida Matsinhe, 17/10/08.

7/18/08

Moçambique - Economia cresce... e a pobreza também!

A economia moçambicana cresce, o que é ou deveria ser natural num país jovem, em desenvolvimento, que possui riquezas naturais, vastos horizontes de progresso no campo turístico entre outros e vem recebendo apoio generoso e doações vultosas, práticamente a custo zero, da maioria dos Países da comunidade internacional.
O que já não é natural, preocupa e desperta a atenção é o crescimento simultâneo da pobreza, da desiguldade social, o que sugere que muitos estão empobrecendo enquanto elites minoritárias "recheiam as algibeiras", vivem desafogadamente, são beneficiadas por essa pujança económica muitas vezes propagada ao mundo e ao povo com interesses populistas e eleitoreiros!
Portanto, algo vai mal no País regido pelo Sr. Guebuza e pela Frelimo.
Transcrevo do "AngolaPress" de ontem:
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Maputo, 17/07 - A desigualdade social em Moçambique aumentou, apesar de o país ter registado nos últimos anos "um elevado crescimento económico", segundo disse hoje, em Maputo, o economista português Carlos Nuno Castel-Branco, na apresentação de um relatório da ONU. Castel-Branco foi escolhido pela representação da ONU em Maputo para apresentar o relatório de 2008 sobre "Crescimento, Pobreza e Termos da Parceria para o Desenvolvimento" nos Países Menos Desenvolvidos, elaborado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). O documento, apresentado hoje em todo o mundo, avalia 50 países menos desenvolvidos, incluindo Moçambique e Angola, com base em critérios como o rendimento per capita, activos humanos e vulnerabilidade da economia. No tocante a Moçambique, a avaliação mostra que o país está entre os que têm registado "altas taxas médias de crescimento nos últimos anos", acima de 6,5 por cento, mas através de "um padrão de crescimento que não é nem sustentável nem inclusivo e muito desigual". A avaliação aponta o alumínio e gás, para Moçambique, como as principais alavancas para o acentuado crescimento económico registado, mas que não dão garantias de sustentabilidade. "No caso de Moçambique, grandes projectos como a fundição de alumínio da MOZAL quase não pagam impostos, empregam pouca mão-de-obra, repatriam os seus rendimentos e não ajudam no desenvolvimento social do país, apesar do peso que tem nas estatísticas sobre o crescimento económico", sublinhou Castel Branco. Caso a MOZAL tivesse com o Estado moçambicano as mesmas obrigações fiscais impostas a outros agentes económicos, o Orçamento do Estado, financiado em 50 por cento pelos doadores internacionais, duplicaria, frisou Castel-Branco. O carácter "instável e volátil" dos preços das matérias primárias, em especial as energéticas e matérias-primas para os bio-combustíveis, das quais dependem as nações pobres para crescerem, também tem influência na insustentabilidade dos modelos de desenvolvimento seguidos por muitos desses países, observa o documento. Outro elemento determinante no crescimento das economias menos desenvolvidas são os apoios da comunidade internacional, mas têm tido pouco impacto, devido à fraca capacidade dos países receptores em influenciar a afectação das ajudas às áreas prioritárias, lê-se no relatório. Devido ao pouco impacte social que "as altas taxas de crescimento económico" tiveram nos 50 países analisados, o relatório conclui que os modelos de desenvolvimento e crescimento seguidos por esses Estados falharam, impondo-se, por isso, a formulação de novos padrões. Essa nova visão deve incluir a diversificação da base produtiva, a apropriação das políticas de desenvolvimento por parte dos Estados receptores das ajudas internacionais e a aposta no desenvolvimento tecnológico e industrial, capazes de garantir uma estrutura económica mais competitiva. "As expectativas para todos os países são sombrias, agravadas pela actual conjuntura. (...) Os países mais pobres devem procurar caminhos diferentes dos que têm feito até agora, porque há bastante tempo que os actuais modelos são criticados", sublinhou Castel-Branco.