10/05/07

Air Corridor deixa de escalar PEMBA...

AIR CORRIDOR DEIXA DE VOAR PARA PEMBA, LICHINGA E TETE.
A Air Corridor, companhia aérea privada que, há cerca de dois anos, efectua voos domésticos ligando várias províncias do país, vai deixar de escalar temporariamente, a partir da próxima segunda feira, as cidades de Pemba, Lichinga e Tete, numa medida interna de reestruturação da empresa.
Akil Rajaussene, membro do Conselho de Administração da empresa, confirmou ontem ao nosso jornal o novo horário de voos da Air Corridor que entra em funcionamento a partir de segunda-feira, ligando apenas as cidades de Nampula, Quelimane, Beira e Maputo, com as duas aeronaves Boeing 737.
A medida colheu, naturalmente, de surpresa muitos utentes da Air Corridor nas cidades visadas.
Mas, Akil garantiu ao nosso jornal que, ainda este ano, os voos para aquelas regiões, serão retomados com aviões de menor porte embora de igual capacidade, como forma de redimensionar os rendimentos da empresa.
Nenhum trabalhador foi despedido e os escritórios nessas cidades vão continuar de portas abertas até que os novos aviões, com a capacidade de cerca de cinquenta pessoas, entrem em funcionamento, garantiu Akil Rajaussene.
A Air Corridor é a segunda companhia aérea a operar na rota doméstica em Moçambique, depois da LAM.
WAMPHULA FAX - 05.10.2007

MOÇAMBIQUE: Para ex-refugiados seropositivos, a luta continua.

Chimoio, 4 Outubro 2007 (PlusNews) - Ribeiro João, de 43 anos, fugiu da guerra civil em Moçambique em 1987 para o Zimbabwe.
Ele foi um dos 1.7 milhão de moçambicanos que deixaram o país em busca de asilo nas nações vizinhas durante a guerra civil de 16 anos.
Mas se por um lado, João escapou dos perigos da luta armada em Moçambique que acabou em 1992, por outro encontrou no Zimbabwe um inimigo tão perigoso quanto a guerra: o HIV.
Ele contou ao PlusNews que durante cinco anos ficou num campo de refugiados na província de Masvingo, no sudeste do Zimbabwe.
Em 1992 foi para os subúrbios de Mutare, região mais ao norte do território.
“Vivíamos aglomerados e no seio de muita prostituição acabei por ficar infectado”, diz.
NOVA GUERRA
De volta a Moçambique desde 2003, João afirma que agora “desenrasca a vida com um inimigo a combater [a Sida].”
Com três filhos – todos seronegativos, o mais novo com 15 anos –, João é um dos 37 voluntários da Associação Provincial de Ex-Emigrantes de Moçambique (AEXEMO), em Chimoio, capital provincial de Manica, na região central do país.
O grupo oferece prevenção do HIV e cuidados contra a Sida em locais públicos, como mercados e fontenários, conta o coordenador Manuel Manuença.
“Em bicicletas, os voluntários levam gratuitamente ao hospital os doentes que têm dificuldade para andar”, diz Manuença.
Os voluntários ainda fabricam pão e lavram hortas para gerar rendimentos e garantir a alimentação de 10 ex-refugiados seropositivos, além das viúvas e filhos de outros que morreram em decorrência da Sida.
A AEXEMO pretende agora criar empregos aos ex-refugiados em parceria com o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional, do Ministério do Trabalho.
VIVÍAMOS AGLOMERADOS E NO SEIO DE MUITA PROSTITUIÇÃO ACABEI POR FICAR INFECTADO
O pedreiro Elias, que pede omissão do apelido, tem 29 anos e é um dos seropositivos ajudados pelos voluntários.
“Eu vivo sozinho e sinto um amparo quando os meus amigos [ex-refugiados] me apóiam”, disse ao PlusNews.
Natural de Cabo Delegado, Elias se refugiou no Zimbabwe em 1988, quando tinha 12 anos, e desde que voltou a Moçambique em 1994, nunca mais teve dinheiro para procurar por sua família nesta província ao norte do país.
“Já formei uma nova família cá [em Chimoio]”, disse.
“E tenho dúvidas se minha antiga família iria me reconhecer.”
Quando conversa com Elias e recorda os momentos que a guerra civil trouxe a Moçambique, João prefere lembrar do acordo de paz em 1992.
Com o cessar-fogo, João e seus colegas dizem que agora é hora de superar a epidemia que atinge 16.2 por cento dos adultos moçambicanos.
(ac/lb/ms)-PlusNews África