10/08/07

Arquiteto Pancho Guedes - De Moçambique para a Suiça.

O arquiteto português e sua obra africana - A influência do arquiteto português Pancho Guedes na arquitetura africana está em exposição em Basiléia, Suíça.
A mostra, que ficará até 20 de janeiro no Museu Suíço de Arquitetura, exibe diferentes perspectivas do trabalho de Guedes em Moçambique nas décadas de 50 e 60.
São fotos, desenhos e esculturas de um dos mais renomados arquitetos modernos.
Amâncio d'Alpoim Miranda Guedes, conhecido como Pancho Guedes, nasceu em Portugal (1925), mas passou grande parte de sua vida em Moçambique.
Lá deixou sua marca registrada em prédios, casas e outros monumentos urbanos que mesclam tendências artísticas e culturais.
Do surrealismo ao estilo art nouveau; do dadaísmo às pinturas de crianças, da arte africana à cultura portuguesa.
"Acho que sou um eclético", resume ele, com muita modéstia.
O organizador da mostra e também arquiteto Pedro Gadanho faz uma análise diferente da importância de Guedes.
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Referência na arquitetura
"É interessante observar o trabalho dele passados alguns anos.
Acho que há hoje uma volta do minimalismo e do racionalismo no mundo das artes.
Nesse sentido, o trabalho de Guedes é atual e uma referência importante na arquitetura internacional", explica.
Para Gadanho há uma ênfase nas formas orgânicas, tão proclamadas nos trabalhos de Guedes.
A teoria do curador Gadanho batizou a mostra – Pancho Guedes, Uma Alternativa Modernista.
Guedes estudou arquitetura em Joahnesburg, na Universidade de Witwatersrand.
Logo demonstrou talento pelo design, com influência de Joan Miró, Paulo Klee e Picasso.
Na época, o pós-guerra pedia um estilo funcionalista: cidades devastadas pela guerra tinham de ser reconstruídas rápidamente.
Guedes vivia outra realidade: a África do Sul e a Central passavam por um boom econômico.
Mesmo assim, as idéias modernistas do suíço Le Corbusier chegavam aos arquitetos no continente africano.
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Le Corbusier e Nyemeyer
A mistura dessas influências é uma das marcas do trabalho de Guedes.
As formas de muitos de seus prédios incorporam as linhas de carros, aviões e navios.
Além da influência artística e social, o temperamento latino de Guedes colocou-o em contato com arquitetos brasileiros como Alfonso Reidy e Oscar Niemeyer.
Em muitos de seus trabalhos pode-se ver a influência de Niemeyer.
"Quando deixei Moçambique, pensei em morar no Brasil, mas havia uma situação complicada: pessoas presas, desaparecidas", lembra-se ele dos tempos da ditadura militar.
A maior parte de seus projetos – mais de 500 entre murais, casas e edifícios – estão na cidade de Maputo – antiga Lourenço Marques.
É a mais meridional de Moçambique e tem uma população de um milhão de habitantes.
O Leão que ri, Saipal Bakery, Zambi Restaurant são alguns deles.
Muitos de seus projetos não estão bem conservados – a mostra exibe fotos e filmes atuais de alguns deles.
"Isso é assim mesmo", conforma-se.
"Acho que é normal acontecer isso", diz ele.
Em vários deles há moradores.
E a marca de Guedes está lá.
Numa espécie de museu em praça pública.
swissinfo, Lourdes Sola, Basiléia - 07/10/07-o8;28
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Alguns dados:
Nascido em Portugal em 1925, Pancho Guedes foi autor, em Moçambique, onde passou grande parte da vida, de uma arquitectura única que absorveu influências heterogéneas, do surrealismo à Arte Nova, do dadaísmo às pinturas de crianças, da arte africana à cultura portuguesa e, sobretudo, da natureza.
Autor do manifesto Os arquitectos enquanto mágicos, ilusionistas, negociantes de bens mágicos, promessas, poções, feitiços. Dos seus edifícios diz-se que são como entidades vivas, detentoras de qualidades humanas, «amorosos» ou «agitados».
fonte: Instituto Camões
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Nota - A exposição "Uma alternativa modernista" vai até 20 de janeiro de 2008, no Museu Suíço de Arquitetura em Basiléia, Suíça.
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Sites relativos:

Ronda pela net: África no Brasil-Entendendo o Movimento Negro...

Segundo a Wikipédia:
Movimento Negro (ou MN) é o nome genérico dado ao conjunto dos diversos
movimentos-sociais afro-brasileiros, particularmente aqueles surgidos a partir da redemocratização pós-II Guerra Mundial, no Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo o Quilombo Moderno:
QUILOMBAGEM - Entendemos por quilombagem o movimento de rebeldia permanente organizado e dirigido pelos próprios escravos que se verificou durante o escravismo brasileiro em todo o território nacional.
Movimento de mudança social provocado, ele foi uma força de desgaste significativa ao sistema escravista, solapou as suas bases em diversos níveis–econômico, social e militar–e influiu poderosamente para que esse tipo de trabalho entrasse em crise e fosse substituído pelo trabalho livre.
A quilombagem é um movimento emancipacionista que antecede, em muito, o movimento liberal abolicionista; ela tem caráter mais radical, sem nenhum elemento de mediação entre o seu comportamento dinâmico e os interesses da classe senhorial.
Sómente a violência, por isso, poderá consolidá-la ou destruí-la.
De um lado os escravos rebeldes; de outro os seus senhores e o aparelho de repressão a essa rebeldia.
O quilombo aparece, assim, como aquele módulo de resistência mais representativo (quer pela sua quantidade, quer pela sua continuidade histórica) que existiu.
Estabelecia uma fronteira social, cultural e militar contra o sistema que oprimia o escravo, e se constituía numa unidade permanente e mais ou menos estável na proporção em que as forças repressivas agiam menos ou mais ativamente contra ele.
Dessa forma o quilombo é o centro organizacional da quilombagem, embora outros tipos de manifestações de rebeldia também apresentassem, como as guerrilhas e diversas outras formas de protesto individuais ou coletivas.
Entendemos, portanto, por quilombagem uma constelação de movimentos de protesto do escravo, tendo como centro organizacional o quilombo, do qual partiam ou para ele convergiam e se aliavam as demais formas de rebeldia.
Incluímos, por esse motivo, no conceito geral de quilombagem outras manifestações de protesto racial e social, como por exemplo as insurreições baianas do século XIX que culminam com a grande insurreição de 1835 em Salvador, que tanto pânico provocou entre as autoridades, forças militares e membros da população.
Isto se explica não sómente porque esses movimentos emancipacionistas escravos se inserem na mesma pauta de reivindicações dos quilombolas, mas também porque esses negros urbanos contavam como aliados os escravos refugiados nos diversos quilombos existentes na periferia de Salvador.
Igualmente deverá ser incluído na quilombagem o bandoleirismo dos escravos fugidos, os quais em grupos ou isoladamente atacavam povoados e estradas.
Desse bandoleirismo quilombola, os exemplos mais destacados são os de João Mulungu, em Sergipe, e Lucas da Feira, na Bahia, embora inúmeros outros tenham existido durante a escravidão em todo o território nacional.
A quilombagem era, por isto, a manifestação mais importante, que expressava a contradição fundamental do regime escravista.
Os senhores de escravos, por outro lado, não desdenhava a sua importância e se municiava de recursos (militares, políticos, jurídicos e terroristas) para combatê-la.
O fenômeno da quilombagem tem como epicentro o quilombo, mas nele podem ser englobadas todas as manifestações de resistência da parte do escravo.
Por esses motivos é um movimento abrangente e radical.
Nele se incluem não apenas negros fugitivos, mas também índios perseguidos, mulatos, curibocas, pessoas perseguidas pela polícia em geral, bandoleiros, devedores do fisco, fugitivos do serviço militar, mulheres sem profissão, brancos pobres e prostitutas.
A quilombagem articula-se nacionalmente, desde os primórdios da escravidão, atravessa todo o sistema escravista, desarticulando-o constantemente, e assume, muitas vezes, aspecto ameaçador para a classe senhorial, como no caso da República de Palmares.
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Informa o o OverMundo que, Quilombo Moderno é o encontro de algumas comunidades negras de Salvador, BA - Brasil, em torno do Grupo Quilombolas.
Lançaram (post de 02/03/07) álbum educativo, voltado para o Hip-Hop com inclusão de samples de Ilê Ayê, corimas e toques de orixás.
Todas as músicas estão isentas de direitos autorais podendo ser baixadas e usadas pelo público.
O grupo pede opiniões, críticas e sugestões.
Entrem em contato com: quilombomoderno@webcpd.com.br e ouçam as músicas aqui ou aqui.