10/27/08

Ecos da imprensa Moçambicana - Nos cinquenta anos de Pemba...

Segundo o Notícias-Maputo desta manhã, assim aconteceu o aniversário de cinquenta anos da cidade de PEMBA:

""Emoção e muita animação foi a radiografia feita pelos pembenses, turistas nacionais e estrangeiros que não quiseram perder a oportunidade de ver “in loco” aquele momento ímpar.
E o pretexto foram os cinquenta anos da terceira maior baía do mundo, que seduz inúmeras figuras do universo até de Hollywood, nos Estados Unidos, fazendo com que eles se sintam cada vez mais apaixonados pelas límpidas águas daquele ponto do país.

Várias foram as opções para cada um se fazer presente à Baía de Pemba. Houve quem de boa vontade preferiu juntar-se a uma caravana composta por mais de cinquenta turistas nacionais entre eles jornalistas, grupos musicais, até famílias inteiras que, através do convite da Associação dos Naturais e Amigos de Cabo Delgado, seguiram via terrestre até ao local da grande festa que já prometia. Esta foi uma viagem em que os ocupantes do autocarro acabaram transformando-a numa odisseia cheia de emoção, o que permitiu que se transformasse num ambiente familiar, humorístico e amistoso ao longo do percurso. Curiosamente, foram necessárias 50 horas e mais de cinco mil quilómetros, para se chegar ao destino sem que se registasse avaria alguma ou imprevistos.

Chegados à cidade pretendida já pela madrugada do segundo dia e meio, todas as condições estavam criadas.

Dia 18 de Outubro. Logo pela manhã, data em que ela foi elevada à categoria de cidade há 50 anos, a urbe foi aplaudida calorosamente pelas suas gentes em várias actividades culturais que justificaram a efeméride incluindo a realização do “Miss, Pemba” que infelizmente terminou mal, porque foram anunciados prémios de que as vencedoras não chegaram a usufruir na íntegra, caso concreto da viatura Kia Picanto ou Volvo, prometida e que não chegou a ser entregue à vencedora.

À noite, chegou o tão grande momento anunciado: apresentação pública da obra “As Inconfidências dos Homens”, segundo livro da jornalista radiofónica Rosa Langa.

O jardim do “Pemba Beach”, prestigiado complexo turístico, esteve ornamentado ao requinte sob a coordenação da Associação dos Naturais e Amigos de Cabo Delgado. Várias foram as figuras presentes no local, destacando-se o general na reserva Alberto Chipande.

Alberto Chipande usou da palavra para falar da celebração das bodas de Ouro da cidade e homenagear a autora do livro.

A cantora Júlia Mwitu brindou o público presente na festa com o seu tema “Pemba” e os grupos tradicionais islâmico Damba, cujo líder é um dos entrevistados no livro “As Inconfidências dos Homens”, e "Massacre de Mueda" e a Academia de Dança Tropical também marcaram presença no acto, tendo se deslocado de Maputo a Pemba a propósito.

A apresentação do livro da escritora e jornalista cultural da Rádio Moçambique Rosa Langa foi feita pelo Professor Doutor Mateus Katupha, igualmente prefaciador da obra.

Falando no acto, a jornalista agradeceu aos presentes, em particular à equipa de produção que ajudou-a na concretização de um sonho: produzir a segunda obra. Falou ainda do seu filho Pedro Langa, que foi responsável pela digitação da obra e o apresentou como seu assessor particular.

No domingo, a festa continuou em grande, com a exposição-venda de gastronomia típica de Moçambique, muito concorrida até ao anoitecer pelos naturais e turistas.
- In Maputo, Segunda-Feira, 27 de Outubro de 2008 :: Notícias.
  • Pemba é cidade hà 50 anos. Parabéns PEMBA - Aqui!

Hadijatou Mani - A ex-escrava do Niger é símbolo de luta e coragem !

Um exemplo contra a vergonha da escravatura em África e no mundo. Transcrevo da BBCParaÁfrica.com de 27/10/08:

""... O tribunal decidiu a favor de Hadijatou Mani, que afirma que foi vendida com doze anos e forçada a trabalhar durante dez.
Um juiz ordenou que o governo, que diz que fez todos os possíveis para irradicar a escravatura, pague a Mani 10 milhões de francos CFA, o que equivale a cerca de 19 mil dólares.
Apesar de ser proibída por lei, a escravatura persiste noutros estados da África Ocidental.
Mani foi citada como tendo dito aos jornalistas que estava "muito contente" com a decisão dos jornalistas.
O correspondente da BBC para a África Ocidental, Will Ross, afirma que a decisão jurídica é embaraçosa para o governo do Niger e envia uma mensagem forte, que é preciso um maior esforço para acabar com a escravatura.
Este caso pode também ter consequências importantes para milhares de outras pessoas que podem estar a ser escravizadas por toda a região, acrescenta.

Cativa
Mani, que tem agora 24 anos, afirma que foi vendida a um homem chamado Souleymane Naroua, quando tinha apenas 12 anos, por um valor equivalente a 500 dólares.
Ela diz que foi forçada a fazer tarefas domésticas e trabalho agrícola durante dez anos.
Mani acrescenta que foi violada com 13 anos e obrigada a ter os filhos de Naroua.
"Fui espancada e muitas vezes fui ter com a minha família que passado um dia ou dois me levava de volta para ele", disse Mani à BBC.
"Na altura não sabia o que fazer mas quando ouvi que a escravatura tinha sido abolida, disse a mim própria que não seria mais uma escrava."
Em 2005, Souleymane Naroua libertou-a e deu-lhe um "certificado de aforro", conforme dá conta a Anti-Slavery Internacional, que a ajudou a apresentar o caso à justiça.
Mas quando ela o deixou e tentou casar com outro homem, Naroua disse que ela era casada com ele.
Um tribunal local decidiu a favor de Mani e ela avançou com o novo casamento.
Mas depois de um recurso, ela foi condenada a seis meses de prisão por bigamia.

Justiça
Ela levou o seu caso ao Tribunal de Justiça da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental ou CEDEAO, no início deste ano.
Mani acusou o governo do Niger de não a conseguir proteger contra a escravatura, que foi criminalizada há cinco anos.
Uma organização local que luta para o fim da escravatura afirma que há mais de 40 mil escravos no NIger. Mas o governo diz que estes números são exagerados.
A decisão do tribunal da CEDEAO poderá ter repercussões em todos os 15 estados membros.
Durante gerações, os filhos de uma escrava tornavam-se automaticamente propriedade do seu detentor.
Mani afirma que uma das razões que a levou a avançar com o processo legal foi para assegurar a liberdade dos seus filhos.
A escravatura é também praticada no Mali e na Mauritânia.