Rui Paes
50 anos
pintor
Eu não me importava de ser uma cidade esquecida ou um rio exacto. Preferia ser um rio exacto, que tem mais a ver com a maneira como trabalho, com o meu processo. É mais uma disciplina mental do que uma exactidão. A exactidão tem uma disciplina mental.
A pintura é o exercício da extrema solidão. Eu gosto de estar sozinho comigo, foi-me dada essa grande dádiva. O meu trabalho é o meu companheiro. Fecho-me no atelier e esqueço-me. As pessoas não entendem que um pintor é um pintor. Um pintor pinta. Pode fazer ilustrações para um livro, pode fazer pintura mural, pode fazer pintura de tela, pode fazer o que quiser. Por isso eu estou a pintar sempre. Um músico e um pintor, nesse aspecto, não são muito diferentes. Um músico pode ser um intérprete e pode ser um compositor. O pintor também. A pintura mural é uma questão de orquestração. O pintor é um orquestrador.
A Madonna chegou a mim por causa de um castelo na Noruega e dos macacos que eu lá pintei. Os editores viram o meu trabalho no «New York Times» e pensaram: isto é uma possibilidade. Estava no Rio de Janeiro quando recebi a notícia de que ela tinha dado o OK final ao projecto e devo dizer que dei pulos. Estava sozinho no quarto de hotel e fiz aquelas coisas que só se vêem nos filmes.
Sempre me interessou o aspecto gráfico do sofrimento, na religião. Em Matosinhos pediram-me que decorasse um banco de pinho e eu não pude deixar de pensar nisso, no corpo branco de Cristo depois de torturado, depois de chicoteado. O banco só podia ser aquilo: símbolo mesmo da Paixão de Cristo e da entrega do pintor ao seu trabalho, que é total.
Reajo à Academia Contemporânea. Acho que a arte contemporânea está de tal modo institucionalizada que é uma nova Academia. Em Portugal, só o contemporâneo é que conta. Temos que nos abrir mais às diferentes formas de expressão. Trabalha-se muito no óbvio. O óbvio é o seguro, é o que dá a segurança absoluta. Correm-se poucos riscos.
Divido o meu tempo entre Londres e o campo. Gosto de estar em Portugal. Os meus amigos continuam leais.
Ilustrou o livro infantil da Madonna «Pipas de Massa» e participou no I Simpósio Internacional de Pintura de Matosinhos.
In - Expresso (Edição 1810 de 07.07.2007):Texto de Filipa Leal ;Fotografia de Bruno Soares.
A pintura é o exercício da extrema solidão. Eu gosto de estar sozinho comigo, foi-me dada essa grande dádiva. O meu trabalho é o meu companheiro. Fecho-me no atelier e esqueço-me. As pessoas não entendem que um pintor é um pintor. Um pintor pinta. Pode fazer ilustrações para um livro, pode fazer pintura mural, pode fazer pintura de tela, pode fazer o que quiser. Por isso eu estou a pintar sempre. Um músico e um pintor, nesse aspecto, não são muito diferentes. Um músico pode ser um intérprete e pode ser um compositor. O pintor também. A pintura mural é uma questão de orquestração. O pintor é um orquestrador.
A Madonna chegou a mim por causa de um castelo na Noruega e dos macacos que eu lá pintei. Os editores viram o meu trabalho no «New York Times» e pensaram: isto é uma possibilidade. Estava no Rio de Janeiro quando recebi a notícia de que ela tinha dado o OK final ao projecto e devo dizer que dei pulos. Estava sozinho no quarto de hotel e fiz aquelas coisas que só se vêem nos filmes.
Sempre me interessou o aspecto gráfico do sofrimento, na religião. Em Matosinhos pediram-me que decorasse um banco de pinho e eu não pude deixar de pensar nisso, no corpo branco de Cristo depois de torturado, depois de chicoteado. O banco só podia ser aquilo: símbolo mesmo da Paixão de Cristo e da entrega do pintor ao seu trabalho, que é total.
Reajo à Academia Contemporânea. Acho que a arte contemporânea está de tal modo institucionalizada que é uma nova Academia. Em Portugal, só o contemporâneo é que conta. Temos que nos abrir mais às diferentes formas de expressão. Trabalha-se muito no óbvio. O óbvio é o seguro, é o que dá a segurança absoluta. Correm-se poucos riscos.
Divido o meu tempo entre Londres e o campo. Gosto de estar em Portugal. Os meus amigos continuam leais.
Ilustrou o livro infantil da Madonna «Pipas de Massa» e participou no I Simpósio Internacional de Pintura de Matosinhos.
In - Expresso (Edição 1810 de 07.07.2007):Texto de Filipa Leal ;Fotografia de Bruno Soares.
Rui Paes no ForEver PEMBA- Aqui , aqui-2 , aqui-3 , aqui-4 , aqui-5 , aqui-6 , aqui-7 , aqui-8 , aqui-9 e aqui-10.
Vim conhecer.
ResponderEliminarCurioso encontrar aqui o Paes. Fez-me um dia um graffiti na minha livraria...
Boa tarde.
Por aqui vou navegando,
ResponderEliminarSaudações
Obrigado pela visita aos dois Amigos.
ResponderEliminarRui:
ResponderEliminarFui teu coleguinha mais novo na escola primária na nossa Porto Amélia.
Minha mãe,Inocência,foi tua professora nessa altura.
Parabéns pela tua obra e genialidade.
António
tkd7@sapo.pt
António,
ResponderEliminarRepassarei sua mensagem para o Rui.
Abraço.