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Afonso Henriques Manta d'Andrade Paes, nasce em Válega distrito de Aveiro em 1924.
Cursa Arquitectura na Escola Superior de Belas Artes do Porto.
Ainda estudante dá aulas de Inglês e de desenho num colégio em Ovar.
E projecta a entrada do Estádio da Associação Desportiva Ovarense - colunas lisas e altas que ainda lá estão.
Em 1949 casa-se.
Segue depois para Moçambique onde inicia um longo caminho de arquitectura, que começa em Nampula com um projecto para um edifício que se chamará Lopes Cravo - nome do dono.
A convite do Governador do distrito segue para Pemba com a Família ( mulher e dois filhos ) - a fim de com a construção de seis casas de um bairro económico, começar a estruturar a sua empresa de arquitectura, engenharia e construção civil ( A.H.A.P. ) cuja actividade não se circunscreve apenas a Pemba mas se alonga a todo o distrito de Cabo Delgado, e mais tarde ao Chimoio.
Trabalha para o estado, para outras empresas e para particulares, com projectos seus e empreitadas de construção civil.
Uma das suas preocupações é transmitir conhecimentos, tanto aos desenhadores no atelier, como a operários nas obras.
Tem uma característica muito curiosa - quando a trabalhar no estirador muitas vezes lhe vão surgindo soluções no próprio projecto.
É muito exigente e perfeccionista. E tem um enorme espírito inventivo que muitas vezes ultrapassa a época.
Tudo lhe capta a atenção e o engenho.
(Antes da ida para Nampula, onde residiu dois anos, Andrade Paes viveu com a mulher numa plantação de tabaco em Riane - Ribáué, onde desenhou e orientou a contrução de uma ponte de madeira sobre um rio que atravessava a área. Cativou-o também, nesses meses em que viveu no Riane, a cultura do tabaco, o que o levou a estudar o plantio do vegetal e todo o processo inerente até às folhas secas nas estufas).
(Antes da ida para Nampula, onde residiu dois anos, Andrade Paes viveu com a mulher numa plantação de tabaco em Riane - Ribáué, onde desenhou e orientou a contrução de uma ponte de madeira sobre um rio que atravessava a área. Cativou-o também, nesses meses em que viveu no Riane, a cultura do tabaco, o que o levou a estudar o plantio do vegetal e todo o processo inerente até às folhas secas nas estufas).
Segue uma lista de trabalhos efectuados em Pemba - Cabo Delgado:
- Um bairro de seis casas económicas.
- Várias habitações de particulares.
- Cinco casas na praia do Wimbe, aliás casas completas com quatro divisões, banho sanitário e varanda.
- Casa de praia do governador, na mesma praia do Wimbe.
- Casa de praia da Marinha.
- Edifício da Marinha ( 3 andares na cidade ).
- Quartel dos fusileiros.
- Estádio com um mural pintado por ele.
- Decoração do interior do Hotel Cabo Delgado, em madeiras da região,incluindo mobiliário cujo desenho é de sua autoria.
- No mesmo hotel o Bar "Barbatana", seguindo a mesma linha de decoração.
- Decoração do interior do Montepio de Moçambique em que pela primeira vez é usada escultura Maconde.
- Decoração do interior do edifício do Tribunal, em madeiras da região e desenho de sua autoria.
- Habitações sociais no bairro do Cariacó.
- Edifício da Fazenda.
- Armazém para o algodão da empresa Sagal.
- Jardins do Palácio do Governador ( desenho e orientação).
- Trabalho de urbanização para Montepuez.
- Diversas pontes.
- Restauro do tecto da Igreja de S.Paulo em Pemba.
- Restauro da Mesquita no bairro do Paquitequete.
- Quarteis em Mueda.
- Esplanada do Bar Marítimo.
- Decoração da Gelataria Glaciar, que era simultaneamente casa de chá.
- Após elaboração de estudo económico proposto aos serviços respectivos, criação de uma carreira aérea ( OCAPA - Organização de Carreira Aérea de Porto Amélia ) sobrevoava todo o distrito de Cabo Delgado, a distribuir correio e a transportar passageiros. Tinha dois aviões monomotores e um bimotor. A OCAPA fez intercâmbio turístico com as Ilhas Comores. E foi pioneira nas carreiras aéreas em Cabo Delgado.
Aliás o Arquitecto Andrade Paes foi também delegado do turismo em Cabo Delgado.
Levado também pelo seu espírito inquieto e de pesquisa exprimentalista - factor da sua personalidade - o Arq.Andrade Paes tinha mais de mil horas de vôo efectuadas nos aviões da OCAPA.
Porém não quis tirar o brevet.
Após o processo de descolonização e durante o governo de transição, o Arq. Andrade Paes rumou ao Chimoio (Vila Pery) para trabalhando com a empresa Minas Gerais de Moçambique fazer a urbanização de uma área em Mavita, que compreendia:
- a) Uma fábrica para extracção de asbestos.
- b) Um bairro de casas económicas para os trabalhadores.
- c) Um posto médico.
- d) O traçado de um campo de aviação.
Após a independência, o Arq. Andrade Paes, foi nomeado em Diário da República como um dos arquitectos junto da Presidência em Maputo.
Quando passado o prazo estipulado voltou a Portugal, colaborou no movimento cooperativo SAAL.
Desagregado este movimento, abriu um gabinete de Arquitectura e Topografia no distrito de Aveiro.
Andrade Paes, faleceu em 1987.
Por Glória de Sant'Anna- 04.11.07
.
(transcrição da home Pemba e Régua)
Jornal João Semana - Ovar - 1 de Junho de 2004:
Sobre Afonso Henriques Andrade Paes:
Memórias a preto e branco.
Sobre Afonso Henriques Andrade Paes:
Memórias a preto e branco.
Achámos curiosa e digna de registo esta referência do Dr. Camilo de Araújo Correia, filho do grande escritor João de Araújo Correia, a um Vareiro que conheceu bem em Porto Amélia, Moçambique, publicada no jornal "O Arrais", da Régua.
“(...) No meu tempo, o grande construtor civil de Porto Amélia era o arquitecto Afonso Henriques de Andrade Paes. Os seus camiões amarelos com grandes letras da cada lado (A.H.A.P.) estavam sempre a passar e repassar.
O encarregado das obras de Andrade Paes era um homem simpático, eficiente e surdo. Para ir ouvindo alguma coisa, usava um aparelho.Um aparelho auditivo de quarenta anos... Constava de uma grande pilha metida no bolso do lado esquerdo do peito e de um fio que, partindo daí, terminava numa oliva introduzida no ouvido. Foi este fio que veio a caracterizar o homem de confiança de Andrade Paes. Entre negros era conhecido por mucunha narame (senhor arame).
Porto Amélia... Porto Amélia...”
Camilo de Araújo Correia ("O Arrais")
O Arquitecto Afonso Henriques Andrade Paes, natural de Válega (da família Soares Paes, comerciantes em Ovar), formado na Escola de Belas Artes do Porto, casado com a escritora Glória de Sant’Ana, nossa ilustre colaboradora, partiu, aos 25 anos, para Moçambique, onde fez trabalhos da sua especialidade em Nampula, cidade onde viveu 2 anos e onde fez o seu 1° projecto de construção civil, e em Porto Amélia, para onde partiu, a pedido do Governador, que lhe encomendou um projecto de casas sociais, ali constituindo a sua empresa (A.H.A.P) de Arquitectura, Engenharia e Construção.
Obs.: As cidades de Ovar e Peso da Régua são consideradas "Irmãs"... Existe em Ovar a "rua da Régua" e na Régua a "rua das Vareiras".
*Vareiros(as) são designados os naturais de Ovar.
E é bom lembrar e repetir que as ruas e recantos de Pemba sempre irão "falar" deste seu incansável obreiro...
“(...) No meu tempo, o grande construtor civil de Porto Amélia era o arquitecto Afonso Henriques de Andrade Paes. Os seus camiões amarelos com grandes letras da cada lado (A.H.A.P.) estavam sempre a passar e repassar.
O encarregado das obras de Andrade Paes era um homem simpático, eficiente e surdo. Para ir ouvindo alguma coisa, usava um aparelho.Um aparelho auditivo de quarenta anos... Constava de uma grande pilha metida no bolso do lado esquerdo do peito e de um fio que, partindo daí, terminava numa oliva introduzida no ouvido. Foi este fio que veio a caracterizar o homem de confiança de Andrade Paes. Entre negros era conhecido por mucunha narame (senhor arame).
Porto Amélia... Porto Amélia...”
Camilo de Araújo Correia ("O Arrais")
O Arquitecto Afonso Henriques Andrade Paes, natural de Válega (da família Soares Paes, comerciantes em Ovar), formado na Escola de Belas Artes do Porto, casado com a escritora Glória de Sant’Ana, nossa ilustre colaboradora, partiu, aos 25 anos, para Moçambique, onde fez trabalhos da sua especialidade em Nampula, cidade onde viveu 2 anos e onde fez o seu 1° projecto de construção civil, e em Porto Amélia, para onde partiu, a pedido do Governador, que lhe encomendou um projecto de casas sociais, ali constituindo a sua empresa (A.H.A.P) de Arquitectura, Engenharia e Construção.
Obs.: As cidades de Ovar e Peso da Régua são consideradas "Irmãs"... Existe em Ovar a "rua da Régua" e na Régua a "rua das Vareiras".
*Vareiros(as) são designados os naturais de Ovar.
E é bom lembrar e repetir que as ruas e recantos de Pemba sempre irão "falar" deste seu incansável obreiro...
J. L. Gabão
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