Nampula - O Cine-Teatro Almeida Garrett, em primeiro plano, e os edifícios João Ferreira dos Santos e Hotel Portugal, em segundo. (fonte - http://petromax-x.blogspot.com/)
Um nome ligado a Porto Amélia/Pemba:
Morreu há 46 anos João Ferreira dos Santos.
Sabem os caríssimos leitores, quem foi João Ferreira dos Santos e onde se encontram os seus restos mortais?
Eis a resposta: é Bombarralense e jaz no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa, num imponente jazigo, mandado erigir, em sua homenagem, pela esposa.
Foi um dos maiores empresários com extraordinário sucesso em Moçambique.
Ainda muito jovem, saiu da povoação dos Baraçais, pertencente à histórica freguesia da Roliça, na qual veio ao mundo, no ano de 1878, rumo à capital, empregando-se numa farmácia, ao mesmo tempo que “estudava as primeiras letras, sob a protecção de um boticário”. Deslumbrado pelo que ouvia falar relativamente às potencialidades de África, aos dezanove anos de idade, mais precisamente, no dia 24 de Janeiro de 1897, embarcou para a Ilha de Moçambique, no cargueiro «Zaire» e logo granjeou simpatias, ao ponto de um seu compatriota, José António dos Santos, não só lhe dar trabalho imediato, mas, também, passados que foram oito meses, sensivelmente, o convidou a explorar um pequeno comércio e daí resultou o fortalecimento de um colossal «Império Empresarial», que ainda hoje, os seus descendentes continuam a manter e a prosperar cada vez mais, principalmente na área geográfica de Nampula, dando trabalho constante, num sem número de Companhias Agrícolas, Comerciais e Industriais na Ilha de Moçambique, nomeadamente em Cabo Delgado, Beira, Sofala, Manica, Gaza, Niassa, Zambézia, Tete, Quelimane, Nacala, Angoche, Geba, Pemba, Chimóio, Maputo, entre outras zonas.
Destacam-se fábricas de descaroçamento de algodão, companhias de chá, investimento no sector do tabaco, sociedades algodoeiras, produções de sisal, moagens, com a transformação de trigo em farinhas, exportação de castanha e amêndoas de caju, exploração de citrinos, fábricas de bicicletas, produção de estruturas metálicas para coberturas de edifícios, atrelados e tubagens, para sistemas de frio e ar condicionado.
Isto é apenas um pequeno testemunho da grandeza de empreendimentos advindos do tempo do timoneiro João Ferreira dos Santos. Morreu em 1957, com 79 anos de idade, já fez 46 anos, cujo Governo Português, reconhecendo o seu alto valor como empresário em terras de Moçambique, lhe atribuiu dez anos antes do seu falecimento, o honroso Grau de Comendador. Era então Presidente da República, o General António Oscar Fragoso Carmona, o qual procedeu à entrega da significativa Comenda. No Bombarral, João Ferreira dos Santos, que contribuiu para a obra de abertura da Avenida do Hospital, mais precisamente, Avenida Inocência Cairel Simão, tem no começo desta extensa artéria, junto ao Hotel Comendador, um Largo com o seu nome, a perpetuar a sua memória. E foi tal o volume de empreendimentos levados a efeito em Moçambique, que ainda hoje é recordado, sobretudo em Nampula e o Bombarral não fugiu à regra, a cuja cidade deu a Câmara Municipal local, o nome a uma rua e que se prende, fundamentalmente, com João Ferreira dos Santos.
É de notar, que os principais dados contidos nesta abordagem biográfica, foram extraídos, com a devida vénia, de uma bem elaborada brochura ilustrada, a qual nos foi facultada muito simpaticamente, pelo amante da história, Pedro António Bento, gerente da Agência Funerária São Sebastião, com filial nesta vila do Bombarral.
E, assim, em poucas linhas, se enaltece uma figura natural do Bombarral, que teve como íntimo amigo, o então Governador Geral e Comissário Régio de Moçambique, Mouzinho de Albuquerque, nascido no Oeste da Estremadura, aos 11 de Novembro de 1855, mais precisamente na Quinta da Várzea, concelho da Batalha, chegando a ser Ajudante de Campo do Rei D. Carlos e ficou na história de Portugal, por ter aprisionado no dia 27 de Dezembro de 1895, o célebre Régulo Vate Gungunhana, que morreu no cárcere em Angra do Heroísmo, Açores, aos 23 de Dezembro de 1906. Regressado a Lisboa, quase por imposição, Mouzinho de Albuquerque, desgostoso por não ter continuado a carreira em Moçambique, após uma suposta discussão com o Rei, suicidou-se no dia 8 de Janeiro de 1902 e seis anos depois, 1 de Fevereiro de 1908, era assassinado o Rei D. Carlos.
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