5/24/07

Moçambique - neocolonialismo chinês ?...

Activista moçambicano alerta para neocolonialismo chinês.
A crescente influência chinesa em África está a tomar contornos de exploração do continente, com o comportamento actual da China a fazer recear abusos futuros, alertou Daniel Ribeiro.
«A tendência dos projectos actuais indica que a China vai seguir o mesmo caminho da Europa, que é a exploração de África e não a ajuda ao continente», disse Daniel Ribeiro, activista ambiental da organização não-governamental moçambicana Justiça Ambiental (JA), à margem de uma conferência em Pequim com o tema A China em África, Desafios e Oportunidades.
«A China representa ainda uma pequena percentagem na economia de Moçambique, mas se continuar neste caminho a relação entre os dois países vai acabar por ser mais uma relação como a que tivemos com Europa e os Estados Unidos», afirmou Daniel Ribeiro, em entrevista à Agência Lusa em Pequim.
O biólogo e membro fundador da JA, disse que Moçambique ainda pode ir a tempo de evitar males maiores e não deixar que a relação com a China se torne num «grande problema».
«Precisamos da boa intenção dos investidores estrangeiros e neste momento a China não está a respeitar isso», disse.
O activista alertou para a necessidade de convencer a China a aprofundar o diálogo com Moçambique na aplicação de projectos de desenvolvimento e convencer Pequim a alinhar os seus objectivos com as metas que os moçambicanos acham adequadas para o país.
«Se não começarmos a fazer pressão agora e a mudar a experiência que temos no presente, a herança da influência chinesa para as futuras gerações de Moçambique não será muito positiva», considerou.
Ribeiro acrescentou que «a componente social e ambiental está mais fraca do que devia estar e este é um problema que deve preocupar Moçambique, que precisa de criar regulamentação para defender as riquezas do país».
O comércio bilateral entre Moçambique e a China atingiu 208 milhões de dólares (154 milhões de euros) em 2006, mais 26 por cento em comparação com 2005.
Nos últimos anos, a China passou de 26º para sexto investidor em Moçambique, com um número crescente de empresas chinesas a entrar em Moçambique, sobretudo na área da construção.
As empresas chinesas estão a construir mais de um terço das estradas de Moçambique, desenvolvendo também projectos na área de infra-estruturas de água e saneamento básico.
Apesar das exportações moçambicanas para a China, na maioria madeira e gergelim, terem crescido 38,1 por cento entre 2004 e 2005, a balança comercial é ainda favorável à China, que exportou em 2005 bens no valor de 71 milhões de euros, importando de Moçambique o equivalente a 59 milhões de euros.
A cooperação entre os dois países, que remonta ao apoio que Pequim concedeu à FRELIMO na luta armada contra a dominação colonial portuguesa, traduz-se em acções de cooperação económica e comercial em áreas como a agricultura, industria mineira, construção de infra-estruturas e formação de recursos humanos.
A China construiu e financiou em Moçambique algumas das mais importantes infra-estruturas da capital, como os edifícios do Parlamento, do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Centro de Conferências Joaquim Chissano, tendo Pequim anunciado também o financiamento da construção do futuro estádio nacional do país.
Lusa / SOL

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