No ano passado, lá para os fins de Outubro, num comício realizado na aldeia Nivigo, região pertencente ao distrito de Quissanga, o administrador deste distrito, Alafo Abdala, “tremeu” para justificar publicamente o que havia feito com os sete milhões de meticais depois de as populações apresentarem publicamente as suas dúvidas ao governador provincial, Lázaro Mathe.
O grande problema foi que ao explicar aquilo que disse ter sido decisão do respectivo Conselho Consultivo Distrital, foi colidir com realidades às avessas, pois os populares disseram directamente a Lázaro Mathe que o administrador decidia sozinho sobre o destino a dar aos sete milhões de meticais, e mais à frente questionaram mesmo sobre quem haveria de beneficiar com aquele bolo orçamental.
Mais embaraçoso ainda foi a maneira desencontrada como os líderes, ditos como pertencendo ao Conselho Consultivo Distrital, davam as respostas. Que não sabiam justificar o que se disse ter vindo da sua decisão. Que não sabiam, como em Macomia antes havíamos assistido dizer que projectos estavam destinados às suas comunidades ou aldeias.
Alafo Abdala justificou, na oportunidade, que o Conselho Consultivo Distrital se havia reunido e decidido algumas prioridades, como seja a construção do Centro de Saúde de Macoba, uma fonte de água na aldeia Linde, reabilitação da residência do secretário permanente do distrito, etc.
Em algum momento, o distrito foi desaconselhado em implementar esta última iniciativa, mas cheirou muito mal saber que o Conselho Consultivo Distrital havia decidido entregar 350.000 meticais a um comerciante, já afirmado, com o objectivo de o dotar de, segundo se justificou, capacidade de comprar e vender produtos em grandes quantidades. Aqui a intransparência tomou corpo e o povo disse que gostaria de perceber.
Mas como naquele ano tudo era a começar e porque na realidade os desvios foram feitos entre camaradas, pois não há nenhum constituinte dos famosos Conselhos Consultivos, que seja partidariamente desalinhado, tudo deu no que deu. Noutros distritos a prioridade foi comprar, como no caso de Chiúre, 166 bicicletas para líderes comunitários.
Há uma semana o administrador Alafo Abdala dizia que ainda o seu Conselho Consultivo não decidiu o que fazer com o bolo deste ano, já na outra metade do ano. Disse que prefere marcar passo do que se precipitar para não cair nos mesmos erros do ano passado. Oxalá que consiga chegar até ao tempo em que será ele mesmo, o administrador do distrito!
Se o desencaminhamento é condenável, também a não utilização dos fundos disponíveis é má gestão. Ficamos com um administrador que no ano passado foi mau gestor e neste está a sê-lo mais uma vez. Quanto tempo resta para o fim do ano, e nesse período restante o que for a ser feito não corre o risco de o ser às correrias e mais um vez imperfeito?
Mas ali mesmo em Quissanga, há algumas iniciativas interessantes, sobretudo no sector de pescas. Para evitar falar daquilo que as pessoas fazem, mesmo os sete milhões, porque sobejamente cultural, temos jovens que fazem um esforço gritante para manter o interior do distrito abastecido diariamente de peixe fresco.Vivem a 20 quilómetros, em Bilibiza. Nas primeiras horas da manhã, pegam nas suas bicicletas para a costa, em Quissanga-Praia, comprar peixe fresco, depois voltam muito rapidamente para o interior de modo a fazê-lo chegar ainda em condições de se consumir ainda fresco, no mesmo dia. Sem apodrecer!
Fazem isso todos os dias. Dá para perceber que gostam do seu trabalho e gostariam de evoluir. Não há dúvidas que isso faz bem às populações do interior. Foi-nos dito que, às vezes, eles conseguem levar o peixe até ao cruzamento da aldeia 19 de Outubro, na estrada nacional, fazendo deste jeito cerca de 50 quilómetros.
Que tal, organizá-los por forma a que façam o seu trabalho, muito benéfico, como está claro, muito eficiente e de modo abrangente, permitindo, assim, que conseguisse penetrar a mais regiões recônditas, quem sabe, até a aldeias do distrito de Meluco?
É que os rapazes são naturais dali, são conhecidos não só pelo facto de serem filhos de quem as autoridades locais conhecem, como pela persistência na actividade que abraçaram, segundo consta, mesmo antes de adquirirem as bicicletas.
Vinte mil meticais para cada um dos cinco jovens dava para comprar igual número de “Xintian’s (motorizadas) e assim o peixe chegaria a Bilibiza e outras regiões interiores, até oito horas de cada dia, por isso o mais fresco possível do que chega hoje.
E assim, o impacto dos sete milhões não seria procurado à lupa, como no ano passado. Não seria necessário reunir com o Conselho Consultivo cada vez que uma delegação chega para “fabricar” justificações da sua utilização.
Trata-se, entretanto, de um simples exemplo que pode ser estendido a outras iniciativas que não precisariam da vinda da Fundação Aga Khan para as apoiar. Está claro que o espírito associativo é bem-vindo em Quissanga. O que é que (ou quem) falta, então, para que os recursos financeiros existentes, propositadamente atribuídos, sejam utilizados pelo distrito, para quem ainda é Janeiro?
Alafo Abdala!... acorda! E esta assessoria não vai ser paga, é gratuita!
P.S. Já tomaram posse os seis membros da sociedade civil na Comissão Provincial de Eleições, alguns de forma precária, porque há documentos cuja confirmação da sua autenticidade ficou para mais logo. É tempo de ver se o Registo Criminal é algo sério no nosso país. Se for, em Cabo Delgado alguém tem que dar uma marcha-a-ré.
Pedro Nacuo - Maputo, Sábado, 7 de Julho de 2007:: Notícias
Mais embaraçoso ainda foi a maneira desencontrada como os líderes, ditos como pertencendo ao Conselho Consultivo Distrital, davam as respostas. Que não sabiam justificar o que se disse ter vindo da sua decisão. Que não sabiam, como em Macomia antes havíamos assistido dizer que projectos estavam destinados às suas comunidades ou aldeias.
Alafo Abdala justificou, na oportunidade, que o Conselho Consultivo Distrital se havia reunido e decidido algumas prioridades, como seja a construção do Centro de Saúde de Macoba, uma fonte de água na aldeia Linde, reabilitação da residência do secretário permanente do distrito, etc.
Em algum momento, o distrito foi desaconselhado em implementar esta última iniciativa, mas cheirou muito mal saber que o Conselho Consultivo Distrital havia decidido entregar 350.000 meticais a um comerciante, já afirmado, com o objectivo de o dotar de, segundo se justificou, capacidade de comprar e vender produtos em grandes quantidades. Aqui a intransparência tomou corpo e o povo disse que gostaria de perceber.
Mas como naquele ano tudo era a começar e porque na realidade os desvios foram feitos entre camaradas, pois não há nenhum constituinte dos famosos Conselhos Consultivos, que seja partidariamente desalinhado, tudo deu no que deu. Noutros distritos a prioridade foi comprar, como no caso de Chiúre, 166 bicicletas para líderes comunitários.
Há uma semana o administrador Alafo Abdala dizia que ainda o seu Conselho Consultivo não decidiu o que fazer com o bolo deste ano, já na outra metade do ano. Disse que prefere marcar passo do que se precipitar para não cair nos mesmos erros do ano passado. Oxalá que consiga chegar até ao tempo em que será ele mesmo, o administrador do distrito!
Se o desencaminhamento é condenável, também a não utilização dos fundos disponíveis é má gestão. Ficamos com um administrador que no ano passado foi mau gestor e neste está a sê-lo mais uma vez. Quanto tempo resta para o fim do ano, e nesse período restante o que for a ser feito não corre o risco de o ser às correrias e mais um vez imperfeito?
Mas ali mesmo em Quissanga, há algumas iniciativas interessantes, sobretudo no sector de pescas. Para evitar falar daquilo que as pessoas fazem, mesmo os sete milhões, porque sobejamente cultural, temos jovens que fazem um esforço gritante para manter o interior do distrito abastecido diariamente de peixe fresco.Vivem a 20 quilómetros, em Bilibiza. Nas primeiras horas da manhã, pegam nas suas bicicletas para a costa, em Quissanga-Praia, comprar peixe fresco, depois voltam muito rapidamente para o interior de modo a fazê-lo chegar ainda em condições de se consumir ainda fresco, no mesmo dia. Sem apodrecer!
Fazem isso todos os dias. Dá para perceber que gostam do seu trabalho e gostariam de evoluir. Não há dúvidas que isso faz bem às populações do interior. Foi-nos dito que, às vezes, eles conseguem levar o peixe até ao cruzamento da aldeia 19 de Outubro, na estrada nacional, fazendo deste jeito cerca de 50 quilómetros.
Que tal, organizá-los por forma a que façam o seu trabalho, muito benéfico, como está claro, muito eficiente e de modo abrangente, permitindo, assim, que conseguisse penetrar a mais regiões recônditas, quem sabe, até a aldeias do distrito de Meluco?
É que os rapazes são naturais dali, são conhecidos não só pelo facto de serem filhos de quem as autoridades locais conhecem, como pela persistência na actividade que abraçaram, segundo consta, mesmo antes de adquirirem as bicicletas.
Vinte mil meticais para cada um dos cinco jovens dava para comprar igual número de “Xintian’s (motorizadas) e assim o peixe chegaria a Bilibiza e outras regiões interiores, até oito horas de cada dia, por isso o mais fresco possível do que chega hoje.
E assim, o impacto dos sete milhões não seria procurado à lupa, como no ano passado. Não seria necessário reunir com o Conselho Consultivo cada vez que uma delegação chega para “fabricar” justificações da sua utilização.
Trata-se, entretanto, de um simples exemplo que pode ser estendido a outras iniciativas que não precisariam da vinda da Fundação Aga Khan para as apoiar. Está claro que o espírito associativo é bem-vindo em Quissanga. O que é que (ou quem) falta, então, para que os recursos financeiros existentes, propositadamente atribuídos, sejam utilizados pelo distrito, para quem ainda é Janeiro?
Alafo Abdala!... acorda! E esta assessoria não vai ser paga, é gratuita!
P.S. Já tomaram posse os seis membros da sociedade civil na Comissão Provincial de Eleições, alguns de forma precária, porque há documentos cuja confirmação da sua autenticidade ficou para mais logo. É tempo de ver se o Registo Criminal é algo sério no nosso país. Se for, em Cabo Delgado alguém tem que dar uma marcha-a-ré.
Pedro Nacuo - Maputo, Sábado, 7 de Julho de 2007:: Notícias
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