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Maputo, Quarta-Feira, 19 de Março de 2008:: Notícias - Os efeitos devastadores da passagem, semana passada, do ciclone Jokwe por alguns pontos costeiros do país atingiram o património histórico e cultural edificado na Ilha de Moçambique, província de Nampula, causando danos cuja reparação vai acarretar elevadas somas em dinheiro. Para além de vários materiais de construção, a reabilitação dos edifícios vai exigir o recrutamento de empresas ou pessoas especializadas para a reconstituição das infra-estruturas destruídas em consequência daquele fenómeno natural que atingiu principalmente algumas zonas de Nampula e da Zambézia.
A nossa reportagem escalou há dias aquela que foi a primeira capital de Moçambique (até 1898) e que em 1991 foi elevada à categoria de património cultural da humanidade pela UNESCO. Na ocasião, apurámos que o Museu de São Paulo, um impotente imóvel edificado em 1610 e reconstruído 64 anos depois devido a um incêndio que sofreu, ficou seriamente afectado pelos efeitos do ciclone "Jokwe", cujos ventos chegaram a atingir cerca de 200 quilómetros por hora.
Os ventos violentos quebraram varias janelas e respectivos vidros assim como arrancaram a cobertura, abrindo brechas que permitiram a infiltração da água da chuva que se registou durante a noite do dia 7, quando o museu se encontrava encerrado. Este facto contribuiu para a destruição total de um tapete de grandes dimensões produzido na década de 1960.
As destruições do "Jokwe" não pararam por aí. Na sua caminhada imparável e destruidora arrasou espécies vegetais da ilha, incluindo as resistentes palmeiras com décadas de vida que se localizavam no Jardim da Memória, inaugurado em Agosto do ano passado com pompa e circunstância para homenagear os escravos que foram trocados como mercadoria para trabalhar nas Américas e noutras ilhas do Índico. O Jardim da Memória é um espaço físico para fazer convergir o passado e o presente do povo da ilha e de outros com que se foi relacionando ao longo do tempo.
O projecto foi desenhado conjuntamente por Moçambique, ilha Reunião - domínio francês do oceano Índico que cresceu principalmente através do trabalho escravo de muitos moçambicanos arrancados de vários pontos do que é hoje o nosso país e transportados a partir da Ilha de Moçambique – e Madagáscar. As ilhas do Índico, principalmente a Reunião, têm estado nos últimos anos a “perseguir” o seu passado no nosso país.
A fortaleza de São Sebastião, que resistiu a intensos bombardeamentos da artilharia holandesa por volta no terceiro quartel do século XVI – na vã tentativa de expulsar os portugueses –, não resistiu desta vez ao "Jokwe", que lhe arrancou algumas portas.
A maqueta da fortaleza, uma bonita obra que tem mais de um século e que se pode ver logo à entrada daquela fortaleza, é única em África. Sofreu sérios danos cuja recuperação se adivinha difícil.
A primeira mesquita erguida no país, no século XIX, o museu da marinha bem como o templo hindu foram “vandalizados” pelo "Jokwe", que na sua marcha arrancou chapas de zinco e de lusalite, destruiu portas e janelas, assim como algumas prateleiras que suportavam alguns objectos valiosos da antiguidade. Na sua queda pura e simplesmente deixaram de existir para a amargura dos gestores locais.
Outro património histórico na Ilha de Moçambique que ficou sem a vedação, nomeadamente a capela de São Francisco. Alguns panfletos contendo informação para turistas – que não param de chegar àquela cidade apesar dos danos causados pelo Jokwe – foram violentamente arrancados do local onde tinham sido fixados.
Celestino Gerimula, director do Gabinete de Conservação da Ilha de Moçambique (GACIM), precisou que do levantamento efectuado por equipas do seu sector para avaliar o grau dos estragos causados pela passagem do ciclone por aquela velha cidade indicam a necessidade de mobilizar valores bastante altos para custear as obras de reparação.
“Não basta pensar na aquisição dos materiais para a reconstrução, nomeadamente tintas, madeira do tipo pau ferro, portas, vidros, tapetes entre outros, mas essencialmente no que vão facturar os técnicos especialistas em trabalhos de restauração de museus e monumentos antigos que teremos de recrutar”, disse Gerimula.
Apontou que na Ilha de Moçambique se encontram alguns técnicos especialistas na área de conservação de museus. A ida e permanência destes insere-se no quadro dos acordos rubricados pelo governo visando a restauração de algum património histórico edificado. Os mesmos poderão ser recrutados dentro do dialogo que as partes deverão manter visando a concretização do objectivo do GACIM.
A fonte precisou que a sua instituição funciona apenas com um fundo de bens e serviços, muito rígido e, consequentemente, não pode suportar tamanha intervenção que os imóveis afectados pela intempérie necessitam.
A Ilha de Moçambique, uma cidade cujos imóveis, num total de 1.749, foram construídos à base de cal e pedra e nos bairros basicamente de cobertura de macuti e estacas de mangal, tem 52 monumentos histórico-culturais, para além de 12 locais históricos.
Os ventos violentos quebraram varias janelas e respectivos vidros assim como arrancaram a cobertura, abrindo brechas que permitiram a infiltração da água da chuva que se registou durante a noite do dia 7, quando o museu se encontrava encerrado. Este facto contribuiu para a destruição total de um tapete de grandes dimensões produzido na década de 1960.
As destruições do "Jokwe" não pararam por aí. Na sua caminhada imparável e destruidora arrasou espécies vegetais da ilha, incluindo as resistentes palmeiras com décadas de vida que se localizavam no Jardim da Memória, inaugurado em Agosto do ano passado com pompa e circunstância para homenagear os escravos que foram trocados como mercadoria para trabalhar nas Américas e noutras ilhas do Índico. O Jardim da Memória é um espaço físico para fazer convergir o passado e o presente do povo da ilha e de outros com que se foi relacionando ao longo do tempo.
O projecto foi desenhado conjuntamente por Moçambique, ilha Reunião - domínio francês do oceano Índico que cresceu principalmente através do trabalho escravo de muitos moçambicanos arrancados de vários pontos do que é hoje o nosso país e transportados a partir da Ilha de Moçambique – e Madagáscar. As ilhas do Índico, principalmente a Reunião, têm estado nos últimos anos a “perseguir” o seu passado no nosso país.
A fortaleza de São Sebastião, que resistiu a intensos bombardeamentos da artilharia holandesa por volta no terceiro quartel do século XVI – na vã tentativa de expulsar os portugueses –, não resistiu desta vez ao "Jokwe", que lhe arrancou algumas portas.
A maqueta da fortaleza, uma bonita obra que tem mais de um século e que se pode ver logo à entrada daquela fortaleza, é única em África. Sofreu sérios danos cuja recuperação se adivinha difícil.
A primeira mesquita erguida no país, no século XIX, o museu da marinha bem como o templo hindu foram “vandalizados” pelo "Jokwe", que na sua marcha arrancou chapas de zinco e de lusalite, destruiu portas e janelas, assim como algumas prateleiras que suportavam alguns objectos valiosos da antiguidade. Na sua queda pura e simplesmente deixaram de existir para a amargura dos gestores locais.
Outro património histórico na Ilha de Moçambique que ficou sem a vedação, nomeadamente a capela de São Francisco. Alguns panfletos contendo informação para turistas – que não param de chegar àquela cidade apesar dos danos causados pelo Jokwe – foram violentamente arrancados do local onde tinham sido fixados.
Celestino Gerimula, director do Gabinete de Conservação da Ilha de Moçambique (GACIM), precisou que do levantamento efectuado por equipas do seu sector para avaliar o grau dos estragos causados pela passagem do ciclone por aquela velha cidade indicam a necessidade de mobilizar valores bastante altos para custear as obras de reparação.
“Não basta pensar na aquisição dos materiais para a reconstrução, nomeadamente tintas, madeira do tipo pau ferro, portas, vidros, tapetes entre outros, mas essencialmente no que vão facturar os técnicos especialistas em trabalhos de restauração de museus e monumentos antigos que teremos de recrutar”, disse Gerimula.
Apontou que na Ilha de Moçambique se encontram alguns técnicos especialistas na área de conservação de museus. A ida e permanência destes insere-se no quadro dos acordos rubricados pelo governo visando a restauração de algum património histórico edificado. Os mesmos poderão ser recrutados dentro do dialogo que as partes deverão manter visando a concretização do objectivo do GACIM.
A fonte precisou que a sua instituição funciona apenas com um fundo de bens e serviços, muito rígido e, consequentemente, não pode suportar tamanha intervenção que os imóveis afectados pela intempérie necessitam.
A Ilha de Moçambique, uma cidade cujos imóveis, num total de 1.749, foram construídos à base de cal e pedra e nos bairros basicamente de cobertura de macuti e estacas de mangal, tem 52 monumentos histórico-culturais, para além de 12 locais históricos.
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