A tragédia de Riobom.
A foto em presença mostra o momento de uma grande tragédia, no lugar de Rio Bom, na freguesia de Cambres, em Lamego, no dia 27 de Maio de 1959, onde seis pessoas perderam a vida.
E mostra, também, quanto outrora era secundarizada a protecção individual do bombeiro, vendo-se esta limitada ao uso de capacete de latão, o qual, inclusive, à data do registo fotográfico, 27 de Maio de 1959, já havia sido recomendado, a nível nacional, como inadequado para trabalho, nomeadamente pela Liga dos Bombeiros Portugueses, devido a factores de fraca resistência.
Em plena acção vê-se um bombeiro de Peso da Régua. De archote na mão, outra marca da ausência de meios apropriados à situação de socorro, aliás, tal como o tipo de fardamento (fato-macaco e calçado normal), prescruta entre os destroços do que foi a povoação de Riobom, freguesia de Cambres, com a intenção de ainda salvar vidas e bens, sob o olhar de um popular que parece procurar algo.
Em 30 de Maio de 1959, o jornal da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Peso da Régua, intitulado “Vida por Vida”, deu conta do trágico acontecimento e da complexidade em que decorreu a acção dos "soldados da paz", nos seguintes termos:
"O Lugar de Riobom (…) viu-se tragicamente atingido por uma violenta tromba de água que deixou atrás de si rastos de desgraça e prejuízos materiais que ascenderam a milhares de contos.Seriam 21.45 horas, de 27 de Maio do corrente ano (1959), quando o nosso amigo e sócio contribuinte Elísio Valente(…) solicitou a intervenção dos nossos bombeiros para prestar serviço no desmoronamento de uma casa, devido às águas das chuvas.
Imediatamente e sem alarmes de maior, seguiu um piquete para o lugar de Riobom e, qual foi a maior admiração dos bombeiros, ao depararem na noite escura com a vastidão de uma catástrofe que, passo a passo, se verificava e cada vez maiores proporções atingia. Seguiu-se o pedido de reforços, e então a nossa vila viveu horas de amargura, ao saber da triste sorte dos seus vizinhos de Riobom.
Foi à luz de archotes e através de um espantoso lamaçal que todos os bombeiros procuraram as vítimas, sempre na angustiosa incerteza de haver maior gente em situação crítica no seio da noite e da tempestade.
Os nossos bombeiros, trabalhando sob o comando do Subchefe Claudino, iniciaram os trabalhos às 21.45 h do dia 27 e só as 5.00 h, do dia 28 regressaram ao quartel.
Foram dramáticos todos os serviços de salvamento e de certo modo arriscados. Por via disso, um dos bombeiros pertencentes à composição n.º 2, teve que ser socorrido no Hospital D. Luiz I, devido a várias escoriações. -Peso da Régua, Março de 2009, José Alfredo Almeida.
- Manuel Maria de Magalhães: O Primeiro Comandante... - Aqui!
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