Não gosto daqueles que pensam e, às vezes, agem contra estrangeiros pura e simplesmente porque eles não são nacionais. Daqueles que acham que aqueles que não são moçambicanos vieram apenas porque nos seus países tudo lhes corre mal, que não têm como viver ou que “só aqui se podem sentir bem”. Daqueles que tudo fazem contra quem não sendo deste país chega e prospera, que consideram exploradores todos os não moçambicanos que vivem bem. Pura e simplesmente!
Vieram e ficaram ricos, é assim que muitos falam, como se nós fôssemos proibidos de estar ricos ou impedidos de também ir a outros países e lá prosperar conforme quisermos. Que pensam que o nosso país é bom, simplesmente porque acham que há muitos que demandam.
Parece ser com base nessa forma de pensar que há uma denúncia, feita por cidadãos a viverem em Pemba, com algum cheiro a xenofobia em miniatura que aconselhamos as autoridades competentes a seguir com algum cuidado, para matar à nascença a alergia pelos estrangeiros ou a vida desregrada destes no território nacional.
Se for verdade que determinado chefe de bairro, em Pemba, tem estado a intimidar a família de um cidadão estrangeiro, questionando a sua proveniência e finalidade em Moçambique, vezes sem conta (como quem diz todos os dias), apenas para o ameaçar e daí tirar proveito, havendo muitas formas de provar o que quer que seja sobre a legalidade no país, algo está fora dos carris.
Se for verdade que tal chefe de bairro age em conluio com alguém da Migração que “todos os dias” querem que ele tire “algum” para a sobrevivência da sua corrupção, estamos ainda mal, sobretudo quando se apresentam como quem quer ajudar uma pessoa que o melhor caminho que escolheu foi seguir a legalidade de aqui viver.
Se for verdade que tal chefe de bairro age em conluio com alguém da Migração que “todos os dias” querem que ele tire “algum” para a sobrevivência da sua corrupção, estamos ainda mal, sobretudo quando se apresentam como quem quer ajudar uma pessoa que o melhor caminho que escolheu foi seguir a legalidade de aqui viver.
Se for verdade que outros vão ter ao cidadão estrangeiro para sugerir que para evitar possíveis problemas tem que desembolsar dinheiro (neste caso 4000 dólares norte-americanos), não só estamos perante uma ameaça, como sobretudo nos confrontamos com a corrupção que muitas vezes não tem rosto.
Se é verdade que a Polícia vem em socorro desta forma de agir, ameaçando todos os dias o cidadão estrangeiro e, em cadeia, repercutir-se para as outras entidades competentes, apenas para obrigar que o cidadão pague sempre “algum” para a sua permanência em Pemba, estamos “lixados”.
Se é verdade que o cidadão tem sido detido e liberto de forma reiterada, simplesmente para se sentir obrigado a largar “algum”, estamos perante não só a violação das regras de jogo do nosso país e no mundo, como dos direitos humanos, não só porque ele tem família e vive envolto desta sociedade sempre exigente e facilmente (des) educável.
Sendo verdade que ele e a família já não têm os passaportes ou que não lhos são devolvidos, para forçar a satisfação da nossa pequena e grande corrupção, estaremos perante um serviço mal prestado, porque não custava que fossem mandados “em-boa-hora” assim que se concluísse estarem no país ilegalmente.
É uma denúncia que está a seguir o caminho normal, que nós estamos a acompanhar sem exigirmos a compensação ilegal que muitas vezes nos faz mal. Foi assim que, em Macomia, um juiz conversando com jornalistas, à volta de uns copos, disse que havia passado por ele estrangeiros com muito dinheiro no carro, exageradamente avultado, sem saber que os mesmos acabavam de ser detidos na província de Manica, exactamente por causa do que ele achou normal. Quer dizer, viu muito dinheiro, não se alarmou e, em Manica, quem esteve atento deteve-os, e com muita razão!
É dizer, quando somos chamados a prestar serviço não o fazemos e quando a nossa acção se torna ruim à sociedade, lá estamos, incluindo desmobilizar investidores, como é o caso em apreço, que já tem nomes, que por uma questão de ética não é agora que vamos publicar. Espero que não seja necessário ir até lá.
- Pedro Nacuo, Maputo, Sábado, 27 de Junho de 2009:: Notícias
- Pedro Nacuo, Maputo, Sábado, 27 de Junho de 2009:: Notícias
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