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4/27/15

GLÓRIA DE SANT´ANA, VISITA A ILHA DO IBO, EM BUSCA DO SABER

Prof. Carlos Lopes Bento


11/14/14

A CONSTRUÇÃO DO FAROLIM DA MUJACA, NA ILHA DO IBO

Prof. Carlos Lopes Bento

A INSTRUÇÃO PÚBLICA NO DISTRITO DE CABO DELGADO, EM 1885, SEGUNDO O SEU GOVERNADOR, MAJOR PEDRO FRANCISCO DE ORNELAS PERRY DA CÂMARA

Carlos Lopes Bento[1]

Pela sua importância para a História de Moçambique e de Portugal, nos tempos que passam, tanta vez esquecida ou negada, pelas novas gerações de ambos os Países, venho lembrar o que o governador Perry da Câmara escreveu, em 1885, sobre o ensino na Vila do IBO:

Uma das necessidades do distrito mais impreterível e inadiável é a instrução, porque sem ela pouco se pode caminhar na senda do progresso.

Desenvolver os melhoramentos materiais, alargar a esfera das atribuições administrativas, dar ao município a autonomia que lhe é inerente, remodelar a organização judiciária, finalmente, acompanhar os progressivos anelos da civilização é realmente muito, se a par de todos estes benefícios nós conseguíssemos, por meio da instrução, educar os espíritos para bem compreenderem todos esses melhoramentos.

Deixar o povo na ignorância é criar um obstáculo permanente á realização de todas essas nobres aspirações, é conservar um desequilíbrio, cuja resultante é a desmoralização nos costumes públicos e particulares, sem que possa pedir-se aos delinquentes a responsabilidade das suas culpas, porque, previamente, se lhes não dera a noção exacta dos seus deveres.

Em 26 de Maio último, propus, em ofício n.° 41, a cedência de uma casa pertencente ao Estado para servir e ser apropriada ao edifício da escola da vila.

As razões que me obrigaram a lançar mão deste alvitre devem ser aqui enumeradas para que todos possam fazer um juízo seguro do precário estado a que tinha chegado a escola régia da sede do governo.

A casa da escola, além de acanhada, não tem nenhuma das condições exigidas para estabelecimentos desta ordem.

Sem ventilação, mal mobilada, pouco asseio, escassa luz, não admira que fosse também mal frequentada.

Na visita que ali fiz verifiquei a pouca concorrência de alunos e, em vista do espectáculo que se me deparava, expliquei imediatamente esse facto pelas condições insalubres do edifício.

Entendi, e não me pesa de o ter entendido, que sem uma casa própria era impossível aumentar a frequência dos alunos, e como era possível com uma despesa relativamente módica obter edifício acomodado ao fim, lembrei e indiquei a aplicação da casa, que tinha em tempo servido de delegação da fazenda, para estabelecimento das aulas.

Esta proposta foi aprovada, obrigando-se a fazenda a fornecer 350$000 réis para as obras necessárias e para compra de mobília adequada.

Fazemos votos para que o ilustre funcionário que nos substituiu compreendendo bem a importância do assunto, tenha concluído esse melhoramento que por proposta nossa foi iniciado.

Já que estamos tratando desta matéria, queremos deixar consignada a nossa opinião sobre este assunto.

Uma das causas ou talvez a única da decadência da instrução nas nossas colónias, é a exiguidade dos ordenados arbitrados aos professores.

Com 25$000 réis mensais é impossível a vida em qualquer das nossas possessões e não se compreende nem se pode esperar que um homem com uma certa ilustração se desloque do seu país e se sujeite aos sacrifícios e amarguras que impem o professorado para receber como recompensa dos seus trabalhos um tão minguado salário.

É preciso aumentar o vencimento dos professores do ultramar e é possível que com o estímulo de uma boa retribuição se ofereçam homens novos, robustos e instruídos para irem levar a luz da ciência àquelas paragens onde as trevas da ignorância são densas e opacas.

40$000 réis mensais não seria vencimento exagerado, e se houvesse uma escolha escrupulosa do pessoal docente enviado da metrópole para as nossas possessões temos a certeza de que se daria um grande passo para a prosperidade delas.

Estas considerações sugeriram-nos outras não menos importantes: a necessidade de enviar missionários para os pontos indicados pelos governadores dos distrito.

Este assunto devia merecer uma atenção especial a todos aqueles que estão encarregados de velar pelo engrandecimento dos nossos domínios coloniais.

O missionário é um dos mais poderosos elementos de civilização de que podemos dispor, se os homens designados por aquele qualificativo correspondessem cabalmente à amplitude das múltiplas funções que lhes incumbem.

A nosso ver a teologia é a ciência mais dispensável naqueles homens.

Entre os gentios as demonstrações à priori da existência de Deus são extemporâneas e inoportunas e achamos que melhor serviço prestariam os missionários, se em vez de noções de alta filosofia eles levassem ideias gerais sobre as ciências que se podem aplicar ás artes e aos ofícios, e que são de uma aplicação prática e proveitosa.

A redenção das almas, para nós, consiste na aquisição das noções exactas dos deveres, quer eles digam respeito ás relações entre o homem e o homem, ou entre o homem e Deus.

No momento em que nos sertões de África aparecessem missionários suficientemente instruídos e decididamente dedicados, que se propusessem a ensinar aos selvagens a significação verdadeira dos objectos que lhes impressionam os sentidos, e lhes inspirassem o amor pelo trabalho, obrigando-os a fazer uso profícuo das matérias primas que numa variedade prodigiosa a natureza por lá derramou a flux; a compreender as relações que ligam entre si os homens para poderem viver em sociedade; a perceber que o direito de propriedade é universalmente reconhecido, e que a fé dos contratos é sagrada; a respeitar a lei e o princípio da autoridade, e as variadíssimas noções gerais que ilustram o espírito dos homens civilizados, nós teríamos facilitado a administração das nossas províncias ultramarinas, teríamos garantida a fidelidade da vassalagem daqueles potentados e teríamos acendido o facho da civilização naqueles vastíssimos domínios, onde impera a ignorância, porque nós não sabemos ou descuramos regenerá-los pelos meios únicos que conhecemos as escolas e as missões.

A extinção dos conventos nas nossas possessões ultramarinas foi, a nosso ver, um gravíssimo erro de administração colonial e bem avisadamente teria procedido o governo, se em vez de destruir completamente àquelas colectividades as tivesse obrigado a aceitar a fiscalização do poder civil que podia aproveitá-las em beneficio comum.

Os conventos eram uma escola prática e teórica de todos os progressos das ciências e das artes, e a disciplina monástica um meio poderoso para o desenvolvimento intelectual dos que procuravam na comunidade a instrução e o bem-estar.

Não é para aqui a discussão da tese de serem as comunidades religiosas um perigo social; mas tem aqui cabimento a sinceridade da nossa opinião que reconhece que com outra organização, os mosteiros seriam, nas nossas possessões ultramarinas, um auxiliar poderoso para o derramamento da instrução e para a boa administração dos distritos.

O frade, pela índole da posição em que se via colocado, já pelo voto, já pela regra da disciplina, tinha condições especiais para exercer o magistério nos vastos sertões africanos, e levar a luz da civilização ao seio de todas as povoações selvagens que estão disseminadas pelo interior dos extensíssimos domínios.

As ruínas, que, ainda hoje, se admiram e os pretos veneram, dos grandiosos mosteiros que eles lá edificaram atestam de sobejo a importância e o excedente que eles souberam adquirir naquelas paragens.

O que levamos dito não, significa que seja desejo nosso a criação de estabelecimentos daquela natureza, o que queremos é consignar desassombradamente a nossa opinião de que em vez de se destruírem, se deveria ter remodelado o modo de ser daquelas colectividades para termos nelas as escolas profissionais em que se educassem os mestres, que por determinação do governo fossem distribuidor pelas povoações do interior, onde ensinassem o que tinham aprendido no internato da clausura.

Vê-se, pois, qual é o nosso pensamento a esse respeito.

O colégio das missões ultramarinas não satisfaz ao fim para que foi criado.

Além dos poucos missionários que produz não lhes dá a educação apropriada e especial de que careciam.

Os pretos não necessitam, somente, da moral evangélica, precisam, ao mesmo tempo, da educação profissional e da instrução, embora fosse superficial, necessária para a harmonia das relações sociais.

Os missionários franceses distinguem-se, por isso, pela variedade da instrução que possuem e pela aptidão que desenvolvem entregando-se ao ensino complexo das ciências, das artes e das profissões.

[1] - Antropólogo e administrador dos concelhos dos Macondes, Ibo e Pemba entre 1967 e 1974. Director Tesoureiro da S.G. Lisboa.

10/17/14

18 de Outubro de 2014 - DIA DA CIDADE DE PEMBA

 56º ANIVERSÁRIO DE PEMBA


4/23/14

MEMÓRIAS DE CABO DELGADO COLONIAL - OBSERVAÇÕES NA BAÍA DE TUNGUE, NO CABO DELGADO E NO RIO ROVUMA, NO ANO DE 1888. UM BREVE RELATO.


- Lisboa, Carlos Lopes Bento, 16 de Abril de 2014.


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    1/14/14

    MEMÓRIAS DE CABO DELGADO COLONIAL - NOTAS SOBRE ALGUMAS DAS SECULARES MANUFACTURAS DAS ILHAS DE QUERIMBA OU DE CABO DELGADO

    - Lisboa, Carlos Lopes Bento, 13 de Janeiro de 2014. Em memória e com saudade, a minha querida Esposa Maria Augusta, que Deus chamou deste Mundo faz hoje 13 meses.
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    6/17/13

    PARA A HISTÓRIA DE CABO DELGADO COLONIAL - MAIS UM ANIVERSÁRIO - 249º. DA FUNDAÇÃO EFETIVA DA VILA DO IBO

    Por Carlos Lopes Bento 

    Estão a iniciar-se as festas joaninas da Vila do Ibo, vila centenária que comemora os 249 anos da sua fundação e da instalação da sua primeira Câmara Municipal, que em 26.6.1764, já estava a funcionar.

    Neste dia 16 de Junho, lembro a chegada ao Ibo, a 16 de Junho de 1764, do  responsável pela coordenação de todos os trabalhos, o governador e capitão-mor, Caetano Alberto Júdice.

    Por continuar a não ser pacífica a data da fundação da Vila do Ibo, para uns 1761, para outros 1764, aqui deixo um pequeno apontamento que julgo trazer alguma luz sobre o assunto. Vamos aos factos documentais.

    Para fazer face ao estado de ruína total em que se encontrava o governo civil e económico de Moçambique e doutros portos e, por nestes lugares, não haver, nem quem administrasse na primeira instância a justiça às partes, nem quem tivesse a seu cargo o cuidado do bem comum do povo, as Instruções régias, de 9 de Maio de 1761, vieram determinar que, a ilha de Moçambique e os portos e povoações de Quelimane, Sena, Tete, Zumbo, Manica, Sofala, Inhambane e Ilhas de Querimba, fossem erigidas em vilas, sujeitas ao Ouvidor de Moçambique, as quais ficariam a beneficiar de todos os privilégios concedidos às vilas do Reino...

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    PARA A HISTÓRIA DE CABO DELGADO COLONIAL
    - MAIS UM ANIVERSÁRIO - 249º. - DA FUNDAÇÃO EFETIVA DA VILA DO IBO:
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    6/13/13

    PARA A HISTÓRIA DE CABO DELGADO COLONIAL - A REALIDADE GEOGRÁFICA E SOCIOECONÓMICA DA BAÍA DE TUNGUE DEPOIS DO SEU REGRESSO AO DOMÍNIO DE MOÇAMBIQUE (1886)

    O meu último apontamento publicado no FOREVER PEMBA, teve, como temática, a tomada da baia de Tungue, pelas tropas moçambicanas, há muito, ilegalmente, na posse do sultanato de Zanzibar e o papel heróico de dois voluntários da Vila do Ibo. Voltarei, hoje, a escrever sobre a baía de Tungue, mas, agora, para dar a conhecer “um relatório habilmente feito por um inteligente funccionário que andou há pouco na bahia de Tungue, … .” .

    Trata-se de Constâncio José de Brito, escrivão verificador da alfândega do Ibo que fora nomeado para fazer uma visita de trabalho aos postos fiscais de Mucimbôa e baía de Tungue. Saíu do Ibo, a bordo do cuter Sagres, a 5 de Novembro de 1886, tendo chegado ao primeiro local a 10. Conhecidas as principais necessidades do posto fiscal de Mucimbôa, navegou, à vela, no mesmo cuter, no dia 14, para a baía de Tungue, onde chegou pelas quatro da tarde do mesmo dia... ... ""

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    - PARA  A  HISTÓRIA  DE CABO DELGADO COLONIAL - GENTE HERÓICA  DA VILA  DO IBO QUE MERECE SER  HOMENAGEADA - Por Carlos Lopes Bento.
    - PARA A HISTÓRIA DE CABO DELGADO COLONIAL - A REALIDADE GEOGRÁFICA E SOCIOECONÓMICA DA BAÍA DE TUNGUE DEPOIS DO SEU REGRESSO AO DOMÍNIO DE MOÇAMBIQUE (1886):
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    4/21/13

    A POPULAÇÃO DAS ILHAS DE QUERIMBA OU DE CABO DELGADO, NO SEGUNDO QUARTEL DO SÉCULO XVIII


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    CONTRIBUTO PARA  A HISTÓRIA  DA  DEMOGRAFIA  DE CABO DELGADO - Breve Apontamento por Dr. Carlos Lopes Bento:



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    12/13/12

    MEMÓRIAS DE CABO DELGADO COLONIAL - BANDAS FILARMÓNICAS EXISTENTES, NA VILA DO IBO NO 1º QUARTEL DO SÉCULO XX

    BANDAS FILARMÓNICAS EXISTENTES, NA VILA DO IBO, NO 1º. QUARTEL DO SÉCULO XX 
    ACHEGAS PARA O SEU ESTUDO E PARA A HISTÓRIA DA MÚSICA EM CABO DELGADO E EM MOÇAMBIQUE
    Por Carlos Lopes Bento (Dr.) 
    © Carlos Lopes Bento / ForEver PEMBA 2012 Dezembro de 2012

    A vila do Ibo, capital política, económica e cultural de Cabo Delgado, durante mais de 200 anos, com uma intensa vida social, foi uma das vilas mais famosas e relevantes de Moçambique. Teve Jornais (O Nyassa e o Echo do Nyassa), um Teatro (Almeida Garret), Consulados…, dois clubes recreativos (Club 5 d’Outubro e Clube Recreativo Iboense),  duas bandas musicais e uma escola de música.

    Nestas breves notas disponibilizo e partilho alguns dados sobre estas duas bandas filarmónicas, com nomes dos executantes e suas especialidades, que me foram testemunhados pelo ilustre morador Honorato Figueiredo, que constam das minhas fichas de trabalho de campo:

    """"""
    A PRIMEIRA, BANDA IBOENSE
    Foi fundada em 1904, pelo Delegado Procurador da República, Dr. Eduardo Barbosa e era constituída por 25 elementos:

    Dr. Eduardo Barbosa, maestro e instrutor
    Adolfo de Morais, cornetim
    Agostinho Jordão Soares, trompete.
    Agostinho Resende, pratos
    António Soares, trompete
    Arsénio A. Macedo, (Empregado da Comp. do Nyassa), cornetim
    Catarino de Morais, trombone
    Constantino Dulba, barítono
    Dante Andriolo (italiano), cornetim
    Ernesto Fernandes da Silva, ?????
    Francisco de Sousa, bombo
    Gouveia de Figueiredo, ?????
    Isodoro  (Alferes), ?????
    João Maria Rebocho, caixa
    João Soares Vilela, trompete
    João Soares, trompa
    Joaquim Teixeira Gomes, contrabaixo
    José Hubber, flautim
    José Maria Dias, (Empregado da Comp. do Nyassa), barítono
    Luís Teixeira Gomes, cornetim
    Manuel Alves Gomes, (Empregado da Comp. do Nyassa),????? 
    Miguel de Oliveira, contrabaixo
    Rudolfo Hubber, trompete

    SEGUNDA BANDA
    Esta teria sido fundada em 1915, sendo constituída pelos seguintes elementos:

    Maestro... Góis 
    Amorim, func., advogado
    Abel Barreira Diogo
    Abílio de Sousa
    Arsénio A Macedo, instrutor e músico
    Artur do Rosário
    Carlos da Silva
    Domingos Baptista Aguiar
    Emílio Pereira
    Francisco Luís Tramier
    Isménio de Sousa
    João Soares
    José de Sousa.
    Liberato António Dias
    Luís António Dias
    Pantaleão Macedo
    Raul Gonzaga

    Estas bandas tiveram sempre dificuldades em contratar professores de música.

    Existiu grande rivalidade entre as duas bandas e a primeira já não existia em 1928 e a segunda em 1924.

    Testemunho de Honorato de Figueiredo, que, de 1915 a 1920 fez parte dos corpos sociais da segunda banda. """"""

    Algumas notícias publicadas no jornal quinzenário Eco do Nyassa, editado  na Vila do Ibo, que nos ajudam a conhecer, mais pormenorizadamente, a temática abordada.

    Aqui deixo estas breves notas que, que por inéditas, irão surpreender muitos Filhos do Ibo.

    Tenho esperanças que a Vila do Ibo volte a ser, em breve, uma urbe com uma vida sociocultural intensa.
    - Carlos Lopes Bento, Portugal, Dezembro de 2012

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    Mais sobre "BANDAS FILARMÓNICAS EXISTENTES, NA VILA DO IBO, NO 1º. QUARTEL DO SÉCULO XX": 
    Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "ForEver PEMBA" em Dezembro de 2012. Permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue só com a citação da origem/autores/créditos.

    10/11/12

    Retalhos: De Porto Amélia a Pemba - Parque Nacional das Quirimbas, no Norte de Moçambique.

    Parque Nacional das Quirimbas, no Norte de Moçambique
    Por Carlos Lopes Bento

    O Parque Nacional das Quirimbas (PNQ) foi declarado no dia 6 de Junho de 2002, pelo Conselho de Ministros. Ele tem a singularidade de ter sido estabelecido em resposta a solicitações das comunidades locais e outros intervenientes. Portanto, o Parque deve ser entendido como uma iniciativa "de baixo para cima", uma tentativa das bases para resolver um sem número de problemas que afetam a Província de Cabo Delgado em geral e a área do PNQ em particular.

    O Arquipélago das Quirimbas em Cabo Delgado é uma cadeia de 28 ilhas, que se estendem ao longo de quase 400 km, desde o norte da cidade de Pemba no sul, à cidade de Palma no norte. As 11 ilhas mais ao sul uma uma extensa zona de floresta no continente estão incluídas no Parque, resultando numa área total de 750,639 ha, dos quais 598,402 ha são hábitat's terrestres e 152,237 ha são habitat's marinhos e ilhéus. Esta área é de há muito reconhecida como uma zona de grande beleza paisagística, enorme biodiversidade de significado mundial, e importante patrimônio histórico; a recomendação de que esta área seja declarada um parque nacional vem já de 1971.
    A Importância da Área:
    Os distritos costeiros e centrais de Cabo Delgado (Macomia, Quissanga, Ibo, e Meluco) têm representados quatro das 200 eco-regiões de importância mundial de acordo com o WWF. Estas 200 eco-regiões são consideradas os melhores exemplares existentes de ecossistemas típicos e também raros. Se o simples fato de um País possuir uma das eco-regiões é já por si assinalável, imagine-se o que significa quatro eco-regiões estarem representadas em uma só Província. As quatro eco-regiões são:

    - no. 23... Floresta Costeira do Mosaico de Inhambane-Zanzibar;
    - no. 118... Mangais do Leste de África;
    - no. 193... Eco-região Marinha do Leste de África;
    - no. 55... Floresta de Miombo.

    O Arquipélago das Quirimbas, em particular, é considerado pelo WWF como uma área marinha de importância Mundial. A área também foi considerada como tendo potencial para ser nomeada como Patrimônio Mundial da natureza pela UNESCO, e contém a histórica cidade do Ibo, antigo centro comercial de escravos de Árabes / Africanos / Portugueses.

    Espécies de importância mundial, incluem quatro dos chamados “big five” (o rinoceronte foi eliminado), substanciais populações de mabecos (wild dogs), dugongos, quatro ou cinco espécies de tartarugas marinhas, uma variedade de espécies de conchas em vias de extinção como a Chariona tritonis e a Tridacna squamosa, a baleia corcunda (Megaptera novaeangliae, ou “Humpback whale”), várias espécies de golfinhos, as árvores de pau preto e sândalo...

    Os Elefantes e leões são um problema particular. O número de Elefantes está em expansão e a incidência de ataques de elefantes às machambas também tende a crescer. Mais de setenta ataques de leões foram registrados no Distrito de Macomia em 2000. No mar, espécies como dugongos, tartarugas marinhas e tubarões estão em perigo de sobre-exploração. As extensas áreas de ervas marinhas e florestas de mangal estão também sob pressão severa.

    Florestas:
    A floresta costeira contém espécies raras e endêmicas que foram relativamente pouco estudadas, enquanto que pelo seu lado a floresta de miombo possui madeiras de valor comercial tais como a mbila (kiyaat), chanfuti, e jambire. O abate comercial destas madeiras tem sido feito exclusivamente por empresas baseadas em Pemba. Entre os ditritos de Ibo e Quissanga desenvolveu-se um mangal que ocupa uma área de 39km2, com 8 espécies de árvores de mangal representadas.

    O Governo sempre deu a necessária importância a estas Florestas e em 1996 estabeleceu duas grandes áreas como “Reservas do Estado”, com a intenção de promovê-las a Reservas Florestais. Apesar de os constrangimentos financeiros terem dificultado o desenvolvimento destas reservas, o Governo tem recusado desde então o licenciamento de corte de madeira nestas áreas, até existirem condições para a sua declaração formal como zonas protegidas.

    Fauna:
    Os Distritos atrás referidos têm sido mencionados em vários estudos como áreas prioritárias de fauna. Três rotas migratórias de Elefantes atravessam a área, seguindo as margens dos Rios Montepuez e Messalo. As montanhas isoladas de granito (inselbergs) de Meluco não só são espetacularmente bonitas como também foram identificadas como centros de endemismo de plantas e animais e servem historicamente como refúgio de elefantes. Os elefantes da zona estão de certa maneira adaptados ao ambiente das montanhas a dar pelas marcas da sua passagem nos mais incríveis locais.
    O Ambiente Marinho a Costeiro:
    A área costeira possui 11 das ilhas mais a sul do Arquipélago das Quirimbas, numa distância de cerca de 100 Km. (ver mapa). Estas Ilhas formam uma linha quase contínua separadas por canais estreitos, extensões de terra e baías. Já Tinley, em 1971, havia sugerido a proteção desta área com base na riqueza do habitat que suporta uma flora e fauna diversa, incluindo 375 diferente espécies de peixes. O Arquipélago também incluí o Baixo de São Lazaro, um baixo isolado e ainda bem conservado para a pesca desportiva e mergulho a cerca de 42 milhas náuticas da costa.

    Os recursos marinhos costeiros estão presentemente sob ameaça de sobre-utilização, enquanto que os recursos de mar aberto estão quase por explorar. Também levam as estas conclusões estudos científicos, consultas com instituições e consultas às comunidades (mais recentemente durante um Seminário na Ilha do Ibo). As principais ameaças resultam de:

    - A chegada, a Cabo Delgado, de pescadores vindos da Província de Nampula e Tanzania;
    - Uso de artes de pesca destrutivas (rede fina, rede mosquiteira, veneno, extração de corais);
    - Perda de valores tradicionais com o resultado de que as práticas tradicionais não são mais respeitadas (antigamente a pesca era feita em ciclos de 12 dias, dos quais 6 dias a pescar e seis dias a descansar; hoje pesca-se todos os dias);
    - Falta de controlo por parte das autoridades de fiscalização devido a várias razões entre elas a falta de transporte (barcos).

    Os pescadores locais também se referem à falta de condições de comercialização do seu pescado e a falta de equipamento para a pesca de mar alto, razão pela qual existe a sobre-pesca perto da costa. Em termos da atual captura, esta tem vindo a descer desde há muitos anos a níveis extremamente baixos. Isto resulta em que todos os locais de fácil acesso estão sobre-utilizados. Locais menos acessíveis (como o canal de Montepuez com correntes perigosas a a parte de fora da barreira de corais, com correntes e ondas) estão em muito bom estado. Os recifes de corais de baixa profundidade estão também muito danificados pelo fenômeno do El Nino Southern Oscillation ocorrido em 1997/8.

    População:
    Estes distritos são majoritariamente habitados por povos das etnias Macua e Muani, apesar de Macomia ter populações de Maconde também. Estas populações vivem da agricultura de subsistência, pesca e caça e não existe qualquer indústria. O Distrito do Ibo, por exemplo, não tem uma simples loja. O Distrito de Quissanga, largamente conhecido por ser potencialmente o mais produtivo da Província em termos de agricultura (com 25% de solos de aluvião), não possui um simples trator a funcionar. A esperança de vida na Província é de 37.8 anos, enquanto a mortalidade infantil antes dos cinco anos é de 295 por cada mil nascimentos. O PIB (produto Interno Bruto) per capita era de 141 USD/ano em 2000, mas estima-se que nas zonas rurais seja menos de metade desse valor. A taxa de analfabetismo em adultos é de 75% (estatísticas do Plano Estratégico de Cabo Delgado, 2000-2005).

    O desespero econômico e o crescimento populacional criam uma pressão ainda maior sobre as florestas e recursos terrestres. Pelo seu lado, hábitos tradicionais como a queima da mata na época seca e a caça com armadilhas retiram aos recursos naturais a sua capacidade de regeneração. Assim, os recursos de fauna e flora estão e estado contínuo de declínio, o que é inclusivamente reconhecido pelo próprio Governo e comunidades rurais. Outro aspecto crítico é o permanente conflito animais-seres humanos tal como já atrás foi referido.

    O Governo de Cabo Delgado e a GECORENA solicitaram ao WWF apoio na criação da área protegida e estão ainda a procurar mais apoio junto de outras organizações. Regulamentos e zoneamento para investimento é uma parte parte do plano que está a ser elaborado. Isto criará um quadro legal e institucional para um desenvolvimento apropriado de turismo no Parque o que contribuirá mais tarde para a sustentabilidade financeira dos esforços de conservação.

    A área do Parque inclui assim:
    - Uma floresta costeira entre Macomia e Quissanga, como uma fantástica fauna selvagem, incluindo o elefante, o búfalo, o leão e o leopardo;
    - A costa Sul do Arquipélago das Quirimbas, incluindo 11 Ilhas, praias de desova de tartarugas marinhas, recifes de coral, ervas marinhas, e imensas florestas de mangal, e, a cerca de 40 milhas da costa, o Baixo de São Lazaro, local de pesca desportiva de classe mundial;
    - O corredor de elefantes entre os Rios Messalo e Montepuez e a Reserva de Elefantes de Mputho .

    CONTACTOS DE CULTURA PÓS-GÂMICOS NA COSTA ORIENTAL DE ÁFRICA.- O CASO CONCRETO DAS ILHAS DE QUERIMBA OU DE CABO DELGADO.
    Por Carlos Lopes Bento

    A Costa Oriental de África, considerada o berço de Humanidade, serviu de base a intensos movimentos externos de pessoas e culturas, conhecidos pelo menos desde o século II DC, altura em que a costa africana foi integrada nos fluxos do comércio marítimo do Índico, que conjugados com os movimentos internos de povos africanos, originaram a cultura suaíli ou swahili. Trata-se de uma cultura com padrões típicos, marcadamente marítima, de raíz bantu, mas de ideal islâmico que se enquadra, segundo Allen, na denominada “unidade do Oceano Índico”(1) .

    Para este extenso espaço africano, constituído por um vasto conjunto insular e respectivas terras firmes, convergiram, por razões de natureza comercial, política e religiosa e em épocas históricas diferentes, fluxos migratórios provenientes do Oriente, designadamente, da Arábia, Pérsia, Índia, China, e Indonésia, do Ocidente (Portugal, Espanha, França, Holanda e Inglaterra), da América (Brasil, Cuba,....) e da própria África. Dos permanentes cruzamentos inter-genéticos e da constante interpenetração de culturas nasceria a supracitada cultura suaíli(2) e as suas variantes, aliás, sabiamente, observadas e descritas, a partir dos finais do século XV, pelos destemidos nautas portugueses, data a partir da qual passaram a sulcar, regularmente, as agitadas águas do Índico. Os dados então recolhidos , mostram a existência de :
    FIG. 1- Parte sul da costa swahili.
    Fonte: NEWITT, Malyn, The Southern Swahili ..., p 112

    - Sociedades pluri-raciais/pluri-étnicasconstituídas por indivíduos possuidores de várias tonalidades de pele: pretos, baços, ruivos e brancos;
    - Uma religião comum assente nos princípios do Alcorão;
    - Cidades-Estado com estruturas sociais complexas, estratificadas e relativa autonomia política, governadas por reis mouros, com excepção da Ilha Brava em que o poder político estava nas mãos dos mais antigos da terra;
    - Uma produção agrícola variada, com grande riqueza de caça grossa e de produtos aquáticos. De realçar a existência de excedentes destinados, essencialmente: à afirmação do status social; à oferta de presentes; e ao reabastecimento e apoio da navegação e moeda de troca;
    - De cidades e vilas com casas assobradadas, com portas e janelas de madeira muito bem lavrada, construídas a pedra e cal;
    - De um rico vestuário, de seda e algodão, por vezes bordado a oiro, usado pelas camadas mais abastadas, por homens e mulheres e de jóias, em ouro e prata que embelezavam as encantadores damas suaílis.

    Com a presença e domínio português imposto às principais cidades da Costa Oriental de África, através de tratados de vassalagem, desde os princípios do sec. XVI, extinto definitivamente, a partir de 1729- perda definitiva de Mombaça- a cultura suaíli foi enriquecida com muitos traços da cultura portuguesa que, pela sua utilidade e compatibilidade e até prestígio, acabariam por ser integrados nos léxicos do kiswahili(3) e do kimwani, perdurando até aos nossos dias. Recordam-se alguns vocábulos do kiswahili relacionados com: cargos/profissões, meios e instrumentos náuticos, armas , instrumentos de guerra e símbolos de soberania, utensílios de uso doméstico, animais domésticos, edifícios, fortificações e lugares, árvores de fruto, frutos, ferramentas e objectos mecânicos, artigos de vestuário, meios de pagamento, produtos e tecidos(4): almari, amari, bandera, bao, baraza, barakinya, bastola, bata, batela, beramu, bereu, biblia, bibo, bomba, boriti, boya, bulu, busha, chá, chapa, chapeo, dadu, dama, faranga, foronya, fogau, gereza, hospitali, idadi, kanderinya, kapa, kasha, kimau, kitalu, kopa, kopo, korosho, lakir , lesso, limao, machila, meza, m’pera, mvinyo, nahota, padre, pao, parafujo, pera, pesa, pilau, pipa, rateli, riale, roda, rupia, saa, safari, seti, shumburere/sombrero, shupaza, shuka, sukari, tabakelo, tarumbeta, turufu, uru, e yaya(5).
    Após a perda sucessiva do domínio português sobre as várias cidades do Indico ocidental, as autoridades portuguesas limitaram o exercício do seu poder colonial , depois de 1729, às terras litorálicas situadas a sul do rio Rovuma, em cujo extremo norte encontramos as Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado. O arquipélago, habitado especialmente por wamwani (gentes da praia), é constituído por cinco dezenas de ilhas e ilhéus, pequenas em território- muitas delas com menos de um quilómetro quadrado - e pobres em solos, quase todos de origem corálica. Apesar destes condicionalismos mas atendendo à sua posição geo-estratégica este conjunto insular, com as terras firmes adjacentes, foi aproveitado, primeiro por árabes e persas e depois por portugueses para aí instalarem alguns dos seus portos de escala e desenvolverem uma importante rede comercial, complementada por algumas práticas agrícolas, armentistas, de construção naval e de pesca.

    Antes da era gâmica dependeram as mesmas Ilhas, de acordo com as circunstâncias políticas, de Mombaça e de Quiloa. Passariam, definitivamente, para o domínio português, em 1523, após a sua reconquista pelo capitão Pedro de Castro, perdurando a situação colonial, então, instituída durante 452 anos. Conhecendo-se os fracos recursos humanos e materiais, a debilidade e pouca operacionalidade das estruturas político-administrativas, económicas e religiosas de apoio implantadas, a concorrência sempre crescente de um comércio internacional pouco favorável à coroa portuguesa, os ataques de franceses, sakalava, makhwa e mouros da costa e a resistência oferecida por uma elite local influente e portadora de uma dupla herança cultural, é pertinente interrogarmo-nos como foi possível uma permanência tão prolongada dos Portugueses e do seu domínio nas Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado?

    Este verdadeiro “milagre”, que não foi o resultado da força das armas que, aliás, primava pela insuficiência e pela ineficácia, deveu-se principalmente, a uma política, concreta e espontânea, de tolerância, solidariedade, miscigenação, adaptação e convívio pluri-étnico, política essa, aqui e ali com alguns desvios e conflitos, respeitadora das diferenças étnicas e culturais, das crenças e dos valores humanos dos grupos dominados e dos seus modos de vida. Estávamos perante uma prática política, um diálogo intercultural, uma busca permanente de soluções para os problemas comuns, que, só séculos mais tarde, mais precisamente em 1948, viria a ser consagrada na Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual não faz distinção entre etnias, culturas ou crenças. Desde há séculos, é legítimo recordá-lo, que os Portugueses consideravam e defendiam o princípio da igualdade como uma relação entre coisas diferentes. Há muito tempo e em muitas partes do Mundo e em contextos históricos e sócio-culturais diversificados que praticavam, na sua vivência do dia-a-dia, o princípio da tolerância: todos diferentes, todos iguais, actualmente, pouco assumido e muito afastado dos corações dos homens.

    O homem português, colono modesto, sem grandes letras, por vezes desterrado, com o seu génio criativo e plástico, a sua grande capacidade de improvisar e inovar e o seu caracter individualista e sentido oportunista, soube, habilmente, em novos espaços ecológicos, geográficos e sociais, viver em situações de solidariedade, de contraste, de ambiguidade e de conflito. Teve a capacidade de moldar e de se deixar moldar e de criar novas realidades bio-culturais e de se adaptar a contextos específicos deveras variados.

    Com a implantação da situação colonial nas Ilhas iria estabelecer-se no território um novo domínio e diferentes tipos de contactos entre populações biológica e culturalmente heterogéneas, há muito adaptadas a um meio geográfico específico e comprometidas com uma história. Nesta parte norte de Moçambique o colono português conviveu com gentes de outras culturas e religiões (makhwa, mwani, yao, mouros da costa( swahili),...) e aí constituíu famílias mestiças não consagradas nas leis e costumes do Reino- mestiças pela biologia e pela cultura - e originou novas formas sincréticas de família, geradoras de consensos e de solidariedades, que se desviavam, nítidamente, dos modelos da família real cristãmente organizada e aceite. Era frequente reunirem-se num só grupo familiar pessoas de mais de uma religião, etnia e posição social. A prova factual de tal realidade encontramo-la na Relação Geral de População de 1798 relativa às Ilhas: famílias compostas por cristãos, maometanos e gentios, por pessoas livres e por escravos, sendo grande parte delas formadas através da mancebia que as autoridades político-administrativas e religiosas, embora o tentassem, nunca conseguiram eliminar. A título de exemplo dá-se conta dos seguintes registos: uma cristã, de nome Luzia, solteira, com uma filha Ana, gentia e uma mãe maometana, Muana Mungi, com uma filha Ana e duas netas, Tomásia e Catarina, todas cristãs(6). Verificámos ainda uma escrava amancebada com um homem livre( um m´zungo), a qual, por sua vez possuía uma escrava.

    Dos processos de fusão biológica e de interpenetração das culturas em contacto, que foram realidades constantes ao longo da colonização portuguesa, resultaram trocas recíprocas entre os grupos em presença, variáveis em intensidade conforme a compatibilidade e utilidade dos traços e complexos de cultura. Relativamente à influência da cultura portuguesa, a maior aceitação verificou-se nos domínios da antroponímia e da cultura material, limitação que estava relacionada com o modo de vida dos habitantes das Ilhas pautado por valores e normas culturais de raiz africana ou afro-asiática, bem diferentes daqueles que o poder colonial procurava impor. Os cristãos, livres e escravos e os seus descendentes mesmo não aderentes à doutrina cristã, e alguns não cristãos adoptaram nomes e apelidos portugueses e indo-portugueses. Os cristãos livres por cultura e tradição ligadas ao sistema de povoamento processado no território. Os cristãos escravos por obrigação imposta no acto do baptismo, também ele de natureza coerciva. Apesar do optimismo de Frei João dos Santos, autor da Etiópia Oriental, que realça a conversão nas Ilhas e terras firmes de l6 000 gentios , desde o inicio da evangelização até l594, data em que deixou de paroquear a freguesia da ilha de Querimba, a realidade, segundo nos conta o Pedro Barreto Resende parece algo diferente:

    “O cafres são gente bárbara, natural e muito cruel e pouco dada ao culto divino e só os que são nossos cativos se fazem cristãos por esse respeito, durando-lhe a cristandade enquanto lhe dura o cativeiro, sendo que não repugnam muito a nossa cristandade”.

    Embora aderentes a valores sagrados diferentes, em 1798, - os habitantes das Ilhas estavam distribuídos pelos seguintes credos: 48,85% cristãos, 29,43% maometanos e 21,70 % de religião tradicional- verificava-se a existência de contactos permanentes e efectivos entre os membros das várias religiões praticadas. Afirmava-se naquela data que os cristãos que não eram “parentes dos maometanos e deles descendentes, o são dos cafres macuas e macondes”(7). Esta evidência vem mostrar que a política inter-étnica condenada, em l592, pelo dominicano Frei João dos Santos, não teve sucesso. O frade, como chefe religioso e chefe político, não admitia e via com bons olhos alguns usos e costumes e as relações de convivência e de amizade existentes entre cristãos e maometanos:” ... em nossos Domingos e dias santos de guarda virem as mouras visitar as cristãs suas amigas e todas juntas, cantavam, bailavam, comiam e bebiam, tão amigavelmente, como se fossem todas mouras”(8).

    No lº quartel do séc. XIX, Frei Bartolomeu dos Mártires confirmava a política de convivência encetada após a imposição do domínio colonial no território verificada a partir de 1523: “Os mouros têm tal ascendente sobre os desgraçados habitantes que até lhes tem pregado e introduzido a sua infame lei, seus costumes depravados e as suas torpezas mais nefandas de maneira que já não é fácil reconhecer as diferenças entre eles”(9).

    Como resultado da aculturação e miscigenação espontâneas vamos encontrar na sociedade colonial casos específicos de uma dualidade cultural: uma herança cultural por parte de uma elite local mestiça que se moldou às regras e valores da sociedade dominante, que punha em prática sempre que era preciso relacionar-se com os seus representantes e substituía pelos próprios da sociedade dominada ao regressar ao meio de origem; chefes que participavam nas duas culturas e asseguravam, deste modo, o funcionamento das estruturas coloniais, pondo ao serviço das autoridades coloniais, o seu poder tradicional e as instituições indígenas pré-existentes. Recorda-se o terço dos auxiliares, os prazos da coroa, a cobrança de impostos, o fornecimento de mão-de-obra e de forças militares sempre que estava em jogo a segurança do território e a sobrevivência do domínio colonial; uma mestiçagem, com significado mais cultural do que biológico, bem evidente e clara na antroponímia constante da Relação de l798 supra citada, da qual se respigaram alguns nomes próprios, sobrenomes e apelidos, herança das várias culturas em presença. Encontramos, por um lado, nomes próprios da língua portuguesa com apelidos provenientes de línguas locais(kimwani, kiswahíli, makonde ,makhwa,...): Agostinho Quemissa, Alberto Lupulo, Alexandre Mutema,Ambrósio Macogo, Ana Mulusso, António de Faria Mussupia, Bruno Antunes Oengue, Catarina Muadia, Cristina Muanseni, Domingos Muzuzi , Francisca Muanessa ,João Madudo, Lázaro Mazome, Macaelo Faque, Manuel Morindua, Paulo Botelho Quidava, Roque Cassicazi, Sebastião Malemoca e Sebastião Raimundo Aidoz .Por outro lado, embora mais raros, surgem nomes em que o nome próprio provem das línguas locais e os apelidos do português: Mualenda Gonçalves, Muanassa de Faria, Mucoto Ribeiro, Muenhe Mussa Ribeiro, Tima Simão e Zina Faria(10).
    Ao contrário do que acontecia em 1798, durante a nossa estadia nas Ilhas, entre 1969 e l972,constatámos que os nomes de origem afro-suaíli atingiam cerca de 94,50% contra 5,5% provenientes da língua portuguesa. A mudança drástica verificada no período de quase de dois séculos ficou a dever-se à consolidação do Islamismo na Costa Oriental de África, designadamente em Moçambique, e à incapacidade dos Portugueses, através do poder político-administrativo e poder religioso, imporem o seu modelo de sociedade. Contudo, ainda pude verificar, numa análise superficial ao léxico da língua falada pelo povo mwani , o kimwani, a existência de um grande de palavras portuguesas e aportuguesadas que continuavam a fazer parte da linguagem dos Wamwani : alfanete, ambari, armari,ayo, bacia, balança, barbero, bata, biberau, blusa, bolo, brinco, buli, cabido, cadiado, calça, camisa, camisola, capote, caxa, cesto, chicra, colher, copo ya café, copo ya vidro , côr ya café, curuneta, epangaio, fato, ferro yakongomar, fogão ya makala, fogão ya patroli, fronha, fundi ya candieiro, galação, galico, galo garrafão, garufu, gelera, giz, gramafone, kifio ya cozinha, koroso, janelazi, lata, lampeão, leço, loja, mala, malaya zinco, , mala ya m´bawa, manchila, mantega, maquina ya kossoma, marrau, masoldado, m,batata, mpapaia, marmita ya alumínio, meias, mesa, moscaleta, m,pera, nakoda, nanazi, , n caju, orive, paquete, patrol, piresse, prateleira, quadro, rádio, reloyo, reloyo ya kajubera, reloyo ya campaínha, sabau, safrau, , safrau, sucrire, tamangu, tamboro, tampa ya kufinika, tcha kutaya mantega, telhado, termo , tejolo, vestido, ...

    Entre a famosa doçaria que faz parte da culinária mwani também encontramos a influência da presença portuguesa, sendo bem conhecido o bolo denominado “biscoito”feito com farinha de mapira, que na forma nada difere do biscoito confeccionado em Portugal.

    No princípio do presente século o governador Ernesto de Vilhena dá-nos conta de uma dança cantada de origem portuguesa a “ Margarida” que servia de divertimento aos rapazes em que a letra do refreão incluía um vocabulário misto de português e de kimwani: Ai ué niquareta/ Ai Mussa ladrão/Roubou macarrão(11). A dança da corda , conhecida por Insóbué, tão do agrado da mulher mwani, possivelmente, de origem portuguesa, ainda era divertimento em 1974.


    Nas Ilhas de Querimba, após a sua conquista pelos Portugueses, nasceu e desenvolveu-se uma nova realidade sócio-cultural constituída biologicamente pela miscigenação, economicamente pela técnica escravocrata da produção e sociologicamente pela interpenetração de culturas. As famílias mestiças- pela cultura e pela biologia, desempenharam um papel relevante no povoamento, na imposição de um modo de vida próprio, no processo de mobilidade social, na solução de conflitos, na convivência social e na continuidade e revitalização da situação colonial.

    Da situação colonial nesta parte norte de Moçambique resultaram processos de aculturação- que foi mais espontânea do que imposta- como a integração, a assimilação e diversos sincretismo: famílias, prazos da coroa, religião, antroponímia ..., que devem merecer a curiosidade e análise sistemática por parte das novas gerações para que se conheçam a riqueza, a diversidade e o significado da vida humana em diferentes contextos e as formas específicas de vida em comum e as inter-relações que se estabeleceram entre a Europa e os outros Continentes na era gâmica(12).

    REFERÊNCIAS:
    1 - Segundo este autor essa unidade cultural é constituída por três componentes: uma unidade racial resultante de múltiplas e seculares migrações humanas de natureza inter-continental(África, Ásia, Europa e América); uma unidade cultural que se estende da China até à África; e uma unidade religiosa assente no Alcorão cujos princípios doutrinais se adaptaram às diferentes condições ecológicas, políticas, culturais e étnicas e teve a capacidade de ultrapassar as divergências geradas pelos contactos de povos e culturas em diferenciados contextos. Para mais pormenores ver ALLEN,J-”Propuestas de Studios Sobre el Oceano Indico”,in Relaciones Historicas Através de Oceano Indico.Barcelona, 1980, p.p. 164 e segtes e BENTO, Carlos Lopes- As Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado- Situação Colonial, Resistências e Mudança-1742-1822, 2 vols.
    2 - NEWITT, Malyn - "The Southern Swahili Cost in the First Century of European Expansion". In Azania, Vol. XIII, 1978, p.p. 111-126.
    3 - Os principais dialectos do Kiswahili são: o Kiamu, falado em Kiamo, Kenia e Pate; o Kimvita falado em Mombaça; o Kiunguja falado em em Zanzibar e Pemba(ilhas); o Kimrima falado nas terras firmes de Zamzibar; o Kingarija falado na Grande Cômoro; e o Kimwani falado nas Ilhas de Querimba, Quissanga, Mossimboa, Thungui e cidade de Pemba. Nas línguas do litoral , desde do sul da baía de Pemba até Sofala o prefixo ki foi substituído por e : Émakha,Ésakati, Ékoti, Éshwabo e Iboani ou Éboani.
    4 - Vidé PRATA, Pe António Pires- “Influência do Português sobre o Suaíli”, in Bol. do Museu de Nampula, Vol. 2, 1961,p.149-150.
    5 - Para mais pormenores consultar : MADAN, A.C.- Suahili dictionary.Oxford, 1903, p.p.442 e SACLEUX, Charles- Dictionnaire Swahili-Français.Paris , 2 Tom. e PRATA, op.cit. p.p.133-175.
    6 - Para mais esclarecimentos ver BENTO, op. cit., Vol. I, p., 532.
    7 - BENTO, op.cit. Vol.I, p.519.
    8 - Idem,Ibid.p. 518-519.
    9 - Idem ,Ibid. p.524.
    10 - Idem, Ibid. p. 532.
    11 - Ver OLIVEIRA, Mário Baptista de-Monografia sobre a Ilha do Ibo. Ibo, dac.,1962, p.223.
    12 - Este pequeno trabalho, aqui com pequenas alterações, foi publicado na Revista de Estudos Políticos e Sociais, ISCSP, Lisboa, 2000, p. 119-126. O seu autor, que foi administrador do concelho do Ibo, é antropólogo, doutorado, em Ciências Sociais e Políticas, especialidade História dos Factos Sociais e licenciado em Ciências Antropológicas e Etnológicas pelo I.S.C.S.P., da Universidade Técnica de Lisboa, é professor coordenador do Instituto Superior Politécnico Internacional e professor catedrático convidado, da Universidade Internacional, onde exerce actividade docente e de coordenação de estágios, nas licenciaturas bietápicas em Gestão Turística e Hoteleira e Gestão Bancária e Seguradora. É director do Centro de Investigação Aplicada em Gestão Turística e Hoteleira e do Centro de Estudos de Gestão Turística e Hoteleira. Interessa-se pela Antropologia Africana- Moçambique e pela Antropologia Portuguesa, domínios do turismo e do comportamento organizacional. Faz investigação no domínio da cultura alimentar- Culinária tradicional.
    TRABALHOS DO AUTOR:
    Entre a múltipla colaboração dispersa por livros e publicações periódicas, realçam-se os seguintes artigos publicados ou em prelo:

    - "Problemas Eco-Sociais e a Reconversão da Pesca Artesanal" ( 1980);
    - "O Trabalho de Campo na Antropologia e o Desenvolvimento" (1982);
    - "O Desenvolvimento das Pescas nas Costas do Algarve-Achegas para o Estudo do seu Passado" (1984);
    - "A Historiografia e a Antropologia em África" (1984);
    - "O Contributo do Estudo das Práticas Culinárias para um Melhor Conhecimento das Migrações Humanas e dos Fenómenos da Difusão, Mudança e Evolução Culturais - A caso específico da cozinha entre os Wamwani das Ilhas de Querimba / Moçambique (1984);
    - "Moínhos e Azenhas em Mouriscas" (1985);
    - "As Potencialidades das Fontes Históricas na Pesquisa Antropológica" (1986)
    - "O Desenvolvimento das Pescas nas Costas do Algarve-Achegas para o Estudo do seu Passado. Breves Considerações Finais" (1986);
    - "A Pesca do rio Tejo. Os Avieiros: Que Padrões de Cultura? Que Factores de Mudança Sócio-Cultural? Que Futuro?" (1987);
    - "O Desenvolvimento das Pescas nas Costas do Algarve-Achegas para o Estudo do seu Passado.- Ambiente, Tecnologia e Qualidade de Vida" (1988);
    - "A Posição Geo-Política e Estratégica das Ilhas de Querimba. As Fortificações de Alguns dos seus Portos de Escala" (1989);
    - «La Femme Mwani e la Famille. Étude Quantitatif des Quelques Comportements des Femmas de l’île d’Ibo» (1990);
    - "As Companhas de Ceifeiros Ribatejanos no Alto Alentejo- Uma Forma de Organização Social Extinta" (1991);
    - "O 1º Pré-censo de Moçambique- A Relação Geral de População de 1798 das Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado" (1991);
    - "Uma Experiência de Desenvolvimento Comunitário na Ilha do Ibo/Moçambique entre 1969 e 1972" (1992);
    - "Os Prazos da Coroa nas Ilhas de Querimba e a sua Importância na Consolidação do Domínio Colonial Português” (1997);
    - "Ambiente, Cultura e Navegação nas Ilhas de Querimba: Embarcações, Marinheiros e Artes de Navegar" (1998);
    - "A Administração Colonial Portuguesa em Moçambique- Um Comando Militar em Mogincual, entre 1886 e 1921" (1999);
    - "Situação Colonial nas Ilhas de Querimba ou de Cabo Delgado- Senhorios, Mercadores e Escravos"(Resumo da Tese de doutoramento) (2000);
    - “Contactos de Cultura Pós- Gâmica na Costa Oriental de África. O Estudo de um Caso Concreto” (2000);
    - "Quem Defende os Interesses dos Pequenos Agricultores do Alto Ribatejo? (2001);
    - “A Ilha do Ibo: Gentes e Culturas - Ritos de passagem” (2001);
    - “Mouriscas: Terra Pobre, Gente Nobre”. (2002);
    - “A Antropologia da Alimentação em Portugal.- Um estudo concreto” (2003);
    - “A Cozinha Tradicional na Área do Pinhal e o Desenvolvimento Regional - O Maranho como Prato Emblemático num Processo de Mudança” (2003);
    - “A possessão em Moçambique - O Curandeiro N´kanga entre os Wamwuani do Ibo (1969-74)” (2003).
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    Clique nas imagens para ampliar. Transferência de arquivos do sitio "Pemba" que será desativado. Colaboração do Dr. Carlos Lopes Bento. Edição de J. L. Gabão para o blogue "ForEver PEMBA" em Julho de 2012. Atualizado em Outubro de 2012. Só é permitida a copia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores.

    6/23/12

    MARCOS RELEVANTES DA HISTÓRIA DAS ILHAS DE QUERIMBA OU DE CABO DELGADO - O CASO PARTICULAR DA VILA DE SÃO JOÃO DO IBO

    (Clique na imagem para ampliar - Origem da imagem)

    Contribuição para as comemorações do 251º aniversário da Vila do Ibo (Cabo Delgado – Moçambique), em 24 de Junho de 2012 de autoria do Dr. Carlos Lopes Bento, antigo Administrador do Concelho, Presidente da Câmara Municipal do Ibo, entre 1969 e 1972, antropólogo, professor universitário e Diretor Tesoureiro da Sociedade de Geografia de Lisboa.
    Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "ForEver PEMBA" em Junho de 2012. Só permitida a cópia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue com a citação da origem/autores/créditos. 

    5/30/12

    Relendo - O Curandeiro N'Kanga entre os Wamwuani do IBO

    Trabalho do Dr. Carlos Lopes Bento* que pretende dar a conhecer parte do profundo saber médico-religioso dos curandeiros na sociedade tradicional mwani da Ilha do Ibo, pertencente ao Arquipélago das Quirimbas em Cabo Delgado - Moçambique, apresentado em 16 de Dezembro de 2003, no Seminário “Perspectiva Antropológica das Práticas e Conceitos Tradicionais de Saúde”, realizado na Sociedade de Geografia de Lisboa, organizado pela Secção de Antropologia da mesma Sociedade.
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    *Carlos Lopes Bento - Doutor em Ciências Sociais, especialidade História dos Factos Sociais, Licenciado em Ciências Antropológicas e Etnológicas pelo ISCSP, UTL e professor universitário. Faz parte da Direcção da S.G.Lisboa, desempenhando as funções de tesoureiro. É antropólogo e foi antigo administrador dos concelhos dos Macondes, do Ibo e de Porto Amélia (Pemba) na época colonial. Publicação neste blogue cedida e autorizada pelo autor.
    Alguns trabalhos do Dr. Carlos Lopes Bento publicados neste blogue
    Clique nas imagens acima para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue ForEver PEMBA em Maio de 2012. Todos os direitos reservados. Só é permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

    3/15/12

    LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - 1973

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    MEMÓRIAS DE CABO DELGADO COLONIAL
    LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - Ano de 1973
    (1969-1974)
    Por Carlos Lopes Bento - Doutorado em História dos Factos Socias pelo ISCSP, da U T Lisboa. Antigo presidente da Câmara Municipal do Ibo. Antropólogo. Tesoureiro da S G de Lisboa.
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