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8/11/07

A água que falta no Planalto dos Macondes...

Água: uma solução sempre adiada.
Estamos na aldeia Mpeme, terra natal de Raimundo Pachinuapa, onde à primeira-Ministra ia ser apresentada uma represa acabada de construir numa nascente na baixa, a exactamente cinco quilómetros. É o único local onde as populações daquela aldeia buscam água para todas as necessidades que agora se acha minimizado o problema, que era a ausência total do líquido em determinados períodos do ano. A água vai ser armazenada.
Pensa-se numa electrobomba que possa elevar a água até à aldeia de Mpeme. Mas só se pensa, como há 32 anos.
No sistema de Ntamba, no distrito de Nangade, as populações de novo voltaram a percorrer entre 20 e 40 quilómetros para ir à nascente, onde uma vez a outra se diz que o sistema está reparado. Está a acontecer assim há 32 anos.
O desfile de bicicletas carregadas de bidons de água, a partir de Ntamba, para abastecer as aldeias mais distantes como Ntoli e outras do posto adminsitrativo de Itanda, é ao mesmo tempo horroroso e impressionante.
Na vila de Mueda, a água é mesmo preciosa, tem-se o real sentido do que tal representa.
Nas pensões, para cada hóspede se lhe dá o equivalente a cinco litros para todas as necessidades e são poucos os que se decidem pelo banho para tão pouca quantidade.
Tem-se a impressão de que é mais fácil ter água mineral do que aquela que devia ser acessível a todos. O líquido precioso leva a importância real que nos outros pontos do país não damos o valor que tem.
É um problema que tem a idade da independência nacional que de cada vez que se anuncia uma visita de alto nível se ensaia a sua solução e nada mais que isso.
É o problema da água, não da água potável que é a linguaguem que o resto do país fala. No planalto não se pode falar de água potável, porque isso pode afugentar a pouca não potável, que, mesmo assim, se pode encontrar. Mas é assim há 32 anos.
Pedro Nacuo - Maputo, Sábado, 11 de Agosto de 2007:: Notícias
Direitos da Água
A presente Declaração Universal dos Direitos da Água foi proclamada tendo como objetivo atingir todos os indivíduos, todos os povos e todas as nações, para que todos os homens, tendo esta Declaração constantemente no espírito, se esforcem, através da educação e do ensino, em desenvolver o respeito aos direitos e obrigações anunciados e assumam, com medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação efetiva.
1. A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, povo, nação, região, cidade, é plenamente responsável aos olhos de todos.
2. A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.
3. Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.
4. O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.
5. A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.
6. A água não é uma doação gratuita da natureza, ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode escassear em qualquer região do mundo.
7. A água não deve ser desperdiçada, poluída ou envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se esgote ou deteriore a qualidade das reservas atualmente disponíveis.
8. A utilização da água implica em respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou sociedade que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.
9. A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
10. O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

8/02/07

Mocimboa da Praia: Assassinatos estranhos...

O governador de Cabo Delgado, Lázaro Mathe, confirma a ocorrência de mortes estranhas de pessoas no distrito de Mocímboa da Praia, as quais são posteriormente mutiladas ou extraídos órgãos genitais, aparentemente para fins supersticiosos. A Polícia naquela província já deteve três indivíduos suspeitos de envolvimento em tais práticas. Segundo Mathe, que falava terça-feira numa conferência de Imprensa em Pemba, pelo menos seis mulheres e uma criança foram mortas por desconhecidos, nas aldeias de Unidade e Nantelemule, no distrito de Mocímboa, não havendo, para já, quaisquer indicações que confirmem os rumores segundo os quais o mesmo tipo de crimes é cometido também nos distritos de Nangade, Mueda, Muidumbe e Palma.
“Não se trata de um assunto do distrito, mas sim das aldeias Unidade e Nantelemule, onde depois de termos feito um trabalho com a população e os órgãos locais começaram a aparecer cidadãos indiciados, detidos em Palma e em Mueda, com os quais a Polícia está a trabalhar com vista a apurar detalhes sobre o que, de facto, está a acontecer”, disse Mathe. O governador tranquilizou as comunidades afirmando que a situação está sob controlo, que não há motivo de alarme, embora reconheça que se trata de uma atitude estranha à cultura dos moçambicanos.
“Pelas características que nos são descritas, dá para concluir que não se trata de uma acção genuinamente moçambicana, porque se for para objectivos obscurantistas ou supersticiosos, nós, moçambicanos, não temos tais práticas. Se se trata de casos de transplante, sabemos que há condições técnicas para essas operações, que entretanto não existem no país”, disse.
A onda de assassinatos nos moldes acima descritos foi denunciada pela primeira vez pela Renamo, na voz de Cornélio Quivela, delegado político provincial e deputado da AR por aquela formação política. Na ocasião, o Governo, através da administração de Mocímboa da Praia, desmentiu a informação, alegando tratar-se de propaganda política.
Há dias, o nosso Jornal contactou aquele parlamentar, que além de confirmar os dados avançados pelo governador provincial, acrescentou que o fenómeno atingiu o distrito de Palma, “com alguma severidade”, desde Dezembro de 2006.
Segundo aquele deputado, em Dezembro de 2006 nove pessoas da aldeia Monjane, no distrito de Palma, foram assassinadas, na sequência do que dois indivíduos foram detidos e conduzidos à Polícia por suspeita de responsabilidade nos crimes. “Ficaram detidos e uma semana depois um deles foi restituído à liberdade. Furiosa, a população linchou o indivíduo. O que tinha ficado na cela desapareceu da circulação. É por isso que pensamos que se trata de um assunto preocupante e estamos a lutar por descobrir a origem e explicações do fenómeno”, disse.
Na sua mais recente visita a Cabo Delgado, a Primeira-Ministra, Luísa Diogo, foi confrontada, nos comícios populares que orientou, com queixas populares relacionadas com o fenómeno, tendo apelado à calma uma vez que o assunto está sob o controlo das autoridades.
Maputo, Quinta-Feira, 2 de Agosto de 2007:: Notícias