6/24/05

Independência 3


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Independência 3 - O Primeiro de Janeiro de 24/06/2005:

Trinta anos após ter conquistado o direito de decidir a sua própria agenda económica, Moçambique ainda não é capaz de prover os bens essenciais básicos.
O objectivo de tirar o país do subdesenvolvimento continua por alcançar e 54% da população vive na pobreza absoluta.
Sem a contribuição dos doadores internacionais e face ao excessivo endividamento, o país entraria em falência, pois as receitas internas não garantem senão menos de metade dos recursos necessários para assegurar o mínimo funcionamento do Estado.
Economistas moçambicanos confirmaram a situação e apontaram caminhos para que finalmente se concretize a independência económica e se cumpra agenda do desenvolvimento.
Hipólito Hamela, consultor na agência norte-americana USAID, afirma que a independência política de Moçambique ao longo dos 30 anos não foi acompanhada pela soberania económica e acrescenta que “o país não pode sequer alimentar a sua própria população”.
“Se pudéssemos produzir o suficiente para comer e vender os excedentes que nos permitissem a compra do que não produzimos e garantir a sobrevivência dos que não podem trabalhar talvez falássemos de independência económica, apesar da acentuada relatividade desse conceito”, sublinha Hamela.
Como razões para o atraso da economia moçambicana, Hipólito Hamela aponta o “fardo colonial” que o país herdou, os falhanços registados com a experiência do modelo socialista seguida pela FRELIMO, partido no poder desde a independência, e os 16 anos de guerra civil.
Apesar dos erros da decisão pelo socialismo, Hamela admite que esse era então o modelo adequado para a retirada dos meios de produção da pequena elite colonial e a sua colocação ao serviço da maioria da população.
O agro-economista moçambicano José Negrão também entende que o país ainda não alcançou a auto-suficiência económica, continuando por realizar objectivos como a superação da dependência do Estado em relação ao exterior, além de que o capital que tem sido investido no sector produtivo é maioritariamente estrangeiro.
“Antes da indendência do país, o capital investido era proveniente da metrópole (Portugal).
Com a ascensão à independência, diversificou-se a origem dos investimentos, mas continua maioritariamente a ser detido pelos estrangeiros”, refere o docente na Universidade Eduardo Mondlane.
A presidente da Associação dos Economistas de Moçambique (AMECON), Mequelina Menezes é da opinião de que Moçambique conseguiu ao longo dos 30 anos vincar o seu estatuto de Estado independente mesmo a nível económico.
“Antes da independência do país, em nenhuma estratégia económica colonial foi inscrito o combate à pobreza absoluta como uma prioridade, mas agora este desafio é uma bandeira, porque há uma tentativa de fazer com que as políticas económicas se identifiquem com as preocupações da maioria da população e não de um grupo rácico ou social”, frisa Miquelina Menezes, quadro sénior do Fundo Nacional de Energia (FUNAE).
Para aquela economista, a inicial viragem ao socialismo foi “a escolha certa”, no sentido da abertura dos serviços sociais básicos, como a saúde e a educação à maioria da população, que à face do regime colonial estava desprovida de qualquer dignidade.
“No lugar de fragilizar a soberania, a cooperação com a comunidade internacional tem estabelecido bases para o Estado se sustentar e continuar de pé”, diz Miquelina Menezes, antes de propor os novos rumos da economia.

Independência 2


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Independência 2 - O Primeiro de Janeiro de 24/06/2005:

Mais de 70 mil toneladas de alimentos são necessárias para evitar a fome das populações em várias áreas de Moçambique.
Esta é pelo menos a advertência dos especialistas das Nações Unidas.
Populações de diversas áreas de Moçambique em risco de fome carecem de cerca de 70 mil toneladas de ajuda alimentar, advertiram especialistas das Nações Unidas.
Reunidos quarta-feira em Joanesburgo, África do Sul, técnicos do Programa Mundial Alimentar (PAM) e da Organização de Comida e Agricultura (FAO) estimaram em cerca de meio milhão o número de moçambicanos em risco de fome, em consequência da seca que assola diversas regiões do país.Na mesma reunião foi previsto que a produção de cereais em 2005 vai sofrer uma quebra de três por cento, afectando sobretudo as províncias do sul e centro de Moçambique. As conclusões foram divulgadas no âmbito de uma missão conjunta da FAO e do PAM a Moçambique, entre 25 de Abril e 13 de Maio deste ano, durante a qual se concluiu que a escassez de comida foi agravada pela “conjugação dos efeitos do HIV/SIDA, desastres cíclicos, fracos serviços de saúde e limitada capacidade comunitária”.O PAM presta actualmente auxílio alimentar a cerca de 214 mil pessoas em Moçambique, num âmbito de um programa de combate aos efeitos da seca em vigor desde 2002. O relatório das agências da ONU adianta que o apoio alimentar deve ser complementado com outro tipo de assistência para “preservar, recuperar ou desenvolver” os meios das comunidades afectadas, promovendo outras formas de subsistência e de economia não agrícola.Nesse âmbito, verificou-se que produções industriais, como do tabaco, algodão e coco, entre outras, encontram-se em expansão e contribuem para a segurança alimentar de pequenos agricultores...