Oito mortos e 47 feridos, dois dos quais em estado grave, é o resultado do confronto entre elementos da FRELIMO e da RENAMO, em Mocímboa da Praia, norte de Moçambique, confirmou quinta-feira o ministro do Interior.
Segundo José Pacheco, a polícia deteve cinco elementos da Renamo, acusando-os de saques, estando em busca de outros membros do principal partido da oposição moçambicana, nomeadamente dirigentes, que se encontram em lugar incerto.
Segundo a imprensa moçambicana, está a decorrer uma `caça ao homem´ na região, com as autoridades no encalço de Armindo Milaco, deputado da Renamo à Assembleia da República e acusado de ter provocado os incidentes e de se encontrar na posse de armas supostamente roubadas a agentes policiais.
Falando aos jornalistas, após ter visitado aquele município da província de Cabo Delgado, José Pacheco descreveu a situação como `calma e tranquila´ e afirmou que as instituições públicas retomaram quinta-feira com os trabalhos.
`A situação está calma, normalizada´, mas `muita gente está fora da Mocímboa da Praia receando a continuação dos desacatos.
Os serviços públicos retomaram quinta-feira´, explicou o ministro.
Na terça-feira, o conselho de ministros de Moçambique criou uma comissão chefiada por José Pacheco para avaliar as implicações dos confrontos, que resultaram igualmente na morte de um polícia.
O grupo de trabalho, composto pelos ministros da Saúde, Ivo Garrido, e da Administração Estatal, Lucas Chomera, constatou que os tumultos obrigaram a população a abandonar o município, o que forçou as autoridades sanitárias a interromperem a campanha de vacinação de crianças actualmente em curso em todo o país.
`Estes confrontos estão a prejudicar o programa de vacinação em Mocímboa da Praia, isso vai exigir um reforço adicional do Governo, alargando o calendário´, disse Pacheco.
A Polícia da República de Moçambique decidiu reforçar o contingente policial com efectivos de outras províncias, disse ainda o governante, que anunciou `tolerância zero para essa situação´.
`Não vamos tolerar toda essa acção, que desvirtua o normal funcionamento das actividades governamentais´, referiu Pacheco, que afastou qualquer hipótese de negociações com a oposição.
`Lamentavelmente, a Renamo está em parte incerta, mas também, o que está em causa não são as negociações, é necessário que os acordos de paz sejam respeitados, para evitar mais desacatos´, concluiu, referindo-se às negociações de 1992, em Roma, que puseram termo a 16 anos de guerra civil entre o governo da Frelimo e a guerrilha da Renamo...
Fonte: Agência LUSA - via Imensis