10/05/05

A ilha do Ibo refém do tempo.


Turismo no arquipélago das Quirimbas:

Ilha de Ibo, um encanto decadente.

A ilha do Ibo - no arquipélago das Quirimbas - é um destino que começa a aparecer nos roteiros turísticos mais sofisticados a cinco e seis estrelas, como Quilálea e Matemo.
O Ibo ainda mantém um ar decadente, e já despertou o interesse nacional e internacional pelo grande património arquitectónico que possui, pelo que representa na história dos povos português e moçambicano.
«Casas de pedra e limo, bichos obstinados na sua quietude. Pacientes, embalados pelo vaivém das marés. Deixando que o sal lhes carcuma a pele por terem desde há muito desistido de contrariar o tempo», escreveu numa estória da ilha, João Paulo Borges Coelho.
As ruínas das casas, as ruínas das varandas, elemento tão característico da ilha, as ruínas das estradas, tudo isto foi levantado e estudado pela Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico (FAPF) de Maputo e publicado agora em livro, «Ibo - a casa e o tempo» pela pena de Júlio Carrilho, poeta e arquitecto e oriundo do Ibo.
É apresentado ao público, em Maputo, juntamente com «Pemba, as duas cidades», levantamento da cidade de cimento e da «informal»: a expansão recente da antiga Porto Amélia é constituída da adaptação à resistência permanente no ambiente urbano de uma tipologia de casa pré-colonial transformada e evoluída através de uma sabedoria antiga e ainda viva.
A ilha do Ibo já foi um terra de comércio de escravos.
Quando a capital dos grupo de ilhas Quirimbas foi mudado para Pemba, a ilha do Ibo já não foi mais nada.
Ficou refém das marés vivas e do esquecimento do tempo, com as varandas sempre mais vazias e sempre mais decadentes. Já se pensou fazer dela o centro de Zona Especial de Turismo, mas não deu em nada.
Hoje o ambiente é mais favorável e muito se deve à mudança de mentalidade da qual a FAPF é certamente uma das principais mentoras, com o director José Forjaz e uma equipa de arquitectos moçambicanos e italianos que estão a levar a cabo o levantamento do património arquitectónico moderno moçambicano.
Em Moçambique, onde os monumentos históricos não são certamente uma presença significativa, parece ainda mais importante tutelar este património arquitectónico que constitui a cara mais evidente das cidades de cimento, seja pela qualidade específica seja pela dimensão e o papel urbano, elemento importante pelo turismo urbano e sustentável, actual aposta de desenvolvimento.
«Ibo- a casa e o tempo» tem o aspecto mais de um diário de viagem do que um tratado de arquitectura. Júlio Carrilho, entre plantas urbanas e fotos de edifícios, relata as entrevistas feitas com os velhos habitantes que todos os segredos sabem das casas, das argamassas, da cal e das ervas usadas para ser mais forte. Reconhece um espaço especial a quem quando a maré não deixa pescar, come apenas maçanicas.
E faz um acto de amor para com a sua ilha, alimentando o optimismo da convicção de que «também o presente ciclo de degradação e um certo marasmo será ultrapassado pela redescoberta da riqueza natural, de novas vocações para o relançamento económico e social e da importância do património tangível e intangível das ilhas no seu conjunto e do Ibo, em particular».

Paola Rolletta - Via: Expresso África.

10/04/05

Moçambique - Nomeados secretários permanentes provinciais

2005/09/29

No âmbito da reforma do sector público em curso no país, que estabelece princípios e normas de organização, competência e funcionamento dos órgãos locais do Estado nos escalões de província, distrito, posto administrativo e localidade, a Primeira-Ministra, Luísa Diogo, nomeou secretários permanentes provinciais.

Assim sendo, foi nomeado:
José Geraldo Caetano para a província do Niassa,
Francisco Usseme Mucanheia, Nampula,
Claudina Maria Mazalo, Tete,
Mário Inácio Ornia, Manica,
Ana da Graça Simione, Gaza,
Raquel Jacinto Maria, Inhambane,
António Viagem Máquina, Sofala,
João Inácio Ribáuè, Cabo Delgado,
Albertina Mário Tivane, Zambézia,
Luís Augusto Mambero, província do Maputo
e Samuel Miguel Modumela, para a cidade de Maputo...
fonte: NOTÍCIAS
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...e o que se comenta a respeito, na net:

Anónimo - 2005/10/04 - 10:22 - Essa coisa de PERMANENTE é sempre muito complicada, fazem do posto como a sua quinta.
O Governo deve manter os funcionários ou os tais secretários enquanto desempenharem com competência e profissionalismo os seus cargos se cumprirem são despedidos, se cumprirem então continuam no cargo.
Agora, se são permanentes o Governo terá de pagar uma indeminização quando os quiser mandar embora e isso sai muito caro ao país.
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Desiludido - 2005/10/04 - 06:42 - Me parece mesmo que é "jobs for the boys".
E, em pagamento de quê?
Fraudes eleitorais?
Silêncio absoluto?
Enfim... que nos mostrem o orçamento para os gabinetes destes e nos deixem avaliar o que esse montante resolveria.
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Anónimo - 2005/10/03 - 10:52 - Secretários permanentes ou secretários a prazo é igual, ainda vamos passar muita fome.
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Xavier Mandimba - 2005/10/03 - 02:52 - Este governo não pára de me espantar com o sarcasmo com que procede às famosas reformas.
Em vez de realizar as tão necessárias reduções de pessoal burocrático, optou por uma campanha estilo "jobs for the boys" e pelo aumento vertiginoso da despesa pública com salários de nomeações de eficiência duvidosa.
Com as recentes nomeações, estou a ver o chefe do gabinete do governador, o director de apoio e controlo e o secretário permanente a degladiarem pela atenção do chefe e pelo poder de influenciar a hierarquia.
Tenho dito.
XC
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Hosi Yale Kaya - 2005/10/01 - 16:20 - Se os SP-Provinciais tiverem a mesma natureza que os SP-Ministeriais, é bem pensado pois há que garantir continuidade na agenda provincial que transcenda a nomeação dos governadores ou a sua substituição.
Assim, acabaria a palhaçada de um governador sair de uma provincia para a outra com todo o seu gabinete...
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Khwnikwakhwhiia - 2005/09/30 - 05:29 - O que mais me interessa é saber qual é a tarefa exclusiva de secretários permanentes provinciais.
Será que ocupam um lugar vago ou é mais aquilo de encher pessoas sem tarefas no aparelho do Estado o que implica problemas económicos para sectores chaves.
Eu sempre fui da opinião que se avaliasse o trabalho dos sectores existentes e se extinguissem os que chupam o erário público sem função relevante nenhuma.
Muitos gabinetes devem-se fechar e pôr-se os quadros no terreno!
Mas eu lamento que este governo para se mostrar que é outro apenas aumenta as despesas públicas com chefias.
Os doadores dirão que já não dão e aí ficaremos com escolas sem professores ou hospitais sem enfermeiros.
O governo responsabilizará como sempre aos países ricos.
Agora avaliando o que económicamente implica secretários permanentes (Salários, transportes, gabinetes, residências oficiais, etç.) fico a ver que seja mais um problema para a pobreza absoluta e não uma solução.
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