9/24/07

ANCUABE - Custos elevados e equipamentos ultrapassados paralisam fábrica de grafites.

A reativação da fábrica de grafites de Ancuabe, em Cabo Delgado, está, em grande medida, condicionada à chegada da energia da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) ao distrito. Aquela unidade está paralisada devido aos elevados custos operacionais e à obsolescência dos equipamentos. O Governo diz que continua a desenvolver esforços no sentido de atrair investidores para aquele “gigante adormecido”.
Tal como apurou a reportagem do Notícias, a reactivação da fábrica é aguardada com muita expectativa, tanto que o projecto é considerado prioritário no Plano Estratégico Distrital aprovado no ano passado.
Segundo alguns membros do Conselho Consultivo Distrital de Ancuabe, a reactivação da fábrica não só poderá contribuir para a melhoria da receita local, como também poderá absorver muita mão-de-obra actualmente desempregada.
“A fábrica tem o problema da obsolescência dos equipamentos, daí que, mesmo chegando a energia, vai necessitar de uma reabilitação. Fala-se de um concurso que será lançado brevemente, mas a vinda da energia é uma prioridade porque esta é uma fábrica que absorvia grande parte da mão-de-obra do distrito”, explicou Geraldo Ndudo, administrador de Ancuabe. Acrescentou que a chegada da energia vai estimular o negócio no distrito, também pode promover a pequena indústria, como carpintarias, casas de frio para conservação do pescado, para além de dinamizar outros serviços.
Por seu turno, o governador da província, Lázaro Mathe, confirma o atraso que se verifica na chegada da energia a Ancuabe. Detalhou que, numa primeira fase, a corrente eléctrica da rede nacional chegou a Pemba e Pemba-Metuge. Na segunda fase prevê-se que, partindo da subestação de Metoro, a corrente chegue a Ancuabe, Montepuez, Chiúre e uma parte da zona norte de Nampula, que é o distrito de Namapa. Inicialmente estava previsto que os trabalhos estivessem concluídos até Junho deste ano, mas por razões organizacionais tal não foi possível. Lázaro Mathe diz que a província já tem a garantia do Ministério da Energia de que até Dezembro próximo a energia chegará a esses distritos.
O governador de Cabo Delgado acrescenta que a chegada da energia poderá levantar o “monstro” que é a fábrica de grafites de Ancuabe. É por isso que a Direcção Provincial de Recursos Minerais e Energia está a trabalhar no sentido de que quando chegar a energia não haver muitos tempos mortos. Observa, contudo, que isso não só depende do Governo provincial, mas também do executivo central e, por fim, dos proprietários daquele empreendimento.
Maputo, Segunda-Feira, 24 de Setembro de 2007:: Notícias

Moçambique - Norte - Crise na produção de sal provoca alta de preços.

As províncias de Nampula, Cabo Delegado e Niassa, no norte do país, estão a enfrentar uma grave crise no abastecimento de sal, facto que já está a levar ao aumento do preço de venda deste produto no mercado, pressionado pela invasão de intervenientes nacionais e estrangeiros, sobretudo do vizinho Malawi, na sua comercialização.
O “Notícias” soube que a crise se deve às chuvas que se estão a registar nos últimos dois meses fora da estação, afectando os distritos da Ilha de Moçambique, Mossuril, Nacala-Porto e Nacala-a-Velha, considerados os maiores produtores de sal. A chuva tem influências negativas no processo de produção, provocando interrupções constantes na actividade das salinas.
Mahomed Yunuss, presidente da Associação dos Produtores de Sal em Nampula, confirmou o facto, acrescentado que as chuvas imprevistas que se têm registado nos últimos tempos, estão a destruir os canteiros, assim como o sal que se encontra em fase de secagem, incluindo as vias que servem para o escoamento do produto para o local de ensacamento.
“Para reactivar o processo produtivo precisamos de algum tempo. Ao mesmo tempo somos obrigados a recrutar mão-de-obra suplementar para acelerar o processo de reparação dos danos e recolher o sal mas, mesmo assim, temos tido surpresas porque as chuvas que estão a cair fora das previsões provocam prejuízos financeiros avultados”, explicou a fonte.
Nampula é considerado o maior produtor de sal na região norte, tendo planificado para a campanha que vai de Julho a finais de Setembro, uma produção estimada entre 45 mil e 50 mil toneladas daquele produto.
Mahomed Yunuss precisou que devido aos constrangimentos provocados pelas chuvas, a produção do sal naquela parcela do país não vai ultrapassar as duas mil toneladas. A consequência directa deste facto é o aumento da sua procura o que na óptica do nosso entrevistado, não será suficiente para abastecer o mercado local, o que vai concorrer para a actual subida do seu preço de venda ao público.
Segundo informações colhidas pela nossa Reportagem no local, agentes envolvidos na comercialização do sal provenientes de Malawi, estão a invadir as zonas de produção, daquele produto para garantir compras em quantidades significativas a fim de abastecer o mercado daquele país.
Os intervenientes nacionais não estão parados e o seu esforço é de conseguir mercados nas províncias de Cabo Delgado e Niassa. Este facto originou a subida nas compras de sal em cerca de três a cinco vezes mais, comparativamente aos que eram praticados antes de Julho último. Neste momento, o saco de sal de 20 quilogramas está fixado entre oitenta e cem meticais. Antes da crise a mesma quantidade era vendida a vinte meticais.
Maputo, Segunda-Feira, 24 de Setembro de 2007:: Notícias