9/26/07

Do Porto para a Beira em Moçambique...Parte 2

Lixo por lixo, que se lixem os moçambicanos !
Porto oferece camião com 25 anos de vida!
A Câmara Municipal do Porto aprovou ontem a oferta à sua congénere da Beira, Moçambique, de um camião de recolha de lixo com 25 anos de actividade, 150 casacos de fatos de trabalho, três computadores, livros e equipamento escolar.
Desculpem lá, mas oferecer um camião com 25 anos de actividade faz-me lembrar a oferta de peixe podre, fuba podre e porrada se refilares.
Mesmo assim, admiti que haveria engano na idade do veículo que Rui Rio resolveu dar à Beira, ainda por cima no âmbito do protocolo de geminação entre as cidades do Porto e da Beira, estabelecido em 1989, e na bolsa de cooperação aprovada em 2005 para a “promoção de iniciativas específicas na área da ajuda pública ao desenvolvimento e da Lusofonia”.
Engano qual quê!
A própria autarquia justifica a dispensa do camião, um Mercedes 1613, com o facto de “não possuir valor comercial”, apresentar um “estado de conservação que não confere a sua utilização na recolha de lixo pela cidade” e de o desempenho do motor ser “desajustado para vencer as solicitações que o tipo de recolha requer”.
Ou seja, é mesmo verdade.
Lixo por lixo, que se lixem os moçambicanos.
Não serve para o Porto, pouco mais é que um amontoado de lixo e, por isso, toca a enviá-lo com o rótulo de cooperação e solidariedade para os nossos irmãos do Índico.
Não está mal, caro presidente da Câmara Municipal do Porto.
O seu homólogo da Beira, que certamente tem bem mais do que fazer, vai aceitar a oferta e mandar o camião para o sítio certo: o lixo.
Atrevo-me, contudo, a sugerir que coloquem o camião numa praça central da cidade da Beira com um cartaz a dizer: Homenagem à cooperação com a Câmara do Porto.
Orlando Castro - O Observador de 26/09/07
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Obsv. - Que vergonha desnecessária Sr. Presidente da Câmara do Porto !!!!

Moçambique - Norte - Governo tenciona às pressas desenvolver infra-estruturas de saneamento...

Maputo 26/09/07 – O Governo moçambicano promete potenciar o desenvolvimento de infraestruturas de saneamento e águas na região norte do país, nomeadamente nas províncias da Zambézia, Nampula, Cabo-Delgado e Niassa, até 2008, como forma de proporcionar um melhor enquadramento desta parcela do país, na competição da zona do livre comércio, a vigorar a partir do próximo ano, em todos os Estados da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), com a excepção da República Democrática do Congo, que ainda não ratificou o referido protocolo.
Segundo anunciou na semana passada em Maputo, a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Alcinda de Abreu, “nós (Governo) vamos até 2008 dar um salto no desenvolvimento de infra-estruturas de saneamento e águas na região nas províncias da zona norte e algumas do centro”, sem contudo apontar os montantes envolvidos neste projecto e se bem que tenha informado na circunstancia em que fez tais promossas que neste momento o Governo ainda aguarda pelo desembolso dos fundos necessários para a execução do projecto.
Embora reconheça a falta de infra-estruturas e a precariedade das poucas já existentes, o Executivo dirigido por Armando Guebuza e Luísa Diogo defendem que Moçambique sómente estará em condições de integrar a referida zona de mercado livre da SADC, a partir da segunda metade de 2008.
De acordo com Alcinda de Abreu, o plano para o desenvolvimento e construção de infra estruturas, nas regiões Centro-e Norte do País, já foi aprovado pelo Governo, mas há ainda um senão, neste momento ainda aguarda pelo desembolso dos fundos necessários para a execução dos projectos.
As regiões Norte e Centro do país, enfrentam enormes dificuldades em termos de infra estruturas, e se bem que desde há anos haja apelos constantes das comunidades locais para o governo inverter tal situação o esforço tem sido considerado diminuto. Desde há décadas que os partido da oposição vêm a considerar que os sucessivos governos promovem as desigualdades e os desequilíbrios notórios entre o Norte e o Centro beneficiando apenas o extremo sul do País. Hoje até alguns responsáveis de Governos locais admitem que a situação que prevalece pode vir a comprometer seriamente a sua integração na competição comercial ao nível regional da SADC e o Governo central aparece à pressa a afirmar que vai inverter a situação mas simultaneamente reconhece que não tem ainda na mão verbas para concretizar as promessas.
Sobre a entrada em vigor do protocolo que estabelece o Mercado Livre entre Países da SADC, alguns agentes económicos tem vindo a revelarse cépticos quando às reais capacidades do mercado nacional, sobretudo por falta de infra-estruturas e outros recursos, que segundo eles seriam a única forma de propiciar um melhor ambiente de negócios e rentabilidade, dado que o propalado projecto «Made In Mozambique», já a ser recusado por algumas empresas nacionais, pressupõe um desafio de produzir produtos com qualidade certificada, que passa necessariamente por melhor qualidade de recursos e mais apoio do governo que reclamam mas continua a não existir.
Na verdade, os operadores nacionais de negócios, sobretudo os de pequena e média escala, actuam sobretudo no sector informal onde as condições gerais, infra-estruturas e outras, são precárias precisamente porque a oferta que fazem ao mercado não tem ainda qualidade para competir com outros produtos semelhantes importados.
A falta de infra-estruturas, faz-se sentir também nas zonas rurais, evidenciando que os constrangimentos afectam essas zonas de significativa concentração de consumidores.
O Banco Central, divulgou recentemente resultados de um estudo, em que afirma a dado passo que 402 milhões de meticais foram creditados aos agentes económicos do sector privado aplicar em áreas de Construção e Turismo, mas a dívida contraída não tem estado a ter retorno, isto é, os beneficiários dos créditos dizem estar a ter muita dificuldade em amortizar.
Sabe-se entretanto que a falta de infra-estruturas e outros meios, coloca Moçambique na 7.ª posição (com 2 por cento) de capacidade de produção ao nível dos países da SADC, estando igualmente na 9.ª posição dos países membros deste bloco, em termos de oportunidades e facilidades de negócios, segundo apontou um recente estudo, levado a cabo, no âmbito deste projecto regional.
Outro aspecto negativo que Moçambique tem, e que as autoridades têm prometido estancar, é a pobreza absoluta. Constitui hoje a bandeira do Poder Executivo que durante anos também prometeu o Futuro Melhor mas de que hoje se podem aferir os resultados ou muito contestados ou praticamente nulos embora estatisticamente possam parecer diferentes do que a população realmente sente.
A entrada em vigor do sistema de mercado livre da SADC poderá no entanto vir a beneficiar muito Moçambique, de acordo com certos analistas. Esses defendem que o protocolo seja usado para aqui se incorporar algumas mais valias em produtos importados que possam posteriormente ser competitivos na região.
Bernardo Álvaro-Canal de Moçambique-26/09/07