9/28/07

Moçambique - Mega barragem no vale o Zambeze.

Brasileira Camargo Corrêa apresenta plano de barragem de R$ 2,8 bi.
Maputo, 27 Set (Lusa) - Um consórcio do qual faz parte a construtora brasileira Camargo Corrêa entregou ao governo moçambicano a proposta final para a construção da megabarragem de Mphanda Nkuwa, no vale do Zambeze (centro do país), um projeto avaliado em 1,1 bilhão de euros (R$ 2,8 bilhões).A proposta, a única entregue, foi feita numa cerimônia de que participaram os ministros moçambicanos da Energia, Salvador Namburete, e das Finanças, Manuel Chang, além do embaixador moçambicano no Brasil e um representante da embaixadora brasileira em Maputo.O consórcio - formado pelas empresas Camargo Correa, Eletricidade de Moçambique (EDM) e Energia Capital - anunciou ainda que foi escolhido o modelo de project finance (estruturação financeira para viabilizar o empreendimento).Na cerimônia de apresentação da proposta, o ministro moçambicano da Energia falou ainda sobre a possibilidade serem construídas "mais cinco barragens" ao longo do rio Zambeze, uma forma de "tornar mais eficaz o controle hidrológico".
Financiamento
Especula-se que o banco estatal chinês Eximbank, instrumento da política de cooperação econômica entre a China e os países de língua oficial portuguesa, vai financiar do projeto de construção da megabarragem, que terá uma capacidade de produção de 1.500 megawatts.
"Se o banco chinês quiser entrar com financiamento, pode entrar. Qualquer outro banco que quiser entrar pode entrar, mas isso é em negociação direta com o consórcio", disse à Agência Lusa o ministro moçambicano da Energia, Salvador Namburete.
O representante da Energia Capital, Jivá Remtula, afirmou que "ainda não está definido quem irá financiar". "Fizemos várias consultas ao mercado financeiro, até para obter os pressupostos com base nos quais o setor bancário está disposto a financiar esse projeto", disse.
"A questão do Eximbank é anterior à nossa manifestação de interesse junto do governo. Não conheço os contornos, acredito que o governo seja a melhor entidade para falar sobre isso", disse Remtula, ressaltando que o consórcio procura financiamentos da iniciativa privada.
Obra
O início da construção da barragem de Mphanda Nkuwa está previsto para o começo de 2009, e a conclusão foi fixada para 2013.
A proposta prevê ainda a instalação de uma linha de transmissão de energia de 1.400 quilômetros desde a barragem até Maputo, no extremo sul do país, orçada entre 1,2 e 1,6 bilhão de euros (entre R$ 3,1 e R$ 4,1 bilhões).
A barragem está no topo das prioridades do governo, que pretende vender o excedente da energia produzida a outros países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), grupo que conta com os lusófonos Moçambique e Angola.
O grupo, que também tem como membro a África do Sul, é completado por República Democrática do Congo, Suazilândia, Botsuana, Namíbia, Lesoto, Seychelles, Tanzânia, Maurício, Zâmbia, Zimbábue e Maláui.
Com 39 rios correndo em direção ao Oceano Índico, Moçambique tem um dos mais elevados potenciais de produção de energia elétrica da África Austral, estimando-se que possa produzir até 12 mil megawatts de energia elétrica.
O país consome apenas 350 megawatts.
Lusa - 27/09/07 18:09:48

9/27/07

Bispo de Moçambique acusa europeus de infectar camisinhas com HIV.

A mais proeminente figura da Igreja Católica de Moçambique causou revolta em ativistas anti-Aids nesta quinta-feira, ao afirmar que camisinhas produzidas na Europa são deliberadamente infectadas com o vírus HIV "para acabar o povo africano".
"Sei que em dois países europeus estão produzindo camisinhas com vírus de propósito", disse em entrevista à BBC o arcebispo Francisco Chimoio.
"Eles querem acabar com o povo africano. Querem colonizar tudo. Se não tomarmos cuidado, estamos liquidados", acrescentou.
O arcebispo, que não detalhou exatamente os responsáveis pela suposta fraude, disse ainda que drogas antirretrovirais também estão sendo contaminadas.
A Igreja de Moçambique se opõe formalmente ao uso de camisinhas para combater a Aids, e prega a fidelidade no casamento ou a abstinência sexual.
"Se quisermos mudar a situação para encarar o HIV/Aids, é necessário adotar uma nova mentalidade. Se não mudarmos nossa mentalidade, estaremos liquidados em breve", acrescentou o arcebispo.
"(A nova mentalidade) significa casamento, fidelidade às suas mulheres e jovens se abstendo das relações sexuais."
Ativistas anti-Aids qualificaram as declarações como "bobagem".
"Há anos utilizamos camisinhas, e ainda achamos que elas são seguras", disse à BBC a ativista moçambicana Marcella Mahanjane.
Já o ativista Gabe Judas, que coordena um grupo de teatro para promover a conscientização sobre o problema, disse:
"As camisinhas são uma das melhores maneiras de se proteger contra a Aids. São uma maneira segura e as pessoas devem usá-las".
O correspondente da BBC em Maputo Jose Tembe disse que as estimativas indicam que a contaminação por HIV afeta mais de 16% da população de 19 milhões de habitantes do país.
Cerca de 500 pessoas são infectadas a cada dia.
O catolicismo é praticado por 17,5% da população moçambicana. De acordo com o correspondente, o arcebispo --um dos facilitadores do acordo de paz que pôs fim a 16 anos de guerra civil em 1992-- é bastante respeitado no país.
In - Folha OnLine/BBC-Brasil - 27/09/07 08:22