10/10/07

Zimbabwe - Dirigente do ANC insurge-se contra “tirania do regime de Mugabe”

Joanesburgo - Kader Asmal, ex-ministro do governo sul-africano, advogado, deputado e membro do comité executivo do Congresso Nacional Africano (ANC), acusou o governo do presidente Mugabe de “conduzir uma guerra tirânica contra o seu próprio povo”.
Discursando, na quinta-feira à noite, na sessão de lançamento do livro da activista zimbabueana Judith Todd “Trough The Darkness” (Através da Escuridão), Asmal não poupou o regime da Zanu-PF e o seu líder Robert Mugabe, afirmando que só lamenta não ter falado mais cedo sobre a tragédia no Zimbabue.
As palavras de Asmal, que merecem grande destaque na imprensa de Joanesburgo, constituem uma clara afronta à atitude do Presidente da República e líder do ANC, Thabo Mbeki, que nunca denunciou as violações dos direitos humanos no Zimbabue e sempre se recusou a criticar o seu homólogo zimbabweano.
Kader Asmal admitiu que o silêncio tem feito dele cúmplice da situação e questionou os pontos de vista de Thabo Mbeki, segundo os quais apenas os zimbabweanos podem decidir o seu futuro.
Lamentando a forma como as coisas no Zimbabue se transformaramem “cinzas e mais cinzas”, o político e professor universitário afirmou que “a liberdade que se viveu no Zimbabue nos anos 80 tornou-se um pesadelo em consequência da preservação do poder em meia dúzia de mãos”.
Declarando que fala como “orgulhoso cidadão de uma África do Sul livre, que deveria ter aberto a boca e feito campanha há muito contra um regime que colocou o Zimbabue de joelhos”, o político do ANC não hesitou em classificar o Presidente do Zimbabue como um “tirano”.
“E porque é que só falo agora? Eu deveria tê-lo feito nos anos 80, quando milhares de pessoas foram assassinadas pela infame 5ª Brigada em Matabeleland. A Igreja Católica falou, eu não”, penitenciou-se Asmal.
O livro “Through The Darkness”, agora publicado na África do Sul, narra os acontecimentos ocorridos precisamente nos anos que se seguiram à conquista do poder por Robert Mugabe.
Em 1982-83, receoso de uma possível rebelião de dirigentes da tribo ndebele, da região de Bulawayo (à qual pertencia o então “vice” Joshua Nkomo), Mugabe enviou para aquela zona a 5ª Brigada, que havia sido treinada na Coreia do Norte.
Segundo milhares de testemunhos recolhidos pela Igreja Católica, ONG e activistas - e que deram mesmo origem a um relatório da ONU- as tropas, que respondiam directamente a ordens de Robert Mugabe, mataram mais de 20 mil civis, enterrando-os em valas comuns.
A gozar na altura ainda de uma forte imagem de “libertador do Zimbabue”, Mugabe acabaria por não receber mais do que tímidas e raras críticas da comunidade internacional.
(Redacção e Lusa) - In MediaFAX 3886 de 09/10/07

NORTE DE MOÇAMBIQUE - Queimadas & Consequências...

Queimadas descontroladas comprometem acções de reflorestamento.
Maputo - As queimadas descontroladas no norte do País constituem a maior inquietação para as
acções de reflorestamento em curso naquela região do País.
Para acabar com o fenómeno, as autoridades apostam no envolvimento das comunidades na gestão de florestas.
“Para os projectos florestais que estamos a desenvolver, as queimadas constituem a maior preocupação, este hábito (de queimadas) é secular no seio das populações, elas usam-no como método de limpeza de campos.
Para acabar com essa prática, temos um programa de educação contra queimadas onde se inclui maior interacção com as autoridades tradicionais ” disse ontem em Maputo, Dom Mark Koevering, da Igreja Anglicana do Niassa.
De acordo com Dom Mark, cuja igreja está envolvida num projecto florestal orçado em 110 milhões de dólares americanos que serão aplicados no florestamento de zonas desérticas no País.
Para a província do Niassa estão preparados 25 milhões de viveiros (eucaliptos e pinheiros) que serão plantados em 3000 hectares na presente época, o que criará 600 postos de trabalho.
O investimento será aplicado de forma paulatina.
“Começámos o projecto há três anos no plantio de 100 hectares de florestas, altura em que gastámos cerca de 4 milhões de dólares americanos.
Para este ano prevemos aplicar 5 milhões de dólares”, disse.
Na ocasião, Filipe Couto, Reitor da Universidade Eduardo Mondlane, evidenciou a sua discordância com o fenómeno de queimadas descontroladas, daí que disparou: “ as queimadas tem que acabar”.
Uma fonte do Ministério da Agricultura, MINAG, disse ao mediaFAX que dentro da estratégia daquele ministério, para acabar com as queimadas descontroladas, instituiu-se o sistema de gestão comunitária dos recursos naturais, para o caso em apreço de florestas, onde 20 por cento dos ganhos provenientes da natureza, revertem a favor das populações locais.
A iniciativa reduziu drasticamente a incidência de queimadas descontroladas e isso traduz-se em melhorias de vida das comunidades locais, garantiu a nossa fonte.
Entretanto, a Universidade Eduardo Mondlane e a as empresas Chikweti Forest of Niassa e Tectona Forest of Zambézia, rubricaram ontem um memorando para a cooperação em vários domínios da área florestal.
A UEM juntamente com a Igreja Anglicana detém participações nos projectos de reflorestamento levada a cabo pelas empresas a que fizemos referência.
Daniel Maposse - MediaFAX 3886 de 09/10/07