10/10/07

Mariza, o Fado, Moçambique, Brasil e Portugal...

Carlos Saura foge das convenções e mistura fado e dança em seu novo filme.
Lisboa (AFP) — O diretor espanhol Carlos Saura foge de todas as convenções em seu último filme, "Fados", ao misturar dança ao fado, música tradicional portuguesa, famosa por sua nostalgia e melancolia e que, em geral, é escutada da forma mais comportada possível.
No filme, o diretor espanhol de 76 anos mostra uma visão muito pessoal do fado.
Segundo ele, a película tenta dar uma imagem diferente ao gênero musical, mostrando sua evolução, de suas discutidas e incertas origens até às mais novas interpretações, mais inovadoras, feitas por uma jovem geração de artistas.
Segundo alguns especialistas, o fado teria nascido no Brasil, onde os ritmos negros dos escravos africanos se misturaram às "modinhas", músicas dos salões nobres portugueses.
O ritmo teria entrado em contato com os portugueses que vieram ao Brasil em 1807, fugindo de Napoleão.
A questão, no entanto, gera polêmica nos meios especializados.
"Muitos fados tem um ritmo e uma cadência que podem ser dançados; dizer que o fado não foi feito para se dançar é uma invenção puramente portuguesa", afirmou Saura para a AFP.
O fado, conta o diretor, está em plena evolução, assimilando conceitos dos ritmos brasileiros, africanos, hip hop e música clássica, além de contar com intérpretes de diferentes nacionalidades, como Caetano Veloso e Chico Buarque, Mariza, de Moçambique, e a mexicana Lila Downs.
Ao optar pelo plural "Fados", Saura quis assinalar a variedade e as novas possibilidades do gênero.
"Colocamos no filme certos elementos que acreditamos terem influenciado o fado, como os ritmos brasileiros e africanos", explica.
"O fado faz parte de minha cultura, como o tango e outros estilos musicais", assinala.
Uma nova geração de fadistas surgiu nos últimos anos, disposta a assumir terreno e deixar sua marca pessoal, com artistas como Camané, Katia Guerreiro, Mafalda Arnauth, Cristina Branco, Pedro Moutinho e Mariza.
Nascida em Moçambique, Mariza, que figura em "Fados", está se tornando na nova diva no gênero, inspirando-se nos países que falam português e agregando instrumentos novos ao ritmo.
"Ela me parecia uma das artistas que poderia romper melhor o círculo do fado", afirma Saura.
"Parecia-me fundamental renovar o fado; existe um fado ortodoxo, clássico, que vai durar para sempre; e existe outro que leva os fadistas a ir mais além; acredito que a mistura é fundamental", analisa o cineasta.
"Fados" é o último filme da trilogia do cineasta espanhol consagrada a musica, depois de "Flamenco", em 1995, e "Tango", em 1998.
In AFP - 09/10/07

Sugestão de arma para combater os elefantes em Cabo Delgado.

Zumbido de abelha afugenta elefantes, diz estudo
O zumbido de abelhas irritadas pode trazer algum alívio para moradores de vilarejos africanos que costumam ter suas colheitas devoradas regularmente por elefantes famintos.
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Pesquisadores da Universidade de Oxford descobriram que elefantes abandonam rapidamente uma área depois de ouvir gravações do som de abelhas.
Os insetos podem dar picadas doloridas na parte interior da tromba dos animais e, acredita-se, os elefantes aprenderam a evitá-los.
A pesquisa foi divulgada na revista científica Current Biology.
"Nós estamos um pouco cautelosos em relação à eficácia em larga escala", disse à BBC a líder da pesquisa, Lucy King, que realiza pesquisas no Quênia.
Ela disse, contudo, que as abelhas podem se tornar uma arma que os agricultores podem usar na situação certa.
Os elefantes gostam de milho, a principal colheita de milhões de africanos. Os animais costumam buscar as plantas pouco antes da época da colheita.
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Sombra
A equipe de pesquisadores de Oxford ocultou alto-falantes em árvores onde os elefantes buscavam sombra para se proteger do sol.
Enquanto eles descansavam, os cientistas tocaram som de abelhas gravado em colméias.
Este ruído claramente perturbou os animais e 94% das famílias de elefantes se afastaram das árvores em um período de 80 segundos depois de acionada a gravação.
King disse, contudo, que reconhece que os agricultores não têm dinheiro para comprar alto-falantes e minidisc e, por isso, o método para se livrar dos elefantes não é prático.
Os animais também são espertos e acabariam percebendo a ausência das picadas dolorosas.
"Nós não sabemos se isso aconteceria depois de tocar a gravação três ou trinta vezes, mas é claro que vai acontecer."
Pode ser mais prático e mais desejável, ela acredita, usar abelhas ao invés de apenas o som de zumbido.
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"Cerca de colméia"
Um outro projeto que os cientistas estão testando no Quênia envolve a criação de uma "cerca de colméia", onde a passagem de um elefante faminto levaria abelhas a começarem a voar e zumbir, fazendo com que o animal mude de idéia e fuja, evitando a área.
Uma experiência envolveria suspender uma série de colméias em estacas e ligá-las por fios.
Quando o elefante passa, o fio se movimenta perturbando as abelhas.
Em determinadas situações, colocar mais abelhas em comunidades rurais pode ajudar não apenas a proteger as colheitas mas também a incrementar o fornecimento de mel para consumo local ou para a venda.
Mas abelhas africanas são muito agressivas e dão picadas doloridas, então algumas comunidades podem resistir à idéia de utilizá-las.
A pesquisa é financiada, em parte, pela organização Save the Elephants (Salve os Elefantes, em tradução livre), que tem como missão "desenvolver uma relação de tolerância entre as duas espécies", de seres humanos e de elefantes africanos.
In - BBCBrasil.com 09/10/07