A apresentar mensagens correspondentes à consulta Baia de pemba ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta Baia de pemba ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens

4/29/08

Ecos da imprensa moçambicana - Nunca é demais repetir: Baía de PEMBA...a mais bela entre as belas !

Baia de Pemba- Maior beleza natural do mundo !
.
Maputo - A baia de Pemba, Província de Cabo Delgado, é considerado pela UNESCO como uma das maiores atracções turísticas do mundo o reconhecimento surge na sequência da candidatura desta baia ao titulo de património da humanidade ao clube das melhores baias do mundo, património da UNESCO, na qual sagrou se uma das maiores belezas naturais do mundo, o que lhe conferiu ingresso àquele organismo mundial.
A candidatura da baia de Pemba foi apresentada no passado mês de Outubro no Brasil, concretamente na praia da rosa, agora património da UNESCO, por uma equipa constituída pelo presidente do Município de Pemba, Agostinho N’tauli e representantes da Associação dos Naturais e Amigos de Cabo delgado, um evento que participaram representantes de 25 países interessados na promoção de turismo e das belezas naturais das baias.
De acordo com o Presidente do Município de Pemba o ingresso da baia no clube das mais belas baias do mundo afigura se uma entrada triunfal na medida em que, não só traz vantagens para a baia, mas sim para todo o País, sobretudo na promoção do turismo.
Apontou serem algumas vantagens que o clube pode trazer para a baia e coincidem com os desafios que o Conselho Municipal de Pemba apostou no Plano de Desenvolvimento da daquela cidade que são, nomeadamente, a promoção do turismo mundial, preservação do ambiente, promoção e conservação da cultura local, conservação e manutenção do estado natural das baias, defesa dos corais - espécies marinhas em via de extinção no mundo.
Refira se que aquela baia ja vinha lutando para o seu ingresso neste clube desde o ano 2002 junto da Associação dos Naturais e Amigos da Província de Cabo Delgado, actualmente conhecida por Cabo Delgado em Movimento.
Daniel Paulo
.
Alguns post's anteriores sobre a bela Baía de Pemba:
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 1 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 2 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 3 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas... 4 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas...5 - 11OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas II - 18OUT2007 - Aqui !
  • BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas III- Histórias e lendas - 20OUT2007 - Aqui !
  • Ecos da Imprensa Moçambicana - Pemba e o turismo... - 28ABR2008 - Aqui !

2/13/09

O NAVIO ENSOMBRADO - Um conto de Allman Ndyoko (Francisco Absalão)

(Clique na imagem para ampliar - Imagem ilustrativa original do ForEver PEMBA baseada na mixagem de diversas fotos)

Não havia em toda baia de Pemba a praia mais preferida pela minha malta, para a actividade lúdica, do que a Praia da Marinha. Ela ficava por trás do Quartel da Base Naval da Marinha e era muito calma e menos frequentado por banhistas por ter características impróprias ou menos atractivas para um merecido mergulho. Tinha águas quentes e cristalinas e um chão rochoso coberto por um tapete verde de algas e outras ervas marinhas. Aqui e acolá, quando a maré fosse baixa, via-se pequenas poças de água, onde peixes minúsculos e carangueijos vermelhos aguardavam a maré cheia. Já na orla marítima, o cenário era desolador: Búzios, areia grossa, montes de algas secas, ramais, folhas de árvores e frutos silvestres trazidos pela força das águas, da outra margem da cidade, no silêncio da noite, faziam parte do cenário oferecido naquele ponto da baia.

Para além disso, era frequente avistar grupos de mulheres pintados de mussiro e com lenços na cabeça pescando cardumes minúsculos com recurso às redes finas e outras apanhando ameijoas, ostras, carangueijos e caracóis marinhos que guardavam em bacias metálicas e floreadas cobertas de peneiras. Era igualmente frequente cruzar-se com pescadores simpáticos e humildes subindo e descendo às encostas da praia descalços, de tronco nú, trajando calções rotos pela acção contínua das águas do mar, chapéus de palha e empunhando remos, fios e redes de pesca, boías e, por vezes, o pescado.

De longe, ouvia-se o marulhar das ondas, via-se barcos à motor sulcando o mar e casquinhas à vela balançando e cortando impetuosamente as águas com os remos dos pescadores servindo de leme.

Já na parte superior da orla, desenhava-se um cenário diferente e belo, um tanto quanto, esverdeado e acinzentado composto por ervas, arbustos e plantas indêmicas que davam flores fechados e inchados, cor de rosa, que precionados estoiravam produzindo um barulho ligeiro muito apreciado pelos adolescentes da baia. Uma estrada asfaltada serpenteava a orla maritima ligando Paquitequete (rocha mãe da cidade de Pemba), Ingonane, Natite, Cariacó e Wimbe. Frontalmente ao mar, a natureza oferecia uma vista espectacular em que podia-se sentir o cheiro intenso do mar e vislumbrar, na outra margem da baia, as florestas de Ulonto, Bandari e um pouco de Metuge, para além de uma cadeia de pequenos montes no horizonte longínquo que desenhava-se horizontalmente desde à entrada da baia passando por Miéze e chegando a findar no cais local.

Como dizia, a preferência pela Praia da Marinha por parte da minha "legião" não se devia simplesmente à existência de inúmeras poças de agúa por onde podia-se soltar casquinhas de brinquedo artesanal e nem ao cenário oferecido do alto da estrada, mas sim à existência na margem daquela praia de uma flotilha da marinha de guerra avariada, desactivada e com o casco quase a cair de podre.

Este navio servia de sobremesa das nossas brincadeiras e era nele que aconteciam as nossas derradeiras brincadeiras, subindo ao convés, correndo por entre os corredores dos camarotes, acenando na claraboia, descendo à casa das máquinas, correndo com a mão passando na borda do navio e saltando do barlavento para o chão de areia grossa e branca como a neve, onde depois voltavamos a entrar para a casa das máquinas através de um pequeno orifício feito pelas águas do mar no casco da flotilha bem junto à hélice bronzeada que há muito resistia às investidas nocturnas do mar.

Uma certa tarde de Dezembro, após às nossas brincadeiras no mar, uma camada espessa de nuvens escuras cobriu inesperadamente o sol quando lentamente caia no horizonte colorindo o ambiente de um tom alaranjado. O céu ficou sinistro e rugiu vezes sem conta, como se do alto lançassem inúmeros tambores vazios que rolando rapidamente precipitavam-se para o outro lado da baia num percurso quase infindável.

- Vamos ao navio! – Disse Amur visivelmente dominado pelo medo do fenómeno que ocorria.
- Não. – Atalhou Saide e continuou. – Melhor é corrermos para casa...

Mal disse estas palavras, ouviu-se um forte ribombar do trovão acompanhado de um relâmpago assustador que corriscou os céus emitindo faíscas vivas que acabaram se lançando rapidamente na imensidão do azul do mar. Molhados pelas águas do mar da ponta dos pés aos cabelos, saímos correndo atrapalhados ao encontro de um abrigo no navio amigo. Entramos pela abertura junto à hélice, alcançamos a casa das máquinas e no meio da penumbra subimos ao convés passando por dois camarotes trancados. Já no convés, a chuva despenhou-se em catadupa sobre a baia criando má visibilidade no mar e na terra firme.

- Estamos tramados! – Disse alguém entre nós.
- Não se preocupem! – Disse-lhes em jeito de encorajamento. – Isto é simplesmente uma nuvem passageira.
- Espero que realmente as tuas palavras sejam reais. – Desabafou Saide encolhido nos seus vestes molhados.

A chuva caiu todo fim da tarde acompanhado de relâmpagos e rugidos de trovão. Longe da chuva abrandar-se, a noite fez-se presente com as trevas envolvendo lentamente o ambiente. O silêncio no navio tornou-se incómodo e a escuridão pesadíssima. De quando em vez, ouvia-se o ranger das portas dos camarotes e o bater constante e suave de uma chapa na zona entre a popa e a proa.

De súbito, ouviu-se um forte sapatear no corredor dos camarotes acompanhado de vozes imperceptíveis que se confundiam com humanas e animais de tipo gato selvagem. Ficamos atentos com os ouvidos apurados e muito medrosos sem saber o que fazer. De repente, o sapatear infinito e as vozes imperceptíveis cessaram e lá fora a chuva abrandou e a trovoada começou a ouvir-se longe.

- Vamos embora, gente. – Sugeriu Nuro sussurando. – Isto não é normal.
- Mas donde sairemos? – Quis saber Saide medrica.
- Há uma pequena escada no princípio do corredor que leva aos camarotes que sobe até ao mastro. – Respondi-lhe sussurando e mais ou menos tranquilo.
- Então o que esperamos? – Amur briu as mãos reforçando as palavras e prosseguiu. – Vamos devagar e sem barulho.

Iniciamos a marcha pé-ante-pé e instantes depois ouviu-se o som de arrasto de correntes metálicas no corredor acompanhado de uivos e gritos humanos de desespero. Paramos e dirigimo-nos à claraboia. Os sons metálicos, os uivos e os gritos prosseguiram já com muita intensidade seguido de um outro som de abrir e fechar a porta com impetuosidade. Ficamos com os corpos e cabelos arrepiados e no meio do escuro vimos vultos altos vestidos de branco movendo-se vagarosamente em nossa direcção. Num impulso imperceptível, Nuro forçou uma das vidraças da claraboia e caiu quebrada no chão do lado frontal do navio. Pendurou-se na abertura e com pouco esforço, devido ao seu tamanho, lançou-se à borda lateral esquerdo do navio, onde caiu e sentou-se contorcendo-se de dor. Rapidamente, todos emitamos desesperadamente a proeza do Nuro e já fora do convés saltamos em conjunto para o chão profundo e arenoso, onde em seguida saimos correndo em debandada subindo a encosta da praia e mergulhando no escuro através de um pequeno e cansativo atalho tortuoso que conduzia à estrada que serpenteava o litoral. Assim que alcançamos o asfalto todos ofegantes, imediatamente, atravessamos a estrada e sem olhar para atrás, corremos desesperados debaixo da chuva que não parava de pancadear-nos com os seus pingos doces que, atingindo-nos à cabeça, escorriam involuntariamente até a boca, onde eram imperceptivelmente sorvidos com gosto no meio daquela corrida involuntária. Entretanto, atravessamos o Quartel da Marinha correndo em diagonal e, com a velocidade quase de uma estrela candente, deixamos para atrás espaços baldios e arborizados e, sem dar em conta, derrubamos arbustos e capim alto. Contudo, transcorrido algum momento desembocamos, sãos e salvos, na estrada que separa os bairros de Ingonane e Paquitequete, onde paramos no meio da luz de um poste de iluminação pública e deitamos em conjunto os olhares para atrás todos exaustos e com a respiração arquejante.
- Allman Ndyoko, 05/02/2009.
- Extrato do livro: Contos de Infância Distante.

O Autor:

  • -Francisco Absalão;
  • -Nome artístico -Allman Ndyoko;
  • -Nasceu em 11 de Abril de 1977 na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado em Moçambique;
  • -Residência actual - Maputo;
  • Breve biografia - Nasceu em Pemba no não muito longinquo ano de 1977. De pais originários do sul de Moçambique, residiu em Pemba de 1977 a 1990 quando foi residir para Maputo onde trabalha e tenta prosseguir os estudos (ciências sociais).

Leia também:

  • "O Incêndio" - Um conto de Allman Ndyoko (Francisco Absalão) publicado no ForEver PEMBA em 23 de Janeiro de 2009 - Aqui!
  • "O Suicídio" - Um conto de de Allman Ndyoko (Francisco Absalão) publicado no ForEver PEMBA em 02 de Junho de 2008 - Aqui!
  • "A Origem - Ou como surgiu o povo Makonde", texto de Francisco Absalão publicado no ForEver PEMBA em 29 de Março de 2008 - Aqui !
  • "O Turbilhão Lendário", texto de Francisco Absalão publicado no ForEver PEMBA em 24 de Outubro de 2007 - Aqui !
  • "O Nó Sagrado", um conto de Allman Ndyoko (Francisco Absalão) - publicado no ForEver PEMBA em 19 de Março de 2008 - Aqui !

10/18/13

18 de Outubro - DIA DA CIDADE DE PEMBA

''Extr. da publicação PEMBA, SUA GENTE, MITOS E A HISTÓRIA-1850 a 1960, de Luis Alvarinho, que também se baseou em documentação do Arquivo Hist. de Moçambique, B.O. e Boletim da C. do Niassa, entre outros:

- O embrião que veio dar origem à actual cidade de Pemba, data de 1857, como parcela da Colónia 8 de Dezembro, fundada por Jerónimo Romero e dissolvida 5 anos depois por diversos problemas de organização e adaptação dos colonos
  • - Porto Amélia ascende a vila por portaria de 19 de Dezembro de 1934.
  • - É elevada à categoria de cidade em 1958 pelo decreto-lei de 18 de Outubro-G.G. da Província.''
PEMBA DE ONTEM E DE HOJE
Por Carlos Lopes Bento para o ForEver PEMBA
 
Ao comemorar-se mais um aniversário da elevação de Pemba a cidade, aproveito a ocasião para saudar todos os seus habitantes e respectivas autoridades e visualizar algumas imagens do meu Album, que lembram um pouco da História recente desta bela urbe, do norte de Moçambique.
 



Para a cidade de Pemba e suas Gentes votos de um futuro próspero e pacífico.
- Portugal, Lisboa, 18 de Outubro de 2009, Carlos Lopes Bento.
Dia da Cidade de PEMBA
LEMBRANDO A CIDADE DE PORTO AMÉLIA/PEMBA E A POETISA GLÓRIA DE SANT’ANA
Pemba - Wikipédia
=======================================

E O HOJE DE PEMBA, em 18 de Outubro de 2013:
Aniversário de uma cidade surpreendida! - Noticias OnLine - (Na ótica de Pedro Nacuo)

"""A situação com que a cidade de Pemba é obrigada a coabitar não estava nas previsões de quase todos urbanistas, gestores públicos, incluindo os actores das diferentes áreas político-sociais, cultural e económico, razão porque hoje não é exagero dizer que esta cidade, aos 55 anos de idade, sente-se positivamente surpreendida com cada vez maior demanda, visando satisfazer os apetites que o desenvolvimento económico, por via das descobertas dos recursos naturais, mais a Norte, impõe.

Mesmo localizando-se há cerca de 500 quilómetros de Palma, o epicentro das descobertas de hidrocarbonetos, principalmente o gás, a cidade de Pemba, vive no seu dia-a-dia, o frenesim que uma indústria desse quilate exige, por conta do facto de, até aqui, ser a principal base logística de todas as operações das multinacionais em actividade, tanto em terra como no alto-mar.

Tagir Ássimo Carimo, presidente do Conselho Municipal de Pemba, eleito intervalarmente e que pretende concorrer para as eleições autárquicas do próximo mês, diz que a comemoração dos 55 anos, sobretudo por esta razão, deve servir de momento de reflexão do que será a capital de Cabo Delgado nos próximos 10 a 15 anos.

“As soluções não devem ser encontradas hoje, é o que costumo dizer aos meus colegas, mas deviam tê-lo sido Ontem. Estamos perante evidências às quais devemos simplesmente corresponder, para não defraudarmos as expectativas” diz.

Ainda que se fale da criação de condições logísticas em Palma, incluindo um porto, nada indica que a cidade de Pemba possa vir a ser dispensada a favor do eventual recurso àquele ou outros locais desta província.

Pemba tem um porto marítimo com capacidade de manuseamento de carga de 200.000 toneladas/ano, um aeródromo com ligações directas para Nairobi, Dar-es-Salaam e Joanesburgo e aqui operam cinco bancos e duas agências de crédito.

A baía de Pemba, poderá continuar por muito tempo ainda, a atrair turistas, pois para além de acolher um dos melhores portos da África Austral, oferecendo um amplo ancoradouro que pode ser demandado a qualquer hora, as suas águas são cristalinas sem par, tornando-se num chamariz para os diferentes apetites turísticos de quem vem das outras latitudes.

Ela mede cerca de 10 quilómetros no sentido Norte-Sul e cerca de 11.5 quilómetros Este-Oeste e tem na parte terrestre espaço que hoje é ocupado por 10 bairros e duas unidades residenciais, habitados por 141.316 habitantes, se tivermos fé nos dados do último censo populacional.

Tranquila, como lhe é tradicional, a cidade de Pemba tem encontrado dificuldades de os seus habitantes abraçarem as oportunidades que se oferecem, decorrentes das anteriormente propaladas descobertas dos recursos naturais, mais a Norte da província, justamente porque os seus habitantes ficaram literalmente surpreendidos, mesmo na formação dos seus residentes.

As contas que se fazem actualmente, falam numa força de trabalho de 77.668 pessoas, das quais 42.9% são mulheres, e 57,1% de homens e desse total, 72.5% são empregados e 25% sem emprego, uma carga a não menosprezar, tendo em conta que depois vão engrossar o sector informal, que representa 31,9%, para depois a agricultura e pesca ficar com 19.8 porcento.

É dentro deste quadro que passam os 55 anos de elevação de categoria de cidade, da antiga Porto Amélia, o que ocorreu a 18 de Outubro de 1958 e a edilidade em jeito de balanco, acha que tudo o que foi planificado, à luz do manifesto eleitoral, está a ser realizado, sendo que maior parte foi concluído.

UMA PEQUENA PONTE QUE MARCOU…
O bairro Josina Machel, mas que os populares chamam-no Noviane, nasceu da teimosia dos pembenses face aos rigores de ordenação territorial que eram impostos, que obrigavam que algumas zonas consideradas inóspitas ou reserva de Estado não fossem ocupadas.

A teimosia levou a que, à forca, os citadinos residentes noutros bairros invadissem tais zonas, onde avulta o Chibuabuari e Noviane (Josina Machel), permanentemente alagadiços, íngremes e apertadíssimos. A edilidade, depois que Assubugy Meagy, que foi o primeiro presidente eleito para o município de Pemba, deu lugar a Agostinho Ntauale, cedeu completamente, tendo, inclusive, a autorização da sua ocupação sido um cavalo-de-batalha para as eleições que conduziram este último ao cargo.

Os ocupantes, porém, vinham das suas casas, noutros bairros, onde deixavam novos inquilinos, no advento da “febre” de aluguer de casas para diferentes fins, incluindo, aqueles resultantes do nascimento de muitos serviços na cidade e universidades que chamaram a Pemba, estudantes e docentes que antes não viviam nesta autarquia.

Consumada a ocupação, nada mais restava ao município, do que assistir a um rápido e crescente avolumar de necessidades a satisfazer para os munícipes ali residentes, desde o abastecimento de água, energia eléctrica e outras facilidades, já em pé de igualdade com aqueles que, tendo entendido a medida proibitiva, não quiseram desafiar a autoridade municipal.

Na verdade, tanto Noviane (Josina Machel) quanto Chibuabuari, pertencem ao bairro de Cariacó, razão porque passou a ostentar o estatuto de mais populoso, mais de 47.000 habitantes, suplantando Natite, que até fins da década 90, era o que mais pessoas acomodava.

Nessa sua nova qualidade, Noviane enfrentava, entretanto, um dilema, de travessia de um riacho no seu interior que se havia transformado no maior entrave para que os seus residentes não fizessem a sua vida normalmente. Passou a ser a lamentação de primeiro plano, sempre que alguém das estruturas provinciais ou municipais reunisse com a população daquela área residencial, até que Tagir Ássimo Carimo, toma as rédeas da municipalidade.

No conjunto de infraestruturas e estradas urbanas concluídas, consta, pois a ponte que liga os bairros de Cariacó e a Unidade Josina Machel, inaugurada com pompa que a ansiedade justificava, no dia 20 de Setembro deste ano.

Foram igualmente construídos, no resto da cidade, os mercados dos bairros de Muxara, Mahate e Ingonane, já entregues às estruturas locais para a sua operacionalização, o mesmo que aconteceu em relação às sedes administrativas de Mahate e Maringanha.

Mas ainda há infra-estruturas em construção, nomeadamente, a sede administrativa do bairro de Paquitequete, do posto de saúde do bairro de Alto-Gingone e da Escola Secundária de Amizade Sino-moçambicana, nesta mesma zona habitacional.

Está, por outro lado, em construção uma estrada de terra batida, considerada via rápida, de 5 quilómetros, partindo dos escritórios da ANE (Administração Nacional de Estradas) ao bairro de Chiuba, bem assim foi iniciada a pavimentação em pedra argamassada a rua CI 034.

A LINGUAGEM DAS RECEITAS E A SUA APLICAÇÃO
O nosso jornal teve acesso aos balancetes que se referem às receitas do município, onde deparou com o facto de que houve uma auto responsabilização de colectar 55.525.720,00 MT, pelo menos até Junho do corrente ano, do que resultou um sobre cumprimento em 14%, pois a colecta foi de 62.898,341,95 Meticais.

O fundo de Investimento de Iniciativa Autárquica foi executado em 73 porcento, o de compensação em 71, de estradas em 46 porcento, de combate à pobreza em 99 porcento e do Programa de Desenvolvimento Autárquico,em 64 porcento.

Está-se, com as baixas no fundo de estradas e PDA, perante um grau de cumprimento fixado nos 83 porcento. Especificamente, no que toca ao fundo de redução da pobreza urbana, o município de Pemba, nestes últimos dois anos, recebeu um financiamento no valor de 18.799.948, 21 Meticais, designadamente, para 269 projectos, em 2012 e 201, no presente ano, abrangendo ao todo 469 munícipes, dos quais, 326 homens e 144 mulheres. Os reembolsos dos valores inscritos no fundo de redução da pobreza urbana, situa-se em 52 porcento.

Desde 2011, os 253 projectos financiados, na agricultura, comércio, pecuária, pequena indústria, prestação de serviços, turismo, pesca, entre outras actividades económicas, beneficiando a  182 homens, 71 mulheres(adultos), 61 jovens e 4 associações,  criaram 396 postos de trabalho.

A CAPULANA VEIO COLORIR MAIS A FESTA DA CIDADE
Havia  pouca crença numa festa visível, por ocasião da passagem dos 55 anos da cidade de Pemba, provavelmente, devido ao facto de tudo estar a ser feito em preparação do pleito que a 20 de Novembro próximo, vai chamar os cidadãos para se pronunciarem à boca das urnas sobre o seu destino, escolhendo quem lhes pode dirigir nos próximos cinco anos.

Por outro lado, a preparação da festa esteve fechada no edifício do município e nas sedes administrativas dos bairros, criando um vão a meio, que deixou cidadãos não informados sobre o que iria acontecer desta vez, no dia de Pemba.

Afinal, havia um programa, o que vai ser cumprido por esta ocasião, que não foge muito ao habitual, no que toca à parte oficial da comemoração, mas cheio de muito entretenimento e desporto, como seja, torneios de vólei de praia, canoagem, feira de artesanato, de Gastronomia, espectáculos musicais com artistas locais, entre outras actividades.

Cada um dos 10 bairros de Pemba, terá uma oportunidade de subir ao palco e apresentar o que terá preparado em termos culturais e recreativos por ocasião dos 55- aniversário da cidade.

Porém, o facto de se ter escolhido a cidade de Pemba, como o palco do festival internacional da Capulana, veio dar outro alento à festa de Pemba, que se preparou para participar e ganhar, conforme afiança Tagir Carimo.

“ Nós vamos participar com um desfile fabuloso. Tivemos nos bairros 12 equipas de inscrição de participantes. É verdade que somos apenas hospedeiros do festival, pois não somos os organizadores, mas não queremos deixar os nossos créditos em mãos alheias” assegura o presidente do município de Pemba.

Para a fonte, não há nada a inventar, se bem que a capulana é a forma comumente usada pelas mulheres da baia de Pemba, razão porque não vê a dificuldade de se atingir o número de 15.000 mulheres trajadas de capulana, que se prevê no desfile que fará o festival.

“ Se só o bairro de Cariacó sair com as suas mulheres de capulana, sem falar dos outros, atingiremos o recorde”."""

Edição de J. L. Gabão para o blogue "ForEver PEMBA". Atualização em Outubro de 2013. Permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue só com a citação da origem/autores/créditos.

10/18/08

PEMBA é cidade hà 50 anos. Parabéns PEMBA!

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original daqui.)

Um pouco da História de Pemba no dia do aniversário de sua elevação a cidade:

""Abandonada a região de Pemba pelos portugueses, e mais tarde praticamente pelos povos macuas da regedoria Muária, alguns baneanes e mouros ocuparam-na nos finais da década de 1880 sob a chefia de um tal malgache chamado “Muenhe Amade”, fundador da povoação do mesmo nome em Pampira.

Instituída a Companhia do Niassa esta manda, 4 anos mais tarde, ocupar a baía, tomando em consideração o então notável desenvol­vimento comercial dos territórios a Sul de Quissanga bem como a necessidade de controlar o comércio do sertão.

Por outro lado, porque o posto militar criado em Pemba há mais de um ano havia permitido um clima de boas relações com os régulos e consideradas garantidas as condições de segurança, é instituído o Concelho de Pemba com sede na povoação de Pampira.

Assim o comandante do posto militar de Pemba é nomeado chefe do Concelho em acumulação com as anteriores funções.

Projectara a companhia magestática a construção de uma linha férrea que ligasse Pemba ao Niassa no intuito de monopolizar o tráfico de Tanganica /Niassalândia:
"O caminho de ferro de Pemba ao Niassa chamará a meio caminho a mercadoria que for descendo pela boca de Chire, inclusive a que, por ventura proceda da própria bacia do Congo. Hoje que à nossa com­panhia foram concedidos os territórios, será pratica­da a ligação ferroviária do lago com a excelente baía de Pemba, realizando-se assim não só um desideratum da moderna civilização mas também o caminho que será o único e incontestado para o grande co­mércio da África"(12). Esperava-se que Pemba pudesse ser o porto para o abastecimento do carvão do Medo e do Itule, bem como madeira, metais, nomea­damente o ferro e o cobre e ainda o marfim entre outros artigos originários de zonas do interior.

Para o lisonjeio de Coutinho (13):
"... a explêndida baia de Pemba - está entre aqueles dois empórios comerciais (Zanzibar e Moçambique) em excepcionais condições geográficas numas cir­cunstâncias tais que aproveitadas convenientemen­te, lhe chamarão o que lhe pertence de direito, e pertence de facto o exclusivo do tráfico do Tanganica-Niassalândia”.

Por outro lado, Pemba a um dia das Comores poderia daí receber a borracha, a cera, a copal, a urzela, o marfim e peles.

É ainda a finais do século passado, mais concretamente em 1899 que a companhia do Niassa contrata Gilbom Spilsbury (delegado do Conselho da Administração da Companhia) para uma expedição militar para avaliar as possibilidades de desenvolvimento dos territórios de Cabo Delgado e Niassa mas o facto de se pretender atingir zonas mais para o interior Pemba foi nesse projecto relevada para segundo plano.

Porque se pretendia reabilitar o processo de desenvolvimento de Pemba num momento em que a povoação estava ameaçada ao isolamento devido ao internamento de comerciantes e indígenas no interior para fugir à alçada da autoridade colonial (14) ela é inicialmente considerada terra de terceira ordem e são dispensados de direitos e emolumentos de portos aos vapores que para ali fazem carreiras regulares, nos primeiros anos do nosso século.

Também na primeira década de 1900 é criada em Porto Amélia no ano de 1908 uma escola de sexo masculino denominada "António Centeno” nome de um Administrador de Companhia em Portugal, no qual logo se matricularam 14 alunos dos quais 2 europeus, 1 branco natural, 6 mestiços e 5 negros. (15)

Dados estatísticos da população de Porto Amélia em 1908 indicam haver nessa altura 18.604 habitantes, sendo 18.498 negros, 50 asiá­ticos, 26 europeus e 17 brancos naturais. (16)

Em 1909 é ocupado todo o concelho de Porto Amélia.

A finais de 1917 desembarca em Porto Amélia uma expedição militar inglesa para colaborar com o exército português na luta contra os alemães no decurso da primeira Guerra Mundial.

Foi esta expedição que, aproveitando as condições da lagoa existente na planície de Natite, colocou uma bomba de água e um pequeno sistema de abastecimento de água canalizado.

Como memória dos militares ingleses tombados durante a 1ª Guerra Mundial, ainda hoje se pode ver no cemitério de Pemba uma zona com as suas sepulturas que o governo de Sua Magestade Britânica mandava visitar periodicamente, deslocando navios de guerra com oficiais que no local procediam às cerimónias na presença do capelão do Navio. Este cemitério particular esteve durante longos anos à responsabilidade de Carlos Delgado da Silva.

Pelo Decreto nº 16.757 de 20 de abril de 1929, foram retirados à Companhia do Niassa os poderes de administração dos territórios concedidos em 1894, tomando o Estado posse dos mesmos a 27 de Outubro do mesmo ano. Foi assim restabelecido o Distrito de Cabo Delgado, na Província do Niassa com sede em Porto Amélia, deixando assim esta povoação de estar agregada ao Distrito de Niassa.

Para o período a que nos referimos duas reclassificações sucessivas para o terreno de Porto Amélia têm lugar na sequência da restrutu­ração que se inicia em 1930. A primeira verifica-se a 11 de Janeiro desse mesmo ano classificando-a em 1ª ordem e a outra em Agosto seguinte descendo-a para 2ª alegadamente por se encontrar tal como o Ibo criada à data da passagem dos territórios para a administração portuguesa com aquela ordem.

Em 1936 é aprovada a planta de modificação da vila de "Porto Amélia, Concelho e Distrito do mesmo nome, província do Niassa" (17), constituída inicialmente por 232 talhões para em 1941 entrar em vigor uma portaria delimitando a zona urbana e a suburbana.

Um bairro económico constituído por 16 blocos de aproximadamente 50/80 metros é criado no Cariacó em Porto Amélia no ano de 1943.

Ainda nesse mesmo ano e tomando em conta a necessidade de autonomizar o município da vila e dotá-la de poderes mais amplos em vista do desenvolvimento local é concedido o foral de Porto Amélia.

Em 1953 determinou o Secretário Provincial, Eng. Pinto Teixeira, em nome do Governador Geral, comandante Gabriel Teixeira empreender a construção de um cais acostável para navios de grande porte, obra que viria a ser inaugurada a 26 de Janeiro de 1957 com a acostagem inaugural do paquete "Angola".

Foi só com a materialização desta obra que Porto Amélia inicia a sua arrancada ao desenvolvimento. Assim constata-se que o movimento de mercadorias eleva-se de cerca de 40 mil para 48 mil toneladas aproximadamente.

A Vila de Porto Amélia é elevada à categoria de cidade a 18 de Outubro de 1958.

Contudo o desenvolvimento esperado talvez nunca tenha passado de sonhos e pequenas iniciativas. Um jovem da cidade em 1971 desa­bafava numa entrevista a um jornal:

"... É pena Porto Amélia ser muitas vezes esquecida, pois se podia fazer mais por ela e só os seus ver­dadeiros habitantes é que a podem desenvolver e engrandecer, mas nenhum deles é Onassis ou Rockfeller” (18).

Pemba... A solidão da sua simplicidade parece tão natural quanto a sua beleza e destino à sorte do acaso...""

- Do Livro "Pemba - Sua gente, mitos e história, 1850 a 1960" Por Luis Alvarinho que também se baseou em documentação do Arquivo Hist. de Moçambique, B.O. e Boletim da C. do Niassa, entre outros: O embrião que veio dar origem à actual cidade de Pemba, data de 1857, como parcela da Colónia 8 de Dezembro, fundada por Jerónimo Romero e dissolvida 5 anos depois por diversos problemas de organização e adaptação dos colonos.Porto Amélia ascende a vila por portaria de 19 de Dezembro de 1934. É elevada à categoria de cidade em 1958 pelo decreto-lei de 18 de Outubro-G.G. da Província.''.

  • A Biblioteca do Macua - Aqui!

5/04/10

Retalhos - De Porto Amélia a Pemba - História

A baía de Pemba, a 13º00’ Sul e 40º30’ Este da costa de África, é vulgarmente considerada a terceira maior do mundo, sendo a primeira a de Guanabara no Brasil seguida da de Sidney na Austrália.

As suas águas ondeando tons, ora azuis ora verdes, apresentam-se mansas em dias de bom sol e agradável tempo mas também escarpadas, rugindo de encontro aos rochedos ou regalando pela areia quando os ventos sopram furiosos do Sul.

Este ventos mais conhecidos na região por “kussi” originam, não raras vezes centros depressionários bastante fortes do tipo tropical que arrasam quase por completo a cidade.
O mais antigo temporal que a documentação disponível nos pôde recordar data de 18 de Dezembro de 1904 que causou vários danos assim como levou ao afundamento um pequeno vapor e um iate. É feita referência nessa altura à falta de faróis ao largo da baía, sendo o único o da ponta Said Ali que, para além de ter somente 6 milhas de alcance e não 9 como indicavam as cartas de então, não era aconselhável aos navios que passassem no alto mar.

Outro grande temporal devasta Pemba em 1914, destruindo pratica­mente todas as habitações e provocando grandes embaraços aos serviços da Companhia. (1)

Estes ciclones assolam de tempos a tempos a região de Pemba, tendo o mais recente ocorrido em 1987.

Em sua extensão a baía de Pemba atinge os valores de 9 milhas de Norte a Sul e 6 de Leste a Oeste, perfazendo um perímetro de 28 a 30 milhas.
Mas não só por isso ela goza de tal fama como também pela pro­fundidade do canal de acesso e do porto, com sondas que variam entre 60-70 metros na entrada e 10-40 na parte média, para atingir os 25 metros no fundeadouro junto ao cais diminuindo em direcção á costa.

A sua entrada é, pois, franca a qualquer tempo e hora, podendo nela penetrar à vontade navios até cerca de 6 metros de calado. No entanto, devido a alguns perigos isolados formados por rochas e bancos de coral, é necessária a pilotagem para os navios de alto mar.
A boca de entrada a partir da qual é feita a pilotagem é delimitada a Norte pela ponta Said Ali e a Sul pela ponta Romero, havendo actualmente farolins em ambos os lados.

Desaguam na baía alguns pequenos rios sendo o maior o Meridi cuja foz desemboca nas proximidades do baixo Mueve.

A baía de Pemba constitui, sem dúvida, um porto natural bastante seguro e, apesar de tudo, abrigado dos temporais regionais, tendo sido qualificado por Elton - Cônsul britânico em Moçambique a finais de 1890 - como "O melhor desde Lourenço Marques a Zanzibar”.
Alguns autores supõem que a baía de Pemba possa ter tido uma origem vulcânica, baseando-se no facto de ali se encontrar com abundância a "pedra pomes" própria de rocha vulcanizada. Mas a sua constituição calcária e não basáltica vem a contradizer tal suposição.

Das origens do nome pouco mais se sabe do que as escassas informações recolhidas da tradição oral, algumas das quais baseadas em lendas, e deve tomar-se em consideração que a designação de Pemba para nome da região não foi a única ao longo dos tempos.

Em anos muito recuados da nossa história a baía de Pemba era frequentada apenas por alguns pescadores malgaches e swahilis que em suas pequenas lanchas e pangaios arrecadavam o alimento sem nunca ali se fixarem.

Conta então uma antiga lenda que por essa altura uma de tais embarcações apanhadas por um temporal naufragou tendo como sobrevivente uma mulher que se viu obrigada a procurar algum refúgio nas proximidades da baía.

A mulher importante (“nuno” em língua local ) conseguiu sobreviver e montar ali a sua guarita. Naturalmente conotada a "Nuno" pelos pescadores como "mensageira divina" demonstrando que a zona poderia ser perfeitamente habitada, ela fê-los seguir o seu exemplo.
Nasce a zona de Nuno pelo qual foi conhecido por longos anos o actual bairro do Paquitequete. Mais tarde viria a anexar-se a esta designação a expressão “pampira” (no sitio da borracha) em virtude da grande quantidade da árvore da borracha que no local nascia espontaneamente.

A região servida pela baía de Pemba foi também já conhecida por Mambe expressão que pode simultaneamente significar quantidade e longitude.

Embora certos autores relacionem “mambe” à baía de Pemba, a região a que a administração colonial designa por esse nome se situa mais a norte, no distrito de Macomia.

Uma outra tradição oral refere que um europeu, em data também não precisa, proveniente de Zanzibar faz desembarcar na baía os indígenas que o acompanhavam e, estes, vendo-se assaltados por grandes enxames de moscas gritavam dizendo “pembe” que em swahhili significa mosca.

Teria sido mambe, pembe ou outra a origem da expressão "Pemba" no território moçambicano (2), certo é que ela figura nas primeiras cartas inglesas como "Pembe Bay”.
- Clique nas imagens acima para ampliar.
 VII - A ocupação colonial definitiva

Abandonada a região de Pemba pelos portugueses, e mais tarde praticamente pelos povos macuas da regedoria Muária, alguns baneanes e mouros ocuparam-na nos finais da década de 1880 sob a chefia de um tal malgache chamado “Muenhe Amade”, fundador da povoação do mesmo nome em Pampira.

Instituída a Companhia do Niassa esta manda, 4 anos mais tarde, ocupar a baía, tomando em consideração o então notável desenvol­vimento comercial dos territórios a Sul de Quissanga bem como a necessidade de controlar o comércio do sertão.

Por outro lado, porque o posto militar criado em Pemba há mais de um ano havia permitido um clima de boas relações com os régulos e consideradas garantidas as condições de segurança, é instituído o Concelho de Pemba com sede na povoação de Pampira.

Assim o comandante do posto militar de Pemba é nomeado chefe do Concelho em acumulação com as anteriores funções.

Projectara a companhia magestática a construção de uma linha férrea que ligasse Pemba ao Niassa no intuito de monopolizar o tráfico de Tanganica /Niassalândia:

"O caminho de ferro de Pemba ao Niassa chamará a meio caminho a mercadoria que for descendo pela boca de Chire, inclusive a que, por ventura proceda da própria bacia do Congo. Hoje que à nossa com­panhia foram concedidos os territórios, será pratica­da a ligação ferroviária do lago com a excelente baía de Pemba, realizando-se assim não só um desideratum da moderna civilização mas também o caminho que será o único e incontestado para o grande co­mércio da África" (12).

Esperava-se que Pemba pudesse ser o porto para o abastecimento do carvão do Medo e do Itule, bem como madeira, metais, nomea­damente o ferro e o cobre e ainda o marfim entre outros artigos originários de zonas do interior.

Para o lisonjeio de Coutinho (13):

"... a explêndida baia de Pemba - está entre aqueles dois empórios comerciais (Zanzibar e Moçambique) em excepcionais condições geográficas numas cir­cunstâncias tais que aproveitadas convenientemen­te, lhe chamarão o que lhe pertence de direito, e pertence de facto o exclusivo do tráfico do Tanganica-Niassalândia”.

Por outro lado, Pemba a um dia das Comores poderia daí receber a borracha, a cera, a copal, a urzela, o marfim e peles.

É ainda a finais do século passado, mais concretamente em 1899 que a companhia do Niassa contrata Gilbom Spilsbury (delegado do Conselho da Administração da Companhia) para uma expedição militar para avaliar as possibilidades de desenvolvimento dos territórios de Cabo Delgado e Niassa mas o facto de se pretender atingir zonas mais para o interior Pemba foi nesse projecto relevada para segundo plano.

Porque se pretendia reabilitar o processo de desenvolvimento de Pemba num momento em que a povoação estava ameaçada ao isolamento devido ao internamento de comerciantes e indígenas no interior para fugir à alçada da autoridade colonial (14) ela é inicialmente considerada terra de terceira ordem e são dispensados de direitos e emolumentos de portos aos vapores que para ali fazem carreiras regulares, nos primeiros anos do nosso século.

Também na primeira década de 1900 é criada em Porto Amélia no ano de 1908 uma escola de sexo masculino denominada "António Centeno” nome de um Administrador de Companhia em Portugal, no qual logo se matricularam 14 alunos dos quais 2 europeus, 1 branco natural, 6 mestiços e 5 negros. (15)

Dados estatísticos da população de Porto Amélia em 1908 indicam haver nessa altura 18.604 habitantes, sendo 18.498 negros, 50 asiá­ticos, 26 europeus e 17 brancos naturais. (16)

Em 1909 é ocupado todo o concelho de Porto Amélia.

A finais de 1917 desembarca em Porto Amélia uma expedição militar inglesa para colaborar com o exército português na luta contra os alemães no decurso da primeira Guerra Mundial.

Foi esta expedição que, aproveitando as condições da lagoa existente na planície de Natite, colocou uma bomba de água e um pequeno sistema de abastecimento de água canalizado.

Como memória dos militares ingleses tombados durante a 1ª Guerra Mundial, ainda hoje se pode ver no cemitério de Pemba uma zona com as suas sepulturas que o governo de Sua Magestade Britânica mandava visitar periodicamente, deslocando navios de guerra com oficiais que no local procediam às cerimónias na presença do capelão do Navio. Este cemitério particular esteve durante longos anos à responsabilidade de Carlos Delgado da Silva.

Pelo Decreto nº 16.757 de 20 de abril de 1929, foram retirados à Companhia do Niassa os poderes de administração dos territórios concedidos em 1894, tomando o Estado posse dos mesmos a 27 de Outubro do mesmo ano. Foi assim restabelecido o Distrito de Cabo Delgado, na Província do Niassa com sede em Porto Amélia, deixando assim esta povoação de estar agregada ao Distrito de Niassa.

Para o período a que nos referimos duas reclassificações sucessivas para o terreno de Porto Amélia têm lugar na sequência da restrutu­ração que se inicia em 1930. A primeira verifica-se a 11 de Janeiro desse mesmo ano classificando-a em 1ª ordem e a outra em Agosto seguinte descendo-a para 2ª alegadamente por se encontrar tal como o Ibo criada à data da passagem dos territórios para a administração portuguesa com aquela ordem.

Em 1936 é aprovada a planta de modificação da vila de "Porto Amélia, Concelho e Distrito do mesmo nome, província do Niassa" (17), constituída inicialmente por 232 talhões para em 1941 entrar em vigor uma portaria delimitando a zona urbana e a suburbana.

Um bairro económico constituído por 16 blocos de aproximadamente 50/80 metros é criado no Cariacó em Porto Amélia no ano de 1943.

Ainda nesse mesmo ano e tomando em conta a necessidade de autonomizar o município da vila e dotá-la de poderes mais amplos em vista do desenvolvimento local é concedido o foral de Porto Amélia.

Em 1953 determinou o Secretário Provincial, Eng. Pinto Teixeira, em nome do Governador Geral, comandante Gabriel Teixeira empreender a construção de um cais acostável para navios de grande porte, obra que viria a ser inaugurada a 26 de Janeiro de 1957 com a acostagem inaugural do paquete "Angola".

Foi só com a materialização desta obra que Porto Amélia inicia a sua arrancada ao desenvolvimento. Assim constata-se que o movimento de mercadorias eleva-se de cerca de 40 mil para 48 mil toneladas aproximadamente.

A Vila de Porto Amélia é elevada à categoria de cidade a 18 de Outubro de 1958.

Contudo o desenvolvimento esperado talvez nunca tenha passado de sonhos e pequenas iniciativas. Um jovem da cidade em 1971 desa­bafava numa entrevista a um jornal:

"... É pena Porto Amélia ser muitas vezes esquecida, pois se podia fazer mais por ela e só os seus ver­dadeiros habitantes é que a podem desenvolver e engrandecer, mas nenhum deles é Onassis ou Rockfeller” (18).

Pemba... A solidão da sua simplicidade parece tão natural quanto a sua beleza e destino à sorte do acaso...
- Luis Alvarinho.

Sobre Luis Alvarinho -  20/06/2002 - Estando em preparação um livro de crónicas em que esta será incluída, envio-a como homenagem ao Luís Alvarinho - Glória de Sant'Anna.

Moçambique – Cabo Delgado - A Escuna Angra é um marco histórico navegando o mar no reinado de D. Pedro V, para as terras de Cabo Delgado ao norte de Moçambique. Comandada por Jerónimo Romero, 1º tenente da Armada, leva consigo sessenta colonos que irão fundar a colónia agrícola de Pemba, em 1857.

Mãos amigas fizeram chegar até mim um livro sóbrio que relata o facto.

Baseia-se ele essencialmente na adenda à memória descritiva de Jerónimo Romero, e na recolha da tradição oral de toda a região que abraça a baía de Pemba.

É seu autor Luís Alvarinho nascido em Pemba em 1959. (1)

Este jovem que na sua meninice por certo correu pela orla das ondas, colheu búzios na praia do Wimbe, bebeu sumo dos cajus, trincou maçanicas e jambalão: e na sua juventude se sentou frente aos microfones do Emissor Regional de Cabo Delgado, cativado pela magia e o poder da Rádio: este jovem, também ele elemento de mudanças políticas, inicia com o livro "PEMBA, SUA GENTE, MITOS E A HISTÒRIA – 1850 / 1960", datado de 1991, um caminho de pesquisa etnográfica e política das terras de Cabo Delgado – Pemba – nos séculos XIX e XX.

Da recolha oral conta o autor uma terna história que transcrevo:

" em anos muito recuados da nossa história a baía de Pemba era frequentada apenas por alguns pescadores malgaches e swailis que em suas pequenas lanchas e pangaios arrecadavam o alimento sem nunca ali se fixarem.

Conta então uma antiga lenda que por essa altura uma de tais embarcações apanhada por um temporal naufragou tendo como sobrevivente uma mulher que se viu obrigada a procurar algum refúgio nas proximidades da baía.

A mulher importante ( NUNO em língua local ) conseguiu sobreviver e montar aí a sua guarita.

Naturalmente conotada a NUNO pelos pescadores como "mensageira divina" demonstrando que a zona poderia ser perfeitamente habitada, ela fê-los seguir o seu exemplo."

Esta obra com a qual me congratulo, não apenas pelo valor que tem, é uma pedra angular no espaço das letras moçambicanas.

Como o próprio autor diz em nota introdutória, "este trabalho não tem pretenções de um rigor histórico, como talvez se possa interpretar. A pesquisa histórica com certa sistematização poderá, isso sim, permitir identificar as raízes do local e da sua gente...

A principal motivação para este empreendimento, foi precisamente a de preservar a tradição oral de Pemba, já bastante perdida."

(1) – Foi meu aluno no ensino secundário e faleceu alguns anos depois de ter escrito este livro histórico a que se refere esta crónica. - Glória de Sant'Anna .

(Transferência de arquivos do sitio "Pemba" que será desativado em breve)

10/18/07

BAÍA DE PEMBA - A mais bela entre as belas...II

(Imagem original daqui)
A mais bela do mundo?
Jerôme Bignon é o francês que está à frente da robusta, mas menos conhecida organização que agrupa as baías mais belas do mundo, uma espécie de magnatas que ao mesmo tempo que defendem o usufruto das condiçoes naturais e turísticas que a natureza oferece nas costas marítimas, fazem-no igualmente para que tal não resulte na destruição do ambiente e por aí vão, de ano a ano, descobrindo mais locais do mundo que reúnam os requistos que o clube defende.
O Clube das Mais Belas Baías do Mundo é uma agremiação que vai para lá da beleza genuína das baías. Comporta outros requisitos muito rigorosos, sobretudo em relação àquilo que os homens fazem da natureza, o ecossistema marinho ou terrestre e a candidatura de qualquer baía ao clube, é sempre seguida de muitos “lobies” que noutros casos são dirigidos pelos governos e até utilizando vias diplomáticas.
A baía de Pemba, candidata a partir do dia 6 deste Outubro, não precisou de se apresentar pela mão do Governo, mas sim, via sociedade civil, a partir de um trabalho que já vinha sendo feito, há cerca de ano e meio, que encontrou acolhimento no “Cabo Delgado em Movimento”, uma organização dos naturais e amigos daquela provincia setentrional do nosso país.
Quando chegámos a Imbituda, na madrugada do dia 6, precisamente na Praia do Rosa, os moçambicanos que haviam ido preparar o terreno encontravam-se a reler os documentos que traziam e que à tarde do mesmo dia seriam apresentados ao Quarto Congresso do Clube das Mais Belas Baías do Mundo, em forma de candidatura.
Era preciso usar todos os meios disponíveis e ao alcance para convencer os seus constituintes.
Ia ser apresentada ao clube a baía de Pemba, uma das maiores do país, provavelmente uma das mais profundas e amplas do mundo, que chega a atingir cerca de 52 metros de profundidade, com uma área aproximada de 150 quilómetros quadrados, com uma diversidade de ecossistemas, como estuários, mangais, tapetes de ervas marinhas, praias arenosas e rochosas, recifes de corais e terras húmidas.
Moçambique levou para o Brasil a população de Pemba, heterogénea, como é, através de pequenas obras de arte e cultura dos macua, maconde e muani, junto às suas religiões, a sua gastronomia e disse aos congressistas que 30 porcento dos habitantes de Pemba são dependentes de recursos costeiros.
Foi necessário dizer ao mundo, através do Clube das Mais Belas Baías que a de Pemba, há muito que é admirada, tal como há muitos anos Coutinho escreveu dizendo tratar-se duma espléndida baía que está entre aqueles dois empórios comerciais (Zanzibar e Moçambique) em excepcionais condições geográficas e em circunstâncias tais que aproveitadas convenientemente, terão o exclusivo tráfico do Tanganhica-Niassalândia.
A delegação moçambicana ao Congresso das Mais Belas Baías do Mundo foi dizer tudo sobre Pemba.
Que estando em Moçambique o seu clima é obviamente tropical e que a temperatura anual do ar é de cerca de 25 graus centígrados, um clima que sofre a influência da zona de baixas pressões equatoriais, com prevalência de ventos monsónicos de Nordeste durante o Verão no sul e norte e ventos de Sudoeste durante o Inverno, no sul.
A equipa técnica da apresentação da candidatura ficava durante largas horas incomunicável, com o Dr. Kwasi Agbley, sempre a ensaiar e do outro lado o general Alberto Chipande, presidente da Associação dos Naturais e Amigos de Cabo Delgado, usando o tacto diplomático de que não se lhe conhecia, desdobrava-se em contactos com as delegações de países que já têm as suas praias no Clube das Mais Belas do Mundo.
“Havemos de conseguir, todos estão do nosso lado” dizia amiúde Alberto Chipande, sempre que o “Notícias” se aproximava dele para lhe “medir a temperatura”, cada vez que o tempo se aproximava do acto esperado.
Agostinho Ntauale, presidente do Município de Pemba, que trazia da sua cidade uma mala enorme de objectos de arte e diversa documentação sobre a baía candidata, foi quem abriu a apresentação, pedindo que se distribuissem aos congressistas as pastas que continham a informação relevante sobre a baía.
Afinal, eram pastas forradas de capulanas de diferentes cores, com esferográficas guarnecidas de pau-preto e outros tipos de madeira.
Foi a primeira sensação de que se estava perante um país diferente!
Ntauale solicitou aos presentes para não perderem a oportunidade de chegar à baía de Pemba para se certificarem do que os documentos diziam, nomeadamente que se tratava duma porção de terra que é bela desde a sua existência, mas que não se encontrava no clube, simplesmente porque situações adversas fizeram com que Moçambique só mais tarde se apercebesse da sua existência.
Muito lacónico, apresentou a delegação moçambicana, tendo salientado o nome do general Chipande, a quem pediu para que se dirigisse aos presentes.
Igualmente de poucas palavras, este não escondeu o facto de ter sido, por muito tempo guerrilheiro, durante a luta e libetação de Moçambique e aproveita esse facto para aliá-lo à necessidade de fazer um turismo sustentável, não destruidor, que respeite a natureza, um dos ditames mais presentes no Clube das Mais Belas Baías do Mundo.
“Nós que estivemos durante muito tempo no mato, como gurrilheiros, na luta pela nossa independência nacional, sabemos quanta importância tem a natureza, que não pode ser destruída em nome do turismo ou do desenvolvimento” disse, aplaudido.
Entrementes, Alberto Chipande acabou sendo invadido por abraços dos congressistas, que se estenderam à toda delegação moçambicana, a quem depois se lhe distribuiu os certificados de participação no quarto congresso.
“Já recebemos e dentro de algum tempo havemos de seguir os trâmites normais para a apreciação da candidatura de Moçambique” garantia Jêrome Bignon, presidente do Clube Mundial das Mais Belas Baias.
José Roberto Martins (Beto), presidente do município (prefeito) de Imbituda, onde se localiza a Praia do Rosa, que acolheu o congresso, disse falando ao “notícias” que “faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para que Moçambique, através da baía de Pemba, se junte a este clube”.
Portugal, que já tem a baía de Setúbal no clube, falou através do seu chefe da delegação manifestando a sua predisposição em apoiar Moçambique, e falando à nossa Reportagem disse: acho que Moçambique tem belas praias, melhores do que esta onde estamos reunidos, por isso não vejo qual vai ser a dificuldade de aceitar a sua candidatura e eventual aprovação.
Quando quisemos saber do chefe da delegação portuguesa a razão da candidatura de Setúbal em detrimento da mais famosa baia do Algarve, respondeu: Algarve está completamente ocupada, está toda construída, não temos hipóteses de juntar a sua beleza à necessidade de defender o ambiente.
TAREFA SEGUINTE É DOS RESIDENTES DE PEMBA
Era o momento em que tudo de bom devia ser dito.
Que oferece aos turistas um leque de opções que vão desde as danças tradicionais música contemporânea, passando pelo teatro, prática de desporto e mesmo um animado carnaval.
Que o porto de Pemba começa a ser um ponto de referência para cruzeiros internacionais.
No cais são recebidos por qualificados guias turísticos que lhes proporcionam uma agradável visita à cidade.
Por seu turno, o Aeroporto Internacional de Pemba recebe turistas vindos dos quatro cantos do mundo.
Actualmente, tem ligações directas com o aeroporto de Nairobi, Quénia, Dar-Es-Salaam, na Tanzania e Joanesburgo, África do Sul, esperando-se que brevemente seja ampliado para aumentar as opções dos visitantes.
Estes factos podem, entretanto, não ser suficentes se a metalidade das populações locais não mudar quanto ao seu posicionamento em relação à natureza e uma das importantes formas de conservação da diversidade marinha e costeira é a criação de áreas de protecção.
Os consultores avançam em estratégias mais efectivas de protecção da saúde da baía de Pemba e o incremento da consciência, percepção e uso adequado dos recursos, para o que propõem o desenvolvimento de campanhas de protecção da baía para além da advertência aos turistas sobre artigos a comprar aos vendedores.
Aqui pretende-se chamar à atenção dos turistas a não adquirirem produtos de venda ilegal, como seja artigos produzidos na base de carapaças de tartarugas ou corais, entre outros.
O presidente do Conselho Municipal de Pemba, abordado para se pronunciar à volta da aceitação da candidatura da baía do seu município disse que o passo seguinte é sensibilizar o país em geral e os residentes de Pemba, em particular, sobre quanta responsabilidade recai sobre si, imediatamente a seguir, com vista a fazer com que definitivamente a baía conste da lista das mais belas do mundo.
“Temos que fazer muito nos próximos tempos vamos ser visitados pelo presidente do Clube das Mais Belas Baías do Mundo. Ele vem confirmar o que dissemos na nossa apresentação. Teremos que tornar a presença dele em momento de festa. A população de Pemba, terá que voltar a manifestar a sua hospitalidade e carinho com os seus hóspedes. Estamos a entrar para uma fase de prova da nossa própria seriedade”.
Agostinho Ntauale acredita que o seu mandato vai encerrar com a vitória que vai significar a colocação de Pemba naquele grupo de baías mais belas do mundo.
Há muitos interesses em jogo, desde o facto de o clube ser reconhecido internacionalmente como robusto do ponto de vista económico, como pelo prestígio que goza, como fundamentalmente o facto de as baias mais belas poderem ser consideradas pela UNESCO locais a conservar e, em face disso, serem futuramente declaradas Património da Humanidade.
Alberto Chipande disse que os moçambicanos, particularmente os naturais de Cabo Delgado e, sobretudo os residentes da cidade de Pemba, são chamados a vencer mais esta batalha, numa nova frente, de luta pelo desenvolvimento.
“Esta é outra frente que temos que vencer. A tal independência económica que a politica sempre pretendeu trazer também passa por estas iniciativas. A “CD em Movimento” vai se empenhar para que isso dê certo. Temos que ter a importância que temos, que representamos, mas com coisas concretas”.
PEDRO NACUO - Maputo, Quinta-Feira, 18 de Outubro de 2007:: Notícias

6/12/07

PEMBA - SUA GENTE, MITOS E A HISTÓRIA - Parte 3

Por Luis Alvarinho - (Continuação daqui)
V.
OS PASSOS PARA A OCUPAÇÃO COLONIAL
Nomeado Governador do distrito de Cabo Delgado, o Iº Tenente d'Armada Portuguesa, Jerónimo Romero, comandando a escuna de guerra "Angra" larga do Tejo com 60 colonos (homens e mulheres) a 21 de Junho de 1857 com destino a Pemba para ali edificar uma colónia com gente branca. De origem minhota, os colonos voluntariaram-se e uma subscrição popular conseguiu uma colecta de cerca de 2 milhões de reis para tal empresa.
No "Suplemento à Memória Discriptiva dos Territórios de Cabo Delgado" Jerónimo Romero ao referir-se à sua tomada de posse a 22 de Outubro como Governador de Cabo Delgado salienta que deu a conhecer a todos os presentes:
"os bons desejos do Governo de Sua Magestade que pacificamente se ocupasse a bahia de Pemba e ali se fundasse uma colónia europeia, sem que para isso fosse necessário empregar a força armada e muito menos incomodar ou prejudicar os moradores do Distrito com especialidade os régulos".
Foram então encarregues os capitães-mor das terras firmes e o de Querimba para conferenciarem com Said Ali, enquanto que o de Quissanga e o respectivo cheique para tratar com o sultão Mugabo.
Em ambos os casos foram enviados presentes levados da corte como se pode ler, por exemplo, na carta enviada por Romero ao régulo Said Ali, datada de 26 de outubro de 1857:
"Amigo nesta ocasião tenho grande prazer em man­dar uma comissão para vos cumprimentar da parte do Governo de Sua Magestade El-rei de Portugal e de vos remeter um barril de aguardente que o Go­verno vos manda em signal de amisade. Elle deseja estabelecer no território desaproveitado das margens dessa bahia uma colónia com gente do reino e jun­tamente tem em vista tratar amisade com todos, por cujo motivo está disposto a conceder-vos uma gra­duação militar e um ordenado que será pago em cada mês ... também vos será requisitada alguma gente para o serviço da colonia, a qual será paga todas as semanas em fazendas ou conforme se combinar..." (4)
Os enviados regressaram ao Ibo poucos dias depois trazendo respostas satisfatórias, apesar de certas reservas:
"Ilmo. Sr. Muito estimarei a saúde de V.S., o desejo que sempre gose a mesma saúde e boas aventuras. Também recebi um officio de V.S., e um barril de aguardente, de tudo fiquei entregue pelo capitão - mor, igualmente de outro papel que me entregou o sr. Figueira: enquanto a minha resposta nada mais tenho a dizer do que quando vier junto com o capitão-mor, trataremos porque o seu officio não me deixou desagradável, e por isso não há duvida nenhuma entre mim e V.S.- Deus guarde a V.S. - Mussage -5 de Novembro de 1857. Ilmo. Sr. Governador Civil, Jerónimo Romero.- Regulo Said Ali. (5)
Se apesar do cepticismo de Said Ali a carta deixa transparecer alguma confiança não menos verdade é a prudência e até mesmo honesti­dade da parte do régulo Mugabo:
“Ilmo. Sr. - Governador estimarei que ao receber desta esteja no goso d'uma perfeita saúde acompanhado de imensas felicidades.
Quando mandei fazer esta achava-me bom, graças a Deus e fiquei certo do conteúdo dela, a qual estimei muito por ter V.S. como meu amigo, e vizinho na povoação de gente branca que pretende fazer nas minhas terras. Mas se V.S. intenta isso para me apanhar e depois, fazer-me mal, isso não é bom, tanto porque os Mezungo sempre foram meus amigos e tratei com elles amisade, como também não ser justo que me tirem as minhas honras, mas certo da amisade de V.S., conte commigo nestas terras, pois sendo eu o régulo mais poderoso que tudo me está subordinado, estou no caso de tratar com V.S. Lá está o meu genro Andique, e os régulos Mugona, Nahea e o Mutica a fim de se encontrarem com V.S., para o que já tenho as minhas recomedaçóes; mas com tudo isto é preciso que V.S. tenha a bondade de se encontrar commigo quando puder ser e quando combi­nemos, pois tudo espero que se fará na melhor amisade e união. - Sou de V.S. muito obediente - Regulo Mugabo - Maiava 9 de Novembro de 1857". (6)
Com o fim de ocupar a baía, Jerónimo Romero manda seguir para Pemba 2 batéis com 3 oficiais e parte da força militar estacionada no Ibo.
Os militares tentaram desembarcar na ponta Miranembo mas não conseguiram devido ao mau tempo e por a costa ser cortada a pique o que os obrigou a entrar na baía, escolhendo a área de Nuno - hoje Paquiteque - então desabitada.
Aí construíram logo um barracão para lhes servir de albergue e arrecadação do material.
A "Angra" que havia chegado à Ilha do Ibo a 20 de outubro parte 11de Novembro para Pemba, onde arribou 12 horas depois, trazendo consigo Jerónimo Romero, o vigário da Ilha do Ibo e alguma tropa. A eles se juntaram alguns militares enviados da Ilha de Moçambique no “19 de Maio" - outro navio de guerra - que transportava os materiais necessários à instalação da colónia. Jerónimo Romero sentira seu sonho realizado:
"... pelas 5 horas da tarde entrava a mesma escuna embandeirada com arco por entre as duas pontas que formam a magestosa baía de Pemba.” (7)
A 12 de Novembro o Governador de Cabo Delgado desembarca ao largo da baía acompanhado de alguns oficiais e força militar, tendo sido recebido pelo régulo de Mussange - Said Ali - e sua gente.
Depois de conferenciar com Said Ali, Jerónimo Romero e comitiva regressam ao navio para aguardar a delegação enviada pelo régulo Mugabo o que veio a verificar-se decorridos 5 dias, podendo assim lavrar-se o respectivo termo de "vassalagem":
"Aos dezessete dias do mês de Novembro do anno de nascimento de Nosso Senhor Jesu Christo de 1857, achando-se perante o Governador do distrito de Cabo Delgado, o capitão-mor das terras firmes e mais pessoas a bordo da escuna guerra "Angra", em Pemba, foram recebidos os enviados do régulo Mugabo, o secretario Andique, e outros, os quais vindos com officios do régulo, e aucturização do mesmo, se lavrou o presente termo, e se concordou amigavelmente - que estas terras pertencentes ao régulo Mugabo ficam pertencentes à coroa portugueza, e todos os indivíduos, indigenas ou não indigenas, são de hoje por diante súbditos obedientes e cidadãos portugueses - que ao regulo Mugabo lhe será concedido pelo Governo de Sua Magestade El-rei o posto de capitão-mor das terras de Mugabo, com o vencimento mensal de 4$000 reis e também se concederá a graduação honorifica de sarjento-mor ao regulo Mutica e de ajudante ao secretario Andique - que o regulo Mugabo fica responsável pela boa união e amisade, porque se devem tratar os colonos como se fossem verdadeiros indigenas - que o regulo Mugabo por via dos seus enviados, declara, que está altamente satisfeito, e todos os indigenas da mesma forma satisfatória porque tem sido tratado pelo actual Governador, e por ter dirigido estes negócios, pro­curando o bem estar e dignidade de todos - que, qualquer questão, ou milando que houver para o futuro entre os colonos e indigenas será decidido pelo Governador do Distrito e o regulo Mugabo, sendo os portadores da correspondência o sargento-mor, e mesmo o ajudante; mas sendo milando grande e de consideração ou não concordando a 1a auctoridade acima mencionada, em tal caso ficará dependente a sua resolução do Governador Geral desta provincia como chefe superior, e delegado de Sua Magestade-que para a nova colónia se escolherá o terreno onde não haja maxambas, afim não se fazer mal a pessoa alguma..." (8)
Este documento foi ainda assinado por mais dez individualidades, assentando-se assim os princípios gerais de organização política e jurídica da "Colónia de Pemba”, tendo sido escolhida a região de Muguete (hoje Muaguide) nas terras do cheique Macesse (ou Mazese) para a sua instalação a Oeste da baía e a uma distância aproximada de uma légua do ponto de desembarque o que os levaria cerca de 50 minutos de percurso a pé.
Três razões fundamentais os levaram a preferir a região de Muguete: a primeira deveu-se ao facto de somente ali terem então conseguido encontrar nascentes com água doce em abundância; segundo porque aparentava prestar-se perfeitamente para o estabelecimento de uma colónia agrícola que era seu objectivo e terceiro porque estando mais próximo a povoados locais os produtos eram mais baratos.
A política de conceder graduações militares aos chefes tribais na ocupação de Pemba foi seguida pelo rei D. Pedro V.
Assim, o Governador de Cabo Delgado empossa alguns deles a 16 de Fevereiro seguinte, numa cerimónia realizada em Mussange na presença do capitão-mor das terras firmes, oficiais do estado maior, parte da companhia de infantaria do Ibo, o destacamento da ilha de Moçambique, a guarnição da Angra, o Comandante e mais praças do iate 19 de Maio, o régulo Said Ali e outras individualidades de sua regedoria:
"... nestas circunstancias o Governador de Cabo Delgado declarou, que vinha mandado pelo Gover­nador Geral da provincia para entregar as patentes de capitão-mor de Mussange ao Regulo Said-Ali de sargento-mor ao Lingoa Said-Ali, e d'ajudante a Bacar Bun Adudalla, ... na mesma ocasião se entregou a bandeira portuguesa ao Regulo Said-Ali, a qual foi içada diante de todo o auditório... declarando (o ré­gulo) (9) na mesma ocasião, que de futuro elle e toda a sua gente se consideravam como súbditos fieis de Sua Magestade Fidelissima ..." (10)
A 26 de Fevereiro do mesmo ano num acto idêntico realizado na povoação do régulo Macesse foram entregues pelo Governador Romero diplomas e bandeiras aos enviados do sultão Mugabo.

VI.
A COLÓNIA DE PEMBA
O comando da colónia foi nomeado a 5 de Janeiro do ano seguinte, 1858, quando o Governador de Cabo Delgado destaca os alferes Neutel Correia Mesquita para fiscal das Obras Públicas e João Guilherme para fiscal às ordens da colónia.
O fabrico local de alguns materiais de construção constitui prioridade começando-se por ensaiar a manufactura de tijolos e telha de argila com bons resultados e por isso aplicados às construções e residências que foram sendo feitas. É também construído um poço com excelente água potável do qual os navios igualmente se serviam para a sua aguada dado ser ali o único sítio com lagoas doces.
Foi depois aberta uma outra estrada que veio a ligar Pampira à ponta Miranembo para onde Jerónimo Romero havia transferido cerca de metade do contingente dos colonos e parte da força militar, por reco­nhecer a zona como propícia à agricultura mas, contudo, sem água potável.
Romero denominou esta parcela da "Colónia de Pemba” situada em Muguete de "Estabelecimento da Bahia de Pemba".
Miranembo era então desabitada e foi ali onde Romero tomou co­nhecimento das principais pontecialidades e riquezas da zona tais como o pau preto localmente conhecido pelo nome de “mepinga” (segundo o autor) bem como a aromática madeira de sândalo (“sapaua”), cafezeiro silvestre (“ngenre-ngenre”), a árvore do maná (suco resinoso bastante doce usado na alimentação em substituição do açúcar) e a raiz de um arbusto com a designação de “namaoere” com proprie­dades medicinais. Dessa raiz diz o Governador de Cabo Delgado:
“... os indigenas esfregam sobre uma pedra molhada em agua doce para assim extrair uma goma com que fomentam o peito às mulheres, curando por desta forma as inflamações e as dores e promovendo abun­dância de leite." (11)
Uma outra planta foi também identificada em Miranembo com o nome namonge de onde os naturais extraiam uma fibra muito usada na fabricação de redes e linhas de pesca.
A finais de 1858, cerca de ano após a formação da colónia reconhece o fundador desta a necessidade de fortificar as duas pontas à entrada da baía de Pemba.
A primeira e, no entanto a única, a ser construída foi a ponta Miranembo, edificando-se com pedra e cal locais, um fortim que mais tarde passou a designar-se de “Jerónimo Romero” em sua homenagem.
Os campos mostraram-se férteis em Muaguide e as sementes de hortaliça, legumes e cevada que tinham sido cultivados logo no primeiro ano deram prova disso.
Um destacado autor da época de nome Maria Bordalo considerava urgente a colonização efectiva daquele novo e pequeno estabeleci­mento para não correr o risco de "definhar como as demais feitorias da costa, e ter-se-á gasto muito dinheiro".
O mesmo se pode dizer do Estabelecimento de Miranembo na Baía de Pemba que em progresso conseguiu competir com a sua congénere em Muaguide.
No entanto, a grossa invernada que se verificou logo no primeiro ano, o incêndio que se registou no estabelecimento de Muguete, as crises de adaptção dos colonos ao clima tropical, as febres que mataram muitos deles, que nem enfermeiro tinham senão um curioso em primeiros socorros foram razões suficientes para grande quantidade de dissabores.
A fixação dos colonos à região tornava-se não um sonho mas ne­cessidade de sobrevivência, a “africanização” dos minhotos foi inevitável, estreitando aparentemente as relações com os régulos e os indígenas e em pouco tempo a colónia voltou a florescer.
Mas os revezes anteriores não tinham passado, quando uma campa­nha (segundo Romero) de calúnias é lançada com vista a denegri-lo, mesmo já fora do exercício das suas funções, pois havia sido exonerado a finais de 1858.
Desinteligências entre Jerónimo Romero e o Governador geral sem­pre as houveram. Refira-se o caso da retirada, quando havia apenas 3 meses da formação da colónia, da escuna Angra cedida por D. Pedro IV para o apoio exclusivo da colónia, por determinação do Governador Geral alegando a necessidade de a usar em tarefas de extrema importância.
Foi também o caso que até o levou inclusivamente ao tribunal da corte por ter aprisionado no Ibo um negreiro francês. Mas Romero saiu ileso do veredicto.
Enquanto isto, começam-se a quebrar as relações com os indígenas que possivelmente cansados da submissão e exploração lançam-se em hostilidades contra os colonos.
Estes e outros factores foram definhando cada vez mais a colónia até que o governador interino em exercício em Cabo Delgado decide extingui-la em 1862, fazendo-se recolher os colonos à ilha do Ibo.
Nada mais restou desta tentativa de colonização da zona senão o "Forte Romero", listado como monumento nacional por portaria de 3 de Abril de 1943.


VII.
A OCUPAÇÃO COLONIAL DEFINITIVA
Abandonada a região de Pemba pelos portugueses, e mais tarde praticamente pelos povos macuas da regedoria Muária, alguns baneanes e mouros ocuparam-na nos finais da década de 1880 sob a chefia de um tal malgache chamado “Muenhe Amade”, fundador da povoação do mesmo nome em Pampira.
Instituída a Companhia do Niassa esta manda, 4 anos mais tarde, ocupar a baía, tomando em consideração o então notável desenvol­vimento comercial dos territórios a Sul de Quissanga bem como a necessidade de controlar o comércio do sertão.
Por outro lado, porque o posto militar criado em Pemba há mais de um ano havia permitido um clima de boas relações com os régulos e consideradas garantidas as condições de segurança, é instituído o Concelho de Pemba com sede na povoação de Pampira.
Assim o comandante do posto militar de Pemba é nomeado chefe do Concelho em acumulação com as anteriores funções.
Projectara a companhia magestática a construção de uma linha férrea que ligasse Pemba ao Niassa no intuito de monopolizar o tráfico de Tanganica /Niassalândia:
"O caminho de ferro de Pemba ao Niassa chamará a meio caminho a mercadoria que for descendo pela boca de Chire, inclusive a que, por ventura proceda da própria bacia do Congo. Hoje que à nossa com­panhia foram concedidos os territórios, será pratica­da a ligação ferroviária do lago com a excelente baía de Pemba, realizando-se assim não só um desideratum da moderna civilização mas também o caminho que será o único e incontestado para o grande co­mércio da África" (12).
Esperava-se que Pemba pudesse ser o porto para o abastecimento do carvão do Medo e do Itule, bem como madeira, metais, nomea­damente o ferro e o cobre e ainda o marfim entre outros artigos originários de zonas do interior.
Para o lisonjeio de Coutinho (13):
"... a explêndida baia de Pemba - está entre aqueles dois empórios comerciais (Zanzibar e Moçambique) em excepcionais condições geográficas numas cir­cunstâncias tais que aproveitadas convenientemen­te, lhe chamarão o que lhe pertence de direito, e pertence de facto o exclusivo do tráfico do Tanganica-Niassalândia”.
Por outro lado, Pemba a um dia das Comores poderia daí receber a borracha, a cera, a copal, a urzela, o marfim e peles.
É ainda a finais do século passado, mais concretamente em 1899 que a companhia do Niassa contrata Gilbom Spilsbury (delegado do Conselho da Administração da Companhia) para uma expedição militar para avaliar as possibilidades de desenvolvimento dos territórios de Cabo Delgado e Niassa mas o facto de se pretender atingir zonas mais para o interior Pemba foi nesse projecto relevada para segundo plano.
Porque se pretendia reabilitar o processo de desenvolvimento de Pemba num momento em que a povoação estava ameaçada ao isolamento devido ao internamento de comerciantes e indígenas no interior para fugir à alçada da autoridade colonial (14) ela é inicialmente considerada terra de terceira ordem e são dispensados de direitos e emolumentos de portos aos vapores que para ali fazem carreiras regulares, nos primeiros anos do nosso século.
Também na primeira década de 1900 é criada em Porto Amélia no ano de 1908 uma escola de sexo masculino denominada "António Centeno” nome de um Administrador de Companhia em Portugal, no qual logo se matricularam 14 alunos dos quais 2 europeus, 1 branco natural, 6 mestiços e 5 negros. (15)
Dados estatísticos da população de Porto Amélia em 1908 indicam haver nessa altura 18.604 habitantes, sendo 18.498 negros, 50 asiá­ticos, 26 europeus e 17 brancos naturais. (16)
Em 1909 é ocupado todo o concelho de Porto Amélia.
A finais de 1917 desembarca em Porto Amélia uma expedição militar inglesa para colaborar com o exército português na luta contra os alemães no decurso da primeira Guerra Mundial.
Foi esta expedição que, aproveitando as condições da lagoa existente na planície de Natite, colocou uma bomba de água e um pequeno sistema de abastecimento de água canalizado.
Como memória dos militares ingleses tombados durante a 1ª Guerra Mundial, ainda hoje se pode ver no cemitério de Pemba uma zona com as suas sepulturas que o governo de Sua Magestade Britânica mandava visitar periodicamente, deslocando navios de guerra com oficiais que no local procediam às cerimónias na presença do capelão do Navio. Este cemitério particular esteve durante longos anos à responsabilidade de Carlos Delgado da Silva.
Pelo Decreto nº 16.757 de 20 de abril de 1929, foram retirados à Companhia do Niassa os poderes de administração dos territórios concedidos em 1894, tomando o Estado posse dos mesmos a 27 de Outubro do mesmo ano. Foi assim restabelecido o Distrito de Cabo Delgado, na Província do Niassa com sede em Porto Amélia, deixando assim esta povoação de estar agregada ao Distrito de Niassa.
Para o período a que nos referimos duas reclassificações sucessivas para o terreno de Porto Amélia têm lugar na sequência da restrutu­ração que se inicia em 1930. A primeira verifica-se a 11 de Janeiro desse mesmo ano classificando-a em 1ª ordem e a outra em Agosto seguinte descendo-a para 2ª alegadamente por se encontrar tal como o Ibo criada à data da passagem dos territórios para a administração portuguesa com aquela ordem.
Em 1936 é aprovada a planta de modificação da vila de "Porto Amélia, Concelho e Distrito do mesmo nome, província do Niassa" (17), constituída inicialmente por 232 talhões para em 1941 entrar em vigor uma portaria delimitando a zona urbana e a suburbana.
Um bairro económico constituído por 16 blocos de aproximadamente 50/80 metros é criado no Cariacó em Porto Amélia no ano de 1943.
Ainda nesse mesmo ano e tomando em conta a necessidade de autonomizar o município da vila e dotá-la de poderes mais amplos em vista do desenvolvimento local é concedido o foral de Porto Amélia.
Em 1953 determinou o Secretário Provincial, Eng. Pinto Teixeira, em nome do Governador Geral, comandante Gabriel Teixeira empreender a construção de um cais acostável para navios de grande porte, obra que viria a ser inaugurada a 26 de Janeiro de 1957 com a acostagem inaugural do paquete "Angola".
Foi só com a materialização desta obra que Porto Amélia inicia a sua arrancada ao desenvolvimento. Assim constata-se que o movimento de mercadorias eleva-se de cerca de 40 mil para 48 mil toneladas aproximadamente.
A Vila de Porto Amélia é elevada à categoria de cidade a 18 de Outubro de 1958.
Contudo o desenvolvimento esperado talvez nunca tenha passado de sonhos e pequenas iniciativas. Um jovem da cidade em 1971 desa­bafava numa entrevista a um jornal:
"... É pena Porto Amélia ser muitas vezes esquecida, pois se podia fazer mais por ela e só os seus ver­dadeiros habitantes é que a podem desenvolver e engrandecer, mas nenhum deles é Onassis ou Rockfeller” (18).
Pemba... A solidão da sua simplicidade parece tão natural quanto a sua beleza e destino à sorte do acaso...
NOTAS
1. O Boletim da Companhia do Niassa de 30 de Junho de 1914 informa: "O Boletim deixou de publicar-se nos meses de Abril e Maio em consequência do ciclone que assolou Porto Amélia em 12 de Abril determinando profundas perturbações em todos os serviços. O presente número refere-se ao aos meses de Abril, Maio e Junho".
2. Recorde-se que em Zanzibar (Tanzânia) existe uma ilha chamada Pemba. Há quem relacione o nome da cidade de Pemba em Moçambique com aquela ilha.
3. Planeamento e integração económica da provinda de Moçambique, nº 13, Colecção Estudos, 1970.
4. Jerónimo Romero, op. cit.
5. Jerónimo Romero, op. cit.
6. Jerónimo Romero, op. cit.
7. Jerónimo Romero, op. cit.
8. Jerónimo Romero, op. cit.
9. O parênteses é nosso.
10. Jerónimo Romero, op. cit.
11. Jerónimo Romero, op. cit.
12. João D'A. Coutinho, Do Niassa A Pemba - Os Territórios da Companhia do Niassa, 1893.
13. João D’A. Coutinho, op. Cit.
14. Ernesto Vilhena, Relatórios, 1905.
15. Boletim da Companhia do Niassa.
16. Boletim da Companhia do Niassa.
17. Boletim Oficial.
18. Jornal "Diário de Moçambique", 3/12/1971
Luís Alvarinho
Maputo, Maio de 1991
Também encontra este trabalho de Luis Alvarinho no endereço: