Uma missionária portuguesa e um padre brasileiro foram assassinados ontem de madrugada durante um assalto ocorrido em Fonte Boa, Moçambique. Outros dois missionários, um português de 50 anos natural do Porto e um moçambicano de 65 anos ficaram ligeiramente feridos.
Idalina Neto Gomes, de 30 anos, natural de Fonte de Arcadinha, Aguiar da Beira, foi esfaqueada, asfixiada e espancada até à morte quando fugia aos ladrões que, sob ameaças de armas, assaltaram diversas habitações de padres e freiras.Segundo o CM apurou, os assaltantes chegaram à aldeia em quatro jipes todo-o-terreno e introduziram-se nas habitações pelo telhado (as janelas estavam protegidas por grades). Espalharam o pânico, obrigando os residentes a fugir por onde podiam. Idalina foi por um lado e dois outros missionários portugueses (Sérgio e Filipa) por outro. Foi nessa altura que um dos ladrões interceptou a portuguesa e a assassinou. O padre brasileiro foi morto a tiro. A Polícia de Investigação Criminal de Tete diz que tudo aponta para que os assassinatos tenham sido um “ajustes de contas”: “Há poucos meses, numa tentativa de furto de um veículo na missão, um dos assaltantes foi morto. Acreditamos que este assalto tenha sido uma retaliação.”Idalina Gomes era missionária da Leigos para o Desenvolvimento, organização não governamental católica que desenvolve missões de apoio. Trabalhava na Missão Fonte Boa, na Angónia, província de Tete (onde o seu corpo aguarda repatriamento), centro de Moçambique e perto da fronteira com o Malaui, de onde se presume sejam os criminosos.A jovem, que estava em Moçambique desde Outubro do ano passado e vinha dentro de poucos dias em férias a Portugal, fazia de tudo: geria um projecto agrícola, trabalhava no campo, dava aulas e catequese e ajudava a Fonte Boa, aldeia com problemas económicos e sociais.A notícia da morte da missionária chegou manhã cedo a Fonte de Arcadinha, em Aguiar da Beira. Os pais e os quatro irmãos ficaram revoltados e em choque, sentimentos que se espalharam a toda a população, para quem Idalina Gomes “era o exemplo de uma pessoa empreendedora e com bom coração”.Nos contactos que semanalmente tinha com a família e amigos, por telefone ou ‘e-mail’, a missionária disse sempre que “estava muito feliz” e a concretizar “aquilo que mais queria na vida: ajudar os mais pobres”. Já tinha sido assaltada uma vez mas não se amedrontou nem desistiu.“Ela já era para ter vindo embora mas ficou mais um mês. Vinha de férias mas voltava por mais um ano porque era lá que se sentia bem”, diz lavada em lágrimas Catarina Gomes, irmã. Os pais, Nélson Gomes, de 57 anos, e Maria Andrade, de 54, estão “revoltados” porque a filha “não merecia um fim destes”. “Ela morreu em defesa dos pobres”, desabafou a mãe.
Idalina Neto Gomes, de 30 anos, natural de Fonte de Arcadinha, Aguiar da Beira, foi esfaqueada, asfixiada e espancada até à morte quando fugia aos ladrões que, sob ameaças de armas, assaltaram diversas habitações de padres e freiras.Segundo o CM apurou, os assaltantes chegaram à aldeia em quatro jipes todo-o-terreno e introduziram-se nas habitações pelo telhado (as janelas estavam protegidas por grades). Espalharam o pânico, obrigando os residentes a fugir por onde podiam. Idalina foi por um lado e dois outros missionários portugueses (Sérgio e Filipa) por outro. Foi nessa altura que um dos ladrões interceptou a portuguesa e a assassinou. O padre brasileiro foi morto a tiro. A Polícia de Investigação Criminal de Tete diz que tudo aponta para que os assassinatos tenham sido um “ajustes de contas”: “Há poucos meses, numa tentativa de furto de um veículo na missão, um dos assaltantes foi morto. Acreditamos que este assalto tenha sido uma retaliação.”Idalina Gomes era missionária da Leigos para o Desenvolvimento, organização não governamental católica que desenvolve missões de apoio. Trabalhava na Missão Fonte Boa, na Angónia, província de Tete (onde o seu corpo aguarda repatriamento), centro de Moçambique e perto da fronteira com o Malaui, de onde se presume sejam os criminosos.A jovem, que estava em Moçambique desde Outubro do ano passado e vinha dentro de poucos dias em férias a Portugal, fazia de tudo: geria um projecto agrícola, trabalhava no campo, dava aulas e catequese e ajudava a Fonte Boa, aldeia com problemas económicos e sociais.A notícia da morte da missionária chegou manhã cedo a Fonte de Arcadinha, em Aguiar da Beira. Os pais e os quatro irmãos ficaram revoltados e em choque, sentimentos que se espalharam a toda a população, para quem Idalina Gomes “era o exemplo de uma pessoa empreendedora e com bom coração”.Nos contactos que semanalmente tinha com a família e amigos, por telefone ou ‘e-mail’, a missionária disse sempre que “estava muito feliz” e a concretizar “aquilo que mais queria na vida: ajudar os mais pobres”. Já tinha sido assaltada uma vez mas não se amedrontou nem desistiu.“Ela já era para ter vindo embora mas ficou mais um mês. Vinha de férias mas voltava por mais um ano porque era lá que se sentia bem”, diz lavada em lágrimas Catarina Gomes, irmã. Os pais, Nélson Gomes, de 57 anos, e Maria Andrade, de 54, estão “revoltados” porque a filha “não merecia um fim destes”. “Ela morreu em defesa dos pobres”, desabafou a mãe.
ERA A ADVOGADA DOS POBRES
A morte de Idalina deixou os habitantes de Aguiar da Beira consternados não só pelas circunstâncias mas por se tratar de uma jovem “espectacular e fora do comum”. “Ela era a santidade em pessoa e morreu a ajudar os famintos. Era conhecida como a advogada dos pobres”, diz Maria Loureiro, amiga da família e mãe do ex-deputado Dias Loureiro. A ida de Idalina para Moçambique apanhou todos de surpresa, até mesmo os pais e irmãos, a quem só comunicou o facto um dia antes de partir. “Ela sentia-se lá realizada, estava a concretizar um sonho”, diz a irmã, Catarina Gomes. “Era uma jovem com um futuro profissional e pessoal espectacular à sua frente. Decidiu deixar tudo para trás e foi como voluntária ajudar os outros”, diz Helena Mendes, advogada patrona da jovem com quem partilhou um escritório de advocacia. FAZIA LEITURAS E ERA DO CORO
Idalina deixou a Universidade de Coimbra há sete anos com o diploma de Direito na mão. Ainda exerceu a profissão na zona de Coimbra e em Aguiar da Beira, sua terra natal, mas sempre soube que a sua missão era ajudar os outros. Durante o curso, quando passava os fins-de-semana em casa dos pais, ajudava no trabalho agrícola. Não falhava a missa de domingo, onde fazia as leituras e cantava no coro. Idalina completava 31 anos no dia de Natal. E, há pouco mais de um ano, decidiu ir ao encontro daquilo que realmente a realizava. Depois de conhecer a associação Leigos para o Desenvolvimento não hesitou em fazer a formação e partir para uma missão em Moçambique – onde se dedicava a projectos ligados à agricultura e à pecuária e era responsável pela Ludoteca. Hilário David, presidente da associação, falou com Lina, como era carinhosamente chamada, quatro dias antes de ela ser brutalmente assassinada. “Disse-me que estava muito feliz e que ia prolongar a missão por mais um ano.”
Luís Oliveira, Viseu / S.S - Correio da Manhã de 07/11/2006
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