2/02/07

Moçambique - A morte das florestas VI...

Porto de Pemba : Madeira apreendida ultrapassa mil toros.
O processo de verificação e inspecção da madeira apreendida em 50 (e não 47) contentores pertencentes à operadora propriedade de cidadãos chineses MOFID, em Cabo Delgado, permitiu concluir que 1154 toros iam ser ilegalmente exportados, não fosse a pronta intervenção do governo provincial, depois de uma denúncia popular.
Deste número, 853 toros eram de jambire e 301 de umbila, ambas espécies cuja exportação naqueles moldes é interdita por lei.
Lázaro Mathe, governador provincial, confirmou, ontem, o facto e acrescentou que, parta além de jambire e umbila, a MOFID ia exportar outras espécies, mas não proibidas, nomeadamente 132 metros cúbicos de pau-ferro,107 de pau-preto e 160 de muanga.
O executivo de Cabo Delgado, para além de ter ordenado a apreensão, que culminou no processo de verificação, toro por toro, que levou cerca de duas semanas, tomou outras medidas consideradas pesadas contra a empresa infractora, designadamente que ela fique fiel depositária do produto até que se faça a venda em hasta pública, conforme recomenda a lei em casos do género.
A MOFID vai ainda pagar uma multa no valor de 276 745 meticais pela infracção e terá que voltar a serrar a madeira que havia passado por este processo sem obediência às dimensões legalmente estabelecidas.
Por outro lado, dada a quase certeza de que possa haver negligência ou conivência de agentes do Estado, o governador de Cabo Delgado fez saber que um processo paralelo vai ser aberto contra os fiscais florestais que assistiram ou tinham a obrigação de assistir ao empacotamento da madeira antes de ser levada para o porto.
Mathe desmentiu que, para além, da madeira, tivessem sido encontrados outros produtos, entre os quais pontas de marfim, como se chegou a propalar na província, mas considerou a operação como um veemente sinal de que os moçambicanos estão a tomar consciência de que a riqueza lhes pertence, tendo em conta que a denúncia, segundo se disse, veio de um cidadão anónimo.
“Posso garantir que, para além da madeira não havia mais nada, porque os contentores, desde as 14 horas do dia 16 foram guarnecidos pela polícia, 24 sobre 24 horas, até à abertura do último”, acrescentou.
A denúncia terá vindo de uma mensagem de telemóvel dirigida ao governador, com o seguinte teor:
“A empresa MOFID tem 19 contentores no porto prestes a embarcar, contendo toros de madeira, na sua maioria jambire. Apelo vigorosamente que não deixe que estes desmandos continuem a acontecer na província”.
Maputo, Sexta-Feira, 2 de Fevereiro de 2007:: Notícias

3 comentários:

  1. Pois é, meu caro Jaime: e eramos nós quem pilhava e desbaratava o património moçambicano!!!
    Estou convicto que esses chineses cortam e embarcam mais troncos de árvores num mês do que aquelas que o Albarran, o Neves e outros cortaram durante toda uma vida.

    Um abraço,

    Branquinho

    ResponderEliminar
  2. Concordo!
    É o neo-colonialismo do mundo que dizem globalizado.
    Depedram os recursos naturais de países pobres levando matéria-prima quase de graça e retribuem "entuxando-nos" de produto acabado de qualidade duvidosa. Como consequência dessa concorrência desleal atrofiam e acabam com a industria em germinação nesses países e, por consequência, geram também desemprego entre a população.

    ResponderEliminar
  3. Um Abraço Nicolás.
    Interessante e oportuno seu comentário, já que é feito por um moçambicano por adoção e quase macua com conecimento de causa. Venha sempre até aqui.
    Sua opinião será apreciada e com agrado.

    Jaime

    ResponderEliminar

Aviso:
- O comentário precisa ter relação com o assunto;
- Spams serão deletados sumariamente;
- Para deixar sua URL comente com OpenID;
- Backlinks são automáticos.
Obs: os comentários não refletem as opiniões do editor.