O nome não poderia ser mais sugestivo: Arca de Zoé.
O cenário de actuação também não poderia ser o mais apropriado: Darfur, no Sudão, como pretexto, porque a acção, essa, parece ter encontrado um lugar mais seguro para decorrer ou ser levada a cabo – o Chade.
O cenário de actuação também não poderia ser o mais apropriado: Darfur, no Sudão, como pretexto, porque a acção, essa, parece ter encontrado um lugar mais seguro para decorrer ou ser levada a cabo – o Chade.
Arca de Zoé alega estar a desenvolver uma acção humanitária.
Quer salvar centenas de crianças alegadamente órfãs da região do Darfur.
Uma região onde a morte passeia todos os dias, há anos.
Os Estados hesitam, em negociações sem fim.
A União Africana (UA) nada consegue.
A União Europeia (UE), idem.
A Organização das Nações Unidas (ONU) é impotente.
Há milhares de vidas em riscos, numa região onde já morreram mais de 200 mil pessoas.
Eis que entra em acção a organização humanitária de Eric Breteau – a Arca de Zoé, que teve como primeiro palco de actuação a Ásia, socorrendo os afectados pelo Tsunami de 2004.
Onde Estados e organizações internacionais nada conseguem fazer para salvar uma tragédia humanitária, a Arca de Zoé propôs-se, por meios próprios, salvar um povo em risco de extinção. Organizou-se numa equipa capaz de contornar todos os obstáculos para tirar mais de uma centena de crianças em risco da zona do Darfur.
As crianças são órfãs, defende a Arca de Zoé, que tinha tudo pronto para levar as crianças à Europa, onde as esperavam diversas famílias que, afinal, veio a saber-se, agora, pagaram milhares de euros para receberem as criancinhas.
A dita organização humanitária Arca de Zoé não quis saber das leis do país por onde iria tirar as crianças – o Chade, de onde são, afinal, a maioria das crianças.
Crianças que, desconfia-se, agora, não são órfãs, e que terão sido enganadas com rebuçados.
A Arca de Zoé, com os pormenores que vão ficando conhecidos, parece tudo menos uma organização humanitária.
E prestou um mau serviço, pelo mau exemplo que deu, a muitas outras organizações não-governamentais que têm África como terreno de trabalho.
A Arca de Zoé quis dar a entender que estava a resolver um problema humanitário, salvando uma centena de crianças e, quem sabe, prevenindo o risco de parte delas virem a arriscarem a vida na aventura de tentarem chegar a Europa, como acontece a muitos africanos que tentam alcançar o próspero continente europeu.
Mas a Arca de Zoé fez pior do que se pode fazer em matéria de ajuda humanitária.
África não precisa deste tipo de Arcas…
Por Leonardo Júnior - O Primeiro de Janeiro de 02/11/07
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