11/28/07

Ronda pela net - Praia do Wimbe.

(Clique na imagem para ampliar - Fotografia daqui)
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Do blogue "Da Côr do Índico" - Quinta-feira, 06 de Setembro/2007:
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Praia do Wimbe
Tem nome de “Uau!”, não tem?
Quando dizemos “Wimbe”, não dá logo vontade de o repetir histericamente, como acabássemos de dar uma daquelas mais altas que o Evereste?
Pois... mas não me apetece escrever sobre as maravilhas de estar no Dolphin e dar um mergulho logo em frente para ver corais...O cenário difere um pouco, mas o contexto é sempre o mesmo.
Lugares turísticos com estrangeiros mais ou menos endinheirados.
Seja na Julius Nyerere de Maputo, na Baía dos Côcos ou no Tofo, na Ilha de Moçambique ou do Ibo, aparecem-nos estas crianças de rostos lindos, sorrisos contangiantes e olhares meigos.
Uma mistura de carência de afecto e tentativa de reconstrução de uma infância mal vivida, desnutrida, eterna, com uma perda de inocência que nos atropela e assusta, na partilha comum das piores das malícias.
Tanto nos solicitam um pouco de atenção e uma mão dada, como de seguida nos assaltam, de forma literal ou na forma tradicional da mão estendida, acompanhada de uma inequívoca frase: “Tenho fome”, “Estou a pedir” ou “Peço 5... ou 10”...Por vezes, têm algo para dar em troca, como um colar, fruta, castanha de cajú, uma dança, ou apenas o seu sorriso...
Muitas vezes, não têm mesmo nada que trocar.
Só a temível certeza que também eles, como grande parte dos adultos, de todas as classes, estão corrompidos pela preguiça, por todos os danos colaterais e directos da pobreza (absoluta e relativa) que minaram várias gerações (futuras também) acomodadas ao acto de pedir.
A nós brancos, todos iguais, que somos ricos e temos tudo, na óptica deles, se calhar correcta.
E temos a obrigação de lhes dar.
Aos portugueses, para além de pedir, há que extorquir, não sei se por decreto, como se assim se pagasse uma dívida que os nossos antepassados (que também são os de muitos dos moçambicanos que nos “cobram”) deixaram acumular e que sempre cresce, nunca é perdoada.
Pobreza e corrupção são indissociáveis e quase não nos parecebemos onde começa uma e termina a outra.
É tranversal nesta sociedade e adquire diferentes tonalidades, umas mais directas, outras mais subtis.
... ... ...
Enquanto o lema deste país for pedir e parasitar a todo o custo, dificilmente alguma estratégia de desenvolvimento (lhes) sobreviverá... neste país necessariamente tido como o bom aluno, o exemplo conveniente para a ajuda pública ao desenvolvimento, que esconde os interesses nas riquezas redescobertas...
Poderei algum um dia avistar daqui do Dolphin algum poço offshore de exploração petrolífera?
Posted by Vasco at 21:49

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