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Em Janeiro deste ano, dia 4, disse aqui que algo vai mal quando se pensa e age em relação a turismo e progresso na cidade de Pemba, seu litoral e à própria cidade em si.
Leio agora no melhor e consequente blog luso-moçambicano - Ma-Schamba, a justificada insurreição verbal do JPT perante o contra-senso arquitetural que por lá vai acontecendo... e, conhecedor além de amante da sempre bela Pemba, aqui coloco, contaminado pela revolta, o texto integral do referido JPT:
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O FIM DA PRAIA DO WIMBE
Qual The Artist Formerly Known as Prince, mas não como se crisálida, que não será de borboletas o futuro feito. Sim, dentro de pouco poderemos falar sobre The Beach Formerly Known as Wimbe.
Praia ícone em Moçambique, um pouco pela beleza natural, amena enseada olhando a baía de Pemba, mesmo ladeando-lhe a barra. Englobando aquela meia-dúzia de praias mais célebres desde o tempo colonial, talvez não tanto pela sua excelência - que partilham com tantos outros recantos da costa - mas pela antiguidade das suas infraestruturas turísticas: Tofo, Ponta do Ouro, Bilene, Zalala, Fernão Veloso. E o Wimbe, claro.
Ainda assim o Wimbe tem uma excelência única, exactamente o aconchego, a baía como horizonte, a (ainda) pacatez sob o arvoredo.
Memórias a manter, a guardar, agora que tudo isso mudará. Tive o “privilégio” de ver o novo projecto turístico para a praia, que gente ufana me mostrou, dessas crentes no progresso e isso, desenvolvimento turístico chamam-lhe e até acreditam. Na praia! exactamente na praia, no seio do arvoredo protector (a sul do Nautilus, para quem conhece) vão espetar um hotel, a deslizar para a água.
Este será uma construção da Vovó Donalda e do Tio Patinhas, puro Walt Disney. Tem a forma de um barco, como se paquete. Honestamente julguei que estivessem a brincar quando me mostraram as coloridas fotocópias. “Mas quem é que faz uma merda destas?” - perguntei, malcriadíssimo, ainda surpreeendido pois acreditava já ter visto tudo o que é possível nisto do campeonato do mau-gosto dos arquitectos em Moçambique (a colecção de cromos Sommerschield B - Bairro do Triunfo seria um must como programa cómico num sítio onde se saiba soletrar b-o-m-g-o-s-t-o). “Investidores moçambicanos“, dizem-me com orgulho, até nacionalista, ainda que ali um pouco desapontado dada a minha truculência, “arquitecto indiano … da Índia“.
Um arquitecto indiano aqui arribado para brincar ao Huguinho, Zezinho e Luisinho. Uns investidores moçambicanos a derrubarem o arvoredo protector, a alteraram a enseada, a assumirem a linha de água. Em suma, uma aliança internacional para foder o Wimbe. Será só cupidez e ignorância? Ou é mesmo má-vontade demencial?
Praia ícone em Moçambique, um pouco pela beleza natural, amena enseada olhando a baía de Pemba, mesmo ladeando-lhe a barra. Englobando aquela meia-dúzia de praias mais célebres desde o tempo colonial, talvez não tanto pela sua excelência - que partilham com tantos outros recantos da costa - mas pela antiguidade das suas infraestruturas turísticas: Tofo, Ponta do Ouro, Bilene, Zalala, Fernão Veloso. E o Wimbe, claro.
Ainda assim o Wimbe tem uma excelência única, exactamente o aconchego, a baía como horizonte, a (ainda) pacatez sob o arvoredo.
Memórias a manter, a guardar, agora que tudo isso mudará. Tive o “privilégio” de ver o novo projecto turístico para a praia, que gente ufana me mostrou, dessas crentes no progresso e isso, desenvolvimento turístico chamam-lhe e até acreditam. Na praia! exactamente na praia, no seio do arvoredo protector (a sul do Nautilus, para quem conhece) vão espetar um hotel, a deslizar para a água.
Este será uma construção da Vovó Donalda e do Tio Patinhas, puro Walt Disney. Tem a forma de um barco, como se paquete. Honestamente julguei que estivessem a brincar quando me mostraram as coloridas fotocópias. “Mas quem é que faz uma merda destas?” - perguntei, malcriadíssimo, ainda surpreeendido pois acreditava já ter visto tudo o que é possível nisto do campeonato do mau-gosto dos arquitectos em Moçambique (a colecção de cromos Sommerschield B - Bairro do Triunfo seria um must como programa cómico num sítio onde se saiba soletrar b-o-m-g-o-s-t-o). “Investidores moçambicanos“, dizem-me com orgulho, até nacionalista, ainda que ali um pouco desapontado dada a minha truculência, “arquitecto indiano … da Índia“.
Um arquitecto indiano aqui arribado para brincar ao Huguinho, Zezinho e Luisinho. Uns investidores moçambicanos a derrubarem o arvoredo protector, a alteraram a enseada, a assumirem a linha de água. Em suma, uma aliança internacional para foder o Wimbe. Será só cupidez e ignorância? Ou é mesmo má-vontade demencial?
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E acrescento - É JPT! Bem reportado… Está na hora de dar um basta nessa falsa onda de progresso que levará inevitávelmente à destruição dos últimos redutos ecológicos que ainda sobrevivem neste decadente planeta. Aqui “de longe” já venho observando essa verdadeira e demente estupidez que também ocorre em Cabo Delgado faz algum tempo…e até me atrevi a “denunciar” no ForEver PEMBA, alertado pelas imagens fotográficas que recebo da “apesar de tudo” sempre bela e estimada Pemba. Mas parece-me que o alheamento generalizado da população simples, como a “ganância” pura, egoísta, vaidosa de determinados empresários e também de cidadãos mais “abonados” dessa região, desvinculada de qualquer preceito ecológico, torna-os convenientemente cegos, preocupados mais com o saldo crescente de suas poupanças bancárias e seus privilégios do que com o próprio País Moçambique e os cuidados que a cidade precisa e merece. Estes - Moçambique e Pemba - que se danem! E “cada um por si”…como se usa dizer por aqui.
Mas, cá entre nós e se a inteligência se sobrepuzer à "esperteza", acho melhor abraçar o parecer do Amigo e Professor Carlos Lopes Bento, profundo conhecedor desse Cabo Delgado e seu mar azul: "...basta só cuidar do ambiente e não matar a galinha de ovos de ouro ainda com grandes potencialidades." ...ou a bela praia do Wimbe como pressagia o sempre lido JPT!
- O blog Ma-Schamba aqui !
Caríssimo, nada disto me espanta. Espanta-me sim, que tenha demorado tanto a acontecer. Desde que, "criminosamente", alguem corta uma marginal daquelas para fazer o Beach Hotel naquele local, já nada pode espantar.
ResponderEliminarPato Bravo é Pato Bravo seja em que parte do Mundo for. E há tantos exemplos poe esse mundo fora...
Sendo filho da terra nao posso me calar. Tenho minha casa na berma direita da estrada para o Farol de Maringanha (legado tradicional). Ao longo da estrada, muros de betao e outras ornamentacoes berrantes e horriveis impedem que se veja o azul marinho das aguas cristalinas porque na berma esquerda da estrada erguem-se muros, edificios e sei la mais o que. Ha muito os pescadores e os locais nao tem passagem a praia, sua fonte de rendimentos. Dao curvas e voltas para evitar as propriedades dos novos habitantes das dunas e das margens da Baia. Um dia, espero que nao seja tarde, alguem deve por fim a tudo isto nao so para manter a beleza da cidade mas para as futuras geracoes (o que direi aos meus 3 filhos, que estao a estudar em Maputo, quando voltarem e nao puderem atravessar a berma esquerda porque ja foi 'ocupado'?
ResponderEliminarVou me candidatar ao Municipio e espero que me apoiem para parar e restabelecer a ordem nesta terra sofrida.
O local que é apontado é dos poucos que ainda tem Árvores em quantidade e um pouco desordenada mas belo.
ResponderEliminarÉ ali que os polícias de trânsito de Pemba se encostam e aguardam.
- Vão ter que procurar nova sombra.-
É ali que o Mar é naturalmente tapado por Árvores e se no meio delas estivermos o vento soa diferente.
É ali que o Mar tem chão de lodo e só de braços abertos equilibras teu corpo, e na maré vasa, em cada buraco redondo de rocha encontras inúmeras histórias.
Não pode ser dessa terra quem ousa enfrentar esse Mar, que nos devolve de graça tudo que lhe quisermos dar.Esse Mar tem donos antigos vestidos de branco que libertam suas iras a quem ousar, chegam de noite sem luar e pintam as caras de quem os enfrentar.
Esta é a minha revolta. Estou longe e daqui peço a quem aí estiver que lute a favor da Preservação e Manutenção da Natureza de PEMBA.
Inez Andrade Paes
Para esse local do Wimbe, eu que amo Pemba
ResponderEliminar"com olhos deslumbrados
submeto-me
trasmuto-me
sou árvore"
Glória de Sant'Anna
JPT,
ResponderEliminarObrigada por expressares aqui, o que eu também sinto em relacão a esse tipo de "desenvolvimento" no wimbe.
É uma pena... é uma vergonha.
Só espero, que as consequências desses gravíssimos "investimentos", também venham a ser assumidas com o mesmo "orgulho" e o mesmo "nacionalismo" com que foram empreendidos...
Andrea Paes
JPT, espero que estejas a sonhar. Não é possível chegar a isso. Se for verdade, tenho pena da malta do wimbe, Nanhimbe, Maringanha,etc.Esses senhores do Turismo estão a fazer o quê? Realmente. Tenho pena de Mocambique e de mim mesmo até. Essa coisa chamada wimbe não vos pertence senhores, é de muitas geracões, de ontem, de hoje, de amanhã... Sejam comedidos. A ser verdade vou pensar que afinal o dinheiro é que fala. Já andam por lá com muros altíssimos, já tantas vezes nos prometeram regularizar e nunca se fez. Esses muros impedem a populacão de ir para o seu mar, a sua praia, lá onde vão buscar o sustento. Meus senhores sonhadores, olhem para além da estrada do wimbe e vejam como a populacão vive. Tenham vergonha. Já fizeram um teste e como ninguém reagiu, andam nestas brincadeiras de estragar inpunemente, brincadeiras de tio patinhas e Cia. Tenho pena até de mim...
ResponderEliminarRafael da Conceicão