4/11/08

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Portugal/Brasil: Desinteresse brasileiro em investir e comprar em terras portuguesas frustra empresários e diplomatas.
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Lisboa, 10 Abr (Lusa) - O aparente desinteresse do Brasil em investir e comprar em Portugal produtos em maior quantidade e de maior valor, apesar dos apelos e esforços oficiais, deixa insatisfeitos diplomatas e empresários dos dois países, que ainda assim continuam optimistas.
Depois de o embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Seixas da Costa, ter qualificado de "confrangedora" a "incapacidade de alargar o leque de exportações" portuguesas para o Brasil durante o Colóquio "1808-2008 E o Futuro das Relações Económicas Portugal/Brasil", Luiz Felipe Lampreia - embaixador brasileiro em Lisboa e actual administrador da Partex (Gulbenkian) - assumiu-se como pessimista, afirmando que tal "dificilmente vai mudar".
"O Brasil é um importador considerável, mas o que constitui a parte mais importante das importações são as mercadorias como o trigo e o petróleo, e também bens duráveis como máquinas e equipamentos que Portugal não produz", disse o embaixador, que actualmente é também conselheiro do grupo EDP no Brasil, depois de ter recentemente deixado a adminstração do grupo Sonae.
Até porque a China se assume cada vez mais como importante fornecedor do Brasil, Lampreia considera improvável um reforço da componente tecnológica na composição das exportações portuguesas - hoje praticamente circunscritas a vinho, azeite, bacalhau e outros chamados "produtos da saudade", populares junto da grande comunidade portuguesa no país sul-americano.
Já quanto aos investimentos no Brasil, Lampreia mostra-se mais optimista, tendo em conta o actual cenário de estabilidade macroeconómica no país, crescimento da economomia e as importantes descobertas petrolíferas, que envolvem a Galp Energia e cuja produção vai implicar importante dispêndio, uma vez que as reservas estão a grande profundidade e longe da costa.
"As empresas portuguesas estão bem situadas [no desenvolvimento do sector petrolífero brasileiro], fazendo parte de sociedades que exploram blocos de petróleo. E vão poder associar-se a esta expansão", disse Luiz Felipe Lampreia.
Quanto ao investimento brasileiro em Portugal, "é uma desilusão para todos a falta de interesse dos empresários brasileiros", que não parecem interessados em utilizar o país como uma "rampa de lançamento" para a União Europeia, conforme tem sido proclamado nos últimos anos a nível oficial, assumiu o embaixador Francisco Seixas da Costa.
Isto, referiu, apesar de algumas excepções - nomeadamente da Embraer, que comprou a OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, e da CSN, que controla a Lusosider, mas que ainda assim colocou travão a um volumoso investimento de expansão que tinha previsto em Portugal.
O embaixador brasileiro em Lisboa, Celso Vieira de Souza, mostra-se optimista quanto ao cenário do investimento, mas assume que no comércio externo tem havido nos dois países uma "incapacidade de diversificar" a composição das exportações.
"Cabe aos governos incentivar a vinda de delegações comerciais e promover o fortalecimento das relações económicas e comerciais", defendeu o embaixador brasileiro.
Antes, já o presidente da AICEP Portugal Global, o também embaixador Basílio Horta, havia afirmado "não se resignar aos valores" do comércio bilateral e investimento, "principalmente nesta fase", em que o Brasil está "em posição ascendente na cena económica mundial".
"Os números dão uma noção de um potencial de melhoria claro", com "o investimento brasileiro muito aquém das potencialidades", e Portugal "não se revendo" na composição das exportações para a maior economia sul-americana, sobretudo de produtos tradicionais.
Também para Ricardo Salgado, presidente do Banco Espírito Santo (BES), "há um potencial colossal a aproveitar" nas relações económicas bilaterais.
Exemplo disto, referiu, é a inexistência de um fluxo turístico significativo do Brasil para Portugal, apesar de os portugueses estarem entre os maiores visitantes do país sul-americano, e de a TAP ter um papel preponderante nas ligações entre os dois continentes.
O investimento brasileiro em Portugal é historicamente pouco significativo, e, no ano passado, ficou-se pelos 92 milhões de euros, a 19ª posição no fluxo de investimento directo estrangeiro total em Portugal, enquanto que Portugal foi o primeiro investidor estrangeiro no Brasil entre 1998 e 2000, e em 2006 e 2007 ocupou a 5ª posição.
As exportações portuguesas têm vindo a crescer, mas a balança é ainda largamente favorável ao Brasil, e o perfil dos produtos vendidos é considerado ainda tradicional.
RTP.pt - © 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.2008-04-10 16:55:01

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