Os leitores do escritor Mia Couto, nascido na cidade da Beira em Moçambique no ano de 1955, pela qualidade de seus escritos vão crescendo em número, sobretudo em países de língua portuguesa.
No Brasil isso também acontece e a "Companhia das Letras" acaba de lançar (11/06/2008) a brochura "Venenos de Deus, Remédios do Diabo", sua última obra de literatura.
Em Lisboa, recentemente, segundo a agência Lusa, a mesma obra foi apresentada por José Saramago que afirmou não existirem diferenças significativas no estilo de "Venenos de Deus, Remédios do Diabo" e dos demais livros do seu amigo e "camarada de trabalho", o que acaba por ser uma sorte para quem, como ele, admira todo o percurso do escritor moçambicano.
"Acho que ele fez o mesmo, e isso parece-me uma virtude, contando outra história", afirmou o prêmio Nobel de Literatura de 1998, acrescentando que a obra "tem uma prosa límpida, quase transparente".
"Encanta-me e quase me seduz a forma como o Mia desenvolve situações que envolvem encontros. É tudo tão natural", revelou.
José Saramago disse que Mia Couto foi um dos escritores que melhor soube reagir às mudanças trazidas pela Revolução dos Cravos, respondendo com uma enorme "liberdade criativa" às dúvidas que então surgiram entre os autores, habituados a enfrentar a censura.
O autor português ressaltou ainda que algumas vozes têm notado uma falta de envolvimento político na mais recente fase do autor moçambicano, mas assegurou que esta não está totalmente ausente. "Apenas passou para segundo plano, para deixar vir ao de cima o indivíduo", afirmou.
Mia Couto, de 53 anos, filho de pais portugueses, foi já distinguido com os prêmios Virgílio Ferreira, União Latina de Literaturas Românicas e Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura. Recentemente, viu o seu primeiro romance, "Terra Sonâmbula", ser adaptado para o cinema pela cineasta Teresa Prata, depois de o título ter sido considerado um dos 12 melhores livros africanos do século 20 pela Feira Internacional do Livro do Zimbábue.
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VENENOS DE DEUS, REMÉDIOS DO DIABO - Neste romance, o autor moçambicano confronta verdades e mentiras na história de um médico português e seu paciente africano, ligados pelo destino de uma misteriosa mulher.
Bartolomeu Sozinho é um velho mecânico naval moçambicano, aposentado do trabalho, mas não dos sonhos ardentes e dos pesadelos ressentidos que elabora em seu escuro quarto de doente terminal. Ele é atendido em domicílio por Sidónio Rosa, médico português. A narrativa entrelaça a vida de Bartolomeu, de sua rancorosa mulher, Munda, da ausente e quase mitológica Deolinda, filha do casal, do dedicado Doutor "Sidonho", bem como de Suacelência, o suarento e corrupto administrador de Vila Cacimba, um lugarejo imerso em poeira e cacimbas (neblinas) enganadoras. São vidas feitas de mentiras e ilusões que tornam difícil diferenciar o sonho da realidade. Aparentemente, Sidónio veio de Lisboa para curar a vila de uma epidemia. Mas é o amor pela desaparecida Deolinda, por quem se apaixonara em Lisboa, que impulsiona seus passos mais íntimos. Quando Deolinda voltou para sua terra natal, Sidónio viu-se teleguiado pelo sonho de reencontrá-la. Mas Vila Cacimba não é o lugar do médico, nem poderá ser jamais. "No fundo, o português não era uma pessoa. Ele era uma raça que caminhava, solitária, nos atalhos de uma vila africana", diz o engenhoso narrador deste belo romance.
In "Companhia das Letras".
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Capa - Dupla Design Páginas - 192 Formato - 14,00 x 21,00 cm Peso - 0,253 kg Acabamento - Brochura Lançamento - 11/06/2008 ISBN - 9788535912562 Preço - R$ 38,00 .
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