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A discussão vai longe.
A "chamada-de-atenção" para países como Moçambique, empolgados com as novas-tecnologias vendidas como "milagreiras" também aqui fica.
A biotecnologia e seus perigos acendem polémica num mundo onde se buscam a cada dia alimentos baratos que escasseiam. E a necessidade aliada a interesses económicos de empresas gigantes do ramo da biotecnologia, que fazem dos países emergentes pobres, com fossos sociais evidentes e crescimento demográfico sem mando, laboratório e campo de testes, quando se busca nos tão apregoados "transgênicos" a solução, o milagre para colmatar a fome do povo-cobaia.
O argumento daqueles que defendem o uso de transgênicos, as poderosas multinacionais agroquímicas, é que o seu cultivo eliminará a fome no mundo, aumentará a produtividade e será mais rentável para os pequenos agricultores, enaltecendo em simultâneo as vantagens de que são resistentes a insetos e pragas, se adaptam à diferentes climas, são mais produtivos e incorporam substâncias que auxiliam no combate à obesidade, ao colesterol alto e outros. Entretanto, vêm patenteado os seus produtos e as sementes só estarão disponíveis mediante o pagamento de royaltes. Assim, o produtor torna-se cliente-cativo ou escravo, pois delas terá que comprar a semente e o herbicida que produzem em simultâneo.
Mas os benefícios apregoados não são suficientes para convencerem a população esclarecida que já vem protestando em crescente tom contra estes alimentos, quando suspeita por notícias divulgadas, de que esses produtos podem causar doenças como o câncer, alergias, além de aumentar a resistência contra agrotóxicos e antibióticos. E já se evidencia que, na natureza, os transgênicos empobrecem a biodiversidade, eliminam insetos como abelhas, minhocas e outros animais, além de espécies de plantas. E contribuem para o desenvolvimento de ervas daninhas resistentes.
Entretanto, os ditos transgénicos ou organismos biologicamente alterados por engenharia genética vêm gerando no mundo dito "civilizado" forte polêmica acerca do seu cultivo e consumo. Na maioria dos casos essa polêmica tem origem também em interesses económicos e os países da Europa são os que rejeitam mais veementemente tais alimentos.
De notar que o Brasil é o terceiro maior produtor de transgênicos do mundo, ficando atrás sómente dos Estados Unidos e da Argentina.
Segundo o portal luso GAIA - Grupo de Ação e Intervenção Ambiental, "...os transgénicos podem estar com os dias contados na Europa. Cresce entre a população européia o movimento contra os transgênicos, já proibidos em vários países. França, Hungria e Polônia, principais produtores europeus de cereais, proibiram o cultivo de milho transgênico em seus territórios e a Alemanha está no caminho de fazer o mesmo...
...As pressões da presidência da Comissão Européia não conseguiram dar um impulso nos transgênicos. Apesar do poder do órgão executivo do bloco, os países da União Européia vão gradualmente desistindo destes cultivos. Isto se deve em grande parte às dificuldades para convencer os agricultores europeus deste modelo impulsionado por grandes multinacionais da indústria agroalimentar, mas também pelos crescentes protestos da sociedade civil, que reclamam dos governos um papel ativo, segundo uma especialista entrevistada pela IPS...
...Na Espanha e em Portugal, dois redutos da produção de milho transgênicos com as maiores áreas plantadas na União Européia, se começa a questionar os benefícios de plantar e colher essas variedades do cultivo originário da América, onde foi alimento básico de várias culturas aborígines....
...Em outubro de 2007, o comissário europeu de Meio Ambiente, Stavros Dimas propôs aos demais membros do Executivo do bloco de 27 países proibir o cultivo das variedades transgênicas Bt-11 e 1507, devido a evidências científicas sobre seu impacto ambiental negativo. "Mas, o senso majoritário na Comissão é a favor dos OGMs, e a decisão final foi adiada duas vezes por falta de consenso", explicou à IPS a bióloga portuguesa Margarida Silva, coordenadora nacional da Plataforma Transgênicos Fora, integrada por 12 organizações não-governamentais de Portugal da áreas de meio ambiente e agricultura, associada ao seus congêneres do bloco...
...Os críticos como Margarida Silva lembram que já foi provado que a abundante quantidade de herbicidas usados em plantações transgênicas contamina os solos, e a diversidade de espécies também está em risco. Os críticos também dizem que os grãos geneticamente modificados desenvolvem imunidade, exigindo doses mais fortes de agroquímicos, prejudicando o meio ambiente e levando a uma uniformização das sementes, que terão cada vez mais as mesmas características. Também rebatem o argumento de que as plantações transgênicas, por sua grande produtividade, podem colaborar para elevar a produção de comida e acabar com a fome no mundo. "O interesse não é esse, mas os grandes agronegócios de exportação, atualmente voltados à indústria transgênica", disse a especialista..."".
Para não alongar o post, poderão ler o texto integral redigido Por Mario de Queiroz, para a agência IPS e publicado pelo portal GAIA em 05/09/2008 aqui!
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