Do "Expresso", jornal português (porNelson Marques), às 22:30 de Domingo, 07 de Dez de 2008:
Levar a Internet ao "fim do mundo" - Investigadores portugueses participam em projecto europeu para levar a Internet às zonas mais remotas do planeta. Tecnologia inovadora já está a ser testada na Lapónia.
Um grupo de cientistas portugueses está a colaborar num projecto europeu com o objectivo de levar a Internet às zonas mais remotas do planeta onde essa realidade ubíqua dos dias de hoje ainda não é possível.
A equipa do projecto N4C, que inclui investigadores do Instituto Pedro Nunes (IPN) e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, está a utilizar uma tecnologia conhecida como Delay and Disruption Tolerant Networking (DTN), uma abordagem inovadora à arquitectura de sistemas computacionais. Recentemente, esta abordagem foi usada pela NASA para testar a primeira rede de comunicação no espaço profundo baseada na Internet.
O projecto, iniciado em Maio deste ano e que se prolongará até 2011, pretende criar uma espécie de 'mulas' tecnológicas, que permitam fazer a ligação entre as zonas mais isoladas e aquelas dotadas com redes de fibra óptica. Para que isso seja possível, será preciso instalar primeiro um computador, sem o qual a comunicação não seria possível. A chave do sistema está, contudo, num dispositivo tecnológico, que, qual pequeno parasita, deverá ser instalado num meio de transporte muito utilizado na região (camionetas de mercadorias, transportes públicos, helicópteros de turistas e até animais).
Quando a 'mula' contendo o dispositivo 'oportunista' passa por uma zona remota sem acesso à Internet, a informação anteriormente processada pelos habitantes é recolhida e posteriormente enviada quando a 'mula' passa por uma zona servida por Internet. O dispositivo recolhe também informação que é descarregada para o computador local quando o meio de transporte regressa ao ponto de partida.
A pensar em África.
A tecnologia está já a ser testada num projecto-piloto na Lapónia, com o povo Sami, considerado um dos maiores grupos nómadas da Europa e cuja principal actividade é a criação de renas.
O grande objectivo, sublinha o coordenador da investigação em Portugal, António Cunha, é, contudo, levar a Internet aos países do Terceiro Mundo.
"As zonas mais pobres e remotas de África serão as primeiras a receber esta solução tecnológica", referiu num comunicado à imprensa.
O administrador executivo do Laboratório de Automática e Sistemas do IPN mostrou-se confiante que o projecto terá "um grande impacto nas comunidades africanas", em áreas de vital importância como a Educação, a Saúde e a actividade empresarial. "Será, sem dúvida, um motor essencial de desenvolvimento".
No 'N4C' participam doze instituições (empresas, universidades e institutos de investigação) da Suécia, Espanha, Irlanda, Noruega, Polónia, Eslovénia, Reino Unido e Portugal.
Os primeiros resultados do projecto vão ser apresentados terça e quarta-feira nas instalações do IPN, em Coimbra, a empresários, políticos e ONG que desenvolvem a sua actividade em África.
A inclusao digital tem que ser prioridade em paises pobres pois sera em algumas situaçoes o unico acesso a informaçao ,cultura e vai ser uma ferramenta de liberdade de expressao sem passar pela aprovaçao de grandes grupos de midia convencional .
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