Recentemente Dom Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa, comentou e alertou em entrevista, para as diferenças profundas existentes entre as sociedades católica e muçulmana e os cuidados a ter quando acontecem casamentos de jovens com essas crenças religiosas.
Não hostilizou, simplesmente alertou com franqueza direta e simples para os problemas inevitáveis consequentes nessas uniões matrimoniais quase sempre "contratadas" pelos pais ou familiares onde, inúmeras vezes a submissão, escravidão, humilhação da mulher e até maus-tratos e o poder de vida ou morte são normais e permitidos. Os exemplos de insucesso, funestos, tristes, de quem se aventura nesse tipo de relacionamento mais íntimo, são sobejamente conhecidos, divulgados e até relatados em filmes e literatura especializada. E as raras excepções de algum sucesso acontecem quando os "protagonistas" abandonam a duras penas e contrariando as famílias, em sua vida conjugal, as diferenças culturais, o radicalismo islâmico ou o fervor religioso católico.
Pois, de imediato, se levantaram as habituais "vozes" convenientes dos arautos cínicos e inconformados da demagogia que gosta de "aparecer" e parecer verdade, "malhando" com espalhafato burlesco o lúcido D. Policarpo, como "escudeiros" defensores de um mundo irreal, fictício perante a realidadade e a intolerância violenta, radical a que diariamente assistimos por esse mundo afora, desde a Sérvia, Kosovo até ao Médio-Oriente, Israel, Palestina, etç., sempre com justificativas religiosas de intolerância inaceitáveis e atos que beiram a selvajaria, sempre legitimados, incentivados por lideres fanáticos, desumanos.
Mas, felizmente, nem todas as "vozes" rezam pela mesma cartilha do "politicamente correto" ou dos defensores dos direitos do absurdo que só aparecem quando "a barriga que dói" é a "dos outros"... Li no Expresso de hoje e transcrevo o seguinte texto de autoria de Henrique Monteiro, onde se fala também de Cabo Delgado em Moçambique e do relacionamento tantas vezes amigável entre pessoas de crenças e raças diferentes, com quem tive a felicidade de conviver pacificamente em minha infância/adolescência africanas, amizades essas que conservo até hoje apesar de nossas "diferenças" religiosas:
""Três histórias simples para enquadrar uma mais complicada: Um dia, num país islâmico, há mais de 20 anos, o guia, motorista e tradutor que me acompanhava convidou-me para ir a sua casa. Disse-me mal daquele regime teocrático e - como grande prova de confiança em mim - pediu à mulher que me mostrasse o cabelo, o que ela, timidamente fez, como se na nossa cultura não fosse a coisa mais trivial do mundo ver o cabelo de uma mulher. É que as mulheres daquele país, por lei - lei do Estado, não só lei religiosa -, só podem mostrar o cabelo aos pais, filhos e maridos.
Um dia, em Maputo, um muçulmano meu amigo, oriundo de Cabo Delgado, no Norte do país, insistiu para que jantasse com ele. O meu amigo bebeu álcool (embora muito pouco e mesmo assim sob o olhar reprovador da mulher, que não usava véu).
A conversa foi sobre temas diversos e poderia ter sido a mesma com um casal católico ou judeu.
Há cerca de 20 anos, o Expresso no âmbito de um inquérito que fez a Jorge Sampaio (e no qual colaborei) perguntou-lhe o que faria ele se um dos seus filhos se casasse com um negro. Ele respondeu que jamais se oporia, mas que aproveitaria a oportunidade para chamar a atenção desse filho para as prováveis diferenças culturais que iria encontrar.
Estas três histórias vêm a propósito da quantidade de palavras, a meu ver erradas, que se disseram acerca de uma intervenção do cardeal-patriarca de Lisboa. D. José Policarpo referia-se ao cuidado - "cautela", disse ele - que as jovens portuguesas devem ter ao casar com um muçulmano.
Reparem que ele não disse que elas não se deviam casar, ou que qualquer casamento seria infeliz. Disse apenas que deviam ter cautela. Ou, de outro modo, disse o mesmo que Jorge Sampaio, ou o que diria qualquer pessoa sensata - chamou a atenção para o provável choque cultural.
Encheram-se páginas de mulheres casadas com muçulmanos e que são felizes. Bebo à sua saúde.
Se são felizes, fizeram bem em casar-se com os homens que desejaram. Mas há milhões de páginas negras de vil submissão, humilhação e maus-tratos físicos - que são legais (sublinhe-se esta palavra 300 vezes) - em certos países islâmicos, como a Arábia Saudita, para dar um exemplo.
Cautela, pois, como diz o cardeal-patriarca.
A chicotada, a chapada, a impossibilidade de sair de casa, o repúdio puro e simples pode esperar a mulher incauta.
Isto é desconhecido? Não!
É mentira? Não!
É racista? Não!
É uma afirmação verdadeira, mas daquelas verdades que ninguém quer que se digam.
Estas verdades estragam as construções e engenharias sociais em que se baseia a nossa cultura.
Por isso preferimos raciocinar sobre construções a fazê-lo sobre a realidade para assim construirmos um mundo de fantasia. Na presente edição em banca, pode ler-se uma reportagem sobre alguns casamentos entre muçulmanos e portuguesas.
Como se fica a perceber, a realidade é, por vezes, perversa.
- Henrique Monteiro - Expresso, Lisboa - 19/01/2009.
- Henrique Monteiro - Expresso, Lisboa - 19/01/2009.
Portugal está cheio de homens sensatos.
ResponderEliminarNo entanto, salvo raras excepções (como a do cardeal-patriarca), poucos se pronunciam pois que os "crucificam" logo!
Haja muitos homens como ele para lançarem destes alertas com toda a frontalidade, não temendo comentários vindos seja de que quadrante for!
Admiro-o muito pela sua sensatez.
Anel
Muito bem dito...
ResponderEliminar"Fica bem", é "moderno e chique" aceitar e "engolir" tudo quanto é aberração produzida nestes novos tempos...
È a tal globalização sem limites abençoada por idiotas que defendem "direitos" para marginais e terroristas e aumento de impostos e obrigações para o cidadão que produz e vive com ética.
A mim não me calam não!!!! Os "meus" são "roxos".
E boto a "boca no tombone" sempre que necessário.
Vão ter de me aguentar...