Mostrar mensagens com a etiqueta Biocombustiveis. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Biocombustiveis. Mostrar todas as mensagens

8/30/08

Benefícios ambientais do biodiesel são questionados por cientista brasileiro.

(Imagem original daqui)
.
Ainda é precipitado afirmar que o biodiesel é um combustível mais limpo que o petrodiesel (diesel combustível).
"Nas condições brasileiras, o biodiesel é considerado menos poluente em alguns aspectos, e em outros mais. O metanol utilizado como reagente para sua produção pode ser um problema, pois utiliza o gás natural como matéria-prima, que é um combustível não-renovável", revela o engenheiro químico André Moreira de Camargo. Na Escola Politécnica da USP, o engenheiro fez um inventário do ciclo de vida do metanol, álcool usado como reagente no processo de produção do biodiesel.
.
Avaliação do ciclo de vida do biodiesel.
A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma ferramenta de gestão ambiental utilizada para determinar o impacto de determinado produto ou processo. A metodologia permite mapear o produto "do berço até o túmulo", calculando todo gasto de energia e poluição gerada desde a extração e processamento, passando pelo seu transporte, uso e destino final.
O estudo de Camargo é o primeiro a fazer esta análise sobre o ciclo de vida do metanol considerando as condições brasileiras. "Para realizar a ACV é necessário se ater às condições específicas do local onde o produto é feito, transportado e utilizado. No Brasil, por exemplo, a malha de transporte é basicamente rodoviária, então isto tem de ser levado em consideração nos cálculos de energia gasta e na poluição gerada quando utilizamos este meio de transporte", esclarece o pesquisador.
.
Metanol versus etanol.
O inventário feito pelo pesquisador representa um primeiro passo para esclarecer esses pontos, mas ele ressalta que ainda é preciso fazer uma comparação do metanol com o mesmo tipo de estudo sobre o ciclo de vida do etanol nas condições apresentadas no Brasil, já que estudos feitos em outros países não traduzem corretamente a carga ambiental do combustível: matriz energética, condições de extração e transporte e a própria matéria-prima do etanol podem variar.
.
Aprimoramento dos estudos.
Além disso, mesmo o ACV do metanol pode ser aperfeiçoado, modificando-se e ampliando-se o escopo contemplado nos cálculos. "O escopo corresponde aos fatores levados em consideração nos cálculos. Ele varia conforme o objetivo do estudo e as hipóteses consideradas pelo pesquisador, que deve utilizar seu bom senso. Devo avaliar se é importante incluir o impacto ambiental da produção do parafuso usado no equipamento de extração do gás, por exemplo, sempre lembrando que quanto mais extenso for este escopo, mais complexa ficará a ACV, e mais tempo levará para ser feita", explica.
.
Gestão ambiental.
Avaliação do Ciclo de Vida é regulamentada por uma norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABTN) com o número NBR14040, derivada do ISO 1400, que especifica normas e metodologias de gestão ambiental. Apesar de a base de dados de ACV no Brasil ainda ser pequena, a tendência é que iniciativa privada e governo adotem cada vez mais esta metodologia, como têm feito algumas empresas. No âmbito da universidade, equipes como o Grupo de Prevenção da Poluição (GP2) da Poli estão se propondo a expandir esta base.
"A ACV é uma ferramenta que permite comparar produtos e serviços do ponto de vista ambiental, e estes estudos sempre podem ser ampliados e aperfeiçoados. Além disso, ela permite que se identifiquem os chamados 'gargalos de processos', indicando o que é preciso mudar para diminuir o impacto ambiental, seja com investimento em novas tecnologias ou mudanças na fonte energética usada", destaca o engenheiro.
- Luiza Caires, 28/08/2008, In Inovação Tecnológica.
.
Sobre Biocombustiveis:

7/07/08

Mais um relatório afirma que a causa do aumento do preço dos alimentos está nos biocombustíveis:

Relatório confidencial do Banco Mundial afirma que biocombustíveis provocaram escalada do preço dos alimentos.
Londres - Um relatório confidencial do Banco Mundial divulgado pelo jornal britânico «Guardian» refere que os biocombustíveis forçaram os preços dos alimentos a aumentar 75 por cento desde 2002, responsabilizando-os pela crise alimentar.
O relatório, da autoria de Don Mitchell, economista sénior do Banco Mundial foi concluído em Abril mas ainda não foi publicado, diz que o aumento dos preços da energia e dos fertilizantes foi responsável por um acréscimo de apenas 15 por cento nos preços dos alimentos.
«Sem o aumento dos biocombustíveis, os stocks mundiais de trigo e milho não teriam registado um declínio tão acentuado e o aumento dos preços devido a outros factores teria sido moderado», refere o relatório.
«O rápido crescimento dos rendimentos nos países desenvolvidos não originou grandes aumentos no consumo mundial de cereais e não foi um factor responsável pela grande subida dos preços», explica o estudo, contrariando a tese da administração Bush que aponta o aumento da procura na Índia e China como causas do aumento dos preços.
Segundo o relatório a produção de biocombustíveis distorceu o mercado: os cereais destinados à alimentação passaram a ser usados para produzir combustível - mais de um terço do milho norte-americano é agora usado na produção de etanol - e os agricultores têm sido incentivados a dedicar solo agrícola para a produção de biocombustíveis. Além disso geraram especulação financeira no sector dos cereais. Segundo o Banco Mundial, o aumento dos preços dos alimentos colocou 100 milhões de pessoas em todo o mundo abaixo do limiar de pobreza. Vários analistas acreditam que o texto, pronto desde Abril, ainda não foi divulgado para evitar embaraçar a administração Bush.
  • Alguns post's anteriores sobre "biocombustíveis" - Aqui; Aqui e Aqui!

6/25/08

Biocombustíveis levam 30 milhões à pobreza, diz ong Oxfam.

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original daqui.)
.
Os biocombustíveis são responsáveis por um aumento de 30 por cento nos preços dos alimentos em todo o mundo, levando 30 milhões de pessoas à pobreza, disse em um relatório a agência humanitária Oxfam.
O uso de biocombustíveis está disparando conforme os países ricos tentam reduzir sua dependência do petróleo importado e reduzir emissões de dióxido de carbono, mas os críticos dizem que isso levou à falta de grãos, o que impulsiona os preços das commodities.
As exigências dos países industrializados por mais biocombustíveis nos seus combustíveis para transporte estão causando a espiral na produção e a inflação dos alimentos", disse o assessor de política de biocombustível da Oxfam, Rob Bailey, que escreveu o relatório. "As reservas de grãos estão agora em uma mínima histórica."
A Oxfam convocou os países ricos a retirar os subsídios para os biocombustíveis e reduzir as tarifas de importação.
"Os países ricos gastaram até 15 bilhões de dólares no ano passado dando apoio aos biocombustíveis enquanto bloqueiam o etanol brasileiro, mais barato e que é muito menos prejudicial para a segurança alimentar global", afirma o texto.
A agência também pediu aos países industrializados que acabem com as metas de biocombustíveis, incluindo os planos da União Européia para obter 10 por cento do seu combustível de transportes em fontes renováveis como os biocombustíveis até 2020.
A UE planeja critérios rígidos para garantir que os biocombustíveis não afetem mais do que ajudem. Alguns países membros querem metas condicionais por conta da disponibilidade comercial de combustíveis de segunda geração.
Por Pete Harrison, Bruxelas - Reuters, terça-feira, 24 de junho de 2008 22:53
  • Alguns post's anteriores sobre "biocombustíveis" - Aqui e Aqui!

4/12/08

Moçambique e os biocombustíveis da moda...

(Imagem original encontrada na net)
.
Alerta para biocombustíveis em Moçambique do economista Cardoso Muendane, docente na Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane (UEM): Alimentação da população poderá ser posta em causa !
.
O investimento para a produção de biocombustíveis em Moçambique poderá colocar em causa a alimentação no país, alertou o economista Cardoso Muendane, apelando ao Governo para agir com «muito cuidado».
Cardoso Muendane advertiu para «os riscos» na produção de biocombustíveis em Moçambique, uma forte aposta do Presidente Armando Guebuza.
«Fala-se muito em Moçambique dos biocombustíveis, neste momento de alta de preços de petróleo, como se não houvesse problemas nessa solução. O Governo terá de ter muito cuidado na forma de gerir a atracção de investimentos para a área dos biocombustíveis», afirmou o economista, docente na Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).
Segundo refere a agência Lusa, citada pelo semanário Sol, o perigo prende-se com a redução de bens alimentares e a consequente insegurança alimentar, porque a prioridade dos produtores passará a incidir mais sobre os biocombustíveis e menos nas culturas alimentares, alertou Cardoso Muendane. No âmbito desta aposta, também «o preço da alimentação vai subir drasticamente, tornando-se inacessível para a já depauperada população moçambicana», sublinhou. - 2008-04-10 17:17:43 - Fábrica de Conteúdos.
  • CPLP/Economistas: Governo de Moçambique aconselhado a ter "muito cuidado" na opção por bio-combustíveis (RTP-Notícias-12/04/08) - Aqui !
  • Alguns post´s anteriores sobre "biocombustíveis" - Aqui !

3/28/08

A Amazónia, os biocombustíveis e o meio ambiente...

(Imagens originais daqui e daqui)
.
Repito o que já afirmei em post anterior sobre biocombustíveis:
Estão na moda!
Muito se fala, confabula em todos os níveis intelectuais e até nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento.
Apontam-se com imensos benefícios e poucas contra-indicações.
Apresentam-se como a salvação do planeta, milagreiros na geração de empregos, incentivadores do mundo industrial, preponderantes na gestão do aquecimento global.
Eufóricos, governantes viram arautos entusiasmados destas novas fontes de energia.
Justificam até a volta da energia nuclear e passam por cima do terrível acidente de Chernobil ocorrido dia 26 de abril de 1986 na Ucrânia.
Moçambique não foge a este emergente e entusiasmado fenómeno globalizado.
Entretanto, não esqueçamos por favor os aspectos ecológicos consequentes, ressaltados por ambientalistas conscientes.
Consciência é o mínimo que se exige.
Nossos filhos e netos agradecem, pois é este o único planeta que lhes deixaremos.
Gotael
.
Para ler e refletir:
.
Brasil vive efeito destrutivo dos biocombustíveis, diz Time.
.
Bruno Garcez da BBC Brasil em Washington - 27 de março, 2008 - 20h27 GMT - A mais recente edição da revista Time afirma, em reportagem que ilustra a sua capa, que o Brasil oferece um exemplo "vívido da dinâmica destrutiva dos biocombustíveis".
A reportagem, intitulada "O Mito da Energia Limpa", afirma que políticos e grandes empresas estimulam bicombustíveis como alternativas ao petróleo, mas isso está provocando uma alta do preço de alimentos, intensificando o aquecimento global e fazendo o contribuinte pagar a conta.
A reportagem afirma que o desmatamento na Amazônia está sendo acelerado por uma "fonte improvável: os biocombustíveis".
De acordo com o texto, "uma explosão da demanda por combustíveis agrícolas tem provocado uma alta recorde do preço mundial de colheitas, o que tem causado uma expansão dramática da agricultura brasileira, que está invadindo a Amazônia em um ritmo alarmante".
A reportagem diz que apenas uma pequena fração da floresta vem sendo usada para o plantio da cana-de-açúcar que gera o etanol brasileiro, mas acrescenta que o desmatamento resulta de uma "reação em cadeia tão vasta que chega a ser sutil".
.
Efeito em cadeia.
E
sse efeito em cadeia, de acordo com a Time, tem início nos Estados Unidos, com o cultivo do milho usado para a fabricação da versão americana do etanol.
Segundo a revista, os fazendeiros americanos estão destinando um quinto do milho que cultivam para a produção de etanol, o que obriga os produtores de soja dos Estados Unidos a trocarem sua colheita tradicional pela do milho.
Essa transição vem fazendo com que fazendeiros de soja no Brasil expandam seus terrenos de cultivo, tomando áreas antes destinadas a pastos de gado. E obrigando produtores de gado a levarem suas fazendas para a Amazônia.
O artigo afirma que "é injusto pedir a países em desenvolvimento que deixem de desenvolver regiões sem dar qualquer compensação".
Mas acrescenta que, mesmo com incentivos financeiros suficientes para manter a Amazônia intacta, os elevados preços de commodities estimulariam o desmatamento em outras partes do mundo.
  • Alguns post´s anteriores sobre "biocombustíveis" - Aqui !

11/17/07

Diversificando - Aquecimento global e a irresponsabilidade do ser humano.

Está nas manchetes. E aqui enfatizo como advertência:
.
G1 da Globo.com - 17/11/2007 - 11h32 - Atualizado em 17/11/2007 - 13h22 Mudanças na Amazônia são aterrorizantes, diz ONU. - Declaração foi feita por secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em evento na Espanha.
Ki-moon defende busca de novas formas de consumo e indústrias não-poluentes.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou neste sábado (17) que "tesouros" da Terra estão sendo ameaçados pelas mudanças climáticas, citando a Antártida, as geleiras de Torres del Paine e a Amazônia. “As mudanças nessas regiões são tão aterrorizantes quanto as de filmes de ficção científica. São ainda mais [aterrorizantes] porque são reais”, continuou.
Se nenhuma medida for tomada, diz o relatório, parte da floresta amazônica vai virar cerrado até o fim do século, e o sertão nordestino vai virar um deserto.
... ... ...
Ki-moon observou que um dos aspectos cruciais do relatório dos cientistas é que a mudança climática afetará muito especialmente os países em desenvolvimento e apontou que o degelo das geleiras provocará inundações nas zonas montanhosas e escassez de água na Ásia meridional e na América do Sul. "A mudança do tempo e das temperaturas pode fazer os países em desenvolvimento retrocederem para o poço da pobreza e desfazer muitos dos progressos", disse o principal responsável da ONU. Ban alertou que a resposta à mudança climática não será eficaz se forem sacrificados outros objetivos, entre eles a erradicação da pobreza. Segundo o relatório divulgado neste sábado, o nível dos oceanos subiu 1,8 milímetro ao ano desde 1961 -- a partir de 1993, o ritmo passou a 3,1 milímetro por ano. As calotas polares e as geleiras, por sua vez, estão derretendo mais rápido, enquanto as tempestades estão mais fortes e mais freqüentes. O documento confirma que as causas são humanas: a emissão de gases que provocam o efeito estufa aumentou 70% desde 1970. A principal fonte é a queima de combustíveis fósseis, mas a agricultura e a pecuária também contribuem. Nas próximas duas décadas, diz o relatório, a temperatura deve continuar subindo em média 0,2 grau por ano. Por isso, os cientistas recomendam mais eficiência no uso da energia pelas indústrias, pelos prédios e casas, além de mais eficiência no consumo feito pelos automóveis. Entre as alternativas que podem ser usadas para diminuir as emissões estão a energia solar e até a nuclear, que é limpa em termos de emissões de gases.
Leia a íntegra do texto aqui.
.
Portugal Diário-2007/11/08 17:47 - Subida do mar ameaça costa africana.
70 milhões correm o risco de fome em 2080, como resultado do aquecimento global.
A costa Africana está perante a ameaça cada vez mais real de erosão face à subida do nível do mar, provocada pelas alterações climáticas, segundo afirmou esta quinta-feira o director do Programa ambiental das Nações Unidas, citado pela Reuters.
Achim Steiner, director executivo da UNEP, disse em conferência de imprensa que estruturas portuárias, refinarias e propriedades privadas estão em processo de degradação como resultado do aquecimento global.
«Algumas projecções do Painel Intergovernamental das Alterações Climáticas apontavam que o aquecimento global poderia afectar um terço da costa africana até ao final deste século, porque sabemos que o nível do mar está a subir entre 20 a 60 centímetros», revelou Steiner.
Segundo Steiner, os efeitos do aquecimento global, nomeadamente o degelo dos glaciares, estão a ser analisados pelo painel intergovernamental, associando esta premissa aos riscos causados por mão humana.
Os cientistas acreditam que África irá sofrer mais se o planeta falhar no combate contra o aquecimento global, com partes do continente a deixar de ser habitável ou cultivável.
Em Setembro, o conselheiro científico do governo britânico, David King, afirmou que as alterações climáticas, se não forem monitorizadas, levarão ao pior cenário em África e a inundações ao longo de grande parte da costa.
David King prevê que 70 milhões de africanos correm o risco de fome em 2080, como resultado do aquecimento global.
.
Jornal O Estado de São Paulo - sábado, 17 de novembro de 2007, 09:29: 'Amazônia está sufocando', afirma Ban Ki-moon.
Pablo Uchoa - BBC - Enviado especial a Valência (Espanha) - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse neste sábado que a Amazônia esta "sufocando", ao encerrar a reunião do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), em Valência. A uma plenária de centenas de representantes de diversos países, o secretário contou o que viu em sua recente viagem a América do Sul, que incluiu a floresta tropical brasileira. "Na Amazônia, vi como a floresta, o 'pulmão da terra' está sufocando. O Brasil está fazendo avanços sérios no combate ao desmatamento e promovendo o gerenciamento sustentável da floresta. Mas o governo teme que o aquecimento global já esteja minando estes esforços", afirmou Ban. "Se a previsão mais forte do grupo (IPCC) se tornar realidade, grande parte da selva amazônica se transformará em savana."
... ...
Leia a íntegra do texto aqui.
.
Do arquivo do ForEver PEMBA.

A "conta" virá !... Suportaremos o "preço" ?

11/14/07

Moçambique - Biocombustíveis - Solução ou problema ?

(imagem original daqui)
Segundo relatório da OXFAM transcrito abaixo e originado na BBCBrasil/Folha de São Paulo de 01/11/07, parece-nos, e cada dia mais convictos estamos, que este assunto (que deveria passar por discussão obrigatória aprofundada entre a sociedade dos países envolvidos) não se mostra, ecológicamente falando, tão límpido e desprovido de consequências negativas pesadas como alguns o tentam apregoar. Ótimo será que a preocupação com o futuro do planeta num todo se sobreponha a projetos e interesses políticos regionais de momento:

Corrida por biocombustíveis prejudicará pobres, diz Oxfam
da BBC Brasil

A corrida pelo biocombustível pode prejudicar as pessoas mais pobres do mundo, segundo um relatório da organização não-governamental britânica Oxfam publicado nesta quinta-feira.
A organização pede que a UE (União Européia) seja "flexível" em sua meta de que pelo menos 10% de todos os combustíveis para transportes renováveis seja proveniente de fontes renováveis até 2020, alertando que ela pode prejudicar pequenos produtores em países em desenvolvimento.
Recentemente, em viagem à África, o presidente Luis Inácio Lula da Silva promoveu a produção de biocombustíveis como forma de diminuir a pobreza em países em desenvolvimento.
Em sua meta, a UE afirma que o biocombustível usado no bloco tem que ser produzido de maneira sustentável, mas a Oxfam também quer garantias sociais.
O alerta se une ao de outras organizações que vêm expressando preocupação com os efeitos colaterais da corrida pela adoção de biocombustíveis na Europa.
A Oxfam teme que pequenos produtores acabem perdendo suas terras para grupos industriais na corrida para aumentar a produção de biocombustíveis e atender à demanda européia.
O relatório afirma que, para suprir a crescente demanda, a UE vai ter que importar biocombustíveis de cana-de-açúcar e óleo de dendê de países em desenvolvimento, entre eles o Brasil.
A corrida das grandes empresas e governos na Indonésia, Brasil, Tanzânia e Malásia para pegar um pedaço do "bolo de biocombustível europeu" ameaça os pequenos fazendeiros, afirma o relatório.
Isso poderia acabar com o meio de vida deles, levar à exploração dos trabalhadores e afetar a produção de alimentos e seus preços, segundo a Oxfam.
O documento fala ainda das condições de trabalho "indecentes" nesses países, e cita o Brasil, onde, segundo a Oxfam, "as condições de trabalho nas plantações podem ser horríveis".
"Trabalhadores em plantações de cana-de-açúcar no Brasil recebem de acordo com o volume cortado - eles chegam a ganhar pouco mais de um dólar por tonelada cortada.
Esse sistema de pagamento por tarefa discrimina sistematicamente as mulheres, que geralmente não conseguem cortar o mesmo volume que os homens."
"Existem trabalhadores que vivem em condições subumanas, sem acesso a água limpa, e são forçados a comprar seus alimentos e medicamentos nas próprias plantações em que trabalham, a preços mais altos.
Em alguns casos, a acumulação crescente de "vales" faz com que os trabalhadores assumam dívidas que os mantêm presos nesses locais em regime de trabalho escravo", descreve o relatório.
A Ong agora pede que a UE reveja sua política de biocombustíveis e ofereça garantias para proteger os pobres.
A Comissão Européia afirma que está trabalhando para garantir que a política não seja um "tiro pela culatra".
O analista de meio ambiente da BBC, Roger Harrabin, disse que também há temores em relação ao custo ambiental de se produzir biocombustível de culturas como a do milho, por exemplo.
Cientistas disseram que gasta-se tanta energia na produção de alguns biocombustíveis que seria mais "limpo" continuar usando gasolina nos carros.
Para piorar as coisas, diz ele, florestas tropicais estão sendo derrubadas para abrir caminho para as plantações.
"Na briga para fornecer biocombustíveis para a UE e o resto do mundo, os pobres estão sendo esmagados", disse o conselheiro de políticas da Oxfam, Robert Bailey.
"As propostas da UE vão exacerbar o problema. É inaceitável que os pobres nos países em desenvolvimento arquem com os custos de tentativas questionáveis de cortar as emissões de gás carbônico na Europa."
"Biocombustíveis não são uma panacéia. Mesmo se a UE conseguir alcançar a meta dos 10% de maneira sustentável, e a Oxfam duvida que consiga, isso vai diminuir as emissões em uma pequena porcentagem, de um total que continua crescendo", concluiu.

10/27/07

Planeta TERRA - Mais uma vez os biocombustíveis !

Brasil - Etanol é ameaça ao cerrado, afirma relatório da ONU.
Um relatório divulgado nesta quinta-feira pelo Programa de Meio Ambiente da ONU afirma que o cultivo de lavouras para a produção de etanol representa uma ameaça à biodiversidade do cerrado brasileiro.
Segundo o relatório Panorama do Meio Ambiente Global, "o Brasil espera dobrar a produção de etanol, um biocombustível 'moderno', nas próximas duas décadas".
"Para produzir matéria-prima vegetal suficiente para alcançar esses objetivos, a área cultivada está crescendo rapidamente", acrescenta o documento. "O crescimento das fazendas coloca em risco regiões ecológicas inteiras, como o cerrado."
Em outra parte do documento, a ONU diz que "com o possível aumento da exportação de etanol de países como o Brasil para a Europa, os Estados Unidos e o Japão, está aumentando a preocupação quanto à sustentabilidade de uma produção de biomassa em larga escala".
De acordo com o relatório, esse temor se deve principalmente "ao fato de a terra disponível, além das reservas de biodiversidade, ter que ser dividida para diversos usos, como a produção de alimentos e de vegetais para a produção de energia".
O relatório, de 572 páginas, traça um cenário abrangente das mudanças no meio ambiente desde 1987 e detalha problemas que afetam a água, a atmosfera, a terra e a biodiversidade da Terra.
.
Amazônia
A situação do Brasil é destaque em vários pontos do relatório, que analisa o programa de biocombustíveis do país, as mudanças no uso da terra nos últimos anos e o gerenciamento sustentável de florestas.
Embora destaque como aspecto positivo a exploração sustentável da floresta por pequenos proprietários de terra da Amazônia, usado como "parâmetro para políticas de desenvolvimento e financiamento de iniciativas semelhantes de gerenciamento de recursos naturais", o relatório diz que o Brasil ainda enfrenta o problema do desmatamento.
"Cerca de 66% da perda global de florestas, entre 2000 e 2005, ocorreu na América Latina, região que possui 23% da cobertura mundial", diz o documento. "A América do Sul sofreu a maior devastação líquida (quase 43 mil km²/ano), da qual 73% ocorreu no Brasil."
"O desflorestamento na região é responsável por cerca de 48,3% das emissões globais de CO2 relacionadas ao uso da terra, com quase metade disso vindo do desflorestamento no Brasil, particularmente na Bacia Amazônica", acrescenta o texto.
O relatório da ONU também destaca o problema da degradação da terra no Brasil e aponta situações "preocupantes" no sudeste do país e nos pampas.
O cultivo extensivo de certas lavouras também é citado com uma ameaça à diversidade do planeta. Um exemplo usado pelo relatório do programa de Meio Ambiente da ONU é o aumento das áreas destinadas ao plantio de soja no Brasil.
In - BBCBrasil.com - 25 de outubro, 2007

9/29/07

Moçambique - Biocombustíveis, é a cura pior que a doença?

Espinhos da Micaia
Por Fernando Lima
Enquanto escrevo estas linhas, panificadores e industriais das farinhas deitam contas à vida se aumentam os preços do trigo moído ou se reduzem os volumes dos produtos fermentados.
Na Itália, as associações de consumidores lançam greves ao consumo da pasta, um protesto simbólico contra a alta do trigo.
No México, ainda não há muito tempo, o Governo foi surpreendido com um protesto monumental contra o aumento do preço da tortilla, um dos produtos básicos na América Latina feito a partir do milho.
Embora as causas sejam variadas para explicar a alta do trigo, o mais recente estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) vem lembrar-nos que uma das principais consequências da conversão de cereais e derivados para a produção de biocombustíveis é o aumento dos preços nos produtos alimentares.
Temos assim que a euforia dos governantes moçambicanos inspirados no etanol brasileiro já nos está a bater à porta errada.
O estudo da OCDE tem um título sugestivo: biocombustíveis, é a cura pior que a doença?
E aponta, para além dos efeitos nos preços dos alimentos, que os novos combustíveis orgânicos não reduzem a volatilidade nos preços da energia nem o efeito estufa da produção de gazes para a atmosfera.
O entusiasmo local assenta na premissa que terra é o que há por demais e o facto de o país produzir tradicionalmente culturas de rendimento como algodão, tabaco e açúcar, não se traduzir mecanicamente em fomes nos extractos mais vulneráveis da população.
Sem se atirar para o caixote do lixo a opção biocombustível, será provavelmente mais ponderado avançar para certezas antes de se proclamarem paraísos de ouro e mel.
A semântica do discurso político teve recentemente de meter apressadamente no saco as hossanas à jatropha do dia seguinte, depois de um sem número de vozes mais ou menos avisadas aconselharem no recato de encontros não politizados, a necessidade de se reflectir melhor sobre opções de fundo que podem ter impactos perniciosos junto das comunidades rurais.
Se se assentar que a produção de novas fontes de geração de energia serão feitas em terras virgens, é preciso equacionar custos e investimentos em infra-estrutura de transporte e acesso, em desequilíbrios ambientais decorrentes de desflorestação, alteração das condições dos solos e complementos tão preciosos como é a água.
É preciso fazer contas e saber quanto custa a produção local de milho, açúcar ou arroz e a importação competitiva de sucedâneos. Fazer a avaliação do custo benefício.
São perguntas e respostas impróprias de comício político que precisam de tempo e seriedade de estudo nas opções.
Não é porque numa bela noite de luar um ministro sonha com a incorporação de mandioca no pão de trigo que os sacos de tubérculo seco produzidos em Nampula e na Zambézia começarão a inundar os principais centros de panificação.
Não é porque um jovem secretário permamente ficou entusiasmado com as tortillas e as enchiladas mexicanas que de repente os moçambicanos vão consumir mais milho "made in Mozambique" em prejuízo do trigo importado, já que o Chókwè e a Angónia ainda não chegam para as encomendas.
Sem estas ponderações e trabalho no duro, fora dos holofotes da política, não se produz seriedade nos anúncios sobre biodiesel.
O que sobra no momento actual são sobretudo os bionegócios, os "business" de terras em repouso que, sempre o mesmo grupo de eleitos, se prepara para oferecer para combater a pobreza absoluta.
Oferecer, pois, já que a lei continua a dizer que a terra não se comercializa.
SAVANA - 21.09.2007-Via Moçambique para Todos.

9/04/07

Moçambique - Alimentos ou biocombustível ???

Corrida aos biocombustíveis compromete segurança alimentar.
(Maputo) A corrida para a produção de biocombustíveis no País, pode comprometer a segurança alimentar e nutricional(SAN)no sector familiar.
Segundo um técnico do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) que nos falou na condição de anonimato, “a produção de biocombustíveis vai complicar mais a SAN no País, porque se actualmente os agricultores do sector familiar não conseguem produzir o suficiente para garantir a SAN, o que vai acontecer se deixarem de produzir comida e plantarem Jatropha por exemplo?”, indagou.
A nossa fonte disse que a campanha de plantio da Jatropha lançada pelo governo no ano transacto, já está a reflectir-se em alguns distritos, pois muitos camponeses do sector familiar, reduziram a produção de alimentos e envolveram-se no plantio da Jatropha e actualmente regista-se a insuficiência de alimentos e a falta de mercado para a Jatropha.
“O plantio da Jatropha devia ser em projectos localizados, devia se excluir o sector familiar porque as populações reduziram a produção de alimentos. O camponês, primeiro, tem que produzir comida para si próprio”. A nossa fonte disse ainda que ao nível do Ministério da Agricultura (MINAG) houve debates acesos em relação ao plantio da Jatropha, porque enquanto os técnicos do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN) e do IIAM
alertavam para a necessidade de não se envolver o sector familiar na produção da Jatropha o Governo defendia o contrário, “nós alertamos, porque a Jatropha ainda não tem mercado, mas o Ministro disse que independentemente do que der e vier, devia se envolver o sector familiar porque essas são as orientações superiores”.
Segundo dados do SETSAN, a prevalência da insegurança alimentar em Moçambique é de 34 porcento dos agregados familiares, onde 20,3 porcento são classificados como altamente vulneráveis, sendo que a vulnerabilidade à insegurança alimentar é mais saliente na zona norte do País, particularmente nas províncias de Cabo Delgado, Nampula, Zambézia e Tete.
Recorde-se que durante a sua presidência aberta no presente ano, o Presidente da República, Armando Guebuza, disse ter ficado impressionado com o plantio Jatropha no País. No ano passado, Guebuza liderou pessoalmente a campanha da promoção do cultivo desta planta.
(Daniel Maposse)-MediaFAX 03.09.07
Mais sobre o tema aqui

8/30/07

Renovação das fontes de energia - Biocombustíveis.

Estão na moda.
Muito se fala, confabula em todos os níveis intelectuais e até nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento.
Apontam-se com imensos benefícios e poucas contra-indicações.
Apresentam-se como a salvação do planeta, milagreiros na geração de empregos, incentivadores do mundo industrial, preponderantes na gestão do aquecimento global.
Eufóricos, governantes viram arautos entusiasmados destas novas fontes de energia.
Justificam até a volta da energia nuclear e passam por cima do terrível acidente de Chernobil ocorrido dia 26 de abril de 1986 na Ucrânia.
Moçambique não foge a este emergente e entusiasmado fenómeno globalizado.
Entretanto, não esqueçamos por favor os aspectos ecológicos consequentes, ressaltados por ambientalistas conscientes.
Consciência é o mínimo que se exige.
Nossos filhos e netos agradecem, pois é este o único planeta que lhes deixaremos.
Jaime
================
Transcrevo:
Biocombustíveis são boa alternativa, mas têm desvantagens. São considerados substituto ideal do petróleo, seja nos aspectos econômico, ambiental e de política energética. Ambientalistas advertem, no entanto, para aspectos ecológicos destas alternativas.
Os combustíveis de biomassa estão na moda e o mercado vive um verdadeiro boom. Desde 1º de janeiro deste ano, por exemplo, eles estão sendo misturados aos combustíveis convencionais nos postos de gasolina da Alemanha. Dos atuais 5%, a cota de biocombustível misturado ao combustível convencional aumentará para 8% em 2015.
Na América Latina, Ásia, Austrália e Europa, cultivam-se especialmente para este fim cada vez mais plantas ricas em energia, como a cana-de-açúcar, milho, trigo e colza. Também os Estados Unidos pretendem reduzir a dependência do petróleo e de gás do exterior, usando biocombustíveis. Além do aspecto econômico, acredita-se que tragam mais benefícios ao meio ambiente. Isto, no entanto, é controverso.
Imke Lübbeke, especialista em energia do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), adverte que matérias-primas renováveis não necessariamente trazem vantagens ecológicas.
Pulmão verde x biomassa?
A queima dos biocombustíveis libera menos dióxido de carbono (CO²) do que a queima de combustíveis fósseis. Isso foi confirmado num balanço feito pelo Instituto de Pesquisas de Energia e Meio Ambiente (IFEU) de Heidelberg.
Mesmo assim, o WWF, a Associação de Proteção da Natureza e organizações ambientalistas da América Latina advertem para os perigos da rápida expansão do cultivo de biomassa. No Brasil, Indonésia e Malásia as florestas estão sendo derrubadas para ceder espaço a novas áreas de cultivo.
As queimadas empregadas para derrubar as matas causam exorbitantes emissões de gás carbônico, o que só aumenta o efeito estufa. Além disso, um canavial, por exemplo, não consegue armazenar tanto CO² quanto a floresta tropical que foi derrubada para lhe ceder lugar.
Produção ecológica?
Imke Lübbeke acha bom que a União Européia pretenda aumentar seus incentivos para a produção de biocombustível. "Só temos de tomar cuidado para que esta produção também seja positiva para o meio ambiente. De nada adianta sacrificar áreas naturais importantes ou ameaçar a proteção do solo e da água com o cultivo de colza ou beterrabas de açúcar", diz Lübbeke.
Os ambientalistas advertem que o cultivo em larga escala pode levar à extinção de muitas espécies de plantas porque esta forma de plantio altera as propriedades do solo. Por outro lado, o WWF e o instituto de Heidelberg concordam que o uso de biomassa para produzir energia e calor seria positivo para o meio ambiente, pois ainda existem muitas usinas de carvão especialmente poluentes.
"A questão é sempre questionar que tipos de energia podem ser substituídos pela bioenergia. E neste caso é melhor substituir o que produz mais gás carbônico", explica Nils Rettenmaier, do IFEU.
Por Vera Möller-Holtkamp (rw) - DW-Worl.DE Deutsche Welle