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12/10/09

Biocombustiveis: Brasil exporta modelo de produção e riscos também para África e Caribe

"A campanha brasileira para difundir o modelo de produção do etanol de cana-de-açúcar em larga escala não significa apenas a oportunidade de geração de renda em países em desenvolvimento, como propagandeia o governo. Ou apenas a tentativa comercial de consolidar o "combustível verde" como commodity. Ela carrega em si, antes de tudo, o risco da exploração degradante dos recursos naturais e dos trabalhadores do Caribe e da África."

Objetivo do governo é consolidar produto como commodity. Transferência de conhecimento e investimentos são acompanhados de potenciais impactos sobre a vida de trabalhadores, comunidades tradicionais e meio ambiente.

Para que o etanol de cana-de-açúcar se torne uma commodity, é preciso ampliar o número de países produtores. Os empresários brasileiros e o governo federal sabem disso e, como estratégia para viabilizar as exportações do produto à Europa e aos Estados Unidos, incentivam a expansão da atividade sucroalcooleira na África e América Latina.

"Para formar um mercado internacional, é preciso ter mais países ofertantes. Só assim vamos desenvolver um mercado futuro, com negociações em bolsa", afirmou Alexandre Strapasson, coordenador do Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O alvo da política brasileira de expansão do monocultivo de cana são os países pobres. Em geral, eles têm maior disponibilidade de terra e de mão-de-obra barata e condições agroclimáticas mais favoráveis aos canaviais. Além disso, no caso dos países do Caribe e da África, possuem facilidade logística para vender aos Estados Unidos e Europa, respectivamente.
 
Os países caribenhos acumulam ainda uma vantagem fiscal: seu álcool não paga imposto na terra nos Estados Unidos, graças a um acordo preferencial de comércio com os norte-americanos, assinado em 1983 e renovado em 2000, conhecido como Iniciativa Caribenha (ou Caribbean Basin Initiative - CBI).
 
No Brasil, a Divisão de Energias Novas e Renováveis do Ministério das Relações Exteriores (MRE) coordena o programa Pró-Renova. Como parte desse esforço, já foram assinados 60 memorandos de entendimento para cooperação técnica bilateral na área de produção de cana-de-açúcar.
 
"Esses memorandos dividem-se em dois grupos: de um lado, o dos países desenvolvidos que demandam biocombustíveis e procuram o Brasil para saber mais sobre nossa experiência do etanol; do outro, o dos países em desenvolvimento, com vocação agrícola, nos quais a cana pode atuar como vetor de desenvolvimento", declarou o coordenador do Mapa.
 
Segundo ele, o memorando de maior sucesso foi assinado com os Estados Unidos, em 2007, para pesquisas conjuntas sobre a sustentabilidade do etanol de cana. Um dos focos do trabalho é a tentativa de criação de uma metodologia comum de quantificação das emissões de gases de efeito estufa.
 
A coordenadora da Divisão de Energias Novas e Renováveis do MRE, conselheira Cláudia Vieira Santos, detalhou o escopo da iniciativa: pesquisadores brasileiros e norte-americanos já realizaram estudos sobre a viabilidade da produção de etanol de cana em El Salvador, Haiti, República Dominicana, São Cristóvão e Névis e agora atuam em conjunto na Guatemala, Jamaica, Guiné Bissau e Senegal.
 
Longe de apenas responder a demandas pré-existentes, o Brasil tem adotado uma postura pró-ativa na política externa relativa ao etanol. Em outubro e novembro deste ano, por exemplo, uma equipe técnica composta por representantes do MAPA, do MRE e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) esteve em Botsuana, África do Sul, Angola, Zâmbia, Tanzânia, Zimbábue e Moçambique para ministrar um curso sobre o Zoneamento Agroecológico (ZAE) da cana-de-açúcar.
 
De acordo com Cláudia, o objetivo da ação foi o de "apoiar a capacitação de países africanos interessados em implementar ou já implementando programas nacionais na área de bioenergia".
 
Os esforços do governo brasileiro para aumentar o número de países produtores de etanol de cana não param por aí. Como visto no parágrafo acima, Maomé foi à montanha. Mas, neste caso, a montanha também veio a Maomé: o Mapa, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), realizou em Ribeirão Preto (SP), de 16 a 20 de novembro deste ano, a "I Semana do Etanol: compartilhando a experiência brasileira".
 
O público foram gestores e empresários de cerca de 20 países de língua inglesa da África (como Botsuana, África do Sul, Nigéria e Quênia), da América Latina (como Jamaica e Guiana), da Ásia (como Vietnã e Tailândia) e da Oceania (Ilhas Fiji). Em 2008, a chamada "Ethanol Week" aconteceu em setembro, em Araras (SP), e se voltou aos representantes de 31 países de língua espanhola e portuguesa: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, El Salvador, Haiti, República Dominicana, Cuba, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Benin, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mali, Níger, Senegal e Togo.
 
Iniciativa privada
De acordo com Alexandre Strapasson, os investimentos diretos de usineiros brasileiros em outros países são tímidos. "É um desafio convencer empresários do Brasil a investir na África e América Latina. Ainda mais porque eles enfrentam a concorrência de países europeus, que também estão interessados em produzir nesses territórios", justificou o gestor.
 
Entre os grupos nacionais que já apostam na expansão da cana em território estrangeiro estão o Guarani e o Odebrecht. O primeiro, que possui seis usinas em São Paulo, passou a investir em Moçambique em 2007, comprando uma usina de açúcar construída em 1998. Por meio de um contrato renovável de concessão de terras públicas válido por 50 anos, os canaviais africanos do Grupo Guarani ocupam hoje 91 mil hectares, com plantio e colheita totalmente manuais. Na safra passada, a produção nessa unidade foi de 66 mil toneladas de açúcar. De acordo com a assessoria de comunicação da empresa, até o momento não há produção de etanol, mas "o governo de Moçambique, que possui participação acionária na Guarani, demonstrou grande interesse no setor de combustíveis renováveis por meio de projetos apresentados ao FMI [Fundo Monetário Internacional] e ao Banco Mundial".
 
Já o Grupo Odebrecht deve iniciar até o final de 2010 a produção de açúcar e etanol em Angola. A construtora brasileira tem participação de 40% na Companhia de Bioenergia de Angola, cujos demais sócios são a estatal petroleira Sonangol e o conglomerado angolano Damer.
 
Do ponto de vista da segurança energética, é importante ter outros países produzindo, a fim de mostrar aos consumidores que a oferta é estável", afirmou o diretor-executivo da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), Eduardo Leão de Sousa, concordou com a avaliação. "Caso contrário, cria-se a situação do ovo e da galinha que vivemos atualmente: não existe um mercado consumidor consolidado, então muitos países hesitam em começar a produzir. Por outro lado, existem poucos países produtores, então o mercado consumidor não se consolida", explicou o representante da Unica.
 
Por enquanto, a indústria brasileira que mais tem faturado com a política externa de incentivo à expansão da atividade sucroalcooleira é a Dedini, líder mundial na fabricação de equipamentos para o setor. "Nossas exportações cresceram 660% nos últimos 5 anos", comemorou o diretor de exportações da empresa, Antônio Pereira. Segundo ele, cerca de 10% do faturamento da Dedini vem do mercado externo, com clientes espalhados por 26 países, com destaque os localizados no Caribe e na África, além da Venezuela, Estados Unidos, Uruguai, Colômbia, Argentina, Bolívia e México.
 
Sinais de alerta
A campanha brasileira para difundir o modelo de produção do etanol de cana-de-açúcar em larga escala não significa apenas a oportunidade de geração de renda em países em desenvolvimento, como propagandeia o governo. Ou apenas a tentativa comercial de consolidar o "combustível verde" como commodity. Ela carrega em si, antes de tudo, o risco da exploração degradante dos recursos naturais e dos trabalhadores do Caribe e da África.
 
Na Guatemala, país exportador de açúcar, o Instituto de Estudos Agrários e Rurais - Idear, pesquisa há quase três anos as investidas do Brasil em território guatemalteco. O pesquisador Alberto Alonso Fradejas contou que a usina de açúcar Guadalupe Chawil Utz já invadiu zonas tradicionais de cultivo de alimentos.
 
Um dos acionistas dela é o grupo sucroalcooleiro Pantaleón, que integra uma joint-venture formada também pelo colombiano Engenho Manuelita e pela brasileira Unialco. Juntos, os três construíram uma usina de açúcar e álcool no Brasil (a Vale do Paraná, em Suzanópolis - SP) e estão investindo na construção de uma usina de desidratação de álcool na Guatemala, com vistas ao mercado norte-americano.
 
Em Moçambique, o ProCana promete gastar US$ 500 milhões e gerar 2 mil empregos diretos, usando tecnologia brasileira na produção de açúcar e etanol. Uma matéria do jornalista norte-americano Adam Welz, publicada em março deste ano no site "Mother Jones" (especializado em temas socioambientais), detalha os riscos do projeto. Cerca de 30 mil hectares de savana nativa deverão ser convertidos em canaviais em Massingir, a região mais seca do país, provocando perda de biodiversidade e consumo excessivo de água (aproximadamente 409 bilhões de litros por ano para irrigação). E 38 mil moradores do entorno do Parque Nacional do Limpopo serão obrigados a deixar suas terras.
 
A Constituição de Moçambique decreta que todas as terras do país são propriedade do Estado, que pode conceder autorização de uso a empresas por períodos de 50 anos. Essa concessão, no entanto, está condicionada à ausência de comunidades tradicionais no território. Pelo jeito lá, como no Brasil, boas leis não são garantia de boas práticas.
- Por Thaís Brianezi, do Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis - In Repórter Brasil - Agª. de Notícias, 09/12/09.
  • Outros post's deste blogue sobre os polémicos "biocombustíveis" e os interesses comerciais ambiciosos, de expansão de mercado que os cercam, "ocultando-se" em simultâneo e em segundo plano prejuízos sociais, ecológicos, de desiquilibrio ambiental conseqüentes e provavelmente irreparáveis ! 

8/30/08

Benefícios ambientais do biodiesel são questionados por cientista brasileiro.

(Imagem original daqui)
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Ainda é precipitado afirmar que o biodiesel é um combustível mais limpo que o petrodiesel (diesel combustível).
"Nas condições brasileiras, o biodiesel é considerado menos poluente em alguns aspectos, e em outros mais. O metanol utilizado como reagente para sua produção pode ser um problema, pois utiliza o gás natural como matéria-prima, que é um combustível não-renovável", revela o engenheiro químico André Moreira de Camargo. Na Escola Politécnica da USP, o engenheiro fez um inventário do ciclo de vida do metanol, álcool usado como reagente no processo de produção do biodiesel.
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Avaliação do ciclo de vida do biodiesel.
A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma ferramenta de gestão ambiental utilizada para determinar o impacto de determinado produto ou processo. A metodologia permite mapear o produto "do berço até o túmulo", calculando todo gasto de energia e poluição gerada desde a extração e processamento, passando pelo seu transporte, uso e destino final.
O estudo de Camargo é o primeiro a fazer esta análise sobre o ciclo de vida do metanol considerando as condições brasileiras. "Para realizar a ACV é necessário se ater às condições específicas do local onde o produto é feito, transportado e utilizado. No Brasil, por exemplo, a malha de transporte é basicamente rodoviária, então isto tem de ser levado em consideração nos cálculos de energia gasta e na poluição gerada quando utilizamos este meio de transporte", esclarece o pesquisador.
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Metanol versus etanol.
O inventário feito pelo pesquisador representa um primeiro passo para esclarecer esses pontos, mas ele ressalta que ainda é preciso fazer uma comparação do metanol com o mesmo tipo de estudo sobre o ciclo de vida do etanol nas condições apresentadas no Brasil, já que estudos feitos em outros países não traduzem corretamente a carga ambiental do combustível: matriz energética, condições de extração e transporte e a própria matéria-prima do etanol podem variar.
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Aprimoramento dos estudos.
Além disso, mesmo o ACV do metanol pode ser aperfeiçoado, modificando-se e ampliando-se o escopo contemplado nos cálculos. "O escopo corresponde aos fatores levados em consideração nos cálculos. Ele varia conforme o objetivo do estudo e as hipóteses consideradas pelo pesquisador, que deve utilizar seu bom senso. Devo avaliar se é importante incluir o impacto ambiental da produção do parafuso usado no equipamento de extração do gás, por exemplo, sempre lembrando que quanto mais extenso for este escopo, mais complexa ficará a ACV, e mais tempo levará para ser feita", explica.
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Gestão ambiental.
Avaliação do Ciclo de Vida é regulamentada por uma norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABTN) com o número NBR14040, derivada do ISO 1400, que especifica normas e metodologias de gestão ambiental. Apesar de a base de dados de ACV no Brasil ainda ser pequena, a tendência é que iniciativa privada e governo adotem cada vez mais esta metodologia, como têm feito algumas empresas. No âmbito da universidade, equipes como o Grupo de Prevenção da Poluição (GP2) da Poli estão se propondo a expandir esta base.
"A ACV é uma ferramenta que permite comparar produtos e serviços do ponto de vista ambiental, e estes estudos sempre podem ser ampliados e aperfeiçoados. Além disso, ela permite que se identifiquem os chamados 'gargalos de processos', indicando o que é preciso mudar para diminuir o impacto ambiental, seja com investimento em novas tecnologias ou mudanças na fonte energética usada", destaca o engenheiro.
- Luiza Caires, 28/08/2008, In Inovação Tecnológica.
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Sobre Biocombustiveis:

10/27/07

Planeta TERRA - Mais uma vez os biocombustíveis !

Brasil - Etanol é ameaça ao cerrado, afirma relatório da ONU.
Um relatório divulgado nesta quinta-feira pelo Programa de Meio Ambiente da ONU afirma que o cultivo de lavouras para a produção de etanol representa uma ameaça à biodiversidade do cerrado brasileiro.
Segundo o relatório Panorama do Meio Ambiente Global, "o Brasil espera dobrar a produção de etanol, um biocombustível 'moderno', nas próximas duas décadas".
"Para produzir matéria-prima vegetal suficiente para alcançar esses objetivos, a área cultivada está crescendo rapidamente", acrescenta o documento. "O crescimento das fazendas coloca em risco regiões ecológicas inteiras, como o cerrado."
Em outra parte do documento, a ONU diz que "com o possível aumento da exportação de etanol de países como o Brasil para a Europa, os Estados Unidos e o Japão, está aumentando a preocupação quanto à sustentabilidade de uma produção de biomassa em larga escala".
De acordo com o relatório, esse temor se deve principalmente "ao fato de a terra disponível, além das reservas de biodiversidade, ter que ser dividida para diversos usos, como a produção de alimentos e de vegetais para a produção de energia".
O relatório, de 572 páginas, traça um cenário abrangente das mudanças no meio ambiente desde 1987 e detalha problemas que afetam a água, a atmosfera, a terra e a biodiversidade da Terra.
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Amazônia
A situação do Brasil é destaque em vários pontos do relatório, que analisa o programa de biocombustíveis do país, as mudanças no uso da terra nos últimos anos e o gerenciamento sustentável de florestas.
Embora destaque como aspecto positivo a exploração sustentável da floresta por pequenos proprietários de terra da Amazônia, usado como "parâmetro para políticas de desenvolvimento e financiamento de iniciativas semelhantes de gerenciamento de recursos naturais", o relatório diz que o Brasil ainda enfrenta o problema do desmatamento.
"Cerca de 66% da perda global de florestas, entre 2000 e 2005, ocorreu na América Latina, região que possui 23% da cobertura mundial", diz o documento. "A América do Sul sofreu a maior devastação líquida (quase 43 mil km²/ano), da qual 73% ocorreu no Brasil."
"O desflorestamento na região é responsável por cerca de 48,3% das emissões globais de CO2 relacionadas ao uso da terra, com quase metade disso vindo do desflorestamento no Brasil, particularmente na Bacia Amazônica", acrescenta o texto.
O relatório da ONU também destaca o problema da degradação da terra no Brasil e aponta situações "preocupantes" no sudeste do país e nos pampas.
O cultivo extensivo de certas lavouras também é citado com uma ameaça à diversidade do planeta. Um exemplo usado pelo relatório do programa de Meio Ambiente da ONU é o aumento das áreas destinadas ao plantio de soja no Brasil.
In - BBCBrasil.com - 25 de outubro, 2007

3/28/08

A Amazónia, os biocombustíveis e o meio ambiente...

(Imagens originais daqui e daqui)
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Repito o que já afirmei em post anterior sobre biocombustíveis:
Estão na moda!
Muito se fala, confabula em todos os níveis intelectuais e até nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento.
Apontam-se com imensos benefícios e poucas contra-indicações.
Apresentam-se como a salvação do planeta, milagreiros na geração de empregos, incentivadores do mundo industrial, preponderantes na gestão do aquecimento global.
Eufóricos, governantes viram arautos entusiasmados destas novas fontes de energia.
Justificam até a volta da energia nuclear e passam por cima do terrível acidente de Chernobil ocorrido dia 26 de abril de 1986 na Ucrânia.
Moçambique não foge a este emergente e entusiasmado fenómeno globalizado.
Entretanto, não esqueçamos por favor os aspectos ecológicos consequentes, ressaltados por ambientalistas conscientes.
Consciência é o mínimo que se exige.
Nossos filhos e netos agradecem, pois é este o único planeta que lhes deixaremos.
Gotael
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Para ler e refletir:
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Brasil vive efeito destrutivo dos biocombustíveis, diz Time.
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Bruno Garcez da BBC Brasil em Washington - 27 de março, 2008 - 20h27 GMT - A mais recente edição da revista Time afirma, em reportagem que ilustra a sua capa, que o Brasil oferece um exemplo "vívido da dinâmica destrutiva dos biocombustíveis".
A reportagem, intitulada "O Mito da Energia Limpa", afirma que políticos e grandes empresas estimulam bicombustíveis como alternativas ao petróleo, mas isso está provocando uma alta do preço de alimentos, intensificando o aquecimento global e fazendo o contribuinte pagar a conta.
A reportagem afirma que o desmatamento na Amazônia está sendo acelerado por uma "fonte improvável: os biocombustíveis".
De acordo com o texto, "uma explosão da demanda por combustíveis agrícolas tem provocado uma alta recorde do preço mundial de colheitas, o que tem causado uma expansão dramática da agricultura brasileira, que está invadindo a Amazônia em um ritmo alarmante".
A reportagem diz que apenas uma pequena fração da floresta vem sendo usada para o plantio da cana-de-açúcar que gera o etanol brasileiro, mas acrescenta que o desmatamento resulta de uma "reação em cadeia tão vasta que chega a ser sutil".
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Efeito em cadeia.
E
sse efeito em cadeia, de acordo com a Time, tem início nos Estados Unidos, com o cultivo do milho usado para a fabricação da versão americana do etanol.
Segundo a revista, os fazendeiros americanos estão destinando um quinto do milho que cultivam para a produção de etanol, o que obriga os produtores de soja dos Estados Unidos a trocarem sua colheita tradicional pela do milho.
Essa transição vem fazendo com que fazendeiros de soja no Brasil expandam seus terrenos de cultivo, tomando áreas antes destinadas a pastos de gado. E obrigando produtores de gado a levarem suas fazendas para a Amazônia.
O artigo afirma que "é injusto pedir a países em desenvolvimento que deixem de desenvolver regiões sem dar qualquer compensação".
Mas acrescenta que, mesmo com incentivos financeiros suficientes para manter a Amazônia intacta, os elevados preços de commodities estimulariam o desmatamento em outras partes do mundo.
  • Alguns post´s anteriores sobre "biocombustíveis" - Aqui !

9/18/08

O que falam de Moçambique: Empresa sueca pretende plantar cana-de-açúcar em Cabo Delgado.

Dar es Salaam, Tanzânia, 18 Set - A Svensk Etanolkemi AB (Sekab) pretende trabalhar 100 mil hectares de terras em Cabo Delgado, norte de Moçambique, para alimentar uma fábrica de etanol na vizinha Tanzânia, anunciou em Dar es Salaam o director da empresa na Tanzânia.Anders Bergfors disse que a empresa tem planos para investir 300 milhões de dólares na construção de uma fábrica na Tanzânia para produzir etanol a partir da cana-de-açúcar que será plantada tanto em Moçambique como na Tanzânia.A fábrica terá uma produção anual de 100 mil metros cúbicos de etanol e deverá entrar em laboração entre 2010 e 2012, adiantou, citado pela agência noticiosa Bloomberg. Bergfors disse ainda que a Sekab aguarda autorização governamental para plantar 20 mil hectares de cana-de-açúcar perto de Bagamoyo, 80 quilómetros a norte de Dar es Salaam e acrescentou ter sido pedida autorização para trabalhar 200 mil hectares de terras no distrito tanzaniano de Rufiji.
- Macauhub -18/Set/08.

9/08/07

Moçambique - Biocombustíveis afetam industria do pão.

(Maputo-06/09/07) A corrida aos biocombustíveis a é apontada como sendo uma das razões da instabilidade na indústria panificadora, daí que as principais moageiras nacionais continuam sem garantias de estabilidade do preço do pão e apontam como saída, a instituição de um subsídio do Governo. Segundo Luís Aveleire, director de operações da Companhia Industrial da Matola, CIM, que falava ontem em Maputo à jornalistas, os Estados Unidos da América, EUA, a maior fonte de trigo no mundo, aumentou drasticamente a produção de milho em detrimento do trigo, o que implica menor oferta. O milho cuja produção é subsidiada pelo governo americano faz parte da estratégia de Washington na aposta pela produção de biocombustíveis, para o caso em apreço, de etanol.
Os factores que contribuem para a escassez de trigo no mercado mundial, são a redução das áreas cultiváveis, substituição do trigo por milho ou soja, redução da reserva mundial e custo elevado do frete marítimo.
A título ilustrativo, a cifra de 117 milhões de toneladas de trigo projectadas para 2007 é tida como a mais baixa dos últimos anos.
As previsões indicam que a reserva de trigo nos países exportadores vai decrescer em cerca
de 40 porcento no corrente ano.
Debatendo-se com as contrariedades a que nos referimos, as moageiras afirmam não haver outra saída se não ajustar os preços na medida das possibilidades.
“Aquando do primeiro aumento do preço de trigo, as vendas reduziram cerca de 18 porcento”, lamentou Aveleire.
Como consequência da escassez de trigo no mercado mundial e aumento de preços, as moageiras agravaram também o preço de 50 quilogramas de trigo em 80 Meticais, passando de 675 para 755 Meticais, facto que provocou o aumento do preço de pão e o risco de colapso por parte das panificadoras.
Panificadores temem
Alguns panificadores que se viram na contingência de agravar o preço do pão de 200 gramas de 3.5 Meticais para 4 Meticais, debatem-se com o dilema da fuga de clientes e temem o colapso da sua actividade comercial.
“Nós tivemos que aumentar o preço de pão e as pessoas já não estão a comprar, isso reduziu muito o número de clientes, antes vendíamos mais de 500 pães por dia mas actualmente só vendemos cerca de cem, corremos o risco de falir,” disse ontem ao media- FAX, Maria João, da Indústria Panificadora de Belém.
Por seu turno, Salvador Mondlane, da padaria Sipal, disse ao mediaFAX que antes do aumento, as vendas diárias cifravam-se acima de 900 pães e que com o aumento não superam 200 “ isso é prenúncio de falência,” lamentou. Laura Tovele, que vive de revenda de pão desde 1983 (ha 24 anos) disse que a crise que se verifica na indústria de pão não tem precedentes, mas... “eu vivo deste negócio há muito tempo o que acontece agora nunca vi, tenho medo de ir à falência porque as pessoas já não compram, não sei como irei alimentar os meus filhos”, lamentou.
Sabe-se que uma das estratégias usadas pelos intervenientes da indústria de pão, é a redução da margem de lucros para a contenção de preços.
As moageiras afirmam terem reduzido o lucro de 25 para 15 porcento.
Daniel Maposse - MediaFAX de 06/09/07

6/25/08

Biocombustíveis levam 30 milhões à pobreza, diz ong Oxfam.

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original daqui.)
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Os biocombustíveis são responsáveis por um aumento de 30 por cento nos preços dos alimentos em todo o mundo, levando 30 milhões de pessoas à pobreza, disse em um relatório a agência humanitária Oxfam.
O uso de biocombustíveis está disparando conforme os países ricos tentam reduzir sua dependência do petróleo importado e reduzir emissões de dióxido de carbono, mas os críticos dizem que isso levou à falta de grãos, o que impulsiona os preços das commodities.
As exigências dos países industrializados por mais biocombustíveis nos seus combustíveis para transporte estão causando a espiral na produção e a inflação dos alimentos", disse o assessor de política de biocombustível da Oxfam, Rob Bailey, que escreveu o relatório. "As reservas de grãos estão agora em uma mínima histórica."
A Oxfam convocou os países ricos a retirar os subsídios para os biocombustíveis e reduzir as tarifas de importação.
"Os países ricos gastaram até 15 bilhões de dólares no ano passado dando apoio aos biocombustíveis enquanto bloqueiam o etanol brasileiro, mais barato e que é muito menos prejudicial para a segurança alimentar global", afirma o texto.
A agência também pediu aos países industrializados que acabem com as metas de biocombustíveis, incluindo os planos da União Européia para obter 10 por cento do seu combustível de transportes em fontes renováveis como os biocombustíveis até 2020.
A UE planeja critérios rígidos para garantir que os biocombustíveis não afetem mais do que ajudem. Alguns países membros querem metas condicionais por conta da disponibilidade comercial de combustíveis de segunda geração.
Por Pete Harrison, Bruxelas - Reuters, terça-feira, 24 de junho de 2008 22:53
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7/07/08

Mais um relatório afirma que a causa do aumento do preço dos alimentos está nos biocombustíveis:

Relatório confidencial do Banco Mundial afirma que biocombustíveis provocaram escalada do preço dos alimentos.
Londres - Um relatório confidencial do Banco Mundial divulgado pelo jornal britânico «Guardian» refere que os biocombustíveis forçaram os preços dos alimentos a aumentar 75 por cento desde 2002, responsabilizando-os pela crise alimentar.
O relatório, da autoria de Don Mitchell, economista sénior do Banco Mundial foi concluído em Abril mas ainda não foi publicado, diz que o aumento dos preços da energia e dos fertilizantes foi responsável por um acréscimo de apenas 15 por cento nos preços dos alimentos.
«Sem o aumento dos biocombustíveis, os stocks mundiais de trigo e milho não teriam registado um declínio tão acentuado e o aumento dos preços devido a outros factores teria sido moderado», refere o relatório.
«O rápido crescimento dos rendimentos nos países desenvolvidos não originou grandes aumentos no consumo mundial de cereais e não foi um factor responsável pela grande subida dos preços», explica o estudo, contrariando a tese da administração Bush que aponta o aumento da procura na Índia e China como causas do aumento dos preços.
Segundo o relatório a produção de biocombustíveis distorceu o mercado: os cereais destinados à alimentação passaram a ser usados para produzir combustível - mais de um terço do milho norte-americano é agora usado na produção de etanol - e os agricultores têm sido incentivados a dedicar solo agrícola para a produção de biocombustíveis. Além disso geraram especulação financeira no sector dos cereais. Segundo o Banco Mundial, o aumento dos preços dos alimentos colocou 100 milhões de pessoas em todo o mundo abaixo do limiar de pobreza. Vários analistas acreditam que o texto, pronto desde Abril, ainda não foi divulgado para evitar embaraçar a administração Bush.
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9/29/07

Moçambique - Biocombustíveis, é a cura pior que a doença?

Espinhos da Micaia
Por Fernando Lima
Enquanto escrevo estas linhas, panificadores e industriais das farinhas deitam contas à vida se aumentam os preços do trigo moído ou se reduzem os volumes dos produtos fermentados.
Na Itália, as associações de consumidores lançam greves ao consumo da pasta, um protesto simbólico contra a alta do trigo.
No México, ainda não há muito tempo, o Governo foi surpreendido com um protesto monumental contra o aumento do preço da tortilla, um dos produtos básicos na América Latina feito a partir do milho.
Embora as causas sejam variadas para explicar a alta do trigo, o mais recente estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) vem lembrar-nos que uma das principais consequências da conversão de cereais e derivados para a produção de biocombustíveis é o aumento dos preços nos produtos alimentares.
Temos assim que a euforia dos governantes moçambicanos inspirados no etanol brasileiro já nos está a bater à porta errada.
O estudo da OCDE tem um título sugestivo: biocombustíveis, é a cura pior que a doença?
E aponta, para além dos efeitos nos preços dos alimentos, que os novos combustíveis orgânicos não reduzem a volatilidade nos preços da energia nem o efeito estufa da produção de gazes para a atmosfera.
O entusiasmo local assenta na premissa que terra é o que há por demais e o facto de o país produzir tradicionalmente culturas de rendimento como algodão, tabaco e açúcar, não se traduzir mecanicamente em fomes nos extractos mais vulneráveis da população.
Sem se atirar para o caixote do lixo a opção biocombustível, será provavelmente mais ponderado avançar para certezas antes de se proclamarem paraísos de ouro e mel.
A semântica do discurso político teve recentemente de meter apressadamente no saco as hossanas à jatropha do dia seguinte, depois de um sem número de vozes mais ou menos avisadas aconselharem no recato de encontros não politizados, a necessidade de se reflectir melhor sobre opções de fundo que podem ter impactos perniciosos junto das comunidades rurais.
Se se assentar que a produção de novas fontes de geração de energia serão feitas em terras virgens, é preciso equacionar custos e investimentos em infra-estrutura de transporte e acesso, em desequilíbrios ambientais decorrentes de desflorestação, alteração das condições dos solos e complementos tão preciosos como é a água.
É preciso fazer contas e saber quanto custa a produção local de milho, açúcar ou arroz e a importação competitiva de sucedâneos. Fazer a avaliação do custo benefício.
São perguntas e respostas impróprias de comício político que precisam de tempo e seriedade de estudo nas opções.
Não é porque numa bela noite de luar um ministro sonha com a incorporação de mandioca no pão de trigo que os sacos de tubérculo seco produzidos em Nampula e na Zambézia começarão a inundar os principais centros de panificação.
Não é porque um jovem secretário permamente ficou entusiasmado com as tortillas e as enchiladas mexicanas que de repente os moçambicanos vão consumir mais milho "made in Mozambique" em prejuízo do trigo importado, já que o Chókwè e a Angónia ainda não chegam para as encomendas.
Sem estas ponderações e trabalho no duro, fora dos holofotes da política, não se produz seriedade nos anúncios sobre biodiesel.
O que sobra no momento actual são sobretudo os bionegócios, os "business" de terras em repouso que, sempre o mesmo grupo de eleitos, se prepara para oferecer para combater a pobreza absoluta.
Oferecer, pois, já que a lei continua a dizer que a terra não se comercializa.
SAVANA - 21.09.2007-Via Moçambique para Todos.

10/19/09

A África está à venda...


Análise de Clovis Rossi da Folha de São Paulo/Brasil, 16/10/09:

- Está para ser fechado um acordo pelo qual a República do Congo -- ou Congo-Brazzaville -- arrendará a uma empresa sul-africana, a Agri SA, o equivalente a um terço de seu território, exatamente 10 milhões de hectares.

A Agri representa cerca de 70 mil agricultores e empresas sul-africanas, que ficarão com o direito a livre acesso às terras por um período incrivelmente longo, de até 90 anos, em troca de uma injeção de recursos que o governo local, em tese, aplicará nas zonas afetadas pela operação.

Um bom negócio para o desenvolvimento da África, o continente esquecido? Pode ser mas pode ser também um passo adiante no que Jacques Diouf, diretor-geral da FAO, o braço da ONU para agricultura e alimentação, chama de "neocolonialismo".

A operação no Congo faz parte do que o jargão internacional batizou de "land grabing", "tomada de terras", denunciada em um relatório divulgado meses atrás pela própria FAO mais o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola e um centro britânico de pesquisas, o Instituto Internacional para o Ambiente e o Desenvolvimento.

O documento aponta, já no título, as duas possibilidades contidas nesse tipo de operação: chama-se "Tomada de Terras ou Oportunidade de Desenvolvimento?".

O texto informa que "países africanos estão entregando vastos pedaços de terra cultivável para outros países e investidores quase de graça, com os únicos benefícios consistindo em vagas promessas de empregos e infraestrutura".

A única diferença entre o "land grabing" na República do Congo e em outros países africanos está na nacionalidade dos investidores. No Congo, são da própria África. Nos países investigados pelo relatório da FAO e associadas (Etiópia, Gana, Mali, Madagascar e Sudão), são países ricos como a Arábia Saudita e a Coreia do Sul, temerosos por sua segurança alimentar. Mas a grande compradora de terras é a China, que busca, além de segurança alimentar, a exploração de minérios.

O relatório da FAO diz que, nos últimos cinco anos, cerca de 2,5 milhões de hectares foram entregues a estrangeiros, o que equivale à metade da terra arável do Reino Unido. Mas há uma outra estimativa, feita por Peter Brabeck, presidente da Nestlé, que eleva o total a 15 milhões de hectares, ou meia Itália, distribuídos por África, Ásia e América Latina.

O Brasil aparece na ponta africana da equação. O site Mother Jones, de temas ambientais e de desenvolvimento, visitou Massingir, no fundão de Moçambique, onde está em preparação um projeto de US$ 500 milhões, que promete empregar duas mil pessoas e usar aproximadamente 75 mil acres de terra para plantar cana-de-açúcar e produzir etanol, em usina com tecnologia brasileira -- o tipo de projeto que é a menina dos olhos do presidente Lula.

De novo, o projeto, conhecido como ProCana, apresenta a possibilidade de transformar para melhor a vida de milhares de africanos pobres ou de "pôr em risco o parque transnacional [vizinho] e outros importantes projetos de conservação", escreve Adam Welz, o enviado de "Mother Jones".

Tudo o que a diplomacia brasileira dispensa é a materialização do segundo cenário.