Mostrar mensagens com a etiqueta Global Voices OnLine. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Global Voices OnLine. Mostrar todas as mensagens

1/11/08

SAÚDE em Portugal - Como não é a digníssima Mãe deles que precisa do serviço de urgências hospitalares...IV

O drama ou tragédia que vivem milhares de portugueses atingidos com o encerramento das "urgências hospitalares" é danoso, preocupante e desperta sentimento de revolta para com os "artífices" de tal requalificação desastrosa de serviços de saúde em Portugal.
As notícias vão chegando via net e falam até em situação desesperante.
O "Portugal Diário" (edição eletrónica) em reportagem de Anadia a Vila Real, onde o senhor António Correia de Campos arremeteu em força com o encerramento de urgências sem antes providenciar alternativas, diz que "a população fala em situação «desesperante», não entende as razões da mudança e já não sabe a quem recorrer em caso de emergência."
E continua: "O desabafo foi lançado por um grupo de pessoas que aguardava pacientemente pelo familiar junto às urgências do Hospital de Vila Real.
Vindos de Chaves, tiveram de percorrer 60 quilómetros para resolver uma emergência, quando tinham à distância de 20 quilómetros, em Verín, um serviço que poderia resolver-lhes o problema:
«Se no Alentejo vão a Badajoz, nós também deveríamos aproveitar e ir a Espanha».
A requalificação dos serviços de urgência em Portugal está a causar polémica, com o ministro Correia de Campos a seguir as indicações dos peritos e os doentes a sentirem o seu impacto sem que haja uma real comunicação com as populações.
No terreno, sente-se apenas a reacção e não a acção.
Sabe-se o que vai fechar, não se conhecem as alternativas.
À porta das antigas urgências, como acontece em Peso da Régua ou Anadia, surge agora um aviso: em caso de urgência ligue para 808 24 24 24 (linha Saúde 24) ou 112.
Na realidade, as pessoas queixam-se, necessáriamente pela falta de informação, talvez pela falta de habituação, quase sempre pelas longas deslocações, pelo cansaço acumulado.
O Hospital de Vila Real acaba por ser um exemplo de aglutinação, pois passa a receber cada vez mais pacientes.
Numa noite, que não precisa de ser muito agitada, é usual ver chegar ambulâncias de sítios tão díspares como Chaves, Santa Marta de Penaguião, Alijó ou Lamego... ..."(e o restante da reportagem continua aqui).
.
E eu acrescento:
Em suma, boa reportagem expondo a realidade.
Entretanto vem a público muita conversa-fiada por parte de "responsáveis" que tentam simplificar e justificar esta tragédia lusa como se fosse possível "cobrir o sol com uma peneira".
De minha parte repito aqui a vivência dolorosa de familiares em Portugal que, por e-mail, detalham a realidade lamentável acontecida em Vila Real-emergência há poucos dias:
.
""""Todos temos de reclamar, de falar até que nos ouçam !!!!
Conto o que se passou dia 4 de Janeiro último, no hospital de Vila Real:
- Por volta das 18h30 da tarde a nossa Mãe sentiu-se mal em casa na Régua.
- Liguei de imediato para o 112 e eles demoraram cerca de 10 minutos.
- Os bombeiros que atenderam ao chamado perderam imenso tempo à procura do equipamento médico para emergências que não encontravam e que teriam de usar com a nossa doente...Falta de hábito ?... Depois telefonaram, porque a isso são obrigados, não sei para quem, a questionar para onde levar a paciente. Mais tempo perdido e eu desesperada a desatinar...Decidem então que vai para o Hospital de Vila Real.
- Deu entrada às 20horas. Uma hora e meia após o pedido de "socorro emergêncial".
- Quando chegou ao hospital não tinha maca para ficar já que o mesmo hospital estava a "estourar pelas custuras".
- Como os bombeiros não a podiam deixar no chão tiveram que aguardar que liberassem uma maca para a deitar. O que aconteceu um longa hora depois quando voltaram à Regua para atender outras emergências.
- A Mãe deu entrada no hospital como caso urgente mas, até ser vista por um enfermeiro quando deveria ser atendida por um médico, demorou mais de uma hora. Nessa noite malfadada do dia 4 de janeiro chegavam constantemente ambulâncias de todas as partes e o hospital "explodia" de doentes.
- Por volta das 22 horas (três horas e meia depois que chamei os serviços de emergência) finalmente é vista por um médico que manda fazer alguns exames.
- Às 23 horas (quatro horas e meia depois que chamei os serviços de emergência) faz os exames ao sangue. Mais tarde um raio x. E a espera na sala da urgência era horrível com montes de pessoas doentes. A maior parte idosos... Não imagina o corredor repleto doentes a passar mal. No ar um cheiro forte, enjoativo que me fez sentir mal.
- Entretanto a espera continuava... De tempos em tempo perguntavamos o que se passava com nossa Mãe e ninguém dizia nada. Só que tinhamos que aguardar.
- O tempo passou e cerca das 04h30 da madrugada (dez horas depois que chamei os serviços de emergência) o segurança veio informar que a nossa Mãe doente tinha de ficar "internada" para observação, naquele corredor de hospital sem condições e a abarrotar de doentes.
Nesse tempo todo de espera não apareceu um médico para nos informar o que se passava com nossa Mãe. Só a boa-vontade de um leigo em saúde - o segurança - é que esclareceu por dó, algumas de nossas interrogações.
- Na manhã de sábado, dia 5, às 9h00 (quatorze horas e meia depois que chamei os serviços de emergência) fomos informados pelo hospital que a Mãe tivera alta e, quando lá cheguei para indagar ao médico o mal que a acometera não o localizaram. Não consegui falar com ele. Um enfermeiro, a meu pedido, pegou os papéis que estavam sobre a Mãe e informou lacónicamente que teria sido um mal súbito...!!!
...Traumatizante. Deus permita não tenha de usar a "emergência" tão cedo.""""
.
Necessários mais comentários ?
É este o "retrato" do atual sistema de saúde em Portugal.
Não dá para ficar calado.
Magoa, revolta, preocupa.
Entre outras coisas é muita falta de respeito para com o cidadão comum, limitado económicamente e dependente desses serviços públicos sociais. Porque, repito, se fosse a digníssima Mãe do senhor Sócrates ou de outro ministro, não passaria certamente, como a Mãe cidadã anónima e comum passou, por uma qualquer emergência hospitalar fria, desprovida de condições de atendimento e de bem cuidar dos doentes, distante de sua casa, neste Portugal interiorano...!
.
Post's anteriores:
  • SAÚDE em Portugal - Como não é a digníssima Mãe deles que precisa do serviço de urgências hospitalares... - Parte 1 !
  • SAÚDE em Portugal - Como não é a digníssima Mãe deles que precisa do serviço de urgências hospitalares... - Parte 2 !
  • SAÚDE em Portugal - Como não é a digníssima Mãe deles que precisa do serviço de urgências hospitalares... - Parte 33 !

Leia também:

  • Requalificação das urgências ainda por cumprir - aqui !
  • O que fazer em caso de emergência ? - aqui !
  • Ministro não cumpre plano para as urgências. - aqui !
  • Algumas imagens - aqui !

1/09/08

SAÚDE em Portugal - Como não é a digníssima Mãe deles que precisa do serviço de urgências hospitalares...III

A jornalista Paula Góes da Global Voices OnLine, repercute de Londres o ForEver Pemba e o "sistema de saúde em Portugal-Vila Real" - Aqui !
.
Global Voices Online é uma iniciativa sem fins lucrativos do projeto “global citizens' media” criado pelo Centro Berkman para Internet e Sociedade da Escola de Direito de Harvard, uma incubadora de pesquisa focada no impacto da Internet na sociedade.
.
O lema da Global Voices:
O MUNDO ESTÁ FALANDO. VOCÊ ESTÁ OUVINDO ?
.