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1/26/09

Ecos da imprensa lusa - SAÚDE: A Grande Mentira de Sócrates!

Enquanto em Portugal o sr. primeiro ministro faz propaganda televisiva e não só, repetitiva, chata, quase diária, pouco convincente e pacientes/beneficiários do sistema de saúde português lutam contra o desmantelamento do aparelho de saúde pública enfrentando com sofrimento a "ferrugem" burocratica de um sistema ineficiente, mau e atrasado pagador em comparticipações devidas, ativistas, reunidos em Belém-Brasil no Fórum Social Mundial da Saúde (FSMS), valorizam, acarinham e defendem que o SUS (Sistema Ùnico de Saúde) esteja mais próximo da população e seja considerado patrimônio da humanidade.

Segundo o ministro da saúde brasileiro "essa é a primeira vez que uma política pública será patrimônio da humanidade. É uma iniciativa dos movimentos populares e acho importante pela abrangência do SUS e pelo fato de que ele atende indistintamente todas as etinas, todas as nacionalidades que vivem no Brasil”, afirmou Temporão."

Entretanto, a mídia/imprensa lusa, com raras exceções que se contam pelos dedos, quase sempre discreta, gentil, pouco contestadora ou exigente a respeito, descreve hoje via "Distrito On Line - Informação Regional de Setúbal", em opinião do médico Pedro Correia Azevedo, o que realmente acontece no país governado pelo sr. Socrates quanto a Saúde que deveria ser pública, mas cada vez mais se transforma em "privada", para quem pode sim senhor!:

""A Grande Mentira de Sócrates - Vivemos um período de recessão, atraso de crescimento, dificuldades económicas… o que seja… ao povo português interessa o simples conceito de dificuldade em subsistir!

Para falar verdade, vivemos há tempo demais neste quadro negativo de relação social e estamos cansados de um discurso optimista de espera constante em que o pote de ouro no fim do arco-íris nunca mais é alcançado! Este tema domina as conversas de café, as tertúlias familiares à hora de jantar, as trocas de impressões entre colegas de trabalho… e toca todos os sectores da sociedade – dos mais abastados àqueles com maiores dificuldades. Urge a necessidade de resolução como se de uma inspiração profunda necessitássemos para nos sentirmos confortados depois do esforço realizado.

Na Saúde o panorama não é distinto. A falta de meios, que é tradução da falta de dinheiro e de vontade política, levou a um estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que já não consegue responder de forma satisfatória às necessidades da população.

Caso paradigmático de discussão acesa e opiniões fervorosas é a suposta falta de médicos em Portugal! Convictamente vos digo que Portugal tem 3,4 médicos por mil habitantes, enquanto a média da União Europeia é 3,2 médicos por mil habitantes – o nosso problema não está na falta de profissionais médicos no sector, mas na sua distribuição por especialidade e por área geográfica. Isto para não falar na redução dos incentivos para a realização da actividade e de algumas medidas castradoras dessa actividade enquanto Ciência que motivam muitos médicos a abandonar o SNS e a dedicarem-se à actividade privada.

Neste contexto volto a tocar naquilo que realmente interessa à população: os Cuidados Primários (vulgo, centros de saúde) – sendo a primeira face de abordagem da pessoa doente e da pessoa que busca aconselhamento médico!

Nesta área de acção, o nosso Primeiro-Ministro anunciou no último debate quinzenal, na Assembleia da República, a contratação de mais 250 novos médicos de Medicina Geral e Familiar (MGF, vulgo médicos de família), para colmatar algumas falhas nos Cuidados Primários!

Mentira!

Interessa perceber como funciona a formação pós-graduada de um médico que siga a carreira de MGF para entender a falta de verdade: findo o curso de Medicina, um médico passa por um ano de formação generalistas (Internato do Ano Comum, semelhante ao antigo Internato Geral) e depois por 5 anos de formação específica (Internato da Especialidade, semelhante ao antigo Internato Complementar), integrando à posterior o SNS já como especialista. Quer isto dizer que os 250 novos médicos de MGF, que José Sócrates diz ter contratado, são 250 médicos licenciados em Medicina em 2002, tendo realizado a formação generalista em 2003 e a formação específica entre 2004 e 2008 – no fim deste processo não lhes restava grande opção a não ser serem contratados para trabalharem numa unidade de Cuidados Primários.

Em todo o caso, o anúncio foi feto como se de uma grande medida se tratasse – se em teoria estes 250 profissionais fossem todos colocados na área da Administração Regional de Saúde de Lisboa de Vale do Tejo (ARS-LVT), não resolveriam nem metade dos problemas aí existentes.

A juntar a isto, o actual método de reestruturação dos Cuidados Primários começa a levar à ruptura de muitas unidades. Em traços gerais, apesar de em teoria a criação das Unidades de Saúde Familiares (USF’s) parecer em tudo positiva, acontece que os utentes não abrangidos pelas USF’s continuam a acumular-se nas antigas e tradicionais extensões dos Centros de Saúde que ainda não aderiram a essa reforma – o que assusta, é que mesmo que aderissem, muitos seriam os utentes que ficariam sem médico de família e sem apoio por parte das unidades, agravando a situação em que vivemos. No mesmo agrupamento de Centro de Saúde assistimos a realidades tão distintas como a Lapa e o Biafra! Urgem novas medidas mais coerentes com a realidade! Estas reformas não se coadunam com longos tempos de espera!

Para vos deixar um exemplo prático: no Agrupamento de Centros de Saúde de Almada/Costa de Caparica/Cova da Piedade existem 17 unidades, das quais 5 são USF’s e 12 funcionam ainda à moda antiga, algumas num molde antigo muito mau!

Lanço com isto a verdade para a discussão! É preciso mobilizar a Sociedade Civil para esta problemática.

Assim tenhamos todos opinião!""
- Pedro Correia Azevedo - 2009-01-26.

  • Alguns post's deste blogue que falam sobre "Saúde pública em Portugal" - Aqui!

11/08/08

África do Sul/SIDA - Mbeki responsabilizado por 330 mil mortes!

Cheguei a ler que esse senhor considerava a Sida/Hiv folclore, manobra de oposicionistas a seu governo e intentona internacional.

Para felicidade e longevidade do povo sul-africano está "aposentado" do poder.

E, segundo consta, não deixou saudades.

Como não deixarão "alguns" dos que ainda por aí andam falando baboseira a todo o instante em discursos inflamados e populistas.

Coisas assim costumam acontecer quando o poder cai nas mãos de quem prima pela ausência de conhecimento, vulgo ignorância ou estupidez e, ainda para cúmulo, é mal assessorado!

Do RTPNotícias de hà momentos, transcrevo:

Joanesburgo, 08 Nov (Lusa) - Activistas sul-africanos de defesa dos direitos dos seropositivos querem que o ex-presidente Thabo Mbeki e a sua então ministra da Saúde respondam na justiça pelas mortes desnecessárias de 330 mil pacientes entre 2000 e 2005.

Os referidos activistas batem-se há longos anos pelo direito ao tratamento com anti-retrovirais dos doentes em instituições públicas.

Zachie Achmat, presidente da organização não-governamental Treatment Action Campaign (TAC), que recebeu vários prémios internacionais pela sua luta contra as políticas do ex-chefe do Estado e do governo sul-africano, disse ontem que "Mbeki tem as mãos manchadas de sangue" e deveria ser alvo de um processo perante uma comissão judicial independente.

Conhecido pelas suas posições pouco ortodoxas relativamente ao HIV/Sida, Mbeki passou os 9 anos dos seus dois mandatos como presidente a negar a ligação directa entre o HIV e a Sida, subscrevendo uma série de teses dos chamados "cientistas dissidentes" e resistindo à introdução no sistema público de saúde dos tratamentos com anti-retrovirais (ARV`s).

A sua ministra da Saúde, Manto Tshabalala-Msimang, subscreveu sempre as posições do ex-presidente, tendo classificado em várias ocasiões os ARV`s como "venenos" e defendido publicamente que os seropositivos deveriam ingerir doses diárias de batatas africana, alho, beterraba, azeite e outros produtos naturais, em vez de ARV`s para combater o vírus que os aflige.
Um estudo publicado em 20 de Outubro pela Escola de Saúde Pública de Harvard, e assinado pelo professor Pride Chigwedere, conclui que 330 mil seropositivos perderam a vida entre 2000 e 2005, em resultado da ausência de programas de tratamento com anti-retrovirais na África do Sul, decorrente da negação sistemática do presidente e da sua ministra da Saúde relativamente ao HIV/SIDA.

O estudo conclui também que naquele período 35 mil crianças nasceram infectadas pelo HIV porque o governo proibia o tratamento das mães com drogas destinadas especificamente a travar a infecção de mães para filhos, designadamente o Nevirapine, que é utilizado em praticamente todo o mundo.

Zachie Achmat e o TAC - que processaram judicialmente várias vezes os governos de Mbeki para que fossem forçados a disponibilizar ARV`s nos hospitais públicos - pediram ao actual governo do presidente Kgalema Motlanthe que convoque Mbeki e Tsbalala-Msimang para que sejam questionados sobre as suas políticas e os seus resultados.

Os activistas desejam que Mbeki se explique também perante a Comissão da Verdade e Reconciliação (TRC), defendendo que "é necessário fazer justiça àqueles que morreram em resultado das poíticas de Mbeki".

"Esta é a razão pela qual o TAC defendia desde há muito a demissão do presidente Mbeki pelo seu partido, o ANC, por ele ter as mãos manchadas de sangue", disse hoje Achmat.

"Este estudo da Harvard demonstra claramente aquilo que o TAC vem defendendo há muito: que há uma ligação directa entre muitos milhares de mortes e a negação do ex-presidente face à SIDA", concluiu o presidente do TAC.

François Venter, que lidera a Unidade de Saúde Reprodutiva e de Pesquisa do HIV na Universidade de Witwatersrand, Joanesburgo, afirma que o estudo aponta para "uma vergonhosa falta de liderança" do antigo presidente, ao mesmo tempo que se regozija com o facto do novo governo ter nomeado Barbara Hogan, uma respeitada especialista que considera ser "uma líder inspiradora", para a pasta da Saúde.

Quando Mbeki foi afastado da Presidência e da chefia do governo, em Setembro último, o ex-presidente americano Jimmy Carter declarou "não nutrir qualquer simpatia para com ele (Mbeki)".

Carter revelou então que o ex-chefe do Estado sul-africano recusou há uns anos, na sua presença e de Bill Gates, generosos fundos da Fundação Carter para adquirir ARV`s para pacientes sul-africanos com o argumento de que "a SIDA foi uma invenção do Ocidente para exterminar africanos" e que "os ARV`s são uma forma de gerar lucros à custa dos africanos e dos países em desenvolvimento em geral".
- Lusa - 08/11/08, 12:50:01.

10/28/08

Moçambique - A ameaça da fome continua...

Apesar de parte da sociedade Moçambicana, que não compactua com os exageros, luxo e onstentação de determinadas "elites" estabelecidas principalmente em Maputo e sempre aceirando o poder, se aperceber, preocupar e procurar soluções que combatam esse flagelo originado por políticas equivocadas que ao longo do tempo foram agravando a situação de penúria das populações pobres e desamparadas (lembrando essencialmente as do norte de Moçambique e Cabo Delgado em seus pontos mais recônditos) e do apoio internacional que esta jovem nação vem recebendo, que também precisa ser questionado abertamente sobre a forma como essa ajuda é aplicada ou para onde é canalizada, a fome continua alastrando e ameaça ampliar o número de vítimas entre a população, conforme transcrevo do G1(Globo.com):

""Fome ameaça mais de 300 mil pessoas em Moçambique.
Maputo, 27 out (EFE). - O ministro de Administrações Públicas de Moçambique, Lucas Chomera, anunciou hoje que a fome ameaça mais de 300 mil pessoas em seu país, e que, portanto, precisam de ajuda urgente para atenuar a situação.

O Ministério de Administração junto com o Programa Mundial de Alimentação (PMA) lançou um apelo para que as agências que atuam no país contribuam com assistência humanitária.
Moçambique, segundo alguns cálculos, tem um déficit de produção de arroz de cerca de 200 mil toneladas, causado pelas secas e as inundações que atingiram no último ano a região sul do país.

Apesar de a crise de alimentos poder se prolongar até abril de 2009 segundo o Instituto Nacional de Gestão de Catástrofes (INGC), Chomera descartou a possibilidade de fazer um apelo internacional.

O Governo de Moçambique precisa de US$ 13 milhões (cerca de 10 milhões de euros) para comprar 18 mil toneladas de arroz, e o PMA já anunciou que enfrenta sérias carências de recursos para poder realizar a assistência humanitária solicitada.
- EFE.(rb/fal) - G1-Mundo.

10/12/08

Moçambique - Solução inovadora, barata, corajosa e bem-sucedida traz saúde para o povo.

Li hà momentos no Diário de Notícias de Lisboa:
Técnicos de cirurgia são vigorosa arma de luta em Moçambique. Apesar da pobreza que ali persiste, o segundo maior país lusófono de África dá passos decisivos no combate à doença, aproximando-se das metas definidas pelos organismos internacionais para o sector. As doenças materno-infantis têm regredido graças à melhoria dos cuidados de saúde.
"Quando as pessoas estão a morrer e não há médicos, o que é que se pode fazer?

"Esta pergunta, feita, um dia, por uma alta figura da saúde, em Moçambique, é a resposta a quem questiona a solução encontrada em 1982. Uma solução inovadora, barata, corajosa e bem-sucedida, a da formação de técnicos de cirurgia.

Em 1982, debatendo-se com os problemas da guerra e com um enorme caudal de dificuldades na área da saúde, Moçambique teve uma ideia controversa: formar técnicos de cirurgia, homens e mulheres que, mesmo sem formação académica, fossem capazes de se fixar nas zonas rurais e começar a melhorar a grave situação da mulher, na gravidez e no parto.

A solução moçambicana pode ser controversa mas, com as pessoas a morrer e sem médicos para as atender, era preciso fazer alguma coisa, e Moçambique, "de uma forma corajosa, inovadora e barata", agiu, como disse Margareth Chan, directora-geral da OMS, numa entrevista à produtora que recentemente realizou e transmitiu, pela rede pública da televisão americana, um programa de choque, com o significativo título de Birth of a Surgeon ("Nascimento de Um Cirurgião").

O documentário, feito pela Wide Angle, produtora de programas educativos, provocou forte reacção nos Estados Unidos e os telespectadores emocionaram-se com a história pessoal de Emília Cumbane, uma parteira de Maputo, treinada para praticar actos cirúrgicos (cesarianas e histerectomias, por exemplo) e que afirma adorar essa sua profissão, "que produz pessoas".

Não faltam, claro, as vozes críticas de quem entende que os técnicos de cirurgia não têm preparação académica, nem formação prática, para realizar intervenções e prevenir ou resolver complicações. De forma directa, Margareth Chan entrou no debate e, numa entrevista à mesma produtora, Wide Angle, citou o dirigente moçambicano na pergunta que abre este texto, reconhecendo o mérito destas soluções, práticas, corajosas, baratas, inovadoras e… que ajudam realmente a reduzir a dimensão do problema. A considerável redução da taxa de mortalidade materna e os números contidos em estudos científicos já publicados provam que a solução funciona e indicam o que é essencial - que a face da saúde em África pode estar já a mudar.

A experiência moçambicana foi já profundamente estudada e os resultados de, pelo menos, cinco estudos científicos, realizados em 1996, 1999 e 2007, muito animadores. Para além da constante redução da taxa de mortalidade materna, há outras situações que têm sido sublinhadas: de uma forma geral, as intervenções feitas por técnicos de cirurgia não diferem das que são realizadas por pessoal especializado e, ao contrário do que acontece com os médicos, os técnicos fixam-se nos locais e, num balanço feito cinco anos depois do início do processo, verificou-se que nenhum médico colocado num determinado hospital permanecia nele, mas que, pelo contrário, uma considerável maioria de técnicos nele se conserva em funções.
- In Diário de Notícias, 12/10/08.

9/08/08

Transgénicos - A Europa diz não!

(Imagem original daqui)
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A discussão vai longe.
A "chamada-de-atenção" para países como Moçambique, empolgados com as novas-tecnologias vendidas como "milagreiras" também aqui fica.
A biotecnologia e seus perigos acendem polémica num mundo onde se buscam a cada dia alimentos baratos que escasseiam. E a necessidade aliada a interesses económicos de empresas gigantes do ramo da biotecnologia, que fazem dos países emergentes pobres, com fossos sociais evidentes e crescimento demográfico sem mando, laboratório e campo de testes, quando se busca nos tão apregoados "transgênicos" a solução, o milagre para colmatar a fome do povo-cobaia.
O argumento daqueles que defendem o uso de transgênicos, as poderosas multinacionais agroquímicas, é que o seu cultivo eliminará a fome no mundo, aumentará a produtividade e será mais rentável para os pequenos agricultores, enaltecendo em simultâneo as vantagens de que são resistentes a insetos e pragas, se adaptam à diferentes climas, são mais produtivos e incorporam substâncias que auxiliam no combate à obesidade, ao colesterol alto e outros. Entretanto, vêm patenteado os seus produtos e as sementes só estarão disponíveis mediante o pagamento de royaltes. Assim, o produtor torna-se cliente-cativo ou escravo, pois delas terá que comprar a semente e o herbicida que produzem em simultâneo.
Mas os benefícios apregoados não são suficientes para convencerem a população esclarecida que já vem protestando em crescente tom contra estes alimentos, quando suspeita por notícias divulgadas, de que esses produtos podem causar doenças como o câncer, alergias, além de aumentar a resistência contra agrotóxicos e antibióticos. E já se evidencia que, na natureza, os transgênicos empobrecem a biodiversidade, eliminam insetos como abelhas, minhocas e outros animais, além de espécies de plantas. E contribuem para o desenvolvimento de ervas daninhas resistentes.
Entretanto, os ditos transgénicos ou organismos biologicamente alterados por engenharia genética vêm gerando no mundo dito "civilizado" forte polêmica acerca do seu cultivo e consumo. Na maioria dos casos essa polêmica tem origem também em interesses económicos e os países da Europa são os que rejeitam mais veementemente tais alimentos.
De notar que o Brasil é o terceiro maior produtor de transgênicos do mundo, ficando atrás sómente dos Estados Unidos e da Argentina.
Segundo o portal luso GAIA - Grupo de Ação e Intervenção Ambiental, "...os transgénicos podem estar com os dias contados na Europa. Cresce entre a população européia o movimento contra os transgênicos, já proibidos em vários países. França, Hungria e Polônia, principais produtores europeus de cereais, proibiram o cultivo de milho transgênico em seus territórios e a Alemanha está no caminho de fazer o mesmo...
...As pressões da presidência da Comissão Européia não conseguiram dar um impulso nos transgênicos. Apesar do poder do órgão executivo do bloco, os países da União Européia vão gradualmente desistindo destes cultivos. Isto se deve em grande parte às dificuldades para convencer os agricultores europeus deste modelo impulsionado por grandes multinacionais da indústria agroalimentar, mas também pelos crescentes protestos da sociedade civil, que reclamam dos governos um papel ativo, segundo uma especialista entrevistada pela IPS...
...Na Espanha e em Portugal, dois redutos da produção de milho transgênicos com as maiores áreas plantadas na União Européia, se começa a questionar os benefícios de plantar e colher essas variedades do cultivo originário da América, onde foi alimento básico de várias culturas aborígines....
...Em outubro de 2007, o comissário europeu de Meio Ambiente, Stavros Dimas propôs aos demais membros do Executivo do bloco de 27 países proibir o cultivo das variedades transgênicas Bt-11 e 1507, devido a evidências científicas sobre seu impacto ambiental negativo. "Mas, o senso majoritário na Comissão é a favor dos OGMs, e a decisão final foi adiada duas vezes por falta de consenso", explicou à IPS a bióloga portuguesa Margarida Silva, coordenadora nacional da Plataforma Transgênicos Fora, integrada por 12 organizações não-governamentais de Portugal da áreas de meio ambiente e agricultura, associada ao seus congêneres do bloco...
...Os críticos como Margarida Silva lembram que já foi provado que a abundante quantidade de herbicidas usados em plantações transgênicas contamina os solos, e a diversidade de espécies também está em risco. Os críticos também dizem que os grãos geneticamente modificados desenvolvem imunidade, exigindo doses mais fortes de agroquímicos, prejudicando o meio ambiente e levando a uma uniformização das sementes, que terão cada vez mais as mesmas características. Também rebatem o argumento de que as plantações transgênicas, por sua grande produtividade, podem colaborar para elevar a produção de comida e acabar com a fome no mundo. "O interesse não é esse, mas os grandes agronegócios de exportação, atualmente voltados à indústria transgênica", disse a especialista..."".
Para não alongar o post, poderão ler o texto integral redigido Por Mario de Queiroz, para a agência IPS e publicado pelo portal GAIA em 05/09/2008 aqui!

3/27/08

África - Falta saneamento básico decente...

O Observador -Ano I-Nº 0180-Maputo-Quinta-feira, 27 de Marçode 2008 - Seis entre dez africanos chafurdam em dejectos humanos por falta de um saneamento decente - Um assunto que muitos preferem evitar, mas nos países em desenvolvimento o acesso a banheiros é uma questão preocupante e que afecta muitas pessoas, de acordo com as Nações Unidas.
Duas entre cinco pessoas não têm acesso a um vaso sanitário e a falta de saneamento básico põe em risco a vida de 2,6 bilhões de pessoas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
“No mundo hoje em dia, são mais de 15 milhões de mortes decorrentes de doenças infecciosas”, declarou David Heyman, sub-diretor-geral da OMS para as doenças transmissíveis. “Se tivéssemos hoje boas condições de saneamento e fornecimento de água aceitável, reduziríamos o número de doenças para dois milhões”. “As pessoas não gostam de falar sobre saneamento”, disse Jon Lane, director-executivo do Conselho de Água e Saneamento, uma organização das Nações Unidas dedicada a melhorar as condições em comunidades carentes.
Em pesquisa feita pelo British Medical Journal, 11 mil profissionais da saúde citaram o saneamento como o mais importante avanço na medicina desde1840.
Segundo Lane, muitos países lidam com esse assunto de maneira equivocada. Muito tempo foi perdido na tentativa de envolver sectores privados com o saneamento. Em África, seis entre 10 pessoas não tem acesso à que as agências consideram “um saneamento decente que separe dejetos humanos do contato humano”. Falta de saneamento básico aumenta não apenas os riscos de doenças como também põe em perigo mulheres e crianças que ‘se expõem a assédio sexual quando evacuam à noite ou em áreas abandonadas’. Entre 1995 e 2004, o acesso a saneamento melhorou para 1,2 bilhão de pessoas. Caso as coisas continuem como estão, ainda haverá 2,4 bilhões de pessoas sem saneamento básico em 2015. “As Nações Unidas têm a responsabilidade de mobilizar ações concretas para que melhorias sejam alcançadas. São necessários investimentos imediatamente”, exigiu o presidente da Equipa de Tarefas-ONU-Água, Pasquale Steduto.
No Peru, 800 milhões foram gastos com um surto de cólera que atingiu o país em 1991 - valor esse muito maior que o necessário para prevenir tal surto novamente.

3/25/08

Brasil - Devido ao surto de dengue no estado do Rio de Janeiro TAP reforça desinfestação nos voos daquele país.

(Imagem original daqui)
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A companhia aérea portuguesa TAP vai reforçar as rotinas de desinfestação a bordo dos aviões que voam do Rio de Janeiro para Portugal, devido ao desenvolvimento do surto de dengue no estado brasileiro, indicou fonte da transportadora, citada pela agência Lusa.
A TAP, que tem voos diários entre Lisboa e o Rio de Janeiro, decidiu assegurar que «em situação alguma, haverá transporte de mosquitos» nos seus aparelhos, pelo que será feita uma desinfestação com «spray» na cabina, já com os passageiros acomodados, em todas as viagens com partida da cidade brasileira.
Esta desinfestação é já uma rotina em todos os voos da companhia com origem em África, é «regular» nas ligações do Nordeste brasileiro e «ocasional» nas ligações com a Venezuela, segundo o porta-voz da TAP.
Além das rotinas, «esta medida é introduzida sempre que há notícia de surtos» de doenças transmitidas por insectos, em países para onde a TAP voa, explicou.
A TAP sublinha que se trata de uma «medida adicional de prevenção», já que «não há, até ao momento, motivos que afectem a normalidade da operação da companhia para o Rio de Janeiro».
Por outro lado, a companhia garante que as tripulações de cabina estão «alertadas para eventuais sintomas apresentados por passageiros, devendo ser nestes casos adoptadas as medidas previstas para estas situações».
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Medidas de precaução.
A
companhia portuguesa aconselha ainda os passageiros em viagem para o Rio de Janeiro que sigam as recomendações das autoridades competentes, nomeadamente: usar roupas que preferencialmente cubram braços, pernas, tornozelos e pés, aplicar repelente de insectos, manter janelas do quarto fechadas, entre outras.
A Direcção-Geral de Saúde emitiu algumas recomendações aos médicos do sistema de saúde português, como a necessidade de, perante suspeitas de infecção de dengue numa pessoa que tenha viajado ao Rio de Janeiro nos 14 dias anteriores, confirmar a doença através de análise sanguínea.
O organismo tem sempre sublinhado que a doença apenas se transmite através de um mosquito que não existe em Portugal e não de pessoa para pessoa.
No Rio de Janeiro foram confirmadas 48 mortes por dengue nos três primeiros meses deste ano, em mais de 32 mil casos registados.
A dengue transmite-se pela picada do mosquito Aedes aegypti e tem efeitos semelhantes aos da gripe, mas em muitos casos é mortal, sobretudo na vertente hemorrágica.
In Portugal Diário - 25/03/08 16:27.
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Artigos do Portugal Diário relacionados:

3/19/08

China - A destruição do meio ambiente no "paraíso" do desenvolvimento económico e da "liberdade"...

Mais de 750 mil chineses morrem anualmente por causa da poluição do ar.
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O "Observador" Nº 0173 - Maputo - Terça-feira 18 de Março de 2008 - Por ano, 750 mil pessoas morrem prematuramente na China por causa da poluição do ar, de acordo com dados do Banco Mundial. O país asiático é o mais populoso do mundo, com cerca de 1,3 bilhão de habitantes. Só a capital, Pequim, responde por 17,2 milhões das pessoas e uma boa parcela da estatística de mortalidade. A cidade que abrigará a Olimpíada em Agosto deste ano é a que tem o ar mais poluído da Ásia, segundo o Banco de Desenvolvimento Asiático. Lá, em média, o índice de qualidade do ar chega próximo dos 142 microgramas de partículas por metro cúbico de poeira de poluição, quase três vezes o limite máximo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera seguro (50). Em dias isolados de 2006, ano da pesquisa, o índice chegou a 300, com pedidos para que a população não saísse de casa. Esses dados são o principal motivo para a polémica instaurada às vésperas dos Jogos na China, que culminou com o anúncio do fundista Haile Gebrselassie, desistindo de participar da maratona, prova da qual é o recordista mundial. “A poluição na China é uma ameaça à minha saúde e seria difícil para mim correr 42 km na minha actual condição”, justificou Gebrselassie, que, como uma parcela dos atletas, sofre de asma. Antes da desistência oficial do corredor etíope, Estados Unidos e Inglaterra avisaram que estavam pensando em fazer os seus atletas utilizarem máscaras até minutos antes do início das provas. Até o Comité Olímpico Internacional (COI) acenou com a possibilidade de transferir as corridas mais longas ao ar livre - no caso a própria maratona e as longas competições de ciclismo de rua - dependendo da qualidade do ar no dia.

1/22/08

População de Cabo Delgado e do Norte de Moçambique mais afetada por doenças intestinais.

22/o1/08 - Maputo - TribunaFax - Parasitoses intestinais graves no País - O Ministério da Saúde, MISAU, levou a cabo, de 2005 a 2007, um estudo sobre a distribuição de parasitoses intestinais e bilharziose em criancas escolares, tendo concluido que, depois da malária, ocupam o segundo lugar, em termos de importância, na saúde pública.
Em termos globais, a taxa de prevalência de parasitoses, no País, é de 53,3 porcento, o que significa que, em cada grupo de 100 crianças do EP1, EP2 e EPC, 53 têm parasitoses intestinais. A taxa de prevalência de bilharziose urinaria é de 47%, facto que significa que, em cada grupo de 100 crianças do EP1, EP2 e EPC, 47 apresentam parasitoses intestinais. De acordo com Gerito Augusto, do Instituto Nacional de Saúde, dos 128 distritos, 75 são endémicos às parasitoses intestinais, sendo as crianças as mais vulneráveis, devido ao seu hábito de vida e higiene. Os principais parasitas são lombrigas e trichiura.
Os principais sinais de manifestação das parasitoses é a falta de apetite, irritabilidade e ou apatia, dores e desconforto abdominais, náuseas, vómitos e diarreia.
As províncias de Cabo Delgado, Niassa, Nampula e Zambézia são as mais afectadas, enquanto as cidades Quelimane, Beira e Chimoio, estão afectadas.
“As regiões Centro e Norte do País são as mais afectadas, o que pode estar associado às desigualdades económicas. Podemos notar que, quando mais saimos da zona Norte em direcção ao Sul, as taxas tendem a baixar”, explica Augusto, frisando que as parasitoses intestinais afectam, sobretudo, indivíduos que vivem em condições precárias de higiene e saneamento do meio ambiente.
Este estudo abrangeu cerca de 83 mil estudantes dos seis aos 23 anos de idade de 1ª a 7ª classe.
Refira-se que este constitui o primeiro levantamento, depois da Independência e tinha como principais objectivos determinar a prevalência de parasitoses intestinais e da bilharziose, em crianças escolares, identificar os parasitas intestinais mais frequentes, bem como elaborar mapas de distribuição de parasitoses intestinais e bilharziose. (NN)

11/24/07

BRASIL - A medicina avança: Primeiro remédio contra a aterosclerose.

Brasil e EUA aprovam primeiro remédio contra aterosclerose.
Placas de gordura nas artérias causam infartos e derrames cerebrais. Medicamento já era usado anteriormente contra o colesterol.
Um medicamento já vendido e utilizado no Brasil para combater o colesterol alto foi autorizado pela Anvisa e pelo governo americano para ser prescrito como tratamento da aterosclerose, a principal causa de eventos cardiovasculares, como infartos e derrames. Com isso, a rosuvastatina se torna o primeiro remédio no mercado com essa indicação. Vendida sob o nome Crestor, a rosuvastatina é da classe das estatinas, medicamentos que revolucionaram o tratamento de doenças ligadas ao colesterol alto. As estatisnas agem bloqueando a produção de colesterol no fígado. Agora, a rosuvastatina foi comprovada também como uma boa forma de reduzir a inflamação das placas arteroscleróticas. Com isso, ajuda a evitar infartos do miocárdio e de derrames. “Não tenha dúvida nenhuma, é um grande avanço para os pacientes brasileiros”, afirmou ao G1 Antonio Carlos Chagas, professor de medicina da USP e atual presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O médico explica que a rosuvastatina pode ser usada tanto para prevenção de infartos como para tratamentos pós-evento, para evitar um segundo caso. A aterosclerose é o acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos, que pode levar à formação de placas na parede interna das artérias. As placas dificultam a passagem do sangue para os órgãos e pode privar órgãos vitais, como coração e cérebro, de oxigênio e nutrientes. Se as placas romperem o vaso, ocorre um infarto (se for no coração) ou um derrame (ou AVC, no cérebro). Até agora, o único tratamento disponível para retardar a aterosclerose era o controle dos fatores de risco, com medicamentos que reduzem o colesterol, a pressão arterial e a coagulação do sangue. Em casos onde a doença bloqueia o fluxo sanguíneo, é preciso tratamentos invasivos e até cirurgia. A nova indicação para a rosuvastatina, segundo Chagas, veio depois de dois grandes estudos clínicos que comprovaram o impacto do medicamento em todos os estágios da aterosclerose, tanto em pacientes sem sintomas como até em pessoas com casos avançados. Brasil e Estados Unidos se tornaram o quarto e quinto países a autorizar a prescrição da rosuvastatina para esse fim -- Holanda, México e Colômbia já tinham dado essa autorização. Para combater o colesterol, o medicamento já é largamento utilizado em mais de 90 países. “É um remédio excelente e bastante seguro”, afirma Chagas, “mas muito avançado e que, como todos os outros, só pode ser tomado com prescrição e acompanhamento médico”.
In G1 - Globo.com - 23/11/07 18;39

9/21/07

ÁFRICA - Congoleses não se beijam mais por causa do vírus Ebola.

KINSHASA - Moradores de vilarejos de uma região da República Democrática do Congo não estão mais trocando beijos e apertos de mão por causa do medo de contrair o vírus Ebola, que é altamente contagioso.
O surto da doença em Kampungu, na província de Kansai, no Oeste do país africano, começou em abril deste ano. O vírus provoca febre hemorrágica que não tem cura ou tratamento e mata entre 50% e 90% de suas vítimas.
Foram registrados 385 casos da doença, e 174 pessoas morreram na região.
- As pessoas não se beijam mais quando se encontram. Elas sequer apertam mãos - disse Antoine Bushambu, que trabalha para uma organização de defesa dos direitos humanos congolesa.
O governo teme que o surto se espalhe além da região rural em que atualmente está concentrada.
Reuters - Extra ONLine -Publicada em 21/09/2007 às 08:41

7/21/07

Cabo Delgado - Bilibiza...

Bilibiza: Assim se faz o desenvolvimento.
Quando se chega a Quissanga, distrito costeiro, a cerca de 80 quilómetros a norte da cidade de Pemba, em Cabo Delgado, a primeira coisa a constatar é a sensação de não ter sido essa distância percorrida, sobretudo quando se pretende ir por aquela que seria a mais curta ligação com a sede daquele distrito, via Metuge. São três horas e mais para fazer 80 quilómetros!

A outra forma de ir a Quissanga é preferir, nos tempos que correm, fazer acima de 200 quilómetros pela estrada nacional que leva ao norte (Mueda, Muidumbe, Nangade, Mocímboa da Praia e Palma) para fazer o desvio na aldeia 19 de Outubro, a poucos quilómetros de Macomia.
Quissanga é distrito inevitável para quem vá, via terrestre, à Ilha do Ibo, assim como à maioria das ilhas do arquipélago das Quirimbas, sendo óbvio, que tais dificuldades sejam extensivas a quem tenha como destino aqueles locais históricos e turísticos que chamam a muitos curiosos por este mundo fora.
O administrador distrital, Alafo Abdala, de cada vez que recebe hóspedes coloca, por isso, as vias de acesso como o principal problema que leva a que o seu distrito ainda, na sua opinião, continue muito pobre. A seguir, é o problema perene do conflito entre homem e os animais bravios. O comandante da PRM de Quissanga secundando o seu administrador, quase que acusa as visitas governamentais como factores que atiçam o conflito ao afirmar que “de cada vez que vem uma visita, logo a seguir à sua retirada os elefantes atacam e matam”. Por outro lado, os membros do Governo distrital acreditam que os esforços dos camponeses são em vão e aumentam as dívidas destes face aos seus compromissos com as organizações e empresas que apoiam ou fomentam a agricultura.
Alafo Abdala, interpretando o sentimento que disse ser das populações que dirige, ainda fala da energia da Hidroeléctrica de Cahora Bassa, do ensino secundário e da falta de água potável, para além da peculiaridade de ser um distrito totalmente no interior do Parque Nacional das Quirimbas sujeito às regras que guiam os propósitos que nortearam a sua criação.
Quissanga tem apenas dez moageiras como representação do que estaria na lista do que seja alguma infra-estrutura industrial e não possui nenhuma loja, mas todo este rol de lamentações e sofrimento parece não incluir o posto administrativo de Bilibiza, onde se está a fazer um desenvolvimento paulatino, com apoio da Fundação Aga Khan.
O nosso Jornal esteve em Bilibiza, um nome sonante por ter sido local onde se experimentou, até ao início do conflito armado em Moçambique, a formação de técnicos básicos da agricultura e num outro momento campo para a reeducação de cidadãos provenientes de todo o país sobre quem se pensava se pudessem corrigir mediante a sua separação com as famílias.
Jaime Assuba, líder comunitário, congratula-se pelos esforços que a Aga Khan está a levar a cabo, principalmente nos aspectos ligados à nutrição e desenvolvimento das aldeias, pois de acordo com ele, o aconselhamento no uso de latrinas e aterros sanitários, o hábito de as pessoas se dirigirem ao posto de Saúde quando doentes, incluindo mulheres grávidas está a fazer parte do “modus vivendi” das populações locais.
Por seu turno, Jaime Fumito Antumane, da aldeia Nacoja manifesta-se profundamente satisfeito com os desenvolvimentos visíveis na agricultura, Saúde e Educação mas diz haver um programa daquela fundação, cuja origem e encaminhamento estão a ser difíceis para as populações.
“Quando a Aga Khan chegou estávamos a sofrer de fome e disse que aumentássemos a produção, o que veio a ser emperrado pela praga dos elefantes e outros animais bravios. Por causa dessa coincidência, chegámos a pensar que a fundação trouxe os animais destruidores. Mas voltámos a pensar de novo: será que a Aga Khan haveria de distribuir sementes e instrumentos de produção para produzirmos para os elefantes”, questionou-se Antumane.
Referiu, no entanto, que todos os esforços tendentes a aumentar a produção vão por água a baixo, mas o nosso interlocutor voltou aos benefícios sociais para tecer as seguintes considerações: “na Educação, o número de alunos aumentou substancialmente com a Aga Khan, que trouxe escolinhas. Agora são salas que escasseiam. Na Saúde, antes não havia quem desse parto numa maternidade, agora o problema não é a falta do local onde dar parto, mas sim que a maternidade se tornou pequena”.
Outro líder comunitário, que é ao mesmo tempo secretário da aldeia 25 de Setembro, Alfredo Ali, explica que não há quem tenha dúvidas de que o ambiente mudou em Bilibiza com a presença de Aga Khan e destaca as mudanças que na sua opinião são positivas.
“Na alfabetização, agora até adultos vão à escola. Houve muitas mudanças positivas, o que há por pedir é a continuidade dos programas e o seu incremento com vista a abranger as outras aldeias em redes mosquiteiras, por exemplo...”.
O chefe do posto administrativo de Bilibiza, Adolfo Navaia, secunda os seus dirigidos ao concordar que o único empecilho na sua área de jurisdição leva o nome de elefantes e outros animais bravios responsáveis por destruir todo o esforço comunitário de luta contra a fome.
“Eles não só destroem como matam. A nível da Saúde, as redes mosquiteiras haviam sido distribuídas para todas as aldeias, mas o número de crianças de zero aos cinco anos está a crescer. Ora, quanto à desestabilização dos animais bravios, um problema que se está a levantar de forma insistente há quatro anos fica como questão de fundo, pois tendo em conta a liberdade que os animais e homens gozam. Ficamos dependentes de ouvir das nossas estruturas superiores”.
Navaia recordou que por orientação superior uma equipa de alto nível, dos ministérios da Agricultura, da Acção Ambiental e do Turismo tinha a responsabilidade de fazer um estudo que trouxesse uma solução que passados dois anos ainda não se pronunciou, pelo menos do conhecimento das áreas afectadas.
O director de programas da rede Aga Khan em Cabo Delgado, Lebreton Saah Nyambe diz com prazer que o quadro, cinco anos depois da presença da sua fundação em Bilibiza, é de uma região que está a mudar profundamente, mas precisa que sejam esforços complementados por outras organizações ou, sobretudo, pela própria população.
“Lembro-me com alguma tristeza, que em 2001 nós fazíamos 27 quilómetros a pé para o cruzamento, na aldeia 19 de Outubro, para apanhar uma boleia para Pemba ou 20 quilómetros até Mahate para fazer o mesmo, simplesmente porque por aqui não passavam carros, pois para ver um, passava um mês”.
Para Lebreton Nyambe, o elefante, não sendo pensante, o que a sua organização recomenda é que as pessoas saiam dos seus corredores. O mesmo acontecia com os crocodilos que matavam pessoas em Bilibiza. Não foi necessário chamar pessoas vindas de longe para acabarem com a praga de crocodilos. Hoje, não se fala de vítimas daqueles répteis.
Pedro Nacuo
Bilibiza: Mulheres pedem capacitação.
Da aldeia 19 de Outubro é nos dado a ver uma associação de nove mulheres, que fazem olaria, fabricando bilhas, panelas, pratos, travessas, frigideiras, bandejas, chávenas, jarros, copos e outros, tudo de barro.
São mulheres que dizem: “precisamos de capacitação, acesso ao transporte, novas técnicas. O nosso rendimento está entre 100 a 600 meticais por mês e trocamos o fruto do nosso trabalho com produtos para a alimentação”.
Elas apontam como desafios que se lhes colocam o aumento do seu rendimento, fabrico de tijolos queimados e o incremento das áreas de produção e têm um fundo avaliado em 800 meticais.
Mas à frente temos uma associação de latoeiros, com quatro elementos, fundada em 5 de Março deste ano. Com uma chapa de zinco de 3,60 metros de comprimento, faz cinco latas para água que custa cerca de 100 meticais. Quer dizer, numa chapa ganham 500 meticais.
“Fazemos também fogões, regadores, baldes, bules, copos, panelas, frigideiras e lamparinas. Entretanto, precisamos de novas técnicas de moldura de peças, organização da associação, de materiais, como tesouras, alicates, escopros, ácido, solda, serrotes de ferro, fita métrica...”. Os desafios desta associação passam pela melhoria da qualidade da produção e tem um fundo de 500 meticais.
É também em Bilibiza onde existe uma associação de cestaria constituída por quatro mulheres com uma renda de 1500 meticais e um fundo de 1000 meticais. Trabalha a palha grossa fazendo bolsas, chapéus, vassouras, esteiras, cilhas, esteiras, anéis e cestos.
“Precisamos de tinta, catanas, tesouras, agulhas e pretendemos melhorar a qualidade da nossa produção” eis o grito dos associados que em resposta o director nacional da Promoção do Desenvolvimento Rural, Salimo Valá, apela:
“Estamos a ver as pequenas coisas que fazem, que podem ser grandes com o andar do tempo. Isto pode levar-nos ao desenvolvimento, mas apelamos que não se colem sempre à Fundação Aga Khan ou uma outra qualquer. Devem fazer esforços para se desmamarem da fundação. Imaginem uma criança que desde que nasceu nunca mais deixou de mamar, como ficaria a mãe?
Pedro Nacuo
Bilibiza: Escola agrária nasce por decisão do III Congresso.
A Escola Agrária de Bilibiza, segundo dados reunidos pelo “Notícias” resulta de uma das decisões do III Congresso da Frelimo realizado em Fevereiro de 1977, cuja materialização devia ocorrer nos anos 80 com a implantação efectiva de uma escola da especialidade naquele ponto da província de Cabo Delgado. Até aqui já formou 1704 alunos.
Inicialmente, funcionaram dois cursos, nomeadamente de Mecanização Agrária e Agricultura, antes que o conflito armado viesse paralisar o funcionamento quase total daquele estabelecimento do ensino técnico-profissional. Tratou-se da fase mais crítica da Escola de Bilibiza durante a qual foi saqueada tendo perdido maior parte do seu aparato, em termos de equipamento, bem como os recursos humanos foram desaparecendo.
No ponto mais crítico da crise, a Escola Agrária de Bilibiza chegou a ter apenas 20 alunos com um curso que tinha apenas cinco alunos. Em 1998, depois da guerra, a ADPP (Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo), uma associação dinamarquesa, manifesta interesse de aproveitar as instalações então literalmente abandonadas para a formação de professores primários.
O Executivo de José Pacheco, então governador de Cabo Delgado, sugeriu que quem tomasse as instalações não descurasse a procura de financiamentos para a revitalização da componente formação para a agricultura, que era a primeira vocação da escola.
Dos vários parceiros que foram aparecendo, segundo director da escola, Lestivo Albano, a intervenção da Aga khan foi determinante e em 2004 começa com a reabilitação dos outros edifícios para logo a seguir trazer os programas de bolsas de estudo.
“O número de raparigas subiu cinco para 200. Também dos outros alunos e de professores. As condições materiais, em termos de logística, também começam a melhorar e em 2005 o número de alunos explode para lá das capacidades instaladas da escola e do internato”, explica o director da escola.
Entra-se num outro tipo de crise que Lestivo Albano a apelida de depressão em razão da superlotação da escola e do internato. A Aga Khan amplia as instalações e constrói um centro-internato para raparigas. Mesmo assim, as infra-estruturas físicas não suportam e o resultado foi a má conservação das mesmas, ao mesmo tempo que a nível meramente pedagógico se iam desenhando programas de elevar a escola para além do nível básico.
No ano passado a escola faz um diagnóstico das suas capacidades e identifica as áreas fundamentais. Chega à conclusão de que deve trabalhar com programas de curto prazo (semestrais e trimestrais) e deveria obedecer a um plano de redução de alunos sem afectar aqueles já a estudar.
Na verdade, a Escola de Bilibiza tem neste momento 775 alunos, entre os quais 422 a viverem no internato, calculado para albergar apenas 300 do número total de discentes 178 são raparigas. Tem 18 professores para 13 turmas.
“Para tanto, decidimos ir reduzindo os alunos, primeiro por via do afunilamento nos ingressos, segundo, sendo rigorosos no aspecto disciplinar, porque chegámos a descobrir que alguns pais mandavam os seus filhos para aqui, não porque tivessem uma queda pelas matérias ligadas à agricultura, mas sim como um lugar para a reeducação, entre outras medidas”, explica o director Lestivo Albano.
Hoje, a Escola Agrária de Bilibiza reergue-se num posto administrativo onde são visíveis sinais de desenvolvimento e sonha com melhores dias. Os alunos bolseiros que de algum tempo para cá haviam sido enviados para os cursos médios em Chimoio e em Boane, já estão de regresso e precisam de um pequeno treino para engrossarem o grupo de professores.
“Aliás, já temos professores que saíram daqui como bolseiros, outros estão por vir. Há muitas vantagens nisso, a maior das quais é o conhecerem bem a escola”, afirma o director da Escola Agrária de Bilibiza.
Para este ano, contam com 42 bolsas de estudo, mas o orçamento que lhe é destinado não satisfaz a demanda. São 34 mil meticais, muito abaixo do que recebem as suas congéneres, incluindo da vizinha província de Nampula, conforme revelou o director da escola.
Pedro Nacuo
Maputo, Sábado, 21 de Julho de 2007:: Notícias