Mostrar mensagens com a etiqueta ocupação desordenada do litoral de Pemba. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta ocupação desordenada do litoral de Pemba. Mostrar todas as mensagens

9/26/08

Ronda pela net - A paradisíaca Ilha do Ibo é divulgada ao mundo exterior...

(Clique na imagem para ampliar)

Os encantos naturais do norte de Moçambique, mais concretamente o litoral de Cabo Delgado que tão bem conhecemos e é paixão desde nossa infância africana, vão sendo "descobertos" pelo mundo exterior. E os investimentos locais em infra-estruturas voltadas para o turismo especializado também vão acontecendo, com qualidade e preços para todos os gostos mas nem sempre para todos os bolsos. Afinal o que é raro fica caro e é o custo condizente que permite usufruirmos do pouco e belo que a natureza, tão maltratada pelo homem, ainda abriga.

Hoje descobri mais um blogue que divulga os paraísos intocados que são Pemba, Arquipélago das Quirimbas e específicamente a histórica e bela Ilha do Ibo. O post está em inglês mas poderá ser fácilmente "aportuguesado" (a tradução é mecânica, impessoal) aqui.

Para terem uma idéia, começa assim:

""IBO ISLAND LODGE.
Práticamente desconhecido do mundo exterior e não perturbado durante séculos, existe um lugar onde o tempo parou. É a Ibo Island, ou como é chamada pelos locais, a Ilha do Ibo.

Aninhada no impressionante Arquipélago das Quirimbas ao norte de Moçambique, considerado Património Mundial, Ibo é uma ilha bela, remota e intocada pelo desenvolvimento comercial e uma das mais intrigantes ilhas idílicas e românticas que você poderia sonhar e visitar. Por sua vez, o Ibo Island Lodge está situado no oceano Índico nessa paradisíaca Ilha do Ibo, ao norte da pequena cidade de Pemba, no Arquipélago das Quirimbas... ...""

E a explanação, sempre em inglês, poderá ser lida na íntegra no The Private Islands Blog, especializado em classificar e divulgar tudo quanto é ilha existente pelo mundo, desde as particulares para venda até a santuários da natureza como a nossa querida Ilha do Ibo. Alegra-nos entretanto, o reconhecimento e destaque merecidos que a Ilha do Ibo, Pemba e o Arquipélago das Quirimbas vão tendo. Mas preocupa-nos também o desgaste que já vai acontecendo, por uso indevido, inconveniente, desregulamentado e mercantil da costa de Cabo Delgado, com destaque que é exemplo disso para a bela praia do Wimbe. Segundo nos contam, não tardará que ao cidadão comum fique impossível admirá-la da estrada, tal a abundância de construções e muros altos, sem ordenamento e regras, que a invadiram. E isto sem falarmos dos outros tipos de poluição ambiental que se alastrou às ruas e bairros da cidade de Pemba e arredores.

2/28/08

Moçambique, turismo e a ocupação desordenada do litoral de Pemba...II

(Imagem original daqui. Clique sobre a mesma para ampliar)
.
Em Janeiro deste ano, dia 4, disse aqui que algo vai mal quando se pensa e age em relação a turismo e progresso na cidade de Pemba, seu litoral e à própria cidade em si.
Leio agora no melhor e consequente blog luso-moçambicano - Ma-Schamba, a justificada insurreição verbal do JPT perante o contra-senso arquitetural que por lá vai acontecendo... e, conhecedor além de amante da sempre bela Pemba, aqui coloco, contaminado pela revolta, o texto integral do referido JPT:
.
O FIM DA PRAIA DO WIMBE
Qual The Artist Formerly Known as Prince, mas não como se crisálida, que não será de borboletas o futuro feito. Sim, dentro de pouco poderemos falar sobre The Beach Formerly Known as Wimbe.
Praia ícone em Moçambique, um pouco pela beleza natural, amena enseada olhando a baía de Pemba, mesmo ladeando-lhe a barra. Englobando aquela meia-dúzia de praias mais célebres desde o tempo colonial, talvez não tanto pela sua excelência - que partilham com tantos outros recantos da costa - mas pela antiguidade das suas infraestruturas turísticas: Tofo, Ponta do Ouro, Bilene, Zalala, Fernão Veloso. E o Wimbe, claro.
Ainda assim o Wimbe tem uma excelência única, exactamente o aconchego, a baía como horizonte, a (ainda) pacatez sob o arvoredo.
Memórias a manter, a guardar, agora que tudo isso mudará. Tive o “privilégio” de ver o novo projecto turístico para a praia, que gente ufana me mostrou, dessas crentes no progresso e isso, desenvolvimento turístico chamam-lhe e até acreditam. Na praia! exactamente na praia, no seio do arvoredo protector (a sul do Nautilus, para quem conhece) vão espetar um hotel, a deslizar para a água.
Este será uma construção da Vovó Donalda e do Tio Patinhas, puro Walt Disney. Tem a forma de um barco, como se paquete. Honestamente julguei que estivessem a brincar quando me mostraram as coloridas fotocópias. “Mas quem é que faz uma merda destas?” - perguntei, malcriadíssimo, ainda surpreeendido pois acreditava já ter visto tudo o que é possível nisto do campeonato do mau-gosto dos arquitectos em Moçambique (a colecção de cromos Sommerschield B - Bairro do Triunfo seria um must como programa cómico num sítio onde se saiba soletrar b-o-m-g-o-s-t-o). “Investidores moçambicanos“, dizem-me com orgulho, até nacionalista, ainda que ali um pouco desapontado dada a minha truculência, “arquitecto indiano … da Índia“.
Um arquitecto indiano aqui arribado para brincar ao Huguinho, Zezinho e Luisinho. Uns investidores moçambicanos a derrubarem o arvoredo protector, a alteraram a enseada, a assumirem a linha de água. Em suma, uma aliança internacional para foder o Wimbe. Será só cupidez e ignorância? Ou é mesmo má-vontade demencial?
.
E acrescento - É JPT! Bem reportado… Está na hora de dar um basta nessa falsa onda de progresso que levará inevitávelmente à destruição dos últimos redutos ecológicos que ainda sobrevivem neste decadente planeta. Aqui “de longe” já venho observando essa verdadeira e demente estupidez que também ocorre em Cabo Delgado faz algum tempo…e até me atrevi a “denunciar” no ForEver PEMBA, alertado pelas imagens fotográficas que recebo da “apesar de tudo” sempre bela e estimada Pemba. Mas parece-me que o alheamento generalizado da população simples, como a “ganância” pura, egoísta, vaidosa de determinados empresários e também de cidadãos mais “abonados” dessa região, desvinculada de qualquer preceito ecológico, torna-os convenientemente cegos, preocupados mais com o saldo crescente de suas poupanças bancárias e seus privilégios do que com o próprio País Moçambique e os cuidados que a cidade precisa e merece. Estes - Moçambique e Pemba - que se danem! E “cada um por si”…como se usa dizer por aqui.
Mas, cá entre nós e se a inteligência se sobrepuzer à "esperteza", acho melhor abraçar o parecer do Amigo e Professor Carlos Lopes Bento, profundo conhecedor desse Cabo Delgado e seu mar azul: "...basta só cuidar do ambiente e não matar a galinha de ovos de ouro ainda com grandes potencialidades." ...ou a bela praia do Wimbe como pressagia o sempre lido JPT!
  • O blog Ma-Schamba aqui !

1/04/08

Moçambique, turismo e a ocupação desordenada do litoral de Pemba...

(Clique sobre a imagem para ampliar)
.
Moçambique: Receitas do turismo atingem 160 milhões de dólares em 2007
.
""""MacauHub - Maputo, Moçambique, 02 Jan/08 - As receitas do turismo em Moçambique em 2007 atingiram 160 milhões de dólares, um aumento de 3 milhões de dólares relativamente ao número de 2006, afirmou terça-feira em Maputo o ministro do turismo, Fernando Sumbana.
O ministro precisou que o número referido diz apenas respeito ao dinheiro gasto por turistas que em 2007 visitaram Moçambique, que deverão ter sido 1,1 milhões, um aumento signficativo face à média de 650 mil turistas em anos anteriores.
“Para além de turistas provenientes da África do Sul, Zimbabwe e outros países da região... ...""""

Acrescento
.
É bom que se fale de turismo, que se divulguem Moçambique, suas belezas naturais, que se acentuem receitas crescentes ano a ano.
Moçambique sempre teve vocação turistica, desde os tempos coloniais. Portanto não é novidade.
Tardou demais para acontecer, mas é um início prometedor.
Há que reconhecer, entretanto, com humildade, que o turismo em Moçambique ainda se encontra em estado embrionário, quase rudimentar, muito aquém do potencial que o país possui e carente de bases sólidas de educação ecológica, ambiental que consolidarão e perpetuarão os atrativos naturais que tanto encantam quem visita Moçambique.
O turismo olhado a sério, com profissionalismo, aliado à educação e valorização ambiental, trará benesses para a economia moçambicana desencadeando desenvolvimento, modernização. Conduzido por profissionais do ramo, gerará postos de trabalho, melhorias sociais, etç., etç.
Faz alguns anos que vou acompanhando por afinidade Moçambique - Pemba, razão deste blogue.
Considero Pemba e todo o litoral de Cabo Delgado últimos (entre outros cada dia mais raros) paraísos/refúgios do nosso planeta globalizado, tão fustigado pelo destempero do ser humano na questão ecológica. E por isso merecedores de todo o cuidado, sobretudo por parte dos habitantes locais, maiores favorecidos se souberem zelar e fazer que respeitem este espaço do norte de Moçambique.
Aos poucos, o litoral de Cabo Delgado e seus recantos magníficos vão ficando reconhecidos e cobiçados pelos amantes da natureza, do imenso mar azul de Pemba e do calor dos trópicos. Normalmente vêm para conhecer, julgam e voltam trazendo novos passeantes abonados em euros e dólares úteis para a renovação e criação de infraestruturas turisticas e sociais planejadas, sustentáveis, de futuro e interesse geral da região. Ou que assim deveriam ser.
Pemba cresceu desde que deixou de ser Porto Amélia em 1975.
Tornou-se densa em população de várias origens e países vizinhos, algo cosmopolita, mercado a céu aberto informal, de lixo raramente recolhido em ruas mal conservadas e terrenos vazios, com meia dúzia de comerciantes predominando em algumas empresas mantidas desde o tempo colonial e também de pai para filho, com ruínas que florescem entre predios abandonados uns, sem pintura outros, mas que contam História que poucos escutam.
Paralelamente surgem aqui e ali insuficientes, esporádicas iniciativas e alguns empreendimentos atuais voltados para a sociedade local ou para turistas que aportam ao velho aeroporto e se abrigam de imediato em hoteis/resort´s voltados para o mar, desfrutando comodidades e iguarias amortizadas a preço internacional salgado, indiferentes ou desconhecendo a penúria, mendicância e outras negligências sociais envolvendo uma população numerosa, forçosamente impelida para bairros simples, humildes que vão proliferando, ocupando e ampliando desordenadamente o contorno da cidade de Pemba. Uma Pemba que continua crescendo, crescendo, sem ordem, sem saneamento básico, invadindo as fronteiras da vida da selva que expulsa, se revolta e hostiliza os invasores (caso dos elefantes abatidos por atacarem a população)...
Vêm também notícias preocupantes de que o crescimento urbano intenso e desorganizado à volta desses que deveriam ser redutos ou templos ecológicos sagrados a respeitar, está a descaracterizar, a aniquilar a beleza das praias de Pemba, substituindo o espetáculo da natureza sadia pelo cimento de construções de todo o tipo, muitas inadequadas, sem regras ou respeito a normas de saneamento, padrões urbanisticos adequados, loteadas mercantilmente a particulares e turistas para férias.
As consequências já se vão notando, segundo nos contam: lixo, mendicância, poluição das águas, áreas verdes escassas, cólera, assaltos em plena rua, etç....
Há que despertar a municipalidade da apatia cómoda e complacência perante esse tipo de "progresso" sem planejamento.
Há que educar a população a acarinhar e cuidar da natureza de Pemba.
Esta é a riqueza e o "tesouro-escondido" de Pemba...a tal jóia rara ! Não se pode perder pela irresponsabilidade e ambição.
O turista vem pela beleza natural de Pemba, de seu clima, de sua geografia visualmente despoluida, de seu povo hospitaleiro, de sua História, de sua tradição, folclore, do seu mar azul transparente e límpido... E só continuará chegando a Pemba e arredores se tiver a certeza que tudo isso continuará existindo, preservado, melhorado, sem o constrangimento da brutalidade do concreto firmado no reino encantado das areias brancas da sempre bela praia do Wimbe quase abraçando a Maringanha do velho farol !